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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Ora viva! ✌️
Vamos lá então concluir a narração das minhas peripécias naquela que chamei de uma aventura em Peñíscola. Se bem te recordas, o terceiro episódio desta saga, que mais parece as obras de Santa Engrácia, terminou comigo dentro de um autocarro (por sinal, atrasado), com a bexiga prestes a arrebentar e o coração inquieto, ante a possibilidade de comprometer o embarque para Espanha.
Partilhando com a minha amiga Clara o estado do meu depósito urinário, assegurou-me ela que haveria tempo para aliviá-lo, já que o terminal rodoviário dispunha de sanitários. A essa altura dos acontecimentos, um minuto a mais um minuto a menos era irrelevante, rematou ela. Pouco tempo depois, liga-me novamente, desta vez para me dar conta de que afinal já não poderia contar com o wc da estação, por estar fora de serviço.
É meu bem, quando o universo decide conspirar a nosso desfavor, pouco ou nada podemos fazer, a não ser esperar que ele mude de ideias e nos sorria novamente.
Quando faltavam dois minutos para as oito da noite, desembarquei - finalmente - em Aveiro, aflitíssima por ir à casa de banho e louca para dar um abraço na Clara. Mal a viatura parou, fui a primeira a desembarcar e a primeira a pegar na mala, desatando de seguida a correr, para espanto dos presentes. Mais do que por estar atrasada, corria por sentir que era uma questão de segundos até fazer urinar pelas pernas abaixo.
A Clara, à minha espera há quase uma hora, sugeriu-me que tentasse a sorte com a casa de banho do café da gare, mesmo sem consumir nada. Enquanto ela acolhia os meus pertences e os arrumava no carro, corri para o café, sem olhar para nada nem ninguém, a não ser o símbolo da identificação da toilete. Na ânsia do alívio, não me apercebi que este não dispunha de papel higiénico. Que merda! Tive que me limpar com as mãos, fazer o quê? A essa altura dos acontecimentos não ia armar-me em fina.
Nesse entretanto, a guia – lembras-te dela? – deu o ar da sua graça, devolvendo as milhentas chamadas que tinha do meu número. Coitada da Sandra (assim se chama ela), estivera a dormir, pois tinha chegado nessa manhã de uma outra excursão. Extremamente amável, não obstante a enxurrada de chamadas minhas, ela lá nos tranquilizou novamente, garantindo que esperariam por nós, o tempo que fosse necessário.
Para encurtar a estória, se não nunca mais saímos daqui, deixamos a gare num fechar de olhos e fizemo-nos à estrada, a Clara como piloto, eu como copiloto e o GPS como coadjuvante. Como ela nunca tinha ido para Estarreja de carro estava um bocado insegura, não fosse enganar-se numa rotunda ou saída. Com a ajuda do mapa que o pai lhe fez, contendo as indicações necessárias, minuciosamente anotadas à mão, fizemos o percurso em menos tempo do que o previsto. Foi assim que, sem sobressaltos, chegámos ao nosso destino, pouco depois das 20h20.
A Clara, que já tinha identificado um bom sítio para deixar o carro durante a semana de ausência, uma fábrica próxima do local de embarque, logo à saída da autoestrada, conseguiu um lugar discreto para o estacionar. Desta vez foi ela a precisar de urinar, ato que realizou ali mesmo, ao ar livre. A sorte é que aquilo era um descampado, sem vivalma à vista.
Quando nos abeirámos do sítio indicado pela agência de viagens, descobrimos que já lá estavam dois casais. Tal como nós, também eles receberam instruções para lá estarem às 20:30. Sabes a que horas apareceu o autocarro que era suposto chegar às 20h30? Às 21h05!!! Ou seja, ainda estivemos quase 45 minutos à espera.
Moral da estória: não vale de todo a pena stressarmos por algo que não controlámos. Tanto desgaste emocional, e físico, para quê? Para nada! Além de termos conseguido chegar antes da hora combinada, ainda estivemos um bom tempo à espera.
Fim (por agora).
Beijo 💋 em ti e uma ótima semana!
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