Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Viva!
Sexta-feira é o dia em que a população ativa costuma arrastar-se pelos corredores da vida em contagem decrescente para o merecido descanso semanal. É também o dia em que estamos mais impacientes e menos tolerantes para com as falhas alheias, sobretudo se elas nos afetam na primeira pessoa.
Por causa de um episódio por que passei esta manhã, que me deixou à beira de um ataque de nervos, uma colega de trabalho fez-me chegar um texto intitulado "Os outros estão sempre nas nossas justificações". Achava ela que este seria capaz de me proporcionar a dose de discernimento necessária para conseguir gerir a situação com sabedoria e serenidade. O que ela não previu foi o seu real impacto no meu estado de espírito, de tal modo que não o quis guardar só para mim.
É assim que eis-me aqui a partilhar contigo, na vã esperança de que te possa ser tão útil como foi comigo, uma pertinente e perturbadora análise da psicóloga Diana Gaspar sobre o modo como tercearizamos, ou seja, delegamos a terceiros, a responsabilidade pelos nossos sentimentos.
Não estamos bem porque nos magoaram, não estamos bem porque não nos valorizam, não estamos bem porque nos rejeitaram, não estamos bem porque falaram mal de nós, não estamos bem porque não cuidam de nós como cuidamos deles, não estamos bem porque nos criticam, não estamos bem porque nos infernizam a vida… São muitos os exemplos e as circunstâncias que nos fazem atribuir aos outros o nosso estado emocional e a energia da nossa vida.
E é bem verdade, afinal todos nós somos seres sociais, de relações e de afectos, e assim sendo é legitimo que a relação com os outros nos tragam algum tipo de sentimento e de estado emocional que num primeiro momento nos toque. É bem verdade, que os outros nos façam sentir "coisas más" e que num primeiro momento não consigamos deixar de nos sentir abalados. Significa que somos humanos e que temos emoções, que construímos significados e que valorizamos os outros.
No entanto, os únicos responsáveis por aquilo que sentimos, somos nós. Somos os únicos responsáveis pela nossa vida emocional. Somos os únicos responsáveis pelas pessoas que escolhemos ter na nossa vida. Somos os únicos responsáveis pelos limites que colocamos e pelos limites que deixamos os outros colocar. Somos os únicos responsáveis por aquilo que fazemos com as nossas emoções e pelo trabalho que realizamos com elas.
Por muito que alguém nos magoe, o que nem sempre conseguimos evitar, somos os únicos responsáveis pelo que fazemos depois dessa magoa e com a evolução dessa emoção. Por muito que alguém não nos valorize, somos nós que esperávamos do outro essa valorização; por muito que sintamos que alguém nos rejeita, somos nós que alimentamos esse sentimento de rejeição, ou porque alimentamos a ideia de que não somos importantes ou porque escolhemos dar ao outro o poder de nos rejeitar.
Os únicos responsáveis pela qualidade emocional com que vivemos somos nós. Os outros só têm o poder que lhe damos em função de não assumirmos o nosso poder pessoal. Não controlamos o que os outros nos fazem, mas podemos controlar aquilo que fazemos com aquilo que os outros nos fazem. Assim, somos os únicos responsáveis por os mantermos na nossa vida ou não, e somos os únicos responsáveis pelas crenças e pelos significados que damos às diferentes relações que vamos alimentando e nutrindo.
Despeço-me com um xi-coração e desejos de um radiante fim de semana.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.