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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!


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Viva!

Qual é a coisa qual é ela que quem tem a mais não consegue vender e quem tem a menos não consegue comprar? É com esta charada que dou o pontapé de saída a uma crónica sobre o mais valioso de todos os bens na atualidade: o tempo.

Até onde sabemos nenhum ser humano, por maior que seja o seu poder, riqueza ou sabedoria, conseguiu ainda fazer com que o dia tenha mais de 24 horas, a hora mais de 60 minutos e o minuto mais de 60 segundos. Dono e senhor absoluto de si próprio, o tempo é provavelmente a única coisa neste mundo que não difere de género, raça, idade, ideologia, formação, religião, educação, profissão, localização, orientação sexual ou outra coisa qualquer. O que difere é o uso que dele se faz.

É por isso que não hesito em afirmar que o tempo é o único bem impossível de ser transacionado. Ouro compra-se, dinheiro ganha-se, riqueza acumula-se, bens materiais adquirem-se, saúde preserva-se, juventude prolonga-se, velhice retarda-se, morte finta-se. Quanto ao tempo, absolutamente nada a fazer para alterar o seu status quo. Numa lógica inversamente proporcional, quem tem mais "tudo" é justamente quem tem "menos" tempo.

Estamos numa era em que se quer ter tudo, fazer tudo, estar em todo o lado, num constante e ininterrupto desafio à lei da omnipresença e da omnipotência. Ambicionamos, ainda que muitas vezes de forma insconsciente, desempenhar concomitantemente o papel de deus e de homem, numa alarmante obsessão com o divino a prestar vassalagem ao humano, o imortal ao mortal, o criador à criatura.

É alarmante a quantidade de pessoas que se queixa a toda a hora da falta de tempo: tempo para ir ao ginásio, tempo para conviver, tempo para dormir, tempo para ler, tempo para namorar, tempo para cuidar de si, tempo para estar com a família, tempo para isto, aquilo e mais aquele outro. Esta nossa sociedade está a viver (perigosamente, atrevo-me a prognosticar) em função do tempo; e, perante as suas demandas, não há que chegue para tudo.

Se se consegue arranjar tempo para algo com toda a certeza há de faltar para outra coisa qualquer. Por exemplo, se se dorme 8-9 horas é quase certo que há de faltar tempo para ver Netflix, pastar nas redes sociais, navegar na net ou bater papo no Whatsapp; se se dedica muito tempo ao trabalho, a vida pessoal, social ou familiar há de ressentir-se; e vice-versa para cada uma das restantes esferas da nossa vida.

Tempo tempo tempo tempo… Comprar, roubar, aumentar, manipular, reter ou ignorar não é opção. Como fazê-lo então render de modo a ser possível alocá-lo a tudo o que nos importa e faz feliz? Diz a OIT que 85% das profissões de 2030 ainda não foram inventadas. Quem sabe o comerciante (traficante, também dá) de tempo não será uma delas? O que se sabe à partida é que será a mais bem paga de sempre. 

Para já só existe uma certeza: por maior que seja o nosso querer, o tempo é pessoal, instransmissível e inalterável.

Despeço-me com aquele abraço amigo e o conselho de que dês melhor uso ao teu tempo.

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6 comentários

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De David a 07.07.2019 às 00:05

Tenho que dizer que isto soou um filme do Justin Timberlake(In Time) 😅
Eu Realmente acho que so há tempo a mais quando estamos aborrecidos e tempo a menos quando temos datas limite para algo.
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De Sara Sarowsky a 08.07.2019 às 09:57

Olá. Ó título do post foi precisamente inspirado nesse filme
Concordo com o teu ponto de vista, mas só na primeira parte.
Quanto há datas limites, elas nem sempre determinam que não consigamos ter tempo para tudo. São as várias frentes em que estamos que fazem com que o tempo (de qualidade) nunca seja suficiente. Obrigada pelo teu comentário
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De Manuel de Marques a 17.07.2019 às 12:56

«TEMPO»... . ...,
teu Amo e Senhor..., ludibria-o, transferi-o para um momento futuro, adia-o, protrai-o e protela-o...,
PROCRASTINA, e já perdes-te!!!

«... . ...,
E tu corres, corres e corres para alcançar o Sol, mas ele está-se a pôr
Dá a volta, até surgir novamente atrás de ti
O Sol é o mesmo, de forma relativa, mas tu estás mais velho
Com menos fôlego e um dia mais próximo da morte

Cada ano que passa fica mais curto
Pareces nunca arranjar tempo
Planos que tão pouco deram em nada
Ou meia página de linhas rabiscadas
... . ...»

https://youtu.be/wrSSY3q1rZc
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De Sara Sarowsky a 17.07.2019 às 13:08

Alguém desse lado está muito inspirado hoje
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De Manuel de Marques a 17.07.2019 às 15:50

Thank you..., mas nem por isso!!!

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