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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!

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Algum tempo já que ando a enfornar um artigo sobre o assunto. Contudo, quando a inspiração dá o ar da sua graça, não há tempo e quando há tempo, cadê a inspiração? Enfim... parece que hoje consegui reunir os dois o suficiente para parir este artigo, cujo tópico é a dependência, cada vez mais premente e incontestável, das pessoas em relação à tecnologia, mais concretamente aos smartphones.

Eu, portadora de um telemóvel base de gama – herança de um ex-quelque chose, vê-se logo –, entretenho-me a observar a obsessão das pessoas para com o aprelho. É no metro, no autocarro, no trânsito, à hora da refeição, na discoteca, nos cafés, ou seja, em toda a parte, inclusive quando caminham pela rua. Um fenómeno altamente preocupante é reparar que as pessoas já não convivem entre si. Estão lá apenas de corpo presente, porque a cabeça está ausente, ligada á rede e agarrada ao telemóvel.

Um dia estava num desses terraços badalados da baixa pombalina e na mesa ao lado estava um grupo de 6 ou 7 rapazes, na casa dos 20 e tal. Desse grupo, apenas um único exemplar não estava agarrado ao telemóvel. Todos os outros estavam, desviando os olhos do ecrã apenas para bebericarem do seu cocktail e anuírem sobre uma conversa fantasma. Eu só observava e pensava: "Mas o que é isso? Estão eles a conviver? Assim mais vale deixarem-se estar em casa!".

Outro dado curioso. Eu, na qualidade de transeunte convicta, gosto de reparar no número de condutores que agarrados ao telemóvel enquanto esperam que o semáforo passe de vermelho a verde. Ficas surpresa se te disser que a média é de 1 em cada 10? Experimenta olhar para os carros parados no semáforo e vais chegar à mesma conclusão que eu.

Neste trabalho, à hora da refeição, às quatro e tal da manhã, esta pessoa aqui pertence à esmagadora minoria que não come com os olhos pregados ao ecrã do telemóvel, quase todos da marca iPhone ou Samsung.

Só para rematar este post, que ainda tenho que ir preparar a "janta", um estudo realizado pela plataforma iPass, que contou com a participação de mais de 1700 pessoas da América do Norte e da Europa, concluiu que 40% das pessoas refere a ligação wi-fi como a coisa mais essencial no seu dia a dia, mais do que sexo, álcool ou chocolate. Dá para acreditar? Do pessoal que recorre ao telélé logo a seguir ao sexo, para não falar durante, não quero nem falar.

A propósito disso, Patricia Hume, chief commercial officer da iPass comentou: "Wi-fi não é apenas o método mais popular de ligação à internet, superou muitos outros luxos e necessidades humanas. A ideia de que a ligação sem fios seria considerado mais importante do que o sexo, o álcool e o chocolate seria impensável há apenas alguns anos".

Se for para me tornar numa dessas criaturas autómatas e dependentes do mundo virtual, os que apelido de geração ‘Agarrados ao telemóvel’, prefiro continuar com o meu aparelho 1G, não vá o diabo tecê-las.

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03
Out15

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Nestas andanças pelos (tortuosos) caminhos do engate online, muitas vezes temos que nos fazer de morto para podermos comer o coveiro. Com isso quero dizer que muitas vezes temos que dizer ao gajo, pretendente ao provedor de orgasmos, exatamente aquilo que ele deseja ouvir da nossa boca, neste caso dos nossos dedos, que isto é tudo acertado com recurso à tecnologia, para que ele baixe a guarda e o passamos analisar e descobrir quem está por detrás de um perfil.

 

Por estes dias entabulei uma interessante troca de mensagens com alguém bastante promissor, ou seja, jovem, solteiro, empregado, com um bom domínio da língua de Camões e abordagem simpática.

Às páginas tantas, mando-lhe esta mensagem:

"Bom dia!
Apraz-me saber que contribui para te deixar bem disposto. Está ganho o dia!
Namorado em part-time (isto porque no meu perfil, uma espécie de montra onde exploramos o nosso marketing pessoal até à medula no intuito de nos vender bem e ao mais alto preço, digo que procuro um namorado em part-time) significa um namorado em tudo igual aos demais da vida, só que sem aquela componente compromisso: 'quantos filhos vamos ter', 'casamo-nos na praia ou no deserto', 'mantemos a tua casa ou a minha', 'a tua mãe não gosta de mim', 'o teu primo é um idiota', 'já não pensas na tua ex'. Esse tipo de cenas, as quais dispenso.
Quero um companheiro para momentos alegres e de qualidade (que pode acabar na horizontal, ou não, dependendo da química - e da física também) para uma boa conversa, um vinho ao final do dia, conversas ao vento, jantares à beira-mar ou beira-tejo, um beijo roubado ao amanhecer, depois nos acabarmos numa pista de dança, um sms picante a meio do expediente para arrebitar o ânimo e aquecer a libido, uma escapedela improvisada, uma aventura fortuita a um motel de beira da estrada, e por aí adiante.
Acho que já deu para perceber o espírito do que pretendo.
Um dia bom para ti."

 

A paga?

"Olá mais uma vez;)
Confesso que fiquei encantado com a descrição pormenorizada e recheada de exemplos que deste na tua mensagem...fantástico, partilho em pleno da forma como pensas os relacionamentos; senti-me a ler palavras minhas...
Um bjinho grande."

 

E um convite para jantar. Se vai dar em algo, não sei, aliás sei sim, mas pelo menos uma refeição decente, num restaurante todo xpto, está no papo. Posso não comer o fulano, mas ao menos como uma boa refeição.

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