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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!

12
Set22

Quando nascem novos sonhos

por Sara Sarowsky

quando nascem novos sonhos_imagem.jpg
Ora viva! 🫶

Que fim de semana, caramba! A Feira Anternativa de que te falei no último post foi uma experiência avassaladora, a vários níveis. Ainda estou a processar as vivências que por lá senti e testemunhei. Sobre isso falarei noutra oportunidade, que ainda estou fisica e espiritualmente estafada. A sessão com o Braco foi algo indescretível, adianto já.

De volta à rotina semanal, hoje trago a última crónica para o Balai Cabo Verde, publicada na passada sexta-feira. Quando nascem novos sonhos é assim o complemento da crónica anterior, Quando morrem os sonhos, publicada a 18 de agosto e partilhada contigo há uma semana.

Quando nascem novos sonhos

Seis semanas depois da sua chegada nessa terra longínqua, aninhada entre o oceano e a montanha, pegou ela em toda a sua bagagem e regressou à casa de partida, a cidade das sete colinas, aquela na qual um dia pensou fincar raízes por tempo indeterminado. O coração desta vez vinha vazio, frio, estéril.

Investira praticamente tudo nesses sonhos, ao ponto de já não possuir mais nenhum. Não fazia a menor ideia de onde poderia ir buscar outros. Quis o destino que as coisas não lhe corressem como planeado, reconheceu com a alma em chamas e o coração em pedaços. Sapiência e humildade tinha ela de sobra para saber que o momento da tal mudança pela qual tanto ansiara ainda não tinha chegado.

Era preciso aquietar o espírito, apaziguar o coração, aguardar que o tempo revelasse novos caminhos, que conduzissem a novos sonhos. Disposta a tal estava ela, já que, contra os desígnios do destino, mortal algum poderia atentar, muito menos contestar. Crente estava ela de que tudo acontece por um motivo, e mesmo que aquele que lhe dizia respeito não fosse de momento claro, queria acreditar que algo ou alguém detinha as respostas que tanto procurava.

"O que se faz quando morrem os sonhos", não se cansava de perguntar, a si e às entidades superiores. "O primeiro passo é fazer o luto", sussurrou-lhe a voz da razão, serena na sua sabedoria, paciente na sua fiabilidade. "E depois", questionou ela. "Depois é deixar que o tempo, o mais sábio de todos os mestres, se encarregue de por tudo no seu devido lugar, de dar a cada sonho a sorte que lhe cabe."

"Enquanto isso, como continuarei a viver se já não tenho os meus sonhos comigo", lamuriou-se. "Os sonhos não morrem jamais, eles transformam-se, reinventam-se, reajustam-se. Como a Fénix, eles possuem a magia de renascer das cinzas, ainda mais belos e fortalecidos. Mas para isso tens que dar tempo ao tempo, tempo para o tempo fazer o seu trabalho. Sem pressa nem pressão, apenas com amor e gratidão".

"Como assim com amor e gratidão", questionou ela. "Amor porque é profícuo e gratidão porque é benéfico. Se calhar a causa da morte dos teus sonhos foi insuficiência de amor, amor para acreditar que pudessem realizar-se. E de gratidão também. Provavelmente esqueceste de ser grata por deteres o poder de sonhar", esclareceu a sua voz interior.

"Para que nasçam novos sonhos é preciso que os antigos moram. Esses sonhos que agora pereceram vão abrir espaço para outros, ainda maiores e melhores. Acredita no poder dos teus sonhos, que o universo também acreditará, e a concretização deles será uma mera questão de tempo e de oportunidade", rematou a voz sábia da lua, que do alto do céu assistia ao seu diálogo interno.

Apegara-se tanto àqueles sonhos - afinal por muito tempo os cultivara, alimentara, estimara - que agora temia já não saber viver sem eles. "Desapego, é preciso praticar o desapego", recordou-se das palavras da sua terapeuta espiritual. "Para que algo novo entre na nossa vida é preciso que o velho saia", sussurraram por sua vez as estrelas.

"Sou jovem, saudável, capacitada, instruída, tenho tempo de sobra para criar novos sonhos, para voltar a olhar para a vida como a maior de todas as aventuras, aquela que vale sempre a pena", disse a si mesma. Nesse instante, um sorriso aflorou-lhe aos lábios e um brilho intenso acendeu-lhe os olhos. Novos sonhos estavam a caminho, pressentia. Perante essa convicção, deu as costas ao passado e concentrou-se no futuro, esse sim cheio de promessas.

Dia feliz e uma ótima semana!

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05
Set22

Quando morrem os sonhos

por Sara Sarowsky

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Ora viva! 🫶

Uma mão cheia de semanas depois, eis-me de volta ao teu convívio, repleta de novidades, crónicas, planos e sonhos. E é precisamente sobre estes últimos que versa a minha última crónica para o portal Balai Cabo Verde, publicada a 18 de agosto, e que vou agora partilhar contigo.

Quando morrem os sonhos

Há muito que ambicionava dar um outro rumo à sua vida. A súbita morte do progenitor e, posteriormente, a inesperada pandemia da covid despoletaram nela a certeza de que desejava – na verdade, precisava - abraçar uma nova vida. Sabendo que o primeiro passo para a mudança prendia-se com o não mais querer estar onde estava, tornara-se evidente que a mudança era incontornável, imprescindível, inadiável.

Num belo e quente dia de verão, partiu à aventura, atrás do recomeço pelo qual há tanto ansiava. Consigo levou duas malas, uma grande e outra mais pequena, uma mochila, um saco e um coração a abarrotar de sonhos. Nesse coração cabiam sonhos de todo o tipo: novo país, novo idioma, nova casa, novo trabalho, novos amigos, novas relações, novos amores, nova dinâmica, no fundo nova existência.

Dias após dia, semana após semana, os seus sonhos foram-se vergando à dureza da realidade, rendendo-se à força do infortúnio. Nenhum deles, nem o mais insignificante de todos, se concretizou. Pelo contrário, a ausência de sorte era de tal modo constante que os mal-sucedidos acumulavam-se a uma frequência praticamente diária. Ainda antes da partida, o universo emitira sinais, vários até. Em nome de uma vontade irrefreável, não lhe deu ouvidos, com ele teimou, a ele ousou desafiar. Precisava fazê-lo, caso contrário arrepender se ia para o resto da vida.

O que não cogitou, ainda que intimamente o intuísse, era que a última palavra não seria a sua, jamais seria. Por muito que sonhemos, almejemos, planeemos ou façamos, a concretização do que quer que seja só acontece no espaço e no tempo entendido pelo destino, ou universo como preferia chamar às forças superiores que comandam as ações humanas e determinam a sua experiência terrena. De pouco ou nada adianta insistir em algo (ainda) não validado por ele, até porque o tempo divino e o tempo humano raramente coincidem; o primeiro é infinitamente mais sábio do que o segundo, bem mais ansioso e impaciente.

Em terra estrangeira, numa geografia aninhada entre o oceano e a montanha, encontrou consolo nas tardes passadas na praia, numa comunhão íntima e recíproca com a natureza, a qual testemunhava com apreensão o seu desassossego, com pesar a sua agonia. Assistir ao sucumbir dos sonhos alheios, sem que os envolvidos nada possam fazer para impedir tal desfecho, é algo a que a mãe de todas as criaturas dificilmente consegue manter-se insensível.

Com o sol, a praia, as dunas e o oceano partilhou ela os seus mais íntimos ensejos, anseios e frustrações. Com a lua chorou a morte desses sonhos, os quais iam perecendo à vez, à mercê de cada frustração, cada insucesso, cada contrariedade. O mar lambeu-lhe as feridas, a brisa secou-lhe as lágrimas, o sol aqueceu-lhe a alma, a natureza curou-lhe as mágoas, o tempo aliviou-lhe o sofrimento.

Despida de expectativas, despojada de ilusões e carente de sonhos - sonhos esses que a levaram a desafiar tudo e todos, a fizeram almejar vencer a maldição que pendia sobre si, fintar o azar e triunfar sozinha num país povoado de estranhos - retomou à procedência, de coração partido e alma fragmentada, sem a mais pálida ideia sobre que rumo haveria de dar à sua existência dali em diante. Sem outra opção que não fosse render-se às evidências, um passo atrás viu-se obrigada a dar, regressando à casa de partida, tal qual jogo de monopólio. Sim, muitas vezes é preciso dar um passo atrás, recuar, para poder avançar com mais vigor, mais sagacidade, mais sabedoria.

Continua...

Bem-vinda de volta ao blog. Regressarei na quarta, com mais uma crónica. Até lá, deixo-te com aquele abraço amigo só nosso!

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tumblr_nlz2xrUpaN1s2j0zlo1_1280-1.jpgNinguém melhor do que nós mesmos para lidar com a nossa própria vida, sonhos e paixões. Daí que seja imperativo não permitirmos certas coisas por parte dos outros. Coisas essas que pouco ou nada acrescentam à nossa felicidade. Bem pelo contrário!

A meu ver, um dos luxos da idade adulta é o livre arbítrio para podermos decidir quem deve (ou não) fazer parte do nosso círculo de convivência. A nós mulheres então, na qualidade de criaturas confiantes e bem resolvidas, cabe-nos a tarefa - muitas vezes dolorosa e ingrata - de afastar de nós certo tipo de pessoas e de atitudes que simplesmente boicotam a nossa felicidade. O artigo de hoje debruça-se sobre algumas delas:

1. Quem sabe da tua vida és tu
Não permitas que te digam como viver a tua vida, e muito menos que nela interfiram nela, sobretudo em relação ao que deves vestir, com quem deves namorar e o que deves comer.

2. A tua paz de espírito deve ser sagrada
Bane da tua vida as pes­soas tóxicas, que servem apenas para perturbar a tua paz de espírito, sugar a tua energia e interferir com o teu bem-estar psíquico e emocional.

3. A tua vida privada deve ser inexpugnável
A vida é tua e só tu sabes as batalhas que enfrentas todos os dias. Por isso mesmo, não temas em manter dis­tância dos bis­bilho­teiros e das pes­soas que não se im­portam con­tigo, mas que, ainda assim, insistem em intrometer-se e dar palpites na tua vida privada.

4. O sonho comanda a vida
Evita contato com todo aquele que faz pouco dos teus sonhos, que os desvaloriza e até ri deles. Em compensação, cerca-te de quem acre­dita neles e que te pode ajudar a realizá-los.

5. Tolerância zero para com segundas oportunidades
Com isso quero dizer que dar uma se­gunda hi­pó­tese a pessoas que já te desiludiram e nas quais deixaste de confiar é o mesmo que esperar que chova no deserto do Saara. Ou seja, espera-se demasiado tempo para presenciar tal fenómeno. Acre­ditar nas promessas de quem não soube merecer a tua confiança não passa de ilusão, por isso afasta-te desse tipo de espécie humana.

6. Se conselho fosse bom, seria pago
Todo mundo tem conselhos para dar sobre tudo e mais alguma coisa. Sobre a vida alheia, então…. Perante aquelas pessoas que passam a vida a dizer-te como deves viver a tua, em especial as que não põem em prática o que apregoam, só há uma coisa sensata a fazer: não desperdiçares o teu tempo com elas, já que o mais provável é que não saibam o que é me­lhor para elas quanto mais para ti.

7. Os fracassos são teus e mais ninguém tem direito a fazer uso deles
In­fe­liz­mente, algumas pes­soas sentem-se me­lhor me­nos­prezando os ou­tros. Não permitas que tal aconteça contigo. Man­tém-te firme na tua po­sição e evita o tipo de pessoas que te atira com os fracassos à cara e te faz sentir incompetente ou incapaz.

8. És digna de amor sim e ponto final
Por isso, evita as pessoas que in­sistem em dizer que és com­pli­cada e tal e que de­verias mudar. Acredita que existem pes­soas que te amam e te aceitam exatamente como és, ou seja, com todos os teus defeitos. São essas que interessa ter sempre por perto. O resto é o resto. E nunca ninguém precisou de restos para ser feliz.

9. Usar e abusar da tua bondade
Permitir que façam uso indevido das tuas qualidades mais altruístas é emocionalmente desgastante e uma batalha inglória. Dás o teu melhor e, em contrapartida, absorvem toda a tua boa vontade, sem falar no teu tempo, sem nada de bom dar em troca. Escusas deixar de ser uma boa amiga para saberes iden­ti­ficar quando alguém te toma por garantida.

10. É a paixão que nos faz querer ir mais além
Não deixes que te desviem da tua paixão, ainda que esta pa­reça insana, exequível ou incapaz de te garantir o sustento. Per­mitir que os ou­tros in­ter­firam com a tua verdadeira vo­cação é abrir mão do melhor de ti e deixar que outros assumam o comando da tua vida.

11. O teu tempo é mais importante de que o tempo dos outros
Não deixes que te pressionem com limites de tempo. As pessoas adoram ca­lendá­rios e prazos, mas isso não quer dizer que tenhas que te regular em função delas. Dá o teu me­lhor, sempre dentro do teu timing, e deixa a vida te levar.

12. Os artigos é que levam rótulos
Não permitas que te rotulem. As pessoas adoram ro­tular os ou­tros - vul­ne­rável, emo­ci­onal, louco, inde­ciso, chato, exigente, com­pli­cado e por aí adiante - porém não és obri­gada a aturar isto. Abre mãos de todos os ró­tulos para não ter que levar com nenhum deles.

13. Os teus planos devem ser a tua prioridade
Não permitas que te façam desistir dos teus planos. E se fores abrir mão deles, que seja por ti e não pelos outros. Na vida há que arriscar e de ter fé, pelo que não vale a pena par­tilhares os teus planos e as tuas ideias com quem não será capaz de os en­tender.

14. Os erros alheios não são responsabilidade tua
Não deixes que te culpem pelos erros dos outros e muito menos admitas que te usem como saco de pancada ou bode ex­pi­a­tório para fa­lhas alheias.

15. Cada um tem o lugar que merece na tua vida
Dá a cada pessoa o lugar que ela merecer, caso contrário, corres o risco de te sentires usada, esgotada ou até mesmo de­ce­cionada. Se alguém te trata como prioridade, dá-lhe um lugar de destaque na tua vida. Se não, relega-a para os bastidores, de preferência dentro de um armário trancado a cadeado e cuja chave caiu num calabouço.


Para o bem da nossa sanidade mental, social e, porque não dizer física, convém não darmos margens a esse tipo de atitudes, que só servem para nos deixar ansiosos, estressados, diminuídos, infelizes, frustrados e ressentidos. Se para isso tivermos que banir algumas pessoas do nosso convívio…, olha temos pena. O importante é sermos e estarmos felizes, pelo que quem não contribui para tal coisa, não merece fazer parte da nossa vida.

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