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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Ora viva! ✌️
Estes últimos dias têm sido uma loucura, daí que a minha presença aqui no blog não esteja a ser tão assídua como seria de prever. Entre a estreia do Ainda Solteiros, os preparativos para a minha festa de aniversário, a organização de um evento para a primeira semana de 2023, os textos para três projetos, a procura de parceiros para o podcast, as consultas de tarot - sim, dou consultas de tarot! 😉 - e as exigências quotidianas pouco tempo tem sobrado para me dedicar a ti. Com muita pena minha, é bom que saibas disso.
Ainda assim, tento dar o meu melhor e fazer tudo o que me é possível, no momento em que me é oportuno. Depois deste parlapiê todo, estou pronta para revelar o tema da crónica de hoje: a solteirona. Pessoalmente, considero a palavra deselegante, maldosa até. Mas o facto é que ela ainda circula pelas bocas de muitas mentes encardidas que insistem em achar que uma mulher solteira depois de uma certa idade é encalhada, logo, solteirona.
Como referi dias há no post Os efeitos nocivos do julgamento social contra os solteiros, o constrangimento por ser solteiro não é equitativo. As mulheres são bem mais flageladas, com algumas culturas a imporem o casamento e a maternidade como a única via para a realização pessoal, social e familiar.
Por considerá-lo um tema deveras relevante, o terceiro episódio do podcast, disponível na próxima terça-feira, 15 de novembro, debruça-se precisamente sobre a solteirice no feminino. Nesse entretanto, intento através desta crónica desconstruir algumas das ideias erróneas sobre os indivíduos do sexo feminino que não têm um par ou não estão numa relação amorosa assumida ou oficializada.
A forma como as pessoas se referem às solteiras, em comparação com os homens na mesma situação amorosa, não é nada lisonjeira. Na nossa língua, o termo "solteirona" tem uma conotação bem mais pejorativa que a sua forma no masculino, "solteirão". "Solteirona" ganhou conotação negativa ao longo do tempo, depreciando as mulheres desemparelhadas e alimentando a crença de que elas são fracassadas, problemáticas, rejeitadas, preteridas.
"Segundo a crença popular, as mulheres se preocupam mais com o casamento que os homens", considera Bella DePaulo, autora do livro Singled Out: How Singles are Stereotyped, Stigmatized and Ignored, and Still Live Happily Ever After (publicado em português com o título "Segregados: como os solteiros são estereotipados, estigmatizados e ignorados e vivem felizes". "Por isso, acho que as mulheres solteiras são submetidas com mais frequência a perguntas irritantes como 'está namorando?'".
Já a psicoterapeuta Allison Abrams relembra que mais pacientes mulheres partilham experiências que causaram constrangimento por serem solteiras que os pacientes do sexo oposto. "Os homens solteiros também podem ser tratados de forma depreciativa e arrogante", remata, por sua vez, DePaulo, ressalvando que as pessoas os consideram infantis, incapazes de cuidar de si próprios ou obcecados por sexo.
Toda vez que eu ouço alguém proferir a palavra "solteirona", fico com o pelo eriçado e o coração minguado. Isto porque vem-me à mente a imagem de uma senhora de meia idade, com veruga no nariz, cabelo ralo, dentes amarelados e postura curvada. Afinal, não é esta a imagem da mulher que nunca casou ou procriou que a sétima arte, sustentada pela dona literatura, nos vendeu durante séculos? A par de "encalhada", a palavra "solteirona" é sem sombra de dúvida aquela que mais estigmatiza a mulher desemparelhada. É pois hora de bani-la do nosso léxico e relegá-la à memória do tempo em que não abundavam solteiras poderosas, empoderadas, gostosas, determinadas, conscientes e felizes.
Beijo 💋 em ti e até para a semana, que sexta e sábado estarei a labutar, de manhã à noite, num evento giríssimo chamado Bazar Diplomático. Como deves imaginar, não conseguirei arranjar tempo para vir aqui deixar-te uma crónica amiga. Bom fim de semana!
Ora viva! ✌️
A crónica de hoje resulta de uma partilha da compas Paula L no nosso grupo do WhatsApp, composto maioritariamente por quarentonas solteiras, convém saberes. Não obstante ter já produzido imenso conteúdo nesse sentido, considero oportuno continuar a bater na mesma tecla: o porquê de tanta mulher gostosa, poderosa e bem-resolvida estar desemparelhada.
Mirando o meu exemplo, e o de inúmeras outras nas mesmas circunstâncias, é caso para se dizer que, em matéria de relação amorosa, nós as solteiras estamos a vivenciar uma crise pandémica, sem precedentes, controlo ou cura à vista. É precisamente isso que retrata a publicação do site Sábias Palavras, datada de julho deste ano, que passo a citar:
Todos os dias testemunhamos mais e mais mulheres fortes, inteligentes e atraentes ainda solteiras. E a pergunta que muitas vezes surge em nossas mentes é: "Como essa mulher incrível ainda está andando sozinha?". Alguns até se perguntam: "Se uma mulher assim estiver sozinha, haverá esperança para mim?".
Infelizmente, muitas pessoas não reconhecem que essas mulheres poderosas não estão sozinhas porque pensam que são melhores do que todos os outros. É porque é extremamente difícil encontrar um parceiro que respeite seu crescimento pessoal, evolua com elas e as ame por quem elas realmente são.
Uma mulher forte e autoconfiante simplesmente não tem tempo para relacionamentos medíocres. Ela sabe exatamente o que quer de sua vida e não para até cumprir suas ambições. E o melhor é que quando ela atinge um objetivo, ela não apenas relaxa. Em vez disso, ela se esforça para outro. Por mais impressionante que isso seja, algumas pessoas acham essa devoção intimidadora.
Aqui estão 7 razões pelas quais tantas mulheres confiantes, inteligentes e sexy são ainda solteiras.
Ora viva! ❤️🔥
Para este dia 14 de fevereiro, Dia dos Namorados, caso ainda não tenhas lembrado, proponho um manual de sobrevivência para as solteiras, cuja versão reeditada foi publicada esta manhã no portal Balai Cabo Verde, como poderás contastar através deste link.
Atenta à contagem decrescente para o dia 14 de fevereiro, intenta esta crónica dotar as solteiras das ferramentas necessárias à amortização de potenciais danos (emocionais e psicológicos) decorrentes da falta de um par romântico no Dia dos Namorados.
O dia mais romântico do ano para uns, pode perfeitamente ser o mais desencantado para outros. Para muitos corações solitários, sobretudo os pertencentes ao sexo feminino, este pode ser um verdadeiro martírio, mais não seja pelo sentimento de exclusão e fracasso sentimental que as assola, sem dó nem piedade.
Na qualidade de solteira de longa duração, há muito que o Dia de São Valentim deixou de ser um melodrama pessoal. Longe de mim insinuar que namorar, e tudo o mais que isso implica, não seja bom. A questão aqui é deixar bem claro que não ter com quem trocar juras de amor não é coisa que me desmereça, muito menos entristeça. Arrisco-me a dizer que desfrutar da minha própria companhia no dia que o mundo (comercial) consagrou ao amor é quase tão bom como passá-lo na companhia de outrem, com a benesse de que todas as despesas afetas à ocasião serão revertidas na totalidade em benefício próprio.
Lamentavelmente, nem todas as celibatárias encaram a sua realidade amorosa com a mesma leveza e presença de espírito que eu. É precisamente a elas que dedico estas palavras, na expectativa de lhes fazer ver que estar solteira no Dia dos Namorados pode - e deve - ser encarado como uma oportunidade para se proporcionarem a si próprias um dia digno da rainha que nelas habita.
Como? Deixando-se inspirar por estas sugestões:
Banho de imersão
Desperta a diva que há em ti com um belo banho de imersão, daqueles dignos de Hollywood. Para tal, só tens que encher a banheira, atirar lá para dentro os sais de banho que tens guardado para a "tal" ocasião especial, escolher uma playlist que te faça sentir nas nuvens, bebericar uma bela taça de vinho e deixar-te embalar pelo momento.
Chocolate
Esta iguaria, uma alegria aos pedaços, costuma ser a cura, ainda que momentânea, para a maioria dos males femininos. Caso sejas apreciadora desta ou de outra iguaria açucarada, esquece a dieta, aplaca a culpa e rende-te à luxúria. Come o que te apetecer, na quantidade que te apetecer. Afinal, o São Valentim só te visita uma vez por ano, por isso recebe-o em grande estilo.
Home cinema
Nada melhor que um filme lamechas para dar-nos aquele gostinho de romance; o tal que nos tem faltado na vida real. Recomendo que apostes em comédia romântica, pois drama é tudo que não precisas neste momento. Confesso que esta é a minha parte favorita de um Dia dos Namorados a solo. Consumir filmes cor de rosa é uma forma de restaurar a esperança de que um dia serei (novamente) protagonista de uma bela estória de amor, tal como na sétima arte.
Drink
Desfruta da noite a um na companhia da tua bebida favorita, seja ela vinho, gin, pontche, champanhe, mojito ou caipirinha. Não te esqueças é dos aperitivos (queijo, pipocas, presunto, pizza, sushi ou outro snack da tua preferência), pois beber de estômago vazio é altamente desaconselhado. Boa ideia é apreciares a tua própria companhia, o teu drink e o facto de desfrutares deste momento tão teu, gozado na santa paz da tua liberdade.
Disco night
Caso estejas numa de celebrar porta fora, porque não ligar às manas leves, livres e soltas e cair na gandaia? Emboneca-te, escolhe uma discoteca in e toma conta da pista como se não houvesse amanhã. Não te esqueças é do batom despudoradamente vermelho, dos saltos altos e de um dress code que te favoreça. Afinal, nada como um look bem conseguido para fazer com que te sintas poderosa e autoconfiante.
Blind date
Que tal saíres da tua zona de conforto e arriscares um encontro às cegas? Se estás numa onda de aventura ou a querer dar um boost à tua vida amorosa, esta é a altura ideal. E opções não te faltam, é só ir a uma dessas apps de engate e... voilá! O pior que pode acontecer é teres uma divertida estória para contar às amigas. Na melhor das hipóteses, podes acabar a noite nos braços (ou na cama) de alguém.
Reconheço que para nós solteiras o Dia dos Namorados não sabe a mel. Contudo, posso garantir que só saberá a fel se assim quisermos. Depois do que acabaste de ler ainda acreditas que uma mulher desemparelhada tem motivos para o amaldiçoar? Não me parece!
Despeço-me com aquele abraço amigo e o conselho: Be Your Valentine, hoje, amanhã e sempre!
Viva! 👋
Hoje resgato da memória deste blog (mais) um artigo que atesta que, no que toca à solteirice, as mulheres são mais felizes do que os homens. Datada de 17.11.17, a publicação faz referências às conclusões de um estudo (recente, na altura) sobre relações amorosas, o qual deu que falar, não só por deitar por terra velhos dogmas, como por deixar os polícias do estado civil alheio cada vez mais espartilhados.
Escreveu o The Telegraph que uma pesquisa levada a cabo pela Mintel no Reino Unido apurou que 61% das mulheres solteiras está feliz com o seu estado civil, em comparação com 49% dos homens. Ao que se conseguiu apurar, as inquiridas sentem-se tão confortáveis com essa situação que ¾ não procurou ativamente, durante o último ano, um relacionamento, em comparação com 65% dos homens solteiros.
A esta altura da leitura já deves estar a pensar que as minas de sua majestade não querem saber de gajos. No way, my dear! Simplesmente sentem-se bem sozinhas. Analisando por faixa etária, entre os 45 e os 65 anos, 32% das discípulas de Vénus afirma estar bem sozinha, enquanto apenas 19% reconhece o mesmo.
Ilações dos autores desta pesquisa
Genericamente, quando solteiras, elas são mais felizes do que eles na mesma condição. Isto porque são mais abertas e melhores a socializar, envolvendo-se em mais atividades; são mais propensas a ter uma rede de amigos próximos a quem podem recorrer em caso de necessidade; realizam mais tarefas domésticas que o parceiro e gastam mais tempo e dinheiro para manter uma boa aparência quando estão numa relação.
Ilações da autora desta crónica
Ponto 1: Quanto mais maduras as mulheres, mais seguras e realizadas se sentem e menos suscetíveis tornam-se à opinião alheia. Por saberem exatamente o que querem e o que lhes faz feliz, não estão para aturar um macho qualquer da vida só porque sim.
Ponto 2: O estigma em relação às mulheres solteiras está (finalmente) a minguar. Já não são vistas como rejeitadas para passarem a ser percecionadas como pessoas independentes e satisfeitas consigo próprias, que não têm de ter uma relação se não o quiserem.
Ponto 3: Provavelmente, a maioria destas mulheres já foi esposa e mãe/avó, ou seja, já "cumpriram" o papel que delas se esperava. Sendo assim, já não sofrem tanta pressão e cobrança para arranjarem um companheiro.
Ponto 4: Muitos homens ainda cultivam aquela mentalidade jurássica de que espécies femininas acima de uma certa faixa etária são como artigos fora do prazo de validade, isto é, impróprias para consumo.
Ponto 5: O que realmente importa é estar feliz (com ou sem par). O resto é conversa para encher a chouriça.
Aquele abraço amigo e até sexta!
À vontade ou incomodada com a questão, a verdade é que o online é cada vez mais uma opção para quem quer arranjar-se em matéria de coração. Seja para uma noite, um fim de semana, ou algo mais duradouro, esta é uma forma prática, conviniente e imediata de conhecer pessoas novas e explorar novas alternativas de relacionamento.
Já aqui tinha abordado esta questão, tendo inclusive assumido que sou utilizadora ativa de sites e apps de encontros online. Apesar de nunca ter dado em nada – ainda solteira – continuo a achar que esta pode ser (mais) uma ferramenta para se tentar a sorte: arranjar companhia, aliviar-se quando bate aquela carência ou, quem sabe, encontrar um novo amor.
Para o caso de te interessar, estas são algumas aplicações que podem revelar-se uma (agradável) surpresa. Já houve amigas que não passaram do primeiro dia, outras da primeira semana e ainda aquelas, como eu, que resistem, persistem e insistem, mais não seja para recolher material de pesquisa para um blog.
Tinder
A crème de la crème, já que, em apenas quatro anos, tornou-se uma das aplicações de encontros mais populares do mundo com milhões e milhões de acessos por dia. Aos utilizadores, essencialmente na casa dos 20-30 anos, é apresentada uma fotografia do potencial candidato, sendo-lhes dada a opção de deslizar para a esquerda para recusar ou para a direita para aceitar. Gratuito, funcional, divertido e rápido, esta app instala-se num instante, bastando fazer login com o perfil do Facebook ou Instagram.
Bumble
O Bumble é a primeira aplicação de encontros para mulheres, o que significa que temos de ser nós a chegar-se à frente, ou seja, a enviar a primeira mensagem. É maioritariamente composto por profissionais ativas na faixa 25-30 anos. Não conheço esta app, mas ouvi falar muito bem dela. Por não ter um grande número de utilizadores, rapidamente se esgotem as opções de candidatos elegíveis.
Happn
O Happn baseia-se essencialmente na localização, ou seja, mostra uma lista de potenciais parceiros com os quais se cruzou na rua, permitindo assim verificar quem vive ou trabalha perto de nós. Já a usei e não achei grande coisa. Embora os seus utilizadores sejam predominantemente indivíduos nos seus 20 anos, raramente enviam mensagens quando há match (o termo virtual para click). Sem falar que a maioria dos gajos deixam os perfis em branco, o que nos deixa com pouco critérios de procura e seleção.
OkCupid
No OkCupid os potenciais pares utilizam uma série de perguntas destinadas a revelar certos aspetos da sua personalidade, para, a seguir, as respostas serem convertidas em percentagem - quanto maior for a percentagem em relação a alguém, teoricamente, mais hipóteses de serem compatíveis. Ainda não tenho muito para opinar, já que acabei de instalar esta app. Ainda assim, dá-me a sensação que o pessoal daqui, maioritariamente profissionais nos seus 20-30 anos, parece mais na onda de relacionamento do que engates (como no Tinder, por exemplo). À primeira vista parece-me interessante, já que não é tão restrita à localização, o que permite explorar pretendentes além-fronteiras. Também tem a opção de filtrar por etnia, idade e determinadas palavras-chave. Ou seja, à vontade do freguês.
Skout
Esta é uma interface um tanto ou quanto confusa, já que mete tudo ao molho e fé em Deus. A pessoa gosta do teu perfil e envia-te um pedido de chat, que só aceita se quiseres. Apesar de poderes definir o âmbito geográfico da tua procura, pessoas do mundo inteiro podem contactar-te. Entre todas as outras esta é a mais rasca. Com isso quero dizer que não abundam muitos gajos atraentes e menos ainda qualificados. Em várias semanas nunca conheci ninguém que me tivesse cativado ao ponto de sequer trocar outro meio alternativo de contacto.
Antes de me despedir, deixo-te com algumas dicas sobre como criar um bom perfil nas redes de encontros online: uma fotografia de perfil que mostre a tua cara, mas sem revelar tudo (sugiro esbatida, a P&B, com máscara ou na penumbra); uma foto de corpo inteiro, mas sem ser atrevida (a não ser que queiras começar a receber propostas para sexo explícito ou fotos de gajos em pelo); poucas mas boas fotos (três ou quatro são suficientes para se ficar com uma ideia de quem está por detrás do perfil); fotos com outras pessoas está fora de questão e cortadas também (dão a ideia de que não queres dar a cara por inteiro); quanto mais informações sobre a tua profissão e qualificações académicas mais possibilidade terás de ser encarada como mulher e não como “despeja-colhões”; a descrição de perfil é o fator crítico do sucesso: em não mais do que três frases, tenta descrever quem és, o que procuras e o que tens para dar. Este por exemplo é uma das minhas descrições mais populares: "Mulher gira, culta, inteligente e divertida, que gosta de ser e estar feliz, procura quem acrescente valor à sua vida. Queres fazer-me companhia?"
Quem gosta de Carnaval que se acuse agora ou cale-se até à próxima festa do Rei Momo. Bom Carnaval a todas as solteiras deste universo.
Carnaval daí vamos vadiar, vamos vadiar para a polícia não pegar...
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