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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Hoje vou abordar um tópico que, infelizmente, afecta muitas de nós, mulheres a caminharem a passos largos para a primeira década do "enta", "entinhas", como gosto de lhes chamar, que é o desemprego, melhor dizendo, a procura desenfreada por um trabalho. Uma odisseia, tantas vezes ingrata, infrutífera e inglória, e com danos colaterais devastadores: emocionais (ansiedade, insónia e desânimo), físicos (olheiras, cabelos brancos, ar abatido, rugas, pele baça), sem falar nos financeiros (no meu caso então, que nem sequer tive direito ao subsídio, este é o maior de todos).
Tudo isto para dizer que, após a resposta a um anúncio para marketeer digital, recebo um e-mail a propor-me um desafio. De acordo com palavras da pessoa que assinou a missiva, este serviria "para nos ajudar a seleccionar o candidato ideal, estamos a lançar um pequeno desafio aos candidatos. A ideia é replicar um contexto real de trabalho e fazer uma análise o mais objectiva possível."
Tinha então 48 horas para responder a meia dúzia de questões exigentes e armadilhadas, sim porque os recrutadores adoram passar rasteiras aos candidatos, mal conseguindo conter o gosto em vê-los estatelarem-se ao comprido. Tendo em conta que o desafio foi-me lançado numa sexta-feira à tarde, isso queria dizer que o meu fim de semana, que por ironia do destino previa-se ensolarado e caliente, tão caraterístico do início de setembro em Alface City, vulgo Lisboa, estava destinado a elaborar respostas criativas, aliciantes e bem melhores do que as dos restantes concorrentes, que segundo a contabilidade do site já ia nas 245 candidaturas.
Tinha portanto o sábado e o domingo para pensar, imaginar, criar, escrever e convencer o desafiador que era a melhor de entre todos os outros. Sábado nada saiu, nem uma única linha. Domingo, assim que saio da cama, sento-me em frente ao pc, com o meu tabuleiro com o brunch, e de lá não saí até dar por concluída a tarefa.
E pode acreditar que caprichei, pena que não foi o suficiente, já que uma semana e tal depois, sou agraciada com esta mensagem: "analisámos cuidadosamente todas as respostas enviadas. Não vos queremos deixar sem notícias: acabámos por seleccionar outro candidato, cujo perfil e competências nos pareceram mais adequados ao que precisamos nesta fase. As candidaturas em geral foram muito boas e a grande maioria das pessoas que respondeu ao desafio fê-lo com grande qualidade, pelo que o facto de não vos termos chamado para entrevista não significa que não tenham feito um bom trabalho", assinado pelo site manager e com direito a ter que levar com as fuças do dito cujo, já que este gosta tanto da sua pessoa que resolveu incluir uma fotografia sua na assinatura do e-mail. Se ao menos, fosse um gajo giro e podre de bom..
O que me consola, e que amortece significativamente a minha frustração, é o facto de saber que dei o melhor de mim e que eles perdem mais por não me terem escolhido do que eu por não ter sido escolhida.
E agora deixo-te que a busca ainda não terminou e aquele que será o meu próximo emprego está algures à minha espera.
Fui!
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