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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!

18
Mar16

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Partilho contigo o meu último artigo para a Artes&contextos, uam crítica ao filme 'UMA HISTÓRIA DE AMOR E TREVAS', publicada esta sexta-feira.

 

Baseado nas memórias que Amos Oz tem de crescer em Jerusalém com os pais, nos anos que antecederam ao Estado de Israel, esta obra destaca-se sobretudo por dois motivos: o contexto histórico no qual se insere a narrativa e a iniciação de Natalie Portman, conhecida estrela de Hollywood, nas performances da realização.

 

Quanto ao filme em si, a ação decorre em Jerusalém, no ano de 1945, altura em que o território encontra-se sob o mandato britânico, e retrata o quotidiano de uma família judia da classe média, composta pelo pai (Arieh), pela mãe (Faina) e pelo filho (Amos). Perante o conflito israelo-palestiniano, estes têm que aprender a lidar da melhor forma possível com o terror da guerra, e as consequentes fugas, a tensão racial, os dramas familiares, bem como as expectativas pessoais de cada um.

 

Fania, romântica e sonhadora, deposita todos os seus sonhos de uma vida diferente no futuro pós-guerra. Quando a independência não traz consigo o sentido de vida que esperava, ela embarca numa viagem sem volta rumo à tristeza e à solidão. Cada vez mais infeliz no casamento e intelectualmente sufocada, Fania não consegue lidar com o tédio da vida quotidiana. Para se animar e entreter o pequeno Amos, por quem nutre um amor incondicional, ela começa a inventar histórias de aventuras e caminhadas através do deserto. Uma vez sozinha com os seus pensamentos, refugia-se num mundo de fantasias românticas com um jovem e viril desconhecido.

 

Impotente perante o vazio da sua vida, Fania mergulha numa profunda depressão. Não obstante todos os esforços da família e dos amigos, nada apazigua o seu coração e muito menos acalma a sua angústia. Neste sentido, a morte afigura-lhe como "um amante tenebroso, sedutor e sedento de companhia", ao qual foi-lhe impossível resistir.

 

Agora a crítica propriamente dita e que não foi publicada por questões de sensibilidade e bom senso.

 

Em vez de UMA HISTÓRIA DE AMOR E TREVAS, penso que UMA HISTÓRIA DE AMOR E TÉDIO seria um nome bem mais apropriado para o filme. A vida da protagonista foi um tédio. O argumento, o guarda-roupa, o cenário, as falas e o happy end também andaram a deambular lá perto.

 

Para um filme que se assume como uma história de amor, não me tocou o coração e tão pouco a alma. Talvez por culpa das expectativas demasiado altas que nele depositei. Talvez pela pouca emoção que me despertou. Talvez por não ter conseguido envolver-me na trama. A meu ver, o filme é cinzento.

 

Estou certa de que o filme poderá despertar outras emoções nos outros, sobretudo naqueles que apreciam cinema de autor, sejam admiradores incondicionais da Portman (que nasceu em Jerusalém, a propósito) e/ou se identifiquem com a causa judaica.

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02
Mar16

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Este é o meu último artigo, publicado ontem no Artes&contextos, órgão com o qual colaboro na qualidade de crítica de arte.

 

"Às quatro da tarde do dia 25 de fevereiro, a mais recente criação da companhia mala voadora subiu ao palco da Sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, para a apresentação à imprensa.

 

Universos paralelos, com texto e encenação de Jorge Andrade, é um espetáculo de teatro atípico, logo ousado, onde o audiovisual assume claramente o papel de ator principal. Ao longo de pouco mais de 75 minutos o vídeo e a interpretação humana contracenam em paralelo e em simultâneo, numa interessante e intrigante coabitação.

 

Conforme se vai desenrolando a trama, o público é impelido a questionar a veracidade daquilo que vê, pairando no ar a questão: o que é real? O que é real é que três seguranças chegam ao seu novo local de trabalho, onde começam a visionar os trabalhadores de uma empresa através de câmaras de vigilância. E nada corre bem. Tudo isto se passa numa empresa que produz mundos semelhantes ao nosso, mas paralelos, para fazer experiências que permitam que, num futuro próximo, o nosso mundo passe a deixar de precisar de seguranças e vigilância humana.

 

No final do ensaio geral, Artes&contextos teve dois dedos de prosa com o encenador, que com prontidão assumiu que o público-alvo da peça são os adolescentes e aqueles que com eles convivem. Claro que isso não exclui, de maneira nenhuma, nenhum curioso, interessado ou simplesmente apreciador das artes cénicas.

 

Porquê esta faixa etária e não outra? Essencialmente, porque estamos numa sociedade em que o digital imiscuiu-se de tal maneira no real que as fronteiras entre estes dois mundos simplesmente esbateram-se. "Estas fronteiras tornaram-se tão ténues, se não inexistentes, que faz todo o sentido refletir sobre este fenómeno", considera João Andrade.

 

No caso dos mais jovens, cuja esmagadora maioria é adicta confessa das novas tecnologias, sobretudo dos smartphones, convém desafiá-los a questionarem a veracidade e a autenticidade daquilo que lhes é apresentado: o que veem e leem é realmente real ou um produto muito bem conseguido? Daí as tais entidades digitais sobre a qual se debruça a peça e que visam em primeira e última instância "erradicar todo o resto de humanidade que ainda temos no nosso interior".

 

Em cena até 6 de março, com sessões para o público escolar, de quarta a sexta, e para famílias, ao sábado e domingo, Universos paralelos é uma chamada à qual devemos atender, mais não seja porque não é todos os dias que temos a oportunidade de assistir a uma peça de teatro nestes moldes."

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27
Fev16

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Já há algum tempo que não te faço o ponto da minha situação de desempregada, e sem qualquer subsídio público, importa referir, pelo que hoje é dia de levares com mais uma rubrica Crónicas de uma desempregada.

 

Por mais que tente - só eu sei quantos anúncios tenho respondido, quantas entrevistas tenho ido e quantas horas tenho passado a verificar o e-mail e o telefone. Das horas passadas a matutar sobre porque (ainda) não consegui ser bem sucedida nesta odisseia é melhor nem falar.

 

O propósito deste post não é chorar as minhas mágoas (se bem que motivos não me faltam), muito pelo contrário. Quero partilhar contigo uma boa novidade: o meu primeiro artigo na qualidade de crítica de arte.

 

Aceitei o desafio de ser jornalista freelancer, ou melhor dizendo pro bono, no Artes&contextos, um órgão de informação artística. Digo pro bono porque a remuneração consiste na oportunidade de ver meu nome a circular pelas ruelas há muito amargas do jornalismo artístico (sem querer ferir susceptiblidades nem dar uma de Miss I have opinion about everything), o que me pode abrir portas para futuras oportunidades de emprego, ir cimentando o meu nome para quando for lançar o meu livro e ir solidificando as minhas aptidões para a escrita criativa. Já te contei que, à conta disso, passo a ter livre acesso a estreias de filmes, ensaios de peças de teatro, festivais de cinema e coisas do género?

 

Eis a minha primeira peça como crítica de arte, desta feita de cinema:

Meu Rei (de título original Mon Roi), filme de Maïwenn, com Emmanuelle Bercot e Vincent Cassel nos papéis principais, narra de forma tocante, bem ao estilo do cinema francês, a intensa e conturbada relação de Tony e Georgio, um casal que, não obstante o evidente amor que os une, simplesmente não consegue coexistir harmoniosamente e tão pouco levar a bom porto o seu casamento.

 

As individualidades de cada um, os vícios de parte a parte, uma ex problemática pelo meio, algumas dívidas, um círculo social no mínimo questionável, um cunhado antagonista e uma explosiva atração sexual em muito contribuem para este desfecho.

 

No fundo, Meu Rei mais não faz do que expor o drama de muitos casais que não conseguem ser felizes (completamente) nem juntos nem separados, numa espécie de "mal com… pior sem…".

 

A grande carga dramática, uma constante ao longo da trama, simplesmente eclipsou-se no fim, e com isso defraudou um bocado as nossas expectativas quanto ao grand finale. Fiquei sem ter a certeza se o end foi happy ou não. Tendo em conta que passaram boa parte do filme sendo e fazendo o outro infeliz, o facto de Tony e Georgio não terem terminado nos braços um do outro pode ser considerado um final feliz. Por outro lado, e aqui fala mais alto o meu lado romântico, como podem duas pessoas que se amam serem felizes longe um do outro? Confesso que, em vez disso, preferiria um french kiss (literalmente).

 

Ainda assim, a história está bem conseguida, porque não dizer tocante e inebriante? Recomenda-se vivamente, aliás, vale sempre a pena ver um filme francês, seja lá qual for. E este então… por algum motivo foi a protagonista galardoada com o prémio de interpretação feminina em Cannes e a película nomeada para 8 Prémios César.

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