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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Ora viva! 👋
De modo a começarmos a semana sob a mais auspiciosa das energias, proponho para hoje um dos meus temas favoritos. Como tal, intenta esta crónica abordar a felicidade, mais concretamente, descobrir aonde reside o segredo daquele que é o sentimento mais cobiçado pelo ser humano.
Sabemos bem que a felicidade é um conceito difícil de definir, praticamente impossível na realidade; isto porque a sua definição (e perceção) é intrínseca a cada ser humano. O que um indivíduo imagina como uma vida feliz pode ser o total oposto do que o seu amigo deseja.
Justamente por isso, há muito que os cientistas tentam desvendar o seu segredo, e parece que um estudo norte-americano chegou a umas conclusões bem interessantes. De acordo com uma publicação da revista Máxima, datada de 31 de janeiro deste ano, dados provenientes de um estudo iniciado em 1938 sugerem que fatores como o QI ou a classe económica dos participantes não são o mais importante no que toca a vidas longas e felizes.
Investigadores do Harvard Study of Adult Development seguiram as vidas de 724 participantes de várias classes económicas e sociais a viver nos Estados Unidos desde 1938. Ao longo dos anos, estudaram a sua saúde mental e física e analisaram a sua trajetória profissional e pessoal. Eventualmente, as mulheres dos voluntários foram adicionadas ao estudo, bem como os seus descendentes - atualmente são 1300 participantes.
Segundo os dados apurados, existem duas causas primárias que determinam a felicidade. "A descoberta surpreendente é que as nossas relações - e quão felizes estamos nas nossas relações - têm uma influência poderosa na nossa saúde", afirmou Robert Waldinger, coordenador atual do estudo, num artigo da revista científica The Harvard Gazette.
Ao que tudo indica, esses laços são melhores indicadores de vidas longas e felizes do que a classe social da pessoa, o seu QI ou mesmo a herança genética. "A ligação pessoal cria estímulos mentais e emocionais, que são automáticos estimuladores do humor, enquanto o isolamento [social] é um destruidor do humor", comentou o académico ao Harvard Health Blog.
A pesquisa apurou ainda que a satisfação conjugal tem um efeito positivo na saúde mental das pessoas e que quem tinha casamentos infelizes sentia mais dores emocionais e físicas. Aqueles que não fumavam, não bebiam e tinham um forte apoio social também viviam mais tempo e sofriam menos deterioração da função mental. "As boas relações não protegem apenas o nosso corpo; protegem o nosso cérebro", disse Waldinger numa TED Talk que deu em 2015.
Dita a minha experiência pessoal que as conclusões deste estudo estão perfeitamente alinhadas com a realidade dos factos. Vê só o meu caso: mesmo tendo pão pouco em termos materiais, considero-me uma criatura feliz e realizada e tenho perfeita noção de que o grande responsável por isso são os laços afetivos que tenho com aqueles que me importam e com a comunidade na qual estou inserida.
Tenho tudo o que quero? Não! Mas quero tudo o que tenho, disso podes estar certa. É aqui que está o segredo da minha felicidade. E tu, que tens a dizer sobre esta questão? Aonde está o segredo da tua felicidade?
Por hoje é tudo. Conto estar de volta amanhã com mais um episódio do podcast, dedicado ao primeiro encontro, mais concretamente com uma listagem de boas práticas de comportamento para a primeira vez que se vai sair com alguém.
Despeço-me com aquele abraço amigo e desejos de uma semana maravilhosa, repleta de felicidade!
Ora viva! ✌️
Já que estamos sintonizados na frequência do amor, nada mais plausível do que dar continuidade ao assunto, cuja primeira emissão foi para o ar esta segunda-feira com a live do Love for You Match dedicado ao tema traição. Na sequência disso, a outra mentora deste serviço de consultoria amorosa, a Isabel Soares dos Santos, levou ontem a cabo uma outra live, desta vez dedicada ao tema 'Voltar a acreditar no amor'. Para hoje proponho então falarmos de atitudes que minam as relações, ao ponto de acabar por destruí-las.
Nenhum relacionamento é perfeito, disso estamos todos cientes. Contudo, existem umas quantas atitudes que, quando praticadas de forma reiterada, funcionam como uma sentença de morte da harmonia do casal. Nesse sentido, o psicólogo John Gottman, especialista em uniões, identifica quatro fatores como sendo aqueles que mais influenciam o (in)sucesso de uma relação. São eles:
Criticismo
Questionar frequentemente o caráter e a postura do outro fomenta um clima de animosidade entre o casal, o que se traduz em constantes discussões e acusações de parte a parte.
Desprezo
Não há felicidade conjugal que consiga resistir por muito tempo à arrogância ou à indiferença. Este tipo de postura faz com que o outro se sinta desprezado, logo desvalorizado enquanto pessoa e enquanto parceiro.
Postura defensiva
Está na defensiva quem evita constantemente as responsabilidades que uma relação amorosa implica. A falta de empenho de um dos envolvidos é apontada como um dos grandes causadores da ruptura do casal.
Ambiguidade
Quando um dos parceiros recusa comprometer-se com assuntos inerentes a uma vida a dois, como, por exemplo, conta conjunta, crédito habitação, eventos familiares ou até mesmo apresentar aos amigos.
Importa salientar que é a frequência com que estes fatores se manifestam que determina o fracasso de uma relação, ou seja, quanto mais rotineiras pior para o casal. Para quem está numa dinâmica a dois este post deve ser encarado com uma chamada de atenção no sentido de evitar estes comportamentos e, caso existam, trabalhá-los de modo a (re)estabelecer a harmonia do casal.
Um beijo, um abraço e um sorriso!
Viva!
Às portas de um fim de semana prolongado – o primeiro de há muito – e comigo ainda a rescaldar da segunda nomeação consecutiva para melhor blog do ano, a crónica de hoje resulta de uma compilação de alguns posts do TheDailyMan, recém-chegado à comunidade Sapo Blogs e cuja escrita cativou-me ao ponto de considerar que também tu gostarias de tomar conhecimento.
O que é o amor, porque sofremos nas relações, como recomeçar depois de uma desilusão amorosa e o drama de amar depois de certa idade são algumas questões que o colega desnuda no seu blog. Para que possas entender melhor o que estou para aqui a escrever, deixo-te com algumas passagens dos seus posts.
Talvez porque nos últimos anos tive duas relações falhadas e isso me tenha afetado de tal forma que me leve a falar disso. Relações na minha idade, nos entas, e com filhos, são uma tragicomédia! Quando estamos numa altura da nossa vida em que pensamos que já vivemos quase tudo que havia numa relação, eis que chega o momento de começar uma relação nos entas.
Voltar a ter uma relação é, por si só, uma aventura! O interesse na pessoa, o abordar, o conquistar, as borboletas, os jantares, as velas, os presentes, as borboletas (sim, outra vez), as conversas, as séries, o sofá, a cama, o chão, o amor... ai o amor... foda-se! Estou a falar em amar de novo, não em sexo de novo! O sexo não magoa, só dá prazer. Amar de novo é que é fodido! Amar de novo alguém com filhos é duplamente fodido!! Não quero que me interpretem mal mas falo por mim e das minhas experiências. Só quem amou alguém com filhos é que sente isso... se não sente então quero dar-lhe os parabéns porque é a pessoa mais sortuda do mundo... ou então expliquem-me como é possível!
Quando é que começamos a amar alguém? É difícil responder a esta pergunta pois todos temos formas diferentes de amar. Uns podem amar em semanas, já outros demoram meses. E também é difícil perceber o que é o amor. Já muitos o tentaram defini-lo, mas o certo é que não há definição possível para amor, pois, para mim, definir algo é pôr barreiras, limites, e amor é um sentimento cabal, intenso, sem inicio ou fim que nos tolda a visão e nos torna irracionais. Amar é um processo lento, contínuo, que se vai entranhando aos poucos até que, quando menos se espera, já cá está. Pelo menos para mim foi sempre assim.
Amei poucas mulheres na minha vida, e apesar de terem inícios diferentes, o certo é que havia um denominador comum em todas: as borboletas estavam lá, assim como o carinho, o amor, o companheirismo, o afeto. E começar uma relação a meio da nossa vida não é, definitivamente, a coisa mais fácil do mundo, principalmente quando a nossa cara-metade não está sozinha. E se no inico são tudo borboletas a fluir, com o tempo vêm os dumbos. É normal que o tempo nos traga a realidade, dura e crua, e com isso venha alguma racionalidade que entretanto perdemos com as tais borboletas. Se no início fazemos um esforço para agradar quem está ao nosso lado, muitas vezes de forma inconsciente, com o tempo vamos lentamente ao centro da nossa personalidade e ao verdadeiro eu. Esse hiato pode demorar semanas ou mesmo meses, mas o certo é que ele aparece. E se entretanto continuarmos felizes, então temos tudo para que a relação dure e o amor se fortaleça. O problema é quando nos apercebemos que afinal as coisas não são como nós pensávamos ou idealizávamos. Quando vemos que afinal os pontos de discórdia começam a ser muitos e as discussões passam a ser rotina. Quando sentimos, com o tempo, que afinal não somos verdadeiramente felizes com a pessoa ao nosso lado ou o que recebemos não é, de todo, aquilo que esperamos! Gestão de expectativas?! Não sei ainda bem, sinceramente, mas acredito cada vez mais nisso!
Single mine, que achaste destas notas íntimas de um solteiro de curta duração na casa dos quarenta? Espero que te tenham posto a refletir tanto como a mim. Amar não é fácil, falar de amor ainda menos; daí que me fascine tanto ler o que os outros escrevem sobre o assunto.
Termino com um sentido obrigado ao TheDailyMan por ter permitido que eu "exportasse" os seus conteúdos para aqui. A ti, aquele abraço amigo de sempre e desejos de um Halloween recheado de doces e travessuras, mais travessuras que doces, de preferência.
Viva!
Na expectativa de que a tua entrada em 2019 tenha sido infinitamente mais auspiciosa do que a minha, eis-me de volta ao teu convívio, recheada de episódios de drama, trama, mesquinhez, vingança, assédio e tudo de mais sórdido que imaginar possas. Prometo contar tudo mal consiga organizar as ideias e digerir o vendaval que se abateu sobre a minha vida nestas últimas duas semanas.
Por ora permite-me partilhar contigo esta crónica, redigida em plena sala de embarque a caminho de Paris, sobre como sobreviver no panorama atual das relações interpessoais. No rescaldo de mais uma chapada da vida, desta vez pelas mãos de pessoas a quem dediquei afeição, tempo, paciência, respeito e consideração, ocorreu-me que faz aqui precisão um manual de sobrevivência para o trato social, em geral, e para as relações interpessoais, em particular.
No intuito de evitar que passes por aquilo que eu volta e meia passo, deixo-te aqui alguns conselhos sobre como gerir relações, sejam elas sociais, profissionais, familiares, amorosas ou até sexuais.
Dica 1 - Não dês demasiado de ti
À primeira leitura esta recomendação pode parecer ultra antissocial, mas se formos analisar com cuidado veremos que não o é de todo. Quanto mais damos de nós, quantas mais informações pessoais fornecemos aos outros, mais poder de nos ferir os sentimentos lhes conferimos. Uma vez na posse de dados que nós próprios lhes facultamos (ainda que na maior das inocências), muito são aqueles que não demonstram quaisquer escrúpulos em usá-los a nosso desfavor.
Dica 2 - Nas costas dos outros vê as tuas
Nas costas dos outros faz-te a ti própria o favor de ver as tuas. Se conheces quem fale mal dos outros pelas costas e na frente dos mesmos é só sorrisos e mimosices acautela-te que um dia será a tua vez de estar nessa posição. Pessoas assim são mais falsas que notas de 2 euros, pelo que não são amigas de ninguém, por mais que tentem convencer-te do contrário.
Dica 3 - O que os outros pensam de ti é problema deles
Todos nós temos opinião formada sobre pessoas e coisas, embora uns admitam e outros, por uma questão de pudor ou hipocrisia, nem por isso. Essa opinião tanto pode ir de encontro à realidade como pode induzir-nos em erros de perceção gravíssimos, dos quais poderemos nos lamentar pelo resto da vida. Com isso quero deixar claro que só te deves ralar com a opinião dos outros em relação à tua pessoa e/ou conduta se nela te reveres. Caso contrário, aciona o travão de mão, mete o pisca e encosta-os a um canto da tua vida, já que desse tipo de gentinha o melhor mesmo é manter distância.
Dica 4 - Vemos nos outros o reflexo de nós mesmos
Perante os que passam a vida a vomitar na cara dos outros tiradas do tipo: "És isto ou és aquilo", tem em consideração o conceito esotérico de espelho invertido, no qual a pessoa vê nos outros o seu próprio reflexo. Portanto, de agora em diante sempre que alguém te disser que és mau-carácter, egoísta, mentirosa, ingrata, desleal e por aí fora, fica a saber que quem é tudo isso não és tu, mas sim essa pessoa. Afinal, quem melhor que um criminoso para saber reconhecer outro?
Dica 5 - Prima por uma relação cordial, porém distante q.b.
Darmo-nos bem uns com os outros é recomendável – imperativo até – na interação social. Além de constar do manual da boa educação, é uma postura que nos facilita muito a vida e nos permite coabitar pacificamente com os nossos semelhantes. Contudo, recomendo que mantenhas a distância mínima de segurança, sob pena de seres abalroada por quem não conhece ou não respeita as regras da (boa) conduta social.
Dica 6 - Presta atenção à forma como tratam os outros
Um dos sinais mais flagrantes do temperamento e da índole de alguém revela-se quando está chateada/nervosa, sobretudo pela forma como se dirige aos outros, especialmente aqueles que considera o elo mais fraco da dinâmica. Se conheces quem fale mal para os outros, grite, insulte e humilhe, não tenhas dúvida de que à primeira oportunidade tratar te á de igual modo.
Dica 7 - Destemperamento combate-se com desprezo
Perante personalidades destemperadas, que fazem e acontecem só porque sim, a melhor estratégia consiste em evitar ao máximo o confronto verbal (ou físico, que também acontece). Por melhores que sejam os teus argumentos e as tuas intenções este tipo de pessoa vai encontrar sempre forma de te fazer sentir miserável. Se não for pela experiência, vence-te pelo cansaço, acredita. Simplesmente, não vale a pena.
Dica 8 - Desculpas não se pedem, evitam-se
Há uns tempos escrevi precisamente sobre gente que dispara a matar para só depois tratar dos feridos. Se conheces quem passa a vida a destratar os outros, seja na forma de falar seja na forma de atuar, e depois age como se nada fosse ou pede desculpas com aquele arzinho de peru na véspera de Thanksgiving Day fica a saber que pessoas assim dificilmente se arrependem das suas atitudes. Pois se assim fosse não aprontariam novamente, certo? Quando aprontam, têm por hábito adotar uma postura mansa e humilde pelo tempo suficiente até baixares a guarda e poderem desferir-te novo golpe. A não ser que tenhas vocação para saco de pancada, põe-te a pau.
Dica 9 - Quem gosta de falar não está para ouvir os outros
A experiência mostra que quem fala muito adora ouvir o som da própria voz. O que, por exclusão das partes, significa que não gostam de ouvir a voz dos outros. Assim sendo, dificilmente permitem que possamos expor o nosso ponto de vista, sobretudo se estes não vão de encontro aos seus. Bem podes tentar tentar tentar mas vais acabar subjugado pelo seu poder de absorvência e mememismo (o tal me me me de que também já aqui falei). O meu conselho é que perante pessoas assim fales o essencial (quando possível) e do seu bla bla blá retenhas apenas as informações que te forem relevantes. O resto é palha, e a não ser que sejas herbívoro não precisas dela para nada.
10 - Guarda a tua sinceridade para quem a saiba apreciar
Para último guardei a questão da sinceridade, honestidade, transparência ou frontalidade, como lhe quiseres chamar. Não conheço quem não apregoe serem estas as qualidades que mais valorizam no ser humano. No entanto, comprova a prática, escassos são os que realmente a praticam sem intenções dúbias e menos ainda os que aceitam serem dela alvo. Há pessoas que só gostam da sinceridade quando esta lhes massageia o ego. Nas vezes que assim não é, caem-te em cima feitos devoradores da morte (referência às personagens da saga Harry Poter). Para te salvaguardares de dramas desagradáveis, escolhe com esmero aqueles com os quais te podes dar ao luxo de seres absolutamente transparente, sob pena de seres ostracizada ou banida do convívio social. Dizeres o que pensas e pensares o que dizes pode fazer de ti vilã, dando azo a que personas mal intencionadas possam assim vestir a pele de vítima.
Bem mais teria a escrever sobre o assunto, mas como o texto já vai longo e a tripulação exige que se desliguem os aparelhos electrónicos, despeço-me com aquele abraço amigo de sempre.
Um bom ano e até breve!
Ora viva!
A crónica de hoje mais não é do que a partilha do testemunho da jornalista Raquel Costa, sobre um assunto freguês deste blog: relações amorosas versus sites/aplicações de encontros. Acerca disso, escreve ela o seguinte:
Sou uma frequentadora assídua de aplicações que promovem o conhecimento de pessoas com os mesmos interesses amorosos, vulgo apps de engate (desculpa, mãe, é verdade).
Para os menos versados nesta matéria, aplicações para telemóvel como o Tinder e o Happn funcionam desta maneira: aparecem no ecrã homens (ou mulheres, consoante os gostos de cada um) que estão nas imediações da zona onde nos encontramos. O nome, a idade, uma breve biografia (opcional) e uma quantidade variável de fotografias permite-nos fazer "sim" ou "não" no potencial candidato. Ao fazer "não", o indivíduo desaparece para todo o sempre do nosso alcance (cuidado com os dedos de manteiga!). Ao fazer "sim", inicia-se uma espera que pode demorar um segundo...ou para sempre.
É a espera pelo "match". O "match" significa que a outra pessoa também nos fez "sim" e que, a partir daí, já é possível estabelecer um diálogo.
Depois...começa o jogo.
A maioria das pessoas que está no Tinder procura companhia. Uns dizem que procuram sexo, outros um vago "conhecer pessoas". Mas a realidade é mais simples. Companhia, seja forma de uma relação física fugaz, de um café, de uma conversa.
Estou, de forma intermitente, nestas aplicações, há dois anos. Já contactei com todo o espectro de seres do sexo masculino: os casados e felizes, os casados e infelizes, os que estão em processo de separação (de fugir!), os solteirões inveterados. Os traumatizados, os descompensados, os que perderam qualquer réstia de sanidade e criam identidades falsas e vidas imaginárias. E, claro, pessoas normais.
O que temos em comum, homens e mulheres? Estamos sós. Estamos sós num mundo cheio de gente, sós em vidas cada vez mais preenchidas, com inúmeras solicitações profissionais, sociais, com tempo para tudo menos para o que é mais importante: a tarefa árdua, extenuante, nem sempre agradável de conhecer outra pessoa. Criar intimidade é um processo demorado, os intervalos do romance são tudo menos um mar de rosas e as apps de engate não nos dizem que a pessoa que está do outro lado também arrota, solta gases e tem mau acordar.
Este é o lado pessimista da situação.
O lado otimista e maravilhoso de ser solteiro/divorciado/disponível em 2017, na era das apps de engate, é este: temos a liberdade de escolher. Sabemos mais, esperamos mais. Queremos verdadeiramente ser felizes, embora nem sempre saibamos como lá chegar.
Se isso justifica continuar no Tinder? Justifica, pois!
Não obstante ter já dedicado uns quantos posts a esta temática, é sempre bom inteirar-nos da perspetiva alheia sobre o mesmo assunto. E este, devemos reconhecer, traduz-se num relato bem conseguido do que se passa no mundo das relações virtuais.
Ora viva!
Olha só este genial texto da Bia Lopes, publicado no obvius, sobre a dinâmica das relações nos tempos atuais.
"Não há dúvidas sobre os benefícios da tecnologia. Sem ela, por exemplo, não me seria possível escrever esse texto a essa hora da noite sem incomodar meu companheiro de quarto. No momento não disponho de lâmpada acesa, nem de papel, caneta ou máquina de escrever, mas o aparelho celular resolve o problema. Acontece que nem só de bondade vive a ciência. Com ela, manias, fobias, dependências e mais outra leva de complicações também se instalaram em nossas vidas. É como uma rede infinita de conexões que poderiam nos manter ligados uns aos outros, mas estão nos afastando cada vez mais. Ou ando vendo coisa onde não tem?
Estamos nos aproximando de quem está longe e nos distanciando de quem está perto. Não podemos deixar o amigo virtual mais de cinco minutos sem resposta, enquanto o que está sentado à mesa bem à nossa frente é obrigado a esperar quase a noite inteira.
Então, qual o sentido dessas relações? Sou uma pessoa nostálgica. Podem me chamar de velha, mas sou do tipo que diz "no meu tempo as coisas eram diferentes". E eram mesmo. Talvez essa geração nunca saiba a graça que há em receber um telefonema sem ser previamente avisada pelo WhatsApp ou passar dias e noites suspirando, pensando numa maneira de dizer a quem a gente gosta o quanto a gente gosta, sem nos escondermos por trás das mensagens inbox. No meu tempo era olho no olho, expectativa, frio na barriga. Mas quem liga para um olhar quando as emoções podem ser expressadas via emoticons? Estamos substituindo o cotidiano real pelo virtual. E ainda há quem diga que é romântico. #chateada
Não, não sou contra a tecnologia. Eu mesma a uso (e até abuso, confesso) diariamente. Ela facilita o meu trabalho, economiza o meu tempo, me distrai, informa, situa, orienta, ensina, me abre portas e… É muita coisa, viu? Sem contar que ela permite realmente o encurtamento de certas distâncias. Parentes e amigos que moram longe podem participar do dia a dia do outro, mesmo que virtualmente. Tenho alguns amigos que se conheceram pelas redes sociais, casaram, tiveram filhos e estão juntos até hoje. Os benefícios são incontáveis. O problema é que os malefícios também.
Incontáveis vezes perco a noção do tempo olhando coisas que em nada me acrescentam. Sabe aquele vizinho que nem te conhece bem, mas sabe tudo da sua vida? É como me sinto nas redes sociais. Às vezes acabo sabendo tanto da vida da pessoa sem sequer ter lhe dirigido um "oi", que me sinto constrangida.
Nossa vida virou um grande reality show, onde alguns mostram o lado que melhor lhes convém e outros não conseguem manter por muito tempo as aparências. Só que neste caso não há uma premiação milionária, garantia de fama ou contratos publicitários. É a nossa vida que está em jogo. É o nosso tempo que está sendo desperdiçado. E no final não dá para resetar ou reiniciar o sistema. Não se pode simplesmente desativar uma conta e criar outra. Talvez por isso as pessoas se refugiem tanto no mundo virtual. A vida real dá muito mais trabalho.
Os celulares se tornaram nossos companheiros em praticamente todos os momentos do dia, o que me faz pensar que nunca estamos 100% ligados à realidade. As refeições são devoradas em meio a inúmeras pausas. As atualizações da timeline não podem esperar, mesmo que elas só estejam mostrando um mero "like ou share".
Aliás, é bom aproveitar a pausa para gostar e partilhar aquele post que você achou genial. E não esqueça de responder aos amigos que chamaram no "whats". Como assim, não há nenhuma mensagem por lá? Então é hora de conferir como está seu pacote de dados ou se sua última mensagem foi visualizada, afinal de contas a única que não pode lhe bloquear nesse cenário é a sua comida.
Resolvi deixar meu celular de lado por um período do dia e comecei a observar as pessoas ao meu redor. E, confesso, me senti meio esquisita sabendo que faço parte dessa geração de "cabeças baixas". Ninguém olha mais para a frente, nem para o lado, muito menos para trás. O display é o campeão das atenções. Não se fazem mais amizades nas salas de espera e não temos tempo para ouvir o desconhecido que sentou ao nosso lado no autocarro. Não nos desconectamos sequer para ir à casa de banho. Trocamos as refeições em família pela companhia de milhares de pessoas que, assim como nós, buscam desesperadamente por atenção. Somos solitários em meio a uma multidão. E eu temo que em breve as relações se resumam a add, chat e unfollow.
Há uma linha ténue entre o saudável e o vício. Para isso existe o bom senso. O uso inteligente evita o dependente. É muito bom trocar mensagens online, mas emoticon nenhum substitui um abraço. Conversar olho no olho ajuda a fortalecer a relação muito mais do que um bonequinho segurando um coração. Passar algum tempo se distraindo com o que as aplicações podem nos oferecer é útil e até muito divertido. A questão é quando a utilidade dá lugar ao prejudicial. Que saibamos diferenciar o hábito do excesso. Que a ciência nos traga o avanço e não um retrocesso. Que a tecnologia encurte a distância e não as relações."
Ora viva!
Um artigo da Visão, assinado por Ana Alexandra Carvalheira, sobre relações à distância retrata o quanto esta é uma realidade cada vez mais comum nesta nossa "aldeia" global, onde o maior dos desafios talvez seja conciliar o currículo amoroso com o profissional, este último cada vez mais implacável nas suas exigências.
Neste cenário, a internet, poderosa ferramenta na procura de amor, sexo e todo o tipo de relações, assume um papel essencial. Esta não só permitiu a dissipação das fronteiras geográficas como acabou por fomentar o encontro de corações que de outra forma jamais seria possível.
Ainda que a distância já não possa ser considerada elemento dissuasor do emparelhamento, embarcar nesse tipo de parceria amorosa não deve ser pera doce. Até porque é certo e sabido que relações exigem muito. Longe da vista então… o desafio torna-se gigantesco e as dificuldades e ameaças acrescidas.
Nem vou perder tempo a enumerar os aspetos negativos de uma relação a longitudes distintas, até porque não é disso que se trata esta crónica. Ao contrário, vários aspetos positivos estão associados a este modelo relacional, pelo que passo a enumerá-los:
1. É protetora do desejo sexual, particularmente do feminino, uma vez que as separações durante certos períodos de tempo impedem a nefasta influência da rotina no desejo sexual das mulheres. Sentir a falta do outro estimula o desejo e pode ser um ingrediente erótico muito interessante em alguns casais.
2. Na sequência da anterior, o erotismo fica mais protegido, já que não sofre a erosão da rotina, da falta de novidade ou da previsibilidade. Relações desse tipo permitem um maior investimento erótico, talvez porque o desejo não está desgastado.
3. Permite mais e melhor comunicação entre os parceiros. Não só permite como exige, já que, na ausência da presença física, a palavra é tudo o que têm para manter a ligação, por conseguinte, a comunicação pode tornar-se mais rica, mais profunda e mais cuidada.
4. Possibilita ainda mais qualidade no tempo que se passa junto. O próximo encontro é sonhado e desejado e por conseguinte, pode ser mais cuidadosamente planeado.
5. Por outro lado, também o tempo em que não se está junto da pessoa amada pode ser aproveitado para coisas da esfera individual. Ou seja, cada um pode ter mais tempo para si, para as coisas de que gosta, para os seus próprios interesses, que muitas vezes podem não coincidir com os da outra pessoa.
6. E por último, mas não menos importante, está a saudade, palavra exclusiva do vocábulo lusitano e que tão bem descreve a falta que uma pessoa deixa na vida de outra. Este sentimento pode ser coisa boa. Desde que não traga sofrimento, ela aquece o coração, acende o desejo e traz renovação à relação.
Mue bem, depois do que acabaste de ler, vai uma relação à distância?
Ora viva!
Com a inspiração a ir fim de semana mais cedo – disse-me que queria dar um saltinho até o Sabugal para brincar na neve (como poderia recusar-lhe um pedido destes?) – o artigo de hoje é assinado pela Margarida Vieitez, de quem já aqui tenho falado algumas vezes.
Publicado esta sexta-feira na Visão, sob o título Desesperadamente à procura de namorado, este texto espelha ipsis verbis a essência daquilo que venho apregoando e defendendo ao longo deste blog. Vale a e pena perderes alguns minutos do teu tempo.
"Não têm sessenta nem setenta anos. Têm trinta e cinco, quarenta anos… e não conseguem encontrar um namorado/a. Estudaram muito, têm um bom emprego, são médicos, advogados, juízes, professores, pilotos, engenheiros, apresentadores de televisão, trabalham muito mais do que era suposto, ganham mais ou menos bem, alguns acima da média, vivem com os pais, outros sozinhos, outros ainda vivem com os filhos porque se divorciaram.
Todos querem ter um namorado/a. Alguns dizem que não, que já estão "vacinados", mas a validade da "vacina" nem sempre é muito grande. São atraentes, cultos, inteligentes, interessantes, simpáticos, bons comunicadores, generosos, têm sentido de humor, são talentosos, alguns são figuras mediáticas do cinema, das telenovelas, da política, do mundo empresarial… tem tudo para ter não um, mas muitos "interessados". E têm, mas nenhum preenche os "requisitos" ao "lugar de namorado/a". Todos têm algo em comum: querem viver um grande amor e não o encontram.
Conforme os anos vão passando, maior a pressão. Elas porque o relógio biológico não pára de lhes gritar: "Despacha-te porque já não tens muito tempo". E quando não é o tal relógio, é a solidão que lhes sussura baixinho a cada instante: "Por este andar vais ficar sozinha!"
Eles, porque talvez já estejam saturados de "saltitar" de atração em atração ou cansados de sentir todas as noites o lado frio e vazio da cama, querem agora uma mulher em quem confiem, que os faça sentir "grandes", que valha a pena voltar para casa todos os dias.
Mais uma vez, em comum: a carência afectiva e a procura de se sentirem aceites, valorizados, desejados e amados. Querem o mesmo, mas não se encontram. Ou encontram e logo se desencontram. A lista dos requisitos nunca é preenchida e decidem "saltar fora". Fica a sensação de vazio e a dúvida se um dia acontecerá de novo. E enquanto não acontece, a tristeza, a angústia, a ansiedade, a frustração e o desespero vão se instalando, porque de uma forma ou de outra, podem sentir-se incapazes de o conseguir alcançar, mas especialmente porque os outros assim o fazem sentir.
Em pleno século XXI, vivemos numa sociedade e num mundo em que as pessoas sem namorado tem um qualquer problema ou "avaria", que todos tentam resolver e concertar. A pressão psicológica e emocional a que se auto-induzem, no sentido de encontrarem um namorado/a, e a pressão social e familiar pode ser tão intensa, a ponto de algumas pessoas fazerem uma série de disparates, como namorar com quem não gostam, nem delas gosta, ou mesmo casar, só para não ouvir os comentários dos pais e/ou dos amigos já casados e com filhos. Meses ou anos mais tarde divorciam-se.
São inúmeras as pessoas que me revelaram, ao longo do meu percurso profissional, terem casado sem querer casar, terem tido filhos sem quererem ser pais, terem "ficado" com pessoas que não amavam, apenas para fugir dos seus próprios medos e agradar a quem sentiam ter o dever de o fazer. Está admirado? A perguntar-se como é possível isto acontecer? Mas é esta a realidade.
Outra faceta desta realidade, é a procura de pessoas que não existem, a não ser na cabeça das pessoas que as procuram. Se as nossas avós queriam um homem que fosse um bom marido e um bom pai, e quando assim não acontecia, aguentavam para não ir viver para debaixo da ponte, hoje muitas mulheres procuram não homens, mas "super-homens", que sejam super-românticos, super-atenciosos, super-atentos, super-empáticos, super-conversadores, super-atraentes, super-sedutores, super na intimidade sexual, super-tolerantes e compreensivos, super-calmos, super bem-sucedidos, super-pais e de preferência super-ricos. E, quando uma destas "coisas" falha, colocam-lhes um ponto de interrogação vermelho na testa, mesmo quando o passado recente demonstra que eles têm muitas dessas qualidades.
A idealização pode ser a razão pela qual muitas mulheres fazem listas de requisitos essenciais, "descartam" ou não encontram um companheiro. Não estou a dizer que devem aceitar tudo para viver um amor, pois se o fizerem apenas viverão o "desamor", especialmente por si mesmas. Mas é preciso reduzir o uso da palavra "super", especialmente quando se trata de namorados. Talvez seja o caminho para encontrar e viver o amor que tanto quer. Amor e "super" não conjugam nenhum verbo e podem ser inconciliáveis.
E quanto aos homens? Será que eles sentem o mesmo? Será que também fazem listas de requisitos e andam a idealizar demasiado as mulheres? Será que querem "super-mulheres"? É curioso, porque a minha experiência com casais demonstrou-me que os homens não fazem listas de requisitos tão grandes e não idealizam tanto as mulheres, como elas os idealizam. Os homens não procuram tanto "super-mulheres". Aliás, isso do "super" assusta-os, pode fazê-los sentir inseguros, não estar "à altura" e levá-los a pensar "para que é que ela precisa de mim?".
Então, porque também não encontram as namoradas que querem? Parece-me que culturalmente os homens ainda não aprenderam a relacionar-se com estas "novas" e super-exigentes mulheres, especialmente os que têm mais de quarenta anos. As mães destes homens, muitas delas, educaram-nos para ter uma carreira de sucesso e não para os afectos ou para falar de amor ou de sentimentos. São "super-carreiristas" no trabalho, mas muitos deles estão ainda no "secundário", senão na "primária" no que toca à linguagem dos afectos, à empatia e ao descobrir das necessidades emocionais dessas mulheres e escondem as suas fragilidades e vulnerabilidades.
Os homens de vinte e de trinta anos já demonstram maior habilidade, mas ainda assim, quando chega o momento de falar sobre os problemas de uma relação e sobre afectos, tal como os primeiros, não percebem o que elas querem, e muito menos quando elas querem que eles sejam perfeitos e que lhes dêem um "tudo" que não existe.
Homens e mulheres, apesar de quererem ter uma relação, amar e sentir-se amados, parecem falarem línguas diferentes. Eles não têm paciência para conversas sobre problemas da relação, porque pensam que elas passam a vida a inventar problemas. Elas sentem total indiferença da parte deles quando eles se recusam a falar sobre o amor e se afastam. Ambos pensam que a relação vai acabar assim que discutem mais do que cinco minutos. Como querem ter namorados? Difícil, não lhe parece? Mesmo quando estão numa relação, é difícil encontrarem-se.
Outras razões por detrás deste desencontro, pode ser o facto de o desespero ser sentido por quem está potencialmente interessado, o colocar nas mãos de outra pessoa a responsabilidade pela sua felicidade, o acreditar numa relação perfeita, sempre cor-de-rosa e em que a paixão é uma constante, o focar-se nos aspectos negativos e nas experiências menos boas, esquecendo o "lado bom" e os momentos maravilhosos passados a dois.
Fundamental é perceber o que se passou nas suas relações passadas, porque acabaram e o que aprendeu com elas. Caso não o faça, existirá tendência a repetir os mesmos padrões e a procurar pessoas que alimentem esse mesmo "registo" de relação. A descartabilidade da sociedade em que vivemos pode levá-lo a "deitar relações para o lixo" só porque essa pessoa não é como queria que fosse, não pensa nem é como você.
Também pode estar a acontecer que estejam a projectar um no outro aspectos da sua própria personalidade com os quais lidam menos bem, ou a tentar resolver situações não resolvidas no passado com os progenitores.
Nos últimos anos, apercebi-me que muitos casais discutem e separam-se, porque projetam um no outro "dores" e sofrimento de um passado longínquo e de experiências mais ou menos marcantes.
Existe ainda uma mensagem que eu gostava de lhe deixar. O facto de ter um namorado/a não é garantia da sua felicidade. Não é o seu namorado/a que o vai fazer feliz. Ele/ela pode apenas fazer com que se sinta ainda mais feliz. Só vale a pena ter um namorado/a quando essa pessoa nos faz sentir ainda melhor connosco próprios, com os outros e com o mundo.
Esqueça os "super-homens" e as "super-mulheres". Eles só existem nos filmes e na sua cabeça, são produto da sua imaginação. Conheça e perceba se consegue aceitar aquela pessoa com tudo de bom e menos bom que ela tem. Todos temos os dois lados e quanto mais depressa o aceitar, melhor para si.
O desespero para encontrar um amor, pode fazer com que ele fuja de si! Viva a sua vida o melhor que souber e puder. Seja Feliz consigo! Divirta-se, ria, brinque, sinta, viva… Quando se sentir muito bem consigo mesmo, esse amor vai aparecer. Nesse momento deve perguntar-se: Como me sinto melhor? Comigo, ou ao seu lado?
Se a resposta for a primeira, espere… Se for a segunda, conheça! E se continuar a sentir-se cada vez melhor, mais alegre e mais feliz… deixe-se de "supers" e ame!
Ora viva!
A rede é uma coisa fantástica, que não para de nos surpreender, não é mesmo? A cada clique uma novidade. A de hoje prende-se com uma nova designação da sexualidade. Para além de assexuado, bissexual, homossexual, pansexual, sapiossexual, metrossexual, e companhia limitada, agora existe o demissexual. Já tinhas ouvido falar?
De acordo com o site demisexuality.org, este conceito tem como definição "um estado em que a pessoa só se sente sexualmente atraída depois de formar uma ligação emocional". Ou seja, as pessoas demissexuais não se sentem sexualmente atraídas por alguém, independentemente do género, sem primeiro criarem um forte laço emocional.
Ainda sobre este assunto, um artigo do Washington Post, assinado por Meryl Williams, explica um pouco melhor em que consiste a demissexualidade: "Há uns anos, sentia-me culpada por deixar frustradas as pessoas com as quais me envolvia. Não queria sentir a necessidade de explicar o porquê de não me sentir preparada para uma fase mais íntima… Normalmente coloco o intelecto e o sentido de humor à frente da beleza de alguém. Se um homem não disser nada ofensivo e me fizer rir no primeiro encontro, é provável que marque um segundo. Mesmo assim, sei que os atributos de uma pessoa não garantem necessariamente que haja uma atração física. Tenho de ser paciente e esperar que esta surja".
Numa sociedade que parece incentivar o culto do "dar à primeira", assumir esta postura é, por vezes, uma tarefa hercúlea, inglória por demais. Disso não tenha dúvida! Vejamos: se damos logo somos fáceis, se não damos somos esquisitas, armadas em difíceis, complexadas ou estamos a jogar para valorizar o produto.
Independentemente de como a sociedade encara esta questão, o que sei é que está encontrada a minha orientação sexual. Sou demissexual e não se fala mais no assunto. Agora até tenho um argumento científico a que recorrer na hora do nega.
Meu bem, espreita só este texto do Marcel Camargo, publicado no blog Contioutra, que, no fundo, vem confirmar aquilo que não me canso de apregoar aqui e na vida: nós somos a nossa melhor companhia. A dos outros só acrescenta mais (ou menos) valor àquilo que já temos. Boa leitura e uma excelente semana.
Estamos vivendo a era da solidão, em que as relações virtuais imperam, ao lado da desconfiança do outro, em vista da competitividade que permeia todos os setores de nossas vidas. Para não fugir ao chavão que carateriza as relações sociais contemporâneas, somos solitários no meio de multidões.
Cada vez mais ansiosos por consumir e por obter os bens materiais que nos conferem status e sucesso, aumentamos nossos horários de trabalho para além do saudável, acumulando serviços e subjugando nossa rotina ao quotidiano maçante dos papéis e reuniões em nada prazerosos. Sobram-nos, assim, míseros minutos para desfrutarmos do que podemos comprar e de quem faz toda a diferença na nossa jornada. E, assim, muitas vezes não encontramos tempo para relações amorosas.
No entanto, estar sozinho não é necessariamente algo ruim, muito pelo contrário. O tempo que gastamos connosco é precioso e deve fazer parte de nosso dia a dia, caso não queiramos nos perder no meio da frieza das companhias interesseiras. Quando nos reservamos um tempo a nós mesmos, somos capazes de refletir com clareza sobre o que estamos ou não fazendo de nossas vidas. E isso nos provoca mudanças positivas, trazendo-nos segurança.
É preciso, portanto, que gostemos de nós mesmos ao ponto de jamais sentirmos solidão, pois o amor próprio nos afasta de qualquer tristeza, visto então estarmos inteiros, completos e satisfeitos com o que somos. É preferível estarmos sozinhos, mas seguros e confortáveis, a ficarmos acompanhados por quem não nos completa, não traz verdade nem inteireza. Bastar-se a si mesmo é o primeiro passo para não se entregar a relacionamentos tóxicos.
Num mundo em que os interesses desatrelados de afetividade reinam soberanos, não é difícil nos depararmos com pessoas que se aproximam apenas movidas por desamor. Não podemos aceitar nada que não se embase pelo amor, por sentimentos sinceros, por desinteresse material. Para tanto, precisaremos nós também nos desapegarmos da supervalorização das posses, para que alguém possa ficar e fazer morada junto a nós de corpo e alma.
Quando somos a nossa melhor companhia, não nos sentimos vazios, tampouco desesperados por ter alguém ao nosso lado, custe o que custar, pois nos tornamos resistentes ao que é fraco, insosso, falso, ao que faz mal. Porque então nos conheceremos tão bem, que não permitiremos que ninguém coloque em dúvida nossas certezas. Afinal, dessa forma é que estaremos felizes e cheios de amor para dividir, mesmo que seja com ninguém mais do que nós mesmos.
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