Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!

C11A199C-5BE7-4E80-B323-EAACC43DC98D.jpeg
Ora viva! ✌️ 

No outro dia, uma conhecida minha, numa conversa com outro alguém, referiu-se a mim como "uma mulher de meia idade". Confesso que ouvir tal coisa deixou-me chocada, pesarosa, deprimida mesmo. "Eu, uma mulher de meia idade, desde quando!!??", não parava de pensar. Escuso dizer que a minha cabeça estava formatada para a imagem que sempre tivera da mulher de meia idade: mais para velha, pele enrugada, postura semicurvada, cabelo cinza, olhar vazio, e tal e tal. Não admira ter ficado tão abalada com o aquilo que ouvi. 

Superado o choque inicial, e processada com maturidade a questão, tive que me render às evidências de que, de facto, aos 44 anos de idade, sou considerada uma mulher de meia idade. Com a esperança média de vida para o sexo feminino em Portugal a rondar os 83 anos (dados de 2020), estou até mais para idosa do que para jovem. Tal constatação fez-me bater mal da bitola durante algum tempo. Com o passar dos dias, o mal-estar inicial deu lugar à resignação, ao sentimento de que não sou imune à passagem do tempo, por muito que faça. Agora tudo isso, deu lugar ao humor, já que consigo fazer piada com a situação e até escrever sobre isso.

Bem sabes que eu nunca tive problemas com a idade, tanto que a assumo com todos os digitos, sem qualquer pudor ou complexo. Sempre o fiz e pretendo continuar a fazê-lo. Tenho é problemas com o envelhecimento, sobretudo se este comprometer a saúde, o bem-estar e a boa aparência física.

No outro dia, numa das nossas peculiares tertúlias, o tal crush lá do ginásio disse que a morte é o pior que pode acontecer ao ser humano, ao que lhe respondi, sem hesitar, que pior mesmo era envelhecer sem dignidade. Perder as faculdades locomotoras, mentais e intelectuais é para mim bem pior do que morrer.

Se eu morresse hoje, iria em paz. Seria hipócrita se dissesse que não lamentaria não ter (ainda) vivido tanta coisa, não ter realizado uns quantos sonhos, não ter concretizado alguns projetos. No entanto, partiria sem grandes dramas, até porque acredito que a morte é apenas uma passagem para outro plano e que, mais cedo ou mais tarde, a alma, que é eterna, acabará por voltar à vida terrena, num outro corpo, numa outra realidade, numa nova experiência.

A morte não temo eu, mas ver o meu corpo a declinar-se em direção ao sul, entenda-se a pender para baixo, incomoda-me muito. Quando me lembro de como as minhas mamas eram grandes e firmes, de como a minha pele era rija, de como o meu rabo era espetado, de como o meu corpo era naturalmente tonificado, de como, por mais que fizesse carretas, não havia forma de ver uma única ruga no meu rosto, de como tinha energia para tudo e mais alguma coisa, de como a dor era algo que desconhecia...

Hoje em dia, o cenário é bem diferente: não há Push-Up capaz de elevar os meus seios aos níveis anteriores, não há antiaging capaz de impedir o alastrar das rugas, não há musculação capaz de devolver ao meu corpo a robustez de outrora, não há creme capaz de recuperar a natural firmeza da derme, muito menos antídoto capaz de impedir as maleitas próprias da idade.

Reconheço que, para alguém da minha idade, tenho poucas razões de queixa. Estou bem conservada, sei-o bem. No gozo, os meus amigos costumam dizer que sou uma cota jovem, com aparência de 30. Sempre que ouço este tipo de elogios, aceito, regojizo, agradeço e recordo a mim mesma que não é obra do acaso, mas sim o resultado de uma boa genética, bastante cuidado com a alimentação, prática regular de exercício físico, adoção de hábitos saudáveis e muito, mesmo muito, mimo para com a minha pessoa. Amarmo-nos, cuidarmo-nos e orgulharmo-nos - de quem somos, daquilo que somos - é o mais eficaz de todos os elixires da juventude.

Vergar-me à passagem do tempo não é pois opção para mim. Aceito que não posso impedir a velhice de chegar, mas se ela pensa que lhe vou facilitar a vida está muito enganada. Para além do corpo, cuidar do espírito é igualmente importante no retardamento da idosidade. É por isso que, volta e meia, dá-me a louca e faço coisas pouco usuais em pessoas da minha idade. Por exemplo, na semana passada, fiz um piercing... na orelha, não comeces já a imaginar coisas. Ainda bem que não sou apreciadora de tatuagens, caso contrário, em maus lençóis ficaria na próxima vez que tiver um novo vislumbre da crise de meia idade.

No ano passado, deu-me para largar um emprego estável e mudar-me para um novo país, ávida por uma nova aventura, um novo recomeço. Ainda estou a batalhar para conseguir concretizar esse desejo. Por ora, vou-me contentando com pequenas traquinices, como esta do piercing ou aquela de comprar um carro, mesmo não sabendo conduzir. Isso já é estória para outra crónica, que esta já vai longa.

Beijo no ombro 💋 e até à próxima!

Autoria e outros dados (tags, etc)

01f88ec2e03a2e3d71cfce22533ebf98.jpg

Um estudo da House of Fraser, citado pelo jornal britânico Daily Mail, mostra que é depois dos 30 anos que as mulheres se sentem mais sexy. Mais precisamente aos 34, idade em que atingimos o auge da confiança sexual.

A investigação, baseada nas respostas de duas mil mulheres, mostra que depois dos 30 a confiança sexual do género feminino aumenta – 64% das inquiridas afirmam que gostam do estatuto de 'trintonas'. Para além disso, 34% das mulheres com mais de 30 anos assumem que parte dessa confiança deve-se a existência de uma vida a dois satisfatória e 26% diz estar sexualmente satisfeita.


Um brinde às minhas seguidoras de 34 anos - este post é para vocês com todo o meu afeto. Outro brinde para todas as outras (de vinte, trinta, quarenta, cinquenta ou até mais), que o que importa mesmo é termos vida, saúde, espírito jovem, mente aberta, coração puro e alma nobre. O resto é só uma questão de perspectivas.

Autoria e outros dados (tags, etc)


Mais sobre mim

foto do autor


Melhor Blog 2020 Sexo e Diário Íntimo


Melhor Blog 2019 Sexo e Diário Íntimo


Melhor Blog 2018 Sexualidade





Pesquisar

  Pesquisar no Blog

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2016
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2015
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D