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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!

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Ora viva!

 

Apesar da roupa suja ter sido lavada em casa, opto por secá-la em público, uma flagrante exceção a uma prática da qual sou totalmente a favor. A isso fui impelida por um tal de martins maduro, uma personagem que teve o descaramento de publicar um comentário neste blog, "a ver se encontra uma mulher interessante", quando, momentos antes, tinha-lhe feito saber que não queria voltar a ouvir falar dele e muito menos que usasse este espaço como secção de classificados para os seus sinistros intentos.

 

É melhor começar do princípio, que não deves estar a pescar nada de toda esta estória, francamente lamentável, se bem que à altura da mediocridade dessa tal criatura, um pré-idoso, que de senhor nada tem, não obstante ter mais do que idade para tal.


"Boa tarde,
li por acaso pedaços do seu blog do qual gostei muito,
Pergunto se me dá umas dicas na zona do Chiado, Principe Real, Baixa durante a semana...
Obrigado,
Sou homem maduro, bem parecido..
MM"

 

Foi pelos caracteres deste email que, na tarde desta quinta-feira, tive o primeiro contacto com esta pessoa. A primeira coisa que me passou pela cabeça ao ler as suas palavras, foi que anadava à procura de "companhia", se é que me entendes. Tanto assim foi que a minha resposta consistiu num:
"Boa tarde.
Admito que não entendi muito bem o seu pedido.
O que me passou pela cabeça prefiro nem concretizar antes de falar consigo."

 

Fazendo um parêntesis, deixa-me dizer-te que, sabe-se lá porquê, inúmeros gajos, ao primeiro contacto com o Ainda Solteira, tomam-no por uma espécie de classificado para arranjar macho, sem sequer se darem ao trabalho de ler com atenção o seu conteúdo, ficando assim por dentro da (verdadeira e única) essência deste espaço. Por assim ser, recebo uma infinidade de propostas de sexo, companhia, namoro e otras cositas más. Aqueles com cujas estórias empatizo, após criteriosa averiguação da real motivação por detrás do pedido de ajuda, até acedo a ajudar, através da partilha da sua estória, como bem sabes. Aos outros, por se revelarem ordinários, usarem linguagem chunga ou confessarem intenções perversas, mostro logo um cartão vermelho e peço que me poupem de novo contacto com a sua existência.

 

Retomando o segundo capítulo desta novela mexicana na qual, Por culpa da minha boa fé no ser humano aliada a uma boa dose de ingenuidade, me vi envolvida, instantes depois cai-me na caixa de entrada um segundo e-mail com estes dizeres: 
"ahhahah ok. Vou tentar estruturar melhor a pergunta... Vou ler com mais atenção o seu blog ...",
ao que prontamente respondi: "Afinal, foi o que pensei.
Não é o primeiro nem deverá ser o último. 
De facto, é melhor ler com atenção os meus textos.
Lá encontrará, com toda a certeza, a minha resposta ao seu  pedido de "ajuda"."

 

A mim apresentou-se como jornalista, aspirante a escritor. Agora, 27 e-mails depois, vejo que, na realidade, não passa de um patético sessentão (nasceu em 1955) a tentar safar-se no engate online, por detrás da desculpa esfarrapada de que a sua intenção visa tão somente "entender a alma das mulheres quarentonas e outras, se é que se pode alguma vez entender a mulher, as mulheres".

 

Apesar de não plenamente convencida com esta explicação, lá resolvi acionar o meu lado bom, dando-lhe assim o benefício da dúvida, até porque garantiu-me ele que tinha: "2 títulos para livros, pelo que gostaria de saber a minha opinião como mulher e ainda por cima ainda solteira". Foi assim que decidi dar seguimento à troca de mensagens, até porque tenho por hábito ser simpática e atenciosa com quem entra em contacto comigo.

 

Mensagem vai mensagem vem, pede-me ele, depois de eu ter deixado bem claro, ainda que nas entrelinhas, que não teria a mínima chance comigo:
"escreva no seu blog que hoje trocou impressões com um homem diferente de todos os outros que andam por aí, curioso, culto, bem parecido, viajado, coloque o meu mail. Pode ser que hoje tenha sido o meu dia de sorte.... Não conte já que tenho um grande defeito.... dinheiro pouco...".

 

Mais na brincadeira do que propriamente a expor-lhe as minhas convicções mais íntimas, respondo-lhe que, nesse caso, faltava-lhe o essencial, fundamentando nesses termos:
"Falando por mim, já não aguento contar troquinhos.
Com isso quero dizer que procuro quem me resgate, tal qual nos contos de fada, desta vida miserável.
Procuro quem me apresente ao lado B da vida, um mundo com o qual tanto tenho sonhado e que mereço conhecer.
Mas posso partilhar que procura emparelhar-se."

 

Pelo meio, contou-me algumas passagens da sua vida profissional e amorosa, cujos detalhes não vejo necessidade de expor; recomendou-me a leitura de algumas obras literárias; e solicitou a minha opinião acerca de títulos para os livros que anda a escrever.

 

Até aqui tudo bem; a cavaqueira fluía solta e cordial. A coisa só começou a azedar quando, após confessar-lhe que continuava solteira devido à dificuldade em encontrar um homem que me mexesse simultaneamente com o corpo, a cabeça e alma, ao que ele prontamente acrescentou "carteira também", sai-me ele com esta:
"Tens de ter uns sem dinheiro para amar e outros com dinheiro para gozar a vida... o marketing resolve isso muito bem."

 

Foi só neste momento que comecei a tomar consciência da pouca elegância do meu interlocutor, mais não seja porque ele não me conhece de lado nenhum, nem sabe o suficiente sobre mim para dirigir-se a mim como se uma uma oportunista da vida fosse. Assim, preferi deixá-lo sem resposta, não voltando a responder às mensagens seguintes. Pelos vistos, não satisfeito com o meu silêncio, às 08:35 deste sábado, manda-me ele novo email:
"Bom dia,
Ontem junto ao rio andavam uns rapazes giros e ricos, espero que tenhas dado com eles.
Já pensaste que podes ter muito ego, seres convencida que és o máximo e teres pouco para dar a não ser uma cara e um corpo bonito? Isso existe em grande quantidade e está disponível desde que o homem tenha dinheiro para pagar.
Bom fim de semana..".

 

Conhecendo-me como conheces, depois desta, a minha reação só podia ser agarrar no tablet e por os pontos nos is, através desta mensagem:
"Já não tinha apreciado a sua mensagem anterior, que ao sugerir que me relacionasse com dois tipos de homens, consoante as minhas necessidades amorosas ou financeiras, me fez sentir uma imoral, oportunista, uma vagabunda, capaz de usar inescrupulosamente os outros.
Daí nem me ter dado ao trabalho de reagir.
Dado que considerei esta ainda mais ofensiva, não seria eu se voltasse a deixar passar em branco.
Não sou uma caça-dotes, e ainda que o fosse, é assunto que só a mim diz respeito. 
De onde é que o conheço para estar a inferir sobre os meus valores, e mais ainda para ousar dar palpites?
Infeliz, misógino e deselegante são as palavras que para já me ocorrem para classificar esta sua atitude, espelhada nesta mensagem.
Se sou muita embalagem para pouco conteúdo, isso é comigo.
Aliás, se assim é porque anda a insinuar-se a mim desde o primeiro momento?
Os elogios à minha aparência, a referência à fila de candidatos, o convite para o cafezinho...
Percebi muito bem a intenção oculta por detrás destas manifestações. 
E se, no devido momento, não lhe chamei a atenção, foi porque não gosto de ser indelicada a custo zero.
Mas quando me pisam o calo, revido que é uma maravilha.
Se está ressabiado por não ter dinheiro para comprar essa "grande quantidade de mulheres com muito ego, convencidas, que se acham o máximo, mas com pouco para dar a não ser uma cara e um corpo bonito", problema seu.
E se eu sou uma dessas, problema meu.
Cada um tem o que merece!
Dou por encerrada as nossas conversações, que na minha vida só há espaço para quem contribua ativamente para a minha felicidade, pelo que lhe agradeço que não me volte a contactar.
Não queria que falasse de si no meu blog?
Pode crer que vou, se bem que não pelas razões que imaginou.
Não lhe desejo um bom fim de semana e também não quero voltar a ouvir falar de si.
Fui clara?"

 

O que faz a criatura imediatamente a seguir? Vem aqui e publica o seu anúncio. Ao receber a notificação desta jogada da parte dele, até pensei em apagar o comentário, mas deixei estar, já que para mim este era um assunto encerrado. Quanta ingenuidade da minha parte! Meia hora depois, não obstante ter-lhe expressamente escrito que não voltasse a contactar-me, recebo nova mensagem:
"Oigado,
Eu desejo-lhe um bom fim de semana...
Consegui que reagisse,
ao ter o blog e quando disse que andava à procura de respostas, pensei que conversando se pudesse lá chegar, mas fecha qualquer tipo de dialogo...
Não queria nada de si a não ser uma boa conversa...
Não consegui e apenas aticei o seu mau feitio.. não era essa a intenção
Bom fim de semana,".

Nem sequer me dei ao trabalho de responder, já que (finalmente) se tinha feito luz sobre a verdadeira natureza do remetente: conflituosa, perturbada e ressabiada. Novo lapso de ingenuidade. Ao que tudo indica a ausência de uma resposta da minah parte, ativou-lhe os mais primitivos genes de mesquinhez, já que, horas depois, nova mensagem, ainda mais provocadora que a anterior, chega-me pelas mãos do Gmail:
"Nenhum homem aguenta um feitio como o seu, um homem  foge
Agora fez-se luz e compreendo a razão de estar só".

 

Ainda mais convicta de uma sujeito dessa laia não merece absolutamente nada da minha parte, nem mesmo o "vai à m****" que me assaltou o espírito assim que li o conteúdo desta última mensagem, resolvi cortar o mal pela raíz, bloqueando-lhe qualquer acesso à minha pessoa assim como a este blog. Ao mesmo tempo que decidi tornar público este episódio, de modo que mais nenhuma mulher tenha que levar com a fealdade, a mediocridade e o despeito desta criatura patética, ressabiada e mal amada.

 

Ao invés de fazer mea culpa e desculpar-se, como seria de esperar de uma pessoa de bem, o execrável elemento teve a ousadia de me enviar mais duas mensagens, recorrendo ao insulto velado, ao mesmo tempo que, bem ao estilo dos cobardes, tentar negar o óbvio. Parece-te que comentários como: "A serem suas, bonita como é que se passa para continuar solteira, pois deve ter filas de homens de volta de si?", "Trintona gira interessante não casada…", "Se andar pela zona do Chiado Camões avise para bebermos um café", "Eu hoje já tive a sorte do meu lado, por estar a falar consigo", "Uma trintona interessante que sabe escrever (os escritores são os meus heróis preferidos) respondeu a uma provocação minha", "vi as tuas fotos és bem gira" são de alguém que não se fez a mim? Se isso não é tentativa de engate, então não sei o que será.

 

Se defender a honra, se não admitir que alguém nos trate como vagabunda, se não aturar desaforo, se não querer lidar com gente dessa laia é ter mau feitio, então é com o maior orgulho que me assumo uma mau feitio de excelência. É bem típico de pessoas medíocres, indivíduos de segunda linha, como lhes chamo, à falta de uma argumentação fundamentada, apelar à ofensa pessoal e àquele velho cliché de que já aqui falamos aquando do artigo Eles preferem-nas com mau feitio.

 

É assim que assumo publicamente que este indivíduo é persona non grata neste blog. Por isso não recomendo a ti ou a qualquer outra pessoa que reaja à sua manifestação de interesse. Se não apaguei o seu comentário foi porque não tolero a censura, por mais merecida que seja. Mas do meu email e da lista de seguidores deste blog fica ele banido. Para sempre, que criaturas dessas não fazem falta, nem aqui nem em lado nenhum!

 

Um bom resto de domingo, que amanhã há mais.

 

P.S. - Desculpa lá a extensão do estendal (leia-se texto), mas era muita roupa para caber num único.

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