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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!

07
Dez21

Laços de família

por Sara Sarowsky

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Ora viva! ✌️

Embalada pelo espírito de Natal que paira no ar e francamente desgastada com as merdices que reinam no seio da minha própria, a crónica de hoje, publicada há pouco no Balai Cabo Verde, pretende lançar um olhar pertinente e acutilante sobre o sentido de família e os laços que a unem. Espero que gostes e que sirva para dares mais valor à tua.

Eis-nos chegados à época do ano em que o seu conceito assume maior protagonismo e a sua essência faz-se presente a cada instante. Mais do que qualquer outro do calendário cristão, este é o mês em que se torna incontornável a fundamentalidade dos laços sobre as quais assenta ela.

A família! Na sua génese, é a primeira certeza de que se pertence a algo, de que se pertence a alguém... Para além disso, é a nossa referência, o nosso porto seguro, o nosso abrigo, o nosso colo amigo, a nossa escola da vida, no fundo, a nossa identidade. Nenhuma instituição assume tão essencial papel na vida do ser humano, para não dizer ser vivo.

Uma pessoa sem família é como uma folha ao vento, que, desamparada, segue desgarrada de tudo, absolutamente à mercê das intempéries da vida. Obviamente, não sou ingénua ao ponto de acreditar que, no seu seio, tudo é um mar de rosas, com todos a amarem-se incondicionalmente e ninguém a desentender-se. Família nenhuma é perfeita, nem é suposto que seja, devemos nós ter a honestidade de reconhecer. Afinal, se os seus membros - que somos todos nós - não são, porque haveria ela de o ser?

Por maior que seja o esforço para fazer com que seja - ou pareça - perfeita, a verdade é que mesmo nos núcleos mais unidos, ocorrem momentos de rivalidade, tensão, desavença, discordância, intriga, conflito mesmo. A mim não me choca tal realidade, acho até saudável. O que me choca é a constatação de que alguns dos seus elementos deixam as emoções (negativas) falarem mais alto do que os laços que os unem.

Fico de coração partido toda vez que tomo conhecimento de casos de parentes que deixam de se dar por motivos que, mais cedo ou mais tarde, chega-se à conclusão que não passam de desimportâncias. Na necessidade, quem é que está lá para nós? Na desgraça, quem é que nos ampara? Na doença, quem é a primeira a acudir? Na morte, quem é que nos empresta aquele ombro amigo? Na aflição, a quem recorremos? Por sentido de dever ou genuíno bem querer, o facto é que é com ela que podemos (realmente) contar.

Imensamente abençoados são aqueles que podem desfrutar de um agregado familiar onde imperam verdadeiros laços fraternais. É assustadora a quantidade de almas perdidas que acreditam não precisar da família, demonstrando não apreciar o seu valor na definição, preservação e elevação do bem-estar geral, aquilo a que vulgarmente chamamos de felicidade. Aonde não reina o bem querer, o respeito, a lealdade, a solidariedade, a compaixão, a tolerância, a harmonia e a união não pode reinar o sentido de família.

Nesta quadra festiva, peço-vos que valorizem a vossa família, que tenham mais paciência, que demonstrem mais condescendência, que sintam mais compaixão e que cultivem verdadeiros laços de ternura com os vossos. A vida é tão instável, tão imprevisível, tão efémera, pelo que quezílias que em nada contribuem para a nossa felicidade, para o bem-estar social, são pura perda de tempo e de energia.

Estreitemos, pois, os laços com os nossos entes, perdoemos o que tiver que ser perdoado, esqueçamos o que devemos esquecer, resolvamos o que nos for possível resolver, aceitemos o que tiver que ser aceite, deixemos para lá o que deve ser deixado para lá. Antes isso do que ficarmos no lamento, no arrependimento, na culpa, na saudade...

Vamos sempre a tempo de estabelecer, investir, estreitar e resgatar os nossos laços de família. De coração, com coração, voltemo-nos para a nossa família, seja ela unida por laços de sangue ou por laços de amor, o maior presente que podemos dar e receber. Amemos, abracemos, perdoemos, desfrutemos, vivamos. Sejamos família!

Aquele abraço amigo e até breve!

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02
Dez16

A morte e eu, eu e a morte

por Sara Sarowsky

death-in-the-hood.jpgOra viva!

Não consigo dormir, nem mesmo sob o efeito dos fármacos altamente sedativos que estou a tomar por causa do desvio na cervical. É este o motivo que me traz aqui a esta hora, deveras surpreendente. Com este artigo tento extravasar o que me vai na alma.

Ontem à noite, no rescaldo do meu aniversário – tinha cá em casa um pretendente que fez questão de me vir dar os parabéns – recebi a notícia de que o irmão do meu pai faleceu, vítima de doença prolongada. Ainda não sei qual a doença que o vitimou, apenas sei que se encontrava, há já algum tempo, em tratamento nos Estados Unidos. Não éramos muito próximos, tenho que assumir. Só para teres uma ideia, nos últimos 20 anos, só o devo ter visto duas na vida.

Emigrou era eu um protótipo de gente, nas vezes que foi de férias não me lembro de os nossos caminhos se terem cruzado; anos depois foi a minha vez de atravessar o Atlântico; entre encontros e desencontros só voltei a vê-lo há coisa de sete anos. Por tudo isso, não posso dizer que esteja devastada com o seu passamento. Ainda assim é uma pessoa que morre, alguém em cujas veias corria o mesmo sangue que o meu; alguém que era pai, marido, irmão, filho, tio e amigo; alguém que já não vai fazer parte da vida dos seus entes queridos.

Ainda assim, é óbvio que estou abalada com o falecimento dele. Ainda não consegui reunir estofo emocional para ligar ao meu pai. Sei, pelos meus irmãos, que ele está arrasado – como era de se esperar –, até porque, fisicamente, ele e o meu tio pareciam gémeos autênticos.

Não consigo definir o meu estado de espírito. Lamento – mesmo! – a morte dele. Afinal é o meu tio. Por outro lado, não sofro como acho que é suposto sofrer quem perde um familiar tão chegado. Confesso que me sinto um tanto culpada por não ter conseguido derramar uma única lágrima, não obstante esse aperto no peito com que estou desde que tomei conhecimento da notícia.

Penso que seria hipocrisia da minha parte forçar uma dor que não me é legítima, que não me é devida, que não me é sentida, já que não havia conexão sentimental com este parente. Como poderia, se mal o conhecia e pouco privei com ele? Sequer conheço os meus primos, filhos dele, e menos ainda a esposa.

A morte é algo que (ainda) não se fez muito presente na minha vida. Ainda bem! Claro que já convivi – demasiadas vezes até – com o desaparecimento físico de pessoas conhecidas, algumas bem queridas. Tirando a de um ex, talvez, o grande amor da minha vida, nunca senti o verdadeiro e arrasador efeito da dama de negro, nem mesmo aquando do falecimento da minha avó materna, que só me lembro de ter visto uma vez na vida. Vida de crioulo é assim mesmo: por causa da emigração, não se chega a conhecer ou conviver com parentes, alguns bem próximos.

Enfim… para todos os efeitos estou de luto e em recesso sentimental. E tu, meu bem, qual a tua (não) relação com a morte? Gostava de saber o que simboliza ela para as outras pessoas, já que, para mim ela representa algo a ser temido – obviamente – mas pouco presente.

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01
Jun16

Ser o primogénito é melhor

por Sara Sarowsky

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Porque sou a mais velha dos descendentes da tribo Barros Sanches, é com orgulho que partilho contigo este post que fala sobre as vantagens de ser-se o primogénito. Que novidade! Como se eu não soubesse disso. Se também és a mais velha, lê este artigo e depois diz-me se também te identificas com o que vem a seguir.

O Huffington Post compilou o resultado de vários estudos realizados ao longo dos anos para chegar à conclusão de que os primogénitos podem ser:

1. Mais inteligentes
Um estudo realizado em 2007 na Noruega a 250 mil jovens adultos, mostra que os irmãos mais velhos tinham um QI relativamente superior, em média mais 2.3 que os seus irmãos novos. Os investigadores também afirmam que esta diferença não se deve tanto à genética, mas sim às circunstâncias onde os filhos mais velhos crescem.

2. Mais responsáveis
Para Jeffrey Kluger, autor do livro The Sibling Effect: What the Bonds Among Brothers and Sisters Reveal About Us, os mais velhos tendem a ser mais leais à família e denotam um percurso mais tradicional. Daí serem vistos como mais responsáveis.

3. Mais bem sucedidos
Por sua vez, Ben Dattner, psicólogo da Universidade de Nova Iorque, considera que os primeiros a nascer tendem a ser mais orientados para o sucesso e a querer agradar os pais. Os estudos apontam ainda que os primogénitos também tentam dominar os filhos mais novos, estando assim mais preparados para liderar.

4. Mais cumpridores
Os psicólogos belgas Vassilis Saroglou e Laure Fiasse publicaram um estudo, em 2003, que comprova que os primeiros a nascer normalmente são mais responsáveis, competitivos e convencionais. Daí terem tendência de seguirem mais as regras.

5. Mais conscientes
Num estudo australiano de 2015 chegou-se à conclusão que os irmãos mais velhos são mais conscientes, têm mais empatia e menos neuróticos. Este estudo demonstrou ainda que os quem é mais conscientes, tem tendência para ter melhores resultados académicos.

Bazófias à parte, eu sou a prova viva de que estes estudos não poderiam ser mais verdadeiros. Vejamos, sou a única com formação superior, sou a mais responsável (tem dias), a única que tem um trabalho qualificado (quando me dão emprego), e por aí adiante. Esqueci de dizer que sou a única solteira ah ah ah.

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mw-860.jpgHoje partilho contigo um artigo da colega Paula Cosme Pinto, autora do blog A vida de saltos altos, sobre a (não) gravidez depois dos 30 anos. Simplesmente fenomenal, pois ela fala por todas nós que dia sim - e outro também - temos que levar com esse tipo de interrogatório só porque (ainda) não enveredamos pelo caminho da maternidade.

Faço parte daquela geração que já passou dos 30 e que não tem filhos. Faço também parte daquele grupo de mulheres que até estão numa relação duradoura, com uma situação económica estável e sem problemas de saúde de maior. Posto isto, volta não volta (e estas voltas acontecem muito frequentemente), surge a questão: mas afinal quando é que engravidas? A resposta é simples: vocês não têm nada a ver com isso!

Depois do clássico "quando é que te casas?", durante os vinte, esta é a pergunta que se impõe à larga maioria das mulheres quando passam dos trinta. Como se nos transformássemos num bicho estranho por não estarmos a contribuir para a taxa da natalidade, principalmente quando a nossa vida aparentemente até "está tão bem encaminhada". O que muita gente não percebe é que esta pergunta pode ser muito inconveniente, ou até mesmo dolorosa. E foi isso que Emily Bingham, 33 anos, quis mostrar ao publicar no seu perfil de Facebook uma foto de uma ecografia, com um texto que se tornou viral nas últimas duas semanas.

Se ainda não se cruzaram com ele, deixo-vos as primeiras palavras desta jornalista de Michigan: "Olá a todos!!! Agora que consegui captar a vossa atenção com esta ecografia aleatória que saquei do Google, vou usá-la como um lembrete para o facto de que os planos reprodutivos dos outros NÃO SÃO DA VOSSA CONTA".

Emily relembra que antes de se fazer a típica pergunta sobre quando é que alguém começa uma família, deveríamos todos ter em conta que há imensos casais com problemas de fertilidade, muitas vezes há anos em tratamentos deveras dolorosos, tanto fisicamente como emocionalmente. Por cá, por exemplo, um estudo realizado pelo presidente do Colégio de Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos e pela investigadora Ana Santos, revelou que nove a dez por cento dos casais (entre 260 e 292 mil casais portugueses) têm problemas de infertilidade ao longo da vida. Acreditem: ninguém vai andar a apregoar aos quatro ventos que tem este problema, portanto pensem duas vezes antes de pressionar um casal com esta pergunta tão desnecessária. Quando eles engravidarem, vocês irão saber.

Não esquecer: há quem simplesmente não queira ter filhos

Mas há mais razões: a jornalista americana relembra também a quantidade crescente de mulheres que abortam durante as primeiras semanas da gravidez (aquelas em que ainda é suposto manter segredo) e que, mais uma vez, nunca chegam a partilhar com ninguém o que aconteceu. Convenhamos, sejam seis ou dezasseis semanas, é sempre uma perda dolorosa. Emily relembra ainda que há imensas pessoas com problemas de saúde que não são compatíveis com uma gravidez saudável, tal como há pessoas que estão a passar por fases mais stressantes das suas vidas profissionais e por problemas económicos, todos eles fatores que pesam aquando de uma gravidez planeada. Já agora, também convém não esquecer: há muitas pessoas que simplesmente não querem ter filhos. E ninguém tem nada a ver com isso.

"Há perguntas à partida inocentes que podem causar sofrimento, stress e frustração extra, lembrem-se disso quando decidirem fazer esta", frisa Emily no seu post viral. Um texto que já conta com 76 mil partilhas e mais de 57 mil comentários, na sua larga maioria de pessoas que aplaudem as palavras da jornalista e que se revêm nas múltiplas situações que ela expõe.

Quando tiverem a 'pergunta dos filhos' debaixo da língua, lembrem-se das palavras de Emily Bingham: "Metam-se na vossa vida, simplesmente vocês não têm nada a ver com isso.

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Amiga, caso estejas numa relação ou pretendas embarcar nessa de vida a dois, abre as pestanas que este artigo é para ti.

 

Por mais que as sociedades ocidentais estejam a desconstruir as convenções respeitantes ao estereótipo de mulher para se levar a sério, a verdade é que na mente masculina existe uma linha muito vincada entre mulher para casar e mulher para comer. Vais desculpar-me esta linguagem crua, mas de pouco nos vale estar com cerimónias quando é mesmo assim que eles pensam.

 

Tudo isso para chegar ao cerne do post de hoje: o tipo de mulheres que eles nunca apresentam às mães, mais não seja porque querem poupar-se a si próprios de interrogatórios, dramas, conselhos, sermões, lições de moral e por aí fora.

 

Como se não bastasse a natural relutância em assumir compromissos, quando chega a hora de oficializar a relação, os homens são bastante seletivos. Por isso, as mulheres que querem uma relação a médio/longo prazo é bom que tenham consciência de que devem cair no agrado da "sogrinha". Ou, em último caso, não cair no desagrado dela.

 

Existem alguns tipos de mulheres que eles pura e simplesmente não costumam apresentar à família, por mais que ela tenha uma carinha laroca ou seja boa de cama. Lembro-me de pelo menos cinco.

 

A promíscua

O tipo mais flagrante de mulher que dificilmente chega a conhecer a residência ofical da família. Além de não ser a "nora ideal", mulheres do tipo não inspiram confiança, já que eles receiam o tempo todo levar com os cornos. Ninguém gosta de ser traído, os homens menos ainda. Atrofia-lhes o ego. Para mulheres suscetíveis a comportamentos do tipo o meu conselho é que tenham cuidado para não parecerem demasiado vulgar e chamativa e moderar a linguagem perto dos amigos e da família dele.

 

A controladora

O ciúme é uma condição inerente ao amor. Contudo, convém não exceder os limites do bom senso e muito menos fazer disso uma obsessão. Os homens não gostam de se sentir controlados (aliás, quem gosta?). Isso fá-los sentirem-se sufocados e com mais vontade ainda de "pular a cerca". Mãe já ele tem, por isso as mulheres controladoras têm muito poucas chances de serem levadas a sério, até porque seria uma adversária à altura da sogra.

 

A fútil

Estas mulheres são ótimas para se divertirem (na cama), fazer inveja aos amigos ou exibir como acessório num bar ou a numa after party. Já no que toca à família, a conversa é bem outra. Não há mãe que queira ver o seu mais-que-tudo nas mãos de uma gaja qualquer que quando abre a boca a todos os outros apetece fechar os ouvidos. O culto da loira burra tem cada vez mais os dias contados.

 

A competitiva

É verdade que as mulheres podem fazer um pouco de tudo e ser bem-sucedidas. Dar uma de "miss i have opinion about everything" ou de mulher independente e autónoma de tudo e de todos, além de irritante, acaba por fazer com que ele se afaste, já que ele não se vê preciso na vida delas. Salvo raras exceções, eles não gostam de ficar mal ao pé das mulheres, muito menos à frente da família. Se te revês nessa descrição (eu sim), o meu conselho é que neutralizes esse teu lado e que te mantenhas fiel a ti mesma, mas sem ofuscá-lo. Isto é, deixá-lo ser o centro das atenções de vez em quando.

 

A resmungona

Mulher mal-humorada, de trombas, propensa a amuos e ceninhas é uma mala. Sem alça. Não há nada mais aborrecido e contaminante do que o mau humor- e quando é constante, torna-se mesmo insuportável. As mulheres negativas, que estão sempre a reclamar e a passar sermões, dificilmente se integram e não criam bom ambiente, o que é motivo suficiente para que ele evite os jantares de apresentação à família. Se tens propensão para este tipo de comportamento, fica sabendo que ninguém está para te aturar. Por pior feito que tenhas, esforça-te para seres agradável, ou pelo menos educada, ao pé do pessoal com quem ele priva.

 

Gostemos ou não, dificilmente uma mulher consegue entrar para a família do homem amado sem passar pelo crivo, e consequente aprovação, da mãe dele. Costumo chamar a isso "o teste da sogra". Do meu historial amoroso só tive duas sogras assumidas e ambas foram impecáveis comigo: muitas vezes bem mais generosas e amorosas do que a minha própria mãe. Será que, de alguma forma, conseguiram antever que eu não duraria muito na vida dos seus rebentos?

 

Quem sabe!

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14
Abr16

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Solteira minha, espreita só este artigo do médico psquiatra Pedro Afonso, publicado por estes dias no Observador, sobre o imiscuir da vida profissional na vida privada. Não poderia deixar de partilhá-lo contigo, não só por concordar ipsis verbis com ele, mas porque esta é uma realidade cada vez mais banal e gritante.

 

Perante as acusações de capitalismo predatório e desumanizado, alimentado pela obsessão do lucro, muitas empresas responderam com algumas medidas, adotando voluntariamente comportamentos e ações destinadas a promover o bem-estar da coletividade. Estas medidas são conhecidas como "políticas de responsabilidade social". Todos recordamos alguns exemplos de campanhas de solidariedade e de angariação de verbas para instituições de solidariedade social, promovidas por empresas, principalmente em períodos como o Natal.

 

Mas existem outros problemas muito mais graves (porque nos afetam a todos) que surgem atualmente em muitas empresas, e que estão a transformar-se num verdadeiro desastre social. Refiro-me ao excesso de carga horária semanal e à invasão predatória da vida profissional na vida pessoal. Trabalhamos cada vez mais horas, e passou a ser um hábito levarmos trabalho para casa. Por outro lado, os meios de comunicação proporcionados pelas novas tecnologias, como o e-mail, o telemóvel, as mensagens escritas, etc., contribuem para que a vida profissional subjugue a nossa vida pessoal e familiar.

 

A falta de pudor e sentido ético tomou conta de muitas empresas, e já não se hesita marcar uma reunião para as 19 horas. Tornou-se um hábito telefonar, enviar e-mails ou mensagens escritas fora do horário de trabalho. Além disso, é cada vez mais frequente que o jantar familiar seja interrompido por um contato profissional. O serão, após o dia de trabalho, é muitas vezes utilizado para responder aos e-mails que ficaram pendentes durante o dia. As férias são frequentemente invadidas com contatos profissionais, porque se criou a ideia de que se tem de estar sempre contatável e disponível. Este servilismo profissional, transformou-se numa nova escravatura, que afeta todos os níveis de responsabilidade dentro das empresas.

 

A pressão é enorme e aquele que procura resistir, colocando barreiras a esta autêntica invasão da sua vida pessoal e familiar, é criticado pelos colegas e pelas chefias. Existe uma coação moral para que todos estejam sempre disponíveis para a empresa.

 

Atualmente, um dos grandes problemas é considerar que é “normal” trabalhar diariamente 10-12 horas. Esta ideia tem criado raízes em várias áreas de atividade profissional. Uma jovem mãe advogada que acompanhei, contrariando a regra do tempo de permanência no local de trabalho, procurava sair o mais tardar até às 19 horas do escritório para passar algum tempo com o filho mais pequeno, cuja hora de deitar era habitualmente pelas 21h30 horas. A jovem advogada era dedicada e competente, mas ousou quebrar com o status quo do horário das 12 horas diárias do grande escritório de advocacia onde trabalhava. Um dia foi chamada ao gabinete de um dos sócios. Foi-lhe dito que as saídas do trabalho àquela hora haviam sido notadas e estavam a gerar algum incómodo junto dos outros colegas. Ela replicou, alegando que tinha a mesma produtividade do que eles e que desejava, para além de trabalhar, de ver o seu filho crescer e desfrutar da sua presença. Reconhecendo a competência da sua jovem colaboradora, o sócio respondeu: "Tem razão, mas, para acabar com os falatórios, envie de vez em quando um e-mail aqui para o escritório, por volta das 10-11 horas; assim pelo menos dá a ideia de que continua a trabalhar a partir de casa".

 

A conciliação entre o trabalho e a família é uma das tarefas mais difíceis de alcançar para qualquer casal com filhos. A pressão da sociedade está cada vez mais do lado do trabalho, pois a nossa cultura valoriza muito mais o sucesso profissional do que o investimento feito na família. Embora sejam realidades diferentes o trabalho e a família não são incompatíveis; pelo contrário, são complementares. Uma boa satisfação no trabalho enriquece a vida familiar e vice-versa.

 

É tempo de pedir às empresas que contribuam para o bem-estar coletivo, contrariando este ambiente de pressão que conduz a um autêntico sequestro profissional. É tempo de todos começarmos a exigir que as empresas adotem normas éticas de responsabilidade familiar.

 

Moral da história: deve-se trabalhar para viver e não viver para trabalhar.

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07
Fev16

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A energia desta semana é representada pela Celebração! Todos os dias são bons para celebrar, mas quantas vezes nos sentimos assoberbados com os afazeres do dia a dia e esquecemo-nos de celebrar as pequenas vitórias?
Tens um lar? Celebra!
Tens comida na mesa? Celebra!
Amas e és amado/a? Celebra!
Tens família que te adora? Celebra!
Falaste recentemente com alguém que não vias há anos? Celebra!
Partilhas momentos felizes com família e amigos? Celebra!
Estás a ler um livro que te inspira? Celebra!
Sorriste para um estranho e sabes que com isso lhe deste alguma alegria? Celebra!
O que não faltam são motivos para celebrar! Não precisamos de datas especiais, apenas devemos sentir-nos gratos, pois quanto mais agradecermos mais motivos teremos para celebrar!
No próximo domingo será o dia dos namorados. Andamos tão esquecidos de demonstrar e sentir amor que tiveram que inventar um dia para isso...
Amem e celebrem todos os dias da vossa vida!
Desejos de uma semana muito feliz!
Abraço de Luz,
Isabel

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