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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Viva!
Sabias que, fisiologicamente, demora apenas um quinto de segundo até que sejam produzidos todos os químicos que nos fazem sentir apaixonados? É, meu bem, o Dom Cupido quando resolve atacar fá-lo sem dó nem piedade, não dando margens para nos esquivarmos, muito menos para nos escondermos atrás da razão.
Em relação ao amor à primeira vista – reconhecido pelos românticos, contestado pelos céticos e desdenhado pelos restantes – a ciência não tem dúvidas em validar a sua existência. Um estudo publicado no Personality and Social Psychology Bulletin, que garante que basta apenas uma hora com um estranho para nos apaixonarmos, é prova do que acabei de escrever.
Este timing, aliado aos milissegundos que o nosso organismo leva a produzir a tal reação química caraterística dos apaixonados, faz com que, muitas vezes, nos apaixonemos por pessoas que não são bem aquilo que pensávamos. Afinal, como é que se chega a conhecer realmente alguém em questão de minutos (60 para ser mais específica)?
Ainda assim, vale sempre a pena apaixonar-se, garante a ciência. Epa, a coisa é de tal maneira boa que há estudos que comprovam que a combinação de vários químicos de felicidade no cérebro criam uma sensação de euforia comparável à do uso de cocaína.
Pensar que se pode desfrutar daquilo que a cocaína proporciona sem gastar um tostão... Melhor ainda, sem comprometer a saúde e o bem-estar por um instante sequer. As entidades que lidam com a problemática da dependência química devem pensar seriamente numa bordagem mais holística, introduzindo o romance na equação. Nunca se sabe…
Por hoje é tudo, que quero ver se ainda apanho senha para o serviço de atendimento personalizado do Cupido. Até mais!
Viva!
Esta madrugada, entre uma ida à casa de banho e outra – que esta minha bexiga está a anos-luz da minha idade biológica – tive uma pequena epifania sobre o amor, mais concretamente sobre a panóplia de emoções que nos assola o coração, o espírito e a alma quando atingidos pela fecha do cupido.
Antes de prosseguir, sinto-me na obrigação de deixar claro que não me refiro a essa versão descartável de amor que a sociedade moderna nos tem vindo a impingir sustentada naquela lógica de "à falta de um amor maior, contenta-te com um amor menor". Refiro-me sim àquele AMOR que vem dar (mais) sentido à nossa existência e nos torna na mais perfeita criação divina.
Se bem me lembro, quando um amor assim nos bate à porta somos acometidos por vários feelings, que passo a enumerar:
- Ao pé da pessoa amada, sentes (como nunca antes) que só agora a tua vida faz sentido
- Finalmente, percebes porque não deu certo com ninguém antes
- Aceitas que os teus fracassos amorosos anteriores só serviram para te conduzir até "o tal"
- Sentes-te capaz de desafiar e conquistar o mundo só com o poder do teu amor
- Podes ter tido o pior dia da tua vida, mas assim que chegas ao pé da pessoa amada tudo fica bem
- Sentes-te a mais sortuda e corajosa das criaturas, com a constante sensação de que nada nem ninguém neste mundo tem poder suficiente para te abalar
- O abraço da pessoa amada é remédio santo para todo o stress do teu dia a dia
- Sorrisos rasgados e contínuos e olhos cintilantes são uma constante na tua fisionomia
- Preocupas-te mais do que nunca com a tua aparência e fazes tudo para estar sempre bonita, cheirosa, depilada e tudo o mais que faz parte do cardápio de uma mulher vaidosa
- Queres desfrutar da companhia dessa pessoa o tempo todo, em detrimento dos demais
- Começas a falar, pensar e agir na primeira pessoa do plural
- Contas os segundos para estares com o alvo do teu afeto
- Sentes-te no auge da tua beleza, feminilidade, sensualidade e magnificência
- Mal te consegues lembrar daquelas feridas e cicatrizes amorosas que tanta dor e amargura te causaram no passado
- Transpiras felicidade por todos os poros e queres contaminar tudo e todos à tua volta
- O tempo passado com o teu amor parece nunca ser suficiente
É precisamente por já ter experienciado um amor assim que continuo solteira. Por esse amor estou disposta a esperar o tempo que for preciso e abrir mão do meu celibato. Se o universo me considerar digna de voltar a viver algo parecido, cá estarei para receber essa bênção de braços abertos e coração repleto de gratidão e humildade.
É melhor dar por concluída estar crónica que a continuar por este caminho ainda sou bem capaz de ficar deveras deprimida por estar ainda solteira.
One heart, one love, one hug!
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