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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Ora viva! ✌️
No outro dia contei-te da minha aventura em Peñíscola, naquela que foi uma escapadinha maravilhosa. Também contei que mais teria para relatar, até porque um post, por mais extenso que fosse, jamais seria suficiente para relatar tudo o que experienciei durante aquela semana na costa mediterrânica.
Vamos lá então às peripécias da viagem, ao longo da qual houve de tudo, desde casos de covid, agressão física, dedo entalado a match no Tinder. Ah pois é meu bem, com esta solteira aqui nunca há monotonia. Põe-te confortável que a viagem vai ser longa. E turbulenta, digo já.
O meu drama começou logo no terminal rodoviário de Sete Rios. Cheguei com a devida antecedência, cerca de 40 minutos, e instalei-me confortavelmente, com as pernas esticadas em cima do trolley, aguardando pacientemente a hora de embarcar. Apercebendo que o número de autocarro referido no bilhete, comprado dois dias antes, via internet, não correspondia ao afixado no painel, dirigi-me ao mototista mais à mão, a fim de assuntar o que se passava.
Incapaz de me ajudar a esclarecer a questão, aconselhou-me a recorrer ao balcão de informações. Uma vez lá, a funcionária de serviço comunicou-me que o meu bilhete era válido para uma viagem com a data de dois dias antes. Ou seja, na altura da compra, não selecionei a data pretendida, pelo que o sistema assumiu o dia da compra como o dia da viagem.
Como deves imaginar, não houve apelo ou cara transtornada que me valesse, tive mesmo que comprar um novo bilhete de ida para Aveiro, aonde estaria à minha espera a Clara, para juntas seguirmos rumo a Estarreja, o local de embarque combinado com a agência de viagens responsável pela excursão a Peñíscola.
Okay, essa despesa extra não estava nos meus planos, mas tudo bem, fazer o quê?! Por sorte, havia um autocarro com destino à cidade dos moliceiros para dali a cerca de 15 minutos. Perfeito, pensei para comigo. Lá me dirigi para a linha de embarque indicada no bilhete. Ao olhar para o papel, reparei que a hora prevista de chegada ao destino era 19h55, ou seja, a viagem demoraria mais de quatro horas. Em outras circunstâncias, tal facto pouco importaria. O problema era que o embarque, em Estarreja, com destino a Espanha, estava previsto para as 20h30, o que queria dizer que seria praticamente impossível estarmos lá à hora combinada, já que, de acordo com a previsão da Clara, necessitaríamos de pelo menos meia hora para a deslocação Aveiro-Estarreja.
Já em modo ventilação, e para piorar nesse dia, 11 de junho, fazia um calor desgraçado em Lisboa, dirigi-me novamente à funcionária que me vendeu o bilhete, questionando o porquê de tanto tempo de viagem, já que em circunstâncias normais seriam necessárias apenas três horas. Podes imaginar a resposta dela, naquele tom enfadado que os funcionários do atendimento tão bem sabem fazer: o autocarro faria mais paragens que o habitual.
De jeito nenhum poderia chegar a Aveiro uma hora depois do combinado. Quanto a isso a Clara tinha sido taxativa: chegar com a devida antecedência, de modo a termos tempo para tomar um drink, por a conversa em dia (não estava com ela desde antes da pandemia) e apanhar tranquilamente a A25.
Agora em modo hiperventilação, liguei para a minha amiga, dando-lhe conta da situação. Escusado será dizer que ela, transtornadíssima, disse que não iria dar tempo e que iríamos perder o autocarro. Disse-lhe que, nesse caso ela deveria embarcar sem mim, que eu daria um jeito de ir ter com ela, no dia seguinte ou depois. Não achava justo que ela perdesse a viagem - não reembolsável, tão pouco reagendável - por uma responsabilidade que não era dela.
A esta altura do campeonato já eu estava a suar em bica, com uma vontade enorme de chorar, gritar, bater com a cabeça na parede, esganar alguém... Instintivamente, comecei a ver viagens com destino a Valência, a grande cidade mais próxima do nosso destino. Nem com a Flixbus, a empresa com a qual costumo viajar para França, encontrei a solução para o meu problema. No, niente, nada! Nem nesse dia, um sábado de fim de semana prolongado em Lisboa, nem no seguinte, estava previsto qualquer transporte para lá com partida de Lisboa ou Aveiro.
Continua...
Ora viva! ✌️
No último post garanti que estaria de volta ao teu convívio no espaço de uma semana, ou seja, na passada quarta-feira. Por motivos que já te conto, tal não foi possível. Numa daquelas ofertas de last minute, dei uma fugida até à vizinha Espanha, para uma escapadela de uma semana, na companhia de uma das minhas besties.
Na minha vida é mesmo assim, tudo o que vale a pena chega de improviso, sem alarme, nem aviso. No dia em que aqui estive pela última vez, há quase duas semanas, estava eu deitada no sofá, já o dia caminhava para o fim, quando vi a notificação de que tinha recebido um áudio de uma amiga, pessoa com quem tenho uma intensa dinâmica de troca mensagens de voz. Logo a seguir, antes que tivesse tido a oportunidade de o ouvir, entra nova mensagem dela, desta vez de texto, a dizer: "Se puderes ouve isto antes da noite."
Tal pedido tem a ver com o facto de ela saber que costumo ouvir os seus áudios na calada da noite, enquanto vou desfrutando da minha cama de massagem, um ritual que precede o ato de dormir. Ouvir a voz dessa amiga, mansa e cristalina, bem como ficar a par da sua vida, é-me tão prazeroso que faço questão de só ouvir os seus áudios quando estou completamente relaxada, de modo a saborerar com gosto tudo o que ela tem para contar.
Bem, lá ouvi o áudio da Clara, outra escritora de mão cheia que já assinou algumas crónicas aqui no AS. E não é que este continha uma proposta para uma semana de praia em Espanha, num hotel 4*, com tudo incluído, com partida para dali a três dias? Eu que estava sem nenhuma perspectiva para a semana dos feriados de Lisboa, aceitei o convite na hora, sem nem mesmo acabar de ouvir os detalhes.
O curioso é que poucas horas antes, no regresso do ginásio, após uma corrida de 60 minutos, tinha pensado que rumo daria ao fim de semana prolongado. Nos últimos três anos, exceto em 2021 (por motivos mais do que óbvios), aproveitei os feriados de junho para ir "para fora cá dentro". Em 2019, como te deves recordar, fui a Ferreira do Zêzere. Em 2020, ao Algarve. E em 2021, só não "escapei" porque tinha acabado de regressar de Cabo Verde.
E não é que, horas depois de ter "pensado" que "gostaria" de ir para algum lado, chega tal convite, assim do nada? Do nada porque a Clara já me tinha contado que tinha planos de ir de férias com os tios, daí não estar minimamente à espera de tal oferta, ainda para mais no formato "pegar ou largar". Segundo ela, era uma oportunidade de última hora, fruto da desistência de um casal, pelo que tínhamos que confirmar e efetuar o pagamento tão logo possível.
Como tal, na manhã seguinte toda a logística estava tratada: reserva confirmada, pagamento efetuado, voucher emitido, fatura enviada e escapadinha agendada. A parte menos agrdável desta aventura é que a viagem tinha partida do Porto, às oito da noite de sábado. Como a Clara vive em Aveiro, apanhei um autocarro até à cidade dos moliceiros e de lá seguimos juntas para Estarreja, onde embracamos em autocarro turístico rumo a Peñíscola, uma encantadora cidade valenciana, geograficamente posicionada em frente a Maiorca e a duas horas de distância de Barcelona.
Foi uma semana top, a melhor de há muito muito tempo. Mediterrâneo, sol, boa companhia, gastronomia maravilhosa e uma boa dose de dolce far niente era tudo o que eu estava a precisar para restaurar a alma e sentir aquela felicidade que só experimentamos quando viajamos. Infelizmente, tive que levar o computador atrelado, já que, como gestora de redes sociais freelancer, estar desconectada durante muito tempo é um luxo a que não me posso dar.
E pronto! Foi assim que, em menos de 72 horas, vi-me a caminho da terra de nuestros hermanos. A minha sorte é que sou uma mulher vaidosa, pelo que a única coisa que ficou mal resolvida foi a depilação. Tive que me contenter com a gillette, mas como dizem os franceses: "C'est pas grave!".
O universo não é incrível? Ele trata sempre de nos proporcionar aquilo que desejamos ou precisamos, por isso devemos confiar sempre nele. Mais tenho eu para contar sobre esta aventura em terras espanholas, pautada por peripécias, contratempos, risadas, e tudo o mais que (não) podes imaginar.
Só não vai ser hoje, que esta crónica já vai para longa e daqui a pouco tenho que me arranjar para ir trabalhar (esta semana estou a fazer trabalho presencial, pelo que não estranhes não me veres com a frequência desejada).
Beijo em ti e até breve!
Viva!
Hoje quero contar-te sobre a minha última escapadinha a solo, desta vez na bela e encantadora Sintra, vila aonde estive no fim de semana (prolongado) de 5 de outubro.
Tenho estado sob intensa pressão emocional no trabalho, ao ponto de ter-me sido passada uma baixa médica por stress profissional prolongado. Sobre isso falarei noutra altura, que a narração do que tenho passado nos últimos tempos vai-me exigir um esforço mental acrescido. Por ora, falemos apenas de coisas boas, que essas sim fazem bem à alma. E tem coisa melhor que uma fugidela para um destino tão mágico quanto Sintra?
Em Sintra já eu tinha estado anteriormente, por duas vezes, se não me falha a memória. Da primeira andava eu na faculdade. Recém-chegada a Portugal, ouvi dizer que era linda, bucólica e romântica, o sítio ideal para uma visita au pair. Ora, acontece que o tempo passava e nada de companhia amorosa para essa descoberta à vila-mor das terras altas. Um dia, cansada de esperar, resolvi meter-me num comboio e ir até lá. Lembro-me perfeiramente de descer no terminal ferroviário, olhar em volta e apanhar o próximo de regresso a Lisboa, sem sequer sair da estação. Porque fiz isso, deves estar tu a tentar perceber. Porque queria mesmo ir a Sintra, nem que fosse para dizer que já lá tinha estado, ainda que sem a conhecer de facto.
Como tantas vezes tinha ouvido dizer, aquele era um lugar que merecia ser desfrutado em companhia romântica, daí que não tenha atrevido a visitá-la em companhia própria, sob pena de abrir mão do encanto que seria uma visita na de outro alguém por quem o meu coração batesse mais forte. Admito que, na altura, não desenvolvera totalmente esse meu espírito de desfrutar da vida do jeitinho que dá, com ou sem presença alheia.
A segunda vez foi em dezembro de 2014, tinha o meu irmão e sua família vindo passar a época festiva em Lisboa. Como fomos de carro, saímos da autoestrada diretos ao Palácio da Pena, sem passar pelo centro histórico. Fustigados por um frio cortante, e com metade do dia desperdiçado, só tivemos oportunidade de degustar da gastronomia local, visitar o monumento e rumar em direção à capital. Como sabes, nessa altura do ano, às cinco da tarde já é noite, motivo pelo qual só nos foi possível visitar o ex-libris local.
Portanto, esta foi a primeira vez que tive oportunidade de descobrir Sintra em toda a sua plenitude, essência e magnificência. E que Sintra descobri eu ao longo dos três dias que por lá circulei. Para começo de relato, fiquei hospedada no Lawrence’s, um hotel de charme localizado a poucos metros do centro histórico, com pouco mais que uma dúzia de quartos, mas que nem por isso deixa as suas 5* por mãos alheias. Inaugurado em 1764 é o hotel mais antigo da Península Ibérica, tendo sido, inclusive, mencionado por Eça de Queirós no romance Os Maias. Pela primeira vez nesta vida terrena, dormi numa cama de dossel. Senti-me a Maria Eduarda em pessoa. Quanta emoção, quanto orgulho, quanto bazófia.
No dia da minha chegada, sábado, para além do saboroso cabrito assado da Adega do Saloio, um dos meus restaurantes favoritos, tenho a resgistar o maravilhoso jantar no Arola do Penha Longa Resort, na companhia da Isabel Soares dos Santos, amiga pessoal, espiritual coaching e provedora das previsões energéticas mensais deste blog. No dia seguinte, parti à descoberta do centro histórico, com passagem obrigatória pelo Palácio Nacional, pelo Museu Anjos Teixeira, por uma exposição de arte ao ar livre, pela sede da edilidade local, pela estação ferroviária, por aqui, por ali, por acolá... A jornada culminou com uma maravilhosa cataplana de peixe e marisco no Dom Pipas, um dos melhores restaurantes da zona, segundo fonte fidedigna.
No feriado, último dia da estadia, fiz uma tour de tuk tuk, que incluiu passagem pelos principais pontos turísticos, a saber: Palácio da Pena, Quinta da Regaleira, Palácio de Monserrate, Palácio de Seteais, Castelo dos Mouros e pelos deslumbrantes chalets, muitos deles projetados pelo genial Luigi Manini. Como bónus, tive direito a um saltinho até à fronteira com Colares, a pequena vila ali mesmo ao lado, residência da condutora da motorizada a três rodas e guia turística digna de aqui ser louvada. De nome Delfina, nacionalidade argentina e uma simpatia contagiante, ela foi incansável na sua missão de me proporcionar um passeio inesquecível. Por fazer ficou o circuito do Cabo da Roca, o qual está reservado para uma próxima oportunidade.
Antes do regresso a casa, ainda houve tempo para comprar as famosas queijadas, um mimo para as colegas de trabalho, dado que não sou grande apreciadora de iguarias com sacarose, após o qual pude degustar de um, aquém das expectativas, bacalhau à Braz, num dos restaurantes da zona baixa, claramente focado no turismo externo e não no interno. O regresso a casa deu-se na companhia da querida Isabel, que fez o favor de livrar-me de apanhar o comboio da linha de Sintra em pleno feriado.
Entre palácios e castelos, quintas e vilas, reis e fadas, lendas e contos, magia e encanto... deu-se assim a minha aventura por terras de Sintra, pelas quais fiquei apaixonada ao meu ponto de não me importar de ir viver para lá.
Aquele abraço amigo de sempre e desejos de uma esplêndida semana!
Viva!
A minha primeira escapadinha em terras lusas não correu como esperado. Infelizmente, é este o balanço destas miniférias, a pouco mais de 24 horas do seu término.
Para começar o tempo esteve uma merda, desculpa a expressão. O sol, esse só deu o ar da sua graça quando lhe apeteceu. Na maior parte dos dias, o céu esteve nublado, as temperaturas baixas para esta época do ano e a aragem deveras desagradável.
Numa região em que a ocupação dos forasteiros depende paliativamente da presença do astro rei, na ausência deste pouco mais há a fazer para passar o tempo. Pior ainda para aqueles que, como eu, não dispõem de meios de locomoção próprios.
Chegar ao sítio mais concorrido da zona, o Lago Azul, só é possível com recurso a táxi, cuja tarifa quase atinge os valores do passe mensal urbano em Lisboa. Orgulho-me de não ser uma criatura forreta. Contudo, dispender mais do que me custou a viagem para cá só para ir conhecer uma praia fluvial, por melhor que ela seja, não foi coisa que me aliciou ao ponto de abrir a carteira. Quem sabe numa próxima encarnação eu não volto a esta terra para completar a minha caderneta de locais de interesse turístico.
Em relação aonde comer, a gerência do hotel recomendou-nos três restaurantes à altura dos seus hóspedes. Desses, descobri - depois de bater com o nariz na porta - que um encontra-se encerrado para férias e que outro estaria fechado durante dia e meio para descanso do pessoal. Assim, no feriado de Corpo de Deus apenas um deles estava de portas abertas, se bem que reservado para convívios de batizados ocorridos nesse dia. A nós visitantes restou-nos o consolo do take-away (vê lá tu a generosidade desta gente em recusar-se a deixar-nos à míngua). A aventura desse dia terminou comigo a comer uma pizza fria e queimada à beira da piscina, já que o hotel sequer disponibilizou uma sala apropriada.
Como não me seduzia a ideia de ficar enclausurada entre quatro paredes depois do jantar, andei a perguntar por aí até tomar conhecimento da existência de algumas festas populares nas imediações. Novo balde de água fria levei eu quando fiquei a saber que seria preciso percorrer vários quilómetros para chegar a essas localidades, todas a uma distância não aconselhável a transeuntes, ainda para mais à noite e por estradas nunca dantes pisadas. Daí que não tenha chegado a sentir, para lá da varanda do meu quarto, a brisa noturna da capital do ovo.
Como se já não estivesse arreliada o suficiente com tudo o que acabei de descrever ainda tive que aturar o assédio visual de um hóspede que, mesmo com a esposa ao lado, não parava de me comer com os olhos. Na piscina, passou horas a mirar-me com aquele olhar de tarado/predador sexual, que me deixou enojada. E a toupeira da mulher sequer se apercebia do que estava a acontecer. Tive ganas de a esbofetear, a ver se acordava para a vida e via o traste que tinha do lado.
Agora que já desdobinei sobre as coisas desagradáveis que marcaram estes últimos dias, vamos lá às boas, que nem tudo foi mau. Mesmo não sendo blogger de viagens, não posso deixar de dar nota positiva ao hotel que me acolheu, com pontuação máxima para o colchão. Tenho dormido lindamente, sem um único episódio de perturbação de sono. Aliás, desde que aqui cheguei, não tenho feito outra coisa que não seja dormir, ver televisão, ler e jogar no tablet.
Acredito que a maioria dos mortais ficaria agradada com este cenário de dolce fare niente. Ainda bem que não sou, não penso nem ajo como a maioria. O meu feitio exige bem mais do isso. Demasiado ócio já me está a dar cabo da paciência. Se soubesse que ia ser assim teria ficado em casa e gastado os 500 euros em outra coisa qualquer.
Outra coisa que me encantou na unidade hoteleira de 44 camas na qual me hospedei foi a sua política ecofriendly. Por toda a parte, deparei com avisos sobre as boas práticas do turismo sustentável. Se não fosse pelo pequeno-almoço, pobrezinho em termos de variedade e frutas, até lhe daria quatro asteriscos e meio.
Como não há bela sem senão... Apesar de todo o seu charme e todas as suas estrelas, o hotel não oferece serviço de restaurante. Logo os hóspedes veem-se impelidos a transpor os seus domínios para ir à caça de comida. "Come-se muito bem no Ribatejo", avisaram-me colegas de trabalho, conscientes da minha "esquisitice" gastronómica. De facto, não se come mal por estas bandas. Mas para quem pratica uma dieta alimentar essencialmente à base de peixe, as opções existentes pecam por défice. A oferta local é demasiado dependente do bovino e do suíno, do qual já não sou grande apreciadora. Nenhuma das opções de peixe com que me deparei eram oriundas do mar, mas sim de viveiros. Antes carne a peixe de aquário, bem mais pobre em termos nutricionais e de paladar. Assim, eu que como carne quando muito uma vez por mês, tenho passado os últimos quatro dias a enfiar proteína animal made in pasto pela goela abaixo. Mal volte à rotina é correr logo para a operação detox.
Também apreciei bastante a ida ao Centro Hípico da Quinta da Canastra, que culminou num passeio de charrete conduzido pelos alunos em estágio neste fim de semana. Estou aqui a ponderar se largo 60 balas para fazer um tour pela zona num 4x4. Tenho até amanhã, o último dia de férias, para decidir. Até lá vou rezar para que se faça sol neste fim de mundo, de modo que possa, ao menos, adquirir uma tonalidade de pele à altura da minha raça.
Em suma, está minha primeira aventura "vá para fora cá dentro" ficou bastante aquém das expectativas, em grande parte pela minha inexperiência na matéria. Erro de principiante que pretendo não voltar a cometer. Fica a lição de nunca mais ir para lado nenhum sem primeiro assegurar o transporte necessário às atividades outdoor. A não ser que já vá consciente de ficar enclausurada do hotel durante toda a estada.
Até à próxima e continuação de bom fim de semana!
Viva!
Olha só quem voltou ao teu convívio. Antes que comeces com cobranças, deixa-me dizer-te que sinto muito por cada um destes 10 dias que fiquei longe de ti. Tanto aconteceu desde o último artigo, que vou ter que ir relatando os acontecimentos aos poucos, sob pena deste artigo ultrapassar as quatro laudas.
Como te dei conhecimento através do Instagram, na quinta-feira passada voei até Barcelona para uma escapadela de quatros dias. A minha excitação era indescritível, não só por ir viajar (coisa que amo fazer), mas sobretudo porque estava prestes a realizar um sonho de há muito: conhecer uma das cidades que ano entra ano sai constava da minha wish list.
À chegada ao aeroporto de El Prat, recebo um telefonema de Lisboa a perguntar se estaria disponível para voltar para o trabalho dos meus sonhos (aquele que tinha perdido há dois anos por causa da implicância de uma fulana que achou que eu era demasiado vistosa para a instituição em causa). Como o voo de regresso estava marcado para domingo à noite e eles tinham grande precisão dos meus préstimos, comprometi-me a "picar o ponto" na segunda, logo às nove da manhã.
Descaradamente mais esfusiante do que antes, desfrutei de três dias de puro deleite, a namorar a cidade, a absorver tudo o que me chegava aos olhos, a conviver com pessoas de diferentes nacionalidades, a praticar o portunhol, a descobrir recantos, segredos e estórias da Catalunha, a dançar na rua às tantas da noite, a subir e a descer encostas, a visitar exposições de arte; ou seja, a turismar.
Até que... a lua de mel dá lugar à lua de fel. A passagem do paraíso para o inferno dá-se por uma questão de minutos. Devido a um atraso de meia hora, em parte justificado pelo escaldante Barcelona-Real Madrid desse dia, que deixou os transportes a rebentar pelas costuras, eis que perco o voo que me traria de volta para casa. Com a cidade mais apinhada do que o costume (à custa dos blaugrana), os voos para Lisboa estavam todos lotados, motivo pelo qual só consegui um novo para dali a dois dias.
Entre procurar alojamento à última da hora, voltar ao estilo de vida estudantil – em que se dorme no sofá de alguma alma caridosa, lava-se roupa numa lavandaria, come-se pão com cuspo ao pequeno-almoço e otras cositas más – lá consegui aterrar na Alfacilândia na terça de manhã, mesmo a tempo de apanhar o Carris Express para o (novo) trabalho, com 36 horas de sono em cima (16 delas sem uma higiene pessoal digna desse nome), longas horas de jejum (forçado) e com a minha tralha a descoberto, já que na volta a minha mochila (comprada na véspera) foi inutilizada pelo pessoal de handling.
Enfim... foi uma aventura e tanto. Pena eu não ter tempo nem disposição para te contar os detalhes mais sórdidos. Estou a cair para o lado de tanto sono e cansaço. Desde que cheguei de viagem, tenho trabalhado das nove da manhã às tantas da noite, hoje inclusive.
Conto voltar à rotina já amanhã. Ainda bem, porque sinto-me à beira de uma estafa. Na última semana dormi pouco, comi mal, trabalhei em contrarrelógio e não escrevi uma única frase. Preciso mesmo retomar as aulas de código, as crónicas do Ainda Solteira, o social media manager da missão diplomática, o convívio com a minha tribo, as tarefas domésticas, as idas ao supermercado, e por aí fora. Preciso respirar, relaxar, meditar e vegetar, nem que seja por umas horitas.
Até lá, deixo-te com aquele abraço amigo e desejos de uma semana abençoada.
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