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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Ora viva! 🖖
Por causa de um novo desafio profissional no qual vou estar envolvida de hoje até ao final do mês, o meu tempo ficou ainda mais limitado - se é que isso é possível. Mesmo assim, consegui arranjar algum para vir cá deixar-te aquele post amigo do costume, ainda que a horas tardias.
Desta vez, trouxe a minha entrevista à agência noticiosa cabo-verdiana Inforpress, a propósito do Prémio de Mérito Migrante com o qual fui galardoada no passado dia 15 de setembro, como deves estar farta de me ouvir dizer.
Lamento voltar a bater nesta mesma tecla, mas como deves imaginar convém-me fazer render este peixe o máximo que puder, pois trata-se de um prestígio demasiado grande para deixar cair no esquecimento sem dar luta. Até porque preciso de patrocínios para as minhas próximas iniciativas.
Voltando à entrevista, publicada na manhã desta segunda-feira, a matéria foi assinada pela jornalista Dulceneia Ramos e nela anuncio a chegada do Empodera-te! a Cabo Verde. Boa leitura.
Portugal: Mentora do 'Empodera-te' e vencedora do Prémio Mérito Migrante vai levar projeto a Cabo Verde
A cabo-verdiana mentora do 'Empodera-te' e vencedora do Prémio Mérito Migrante 2023, Sara Sarowsky, vai levar a Cabo Verde, em Novembro, o projecto, como forma de ajudar as mulheres a assumirem o comando da sua vida.
Em declarações à Inforpress, a autora, cronista, bloguer, podcaster, palestrante e criadora de conteúdos contou que o "Empodera-te", que adoptou, tem como nome de família Sanches, que também classifica o projecto como um movimento, explicou que o mesmo surgiu em Janeiro deste ano, na sequência do podcast 'Ainda Solteiros', estreado em Novembro de 2022.
Assim, no dia 07 de Janeiro de 2023, apresentou o projecto, em Lisboa, no Centro Cultural Cabo Verde (CCCV), que teve como padrinho o artista Dino d’Santiago e por causa da muita procura, repetiu o evento no dia 27 de Janeiro, na mesma cidade, no Centro Cultural de Belém (CCB), que teve como madrinha a esposa do embaixador de Cabo Verde em Portugal, Manuela Brito.
"A minha referência é sempre Cabo Verde, terra que me viu nascer, crescer e florescer. É por isso que estou com o coração cheio, porque agora estou a conseguir levar o “Empodera-te” para Cabo Verde, Cidade da Praia, no dia 25 de Novembro", disse, ressaltando a importância do dia, já que vai ser na Semana da Erradicação da Violência contra Mulher.
Sara Sarowsky já tem o lugar para o evento que vai ter também, à margem, outras actividades, como uma feira de negócios de mulheres, apresentações de dois livros e um passeio para o interior da ilha de Santiago, tendo em conta que vão estar a participar pessoas de outras nacionalidades, nomeadamente moçambicana, brasileira e portuguesa, que nunca foram a Cabo Verde, ou mesmo cabo-verdianos que já não ia há muito tempo.
"O 'Empodera-te' é assente em quatro pilares: empoderamento físico (corpo), empoderamento mental (mente), empoderamento espiritual (espírito) e empoderamento emocional (coração)", indicou a produtora de eventos nascida e criada em Cabo Verde e radicada em Lisboa há mais de 15 anos.
A mentora justificou que esse projecto começou logo por ter um "grande impacto", porque foi logo depois de dois anos "muito complicados" por causa da pandemia, que mexeu também com a saúde mental por causa da pandemia.
Em Cabo Verde, o evento terá como madrinha a primeira-dama, Débora Katisa Carvalho, e embaixadora oficial a Lena Marçal, mas também terá a vertente solidárias, visto que as duas autoras que vão lá apresentar as suas obras irão reverter o montante da venda dos livros a duas instituições.
A moçambicana Yulanda Fumane, residente no Dubai, vai apresentar o seu livro 'O poder da dificuldade', no dia 30 de Novembro, em que paret da receita arrecadada vai para a 'Fundação Dretu', e a brasileira Angela Pinheiro, com o seu livro 'Decretos mágicos', no dia 28 de Novembro, em que parte da venda da obra deverá reverter-se para a Fundação Orlando Pantera.
Para a cabo-verdiana, que foi galardoada com o Prémio Mérito Migrante na categoria 'Empreendedorismo' na segunda edição do evento organizado pela Associação Lusófona, Cultura e Cidadania (ALCC), que teve lugar no dia 15 de Setembro, na Assembleia da República de Portugal, foi uma das "melhores surpresas" que já teve.
"Não estava à espera de ser galardoada com o Prémio Mérito Migrante. O que estou a fazer está no início, mas o galardão dá-me muito mais moral e motivação para continuar e é essa grandeza que quero levar para Cabo Verde", frisou.
Com formação académica em comunicação empresarial e pós-académica em marketing estratégico, audiovisual e multimédia, Sara Sarowsky desempenhou funções em instituições, como Embaixada de Cabo Verde em Portugal, a Ordem dos Engenheiros de Portugal e Núcleo Operacional da Sociedade de Informação (NOSi).
Também é autora 'Ainda Solteira', criado em Junho de 2015 e distinguido por três anos consecutivos (2018, 2019 e 2020) como melhor blog de Portugal na categoria de 'Sexo e diário íntimo'.
Aquele abraço amigo e até quinta (vou aproveitar o feriado para vir aqui dar-te aquele olá de alegria)!
Ora viva! ✌️
A minha vinda aqui hoje não estava prevista, e se aqui estou é porque mal pude esperar para partilhar contigo o resultado de uma entrevista que dei ao site Afrolink há já umas semanitas. De todas as que já dei, e ainda são umas quantas, esta é aquela que melhor espelha o que sou, o que faço e o que quero da vida. Jamais alguém, nem mesmo eu, conseguiu "captar" com tanta verdade a minha essência. Vi-me, senti-me, ouvi-me em cada palavra desta magnífica reportagem da Paula Cardoso, a quem serei eternamente grata por ter-me proporcionado, ao ler o seu trabalho, uma comoção indescritível e indelével.
Podes aceder à entrevista através do link acima mencionado ou, para facilitar-te a vida, ler já aqui.
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Ainda solteira? Sara Sarowsky responde com um blogue, e planos para TV
Licenciada em Comunicação Empresarial e mestre em Marketing Estratégico, Sara Sarowsky transformou o seu estado civil num blogue premiado. Chama-se “Ainda Solteira!”, foi distinguido como o melhor de 2020 na categoria Sexo e Diário Íntimo, e dá resposta a uma série de cobranças familiares e culturais dirigidas a mulheres que, como a autora, nunca deixaram o celibato. "O blogue é o meu grito, a minha maneira de dizer que não tenho problema nenhum", conta Sara, de 43 anos, empenhada em desestigmatizar o “mercado da solteirice”, também na televisão. Com passagem pelo O Lado Negro da Força, onde, amanhã, assume o lugar de convidada.
Os primeiros comentários chegaram na informalidade de convívios familiares. Depois começaram a reproduzir-se na solenidade de eventos profissionais. Com o avançar do tempo, também se colaram à impulsividade de observações de desconhecidos.
Ao longo dos anos, o estado civil de Sara Sarowsky tem suscitado todo o tipo de incompreensões. “Há quem diga que sou lésbica, quem aposte que tenho uma relação clandestina, quem acredite que sou uma promíscua que dorme com os chefes, enfim… tudo porque não conseguem perceber porque é que continuo solteira”.
Além do coro de maldizer, avolumado pela pressão de tradições familiares africanas, a cabo-verdiana conta que também se tornou comum ouvir palavras de comiseração, a partir do interrogatório da praxe. “Nem és muito feia, nem és muito má, até tens educação, até sabes falar bem”, são frases que preenchem o vazio de quem não se coíbe de perguntar: “Onde está o teu acompanhante? Porque é que vens sempre sozinha? Não tens namorado?”.
Entre a cobrança e a desconfiança, Sara – que adoptou o apelido Sarowsky como assinatura pública – transformou o falatório sobre o seu estado civil de num repositório de afirmação positiva: o blogue “Ainda Solteira!”.
“É o meu grito, a minha maneira de dizer que não tenho problema nenhum. Precisava de expor o meu ponto de vista”.
O momento chegou há cinco anos, diante da proximidade dos 40, e numa fase de transição profissional.
A voz da experiência
Na altura, recém-saída de um trabalho como gestora de redes sociais e comunidades de uma figura da televisão, e com uma experiência anterior de cinco anos na mesma área, acumulada na Embaixada de Cabo Verde em Lisboa, Sara decidiu investir o conhecimento adquirido num blogue pessoal.
Licenciada em Comunicação Empresarial e mestre em Marketing Estratégico, a escolha da temática de especialização foi tudo menos irreflectida.
“Fiz pesquisa de mercado, para saber o que estava a dar. Havia os blogues de culinária, mas não gosto, e sabia que precisava de algo que pudesse fazer com paixão. Depois havia as viagens, mas nunca viajei muito, nem tinha dinheiro para isso. Tinha também a fotografia, mas apesar de ter um curso e máquina profissional, senti que para ter boas imagens faltava-me viajar. Havia ainda os filhos, que não tinha nem tenho, e a moda, que adoro, mas, pessoalmente, e sem querer ferir susceptibilidades nem desmerecer o trabalho de ninguém, acho que um blogue de moda não contribui em nada para um mundo melhor, não deixa um legado”.
Sem uma porta óbvia de entrada na blogosfera, a opção recaiu sobre o tema que mais dá que falar na sua vida: a solteirice.
“Pensei: tenho de escolher uma coisa na qual me sinta à vontade e na qual seja boa. Como sou boa a ser solteira, e sou solteira toda a minha vida, decidi agarrar nesse nicho, abracei a causa com a minha experiência pessoal”.
Mudar de estado civil? Só para melhor
Autora de crónicas, contos e confissões, Sara Sarowsky apresenta-se, no cartão-de-visita do blogue, como “uma solteira gira e bem resolvida que ainda não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar”. Será “caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!”, assinala a blogger, fazendo ecoar, com esta pergunta-resposta, as surpresas e incertezas da vida.
“Claro que já namorei, claro que já tive os meus namorados, mas chegou a um ponto em que senti que não eram as pessoas certas, por isso as relações acabaram. Percebi que preciso de mais do que apenas estar com alguém só porque sim, e no dia em que esse mais acontecer eu serei a primeira a abrir mão da minha solteirice”, adianta a cabo-verdiana, firme na defesa das suas escolhas. “Uma relação tem de me deixar melhor do que estou agora. Para ficar pior, continuo solteira”.
Aos 43 anos, e com uma longa lista de cobranças familiares e culturais – “Olha que a idade está a passar…”, tornou-se um aviso-chavão –, Sara sabe que não tem de provar nada a ninguém. Mas lembra-se que nem sempre foi assim. “Passei por períodos de muita angústia, amargura, sentimento de diminuição”, conta, salientando a diferença que uma voz de suporte pode fazer num dia-a-dia sobrecarregado de múltiplas pressões.
“Quando todos nos tratam como se tivéssemos um defeito, começamos a acreditar nisso. Acredito que a minha experiência não teria sido tão difícil se alguém me tivesse dito, lá atrás, que não havia nada de errado comigo por ser solteira”.
Desestigmatizar a solteirice
A consciência do poder da identificação e da importância de desestigmatizar a vida celibatária tornou-se evidente a partir da criação do “Ainda Solteira!”, premiado nos Blogzillas do Ano (ex-Sapos do Ano) como o melhor blogue de 2020 na categoria Sexo e Diário Íntimo.
A distinção renova-se desde 2018 – nessa época incluída no segmento Sexualidade – e resulta da indicação e votação dos internautas, fiéis na sua preferência.
“Comecei logo a receber reacções muito positivas, e apesar de não ser uma blogger com milhões de seguidores, sei que tenho um impacto muito grande na vida de algumas pessoas. Podem ser apenas 10, mas são 10 que me mandam mensagens, que desabafam comigo, com quem vou criando laços”.
A proximidade – que com algumas solteiras já saltou do mundo virtual para o mundo real –, tem permitido amadurecer reflexões e explorar novos caminhos profissionais.
“Apercebi-me que existe muita procura de amor. Toda a gente quer amor. Por isso é que o mercado da solteirice vale milhões”, realça Sara, dona de uma audiência esmagadoramente feminina.
“Cerca de 60% das minhas leitoras estão entre os 35 e os 44 anos, são profissionalmente activas, e, pela forma como se expressam, têm formação”, descreve a blogger, acrescentando que outro dos aspectos que têm em comum é uma auto-confiança adormecida.
“Elas sabem que não há nada de errado com elas, apesar de a sociedade continuar a dizer o contrário o tempo todo. Então, o que sinto é que apenas precisam de reconhecer o que já têm dentro delas, precisam de alguém que confirme isso, que não as olhe de lado”.
Mais do que oferecer um espaço de acolhimento, aceitação e de identificação, necessário para restaurar amores-próprios feridos e até perdidos, Sara quer ser – sempre que alguém manifeste essa vontade – um elo de ligação para novos amores.
Dar largas à veia empreendedora
Afinal, conforme demonstra a sua própria experiência, o facto de estar bem sozinha não significa que não possa ficar ainda mais bem acompanhada.
Nesse sentido, em parceria com Isabel Soares dos Santos, especialista na área do coaching espiritual e da organização de casamentos, decidiu aventurar-se na criação de um serviço de matching, baptizado “Love for You”.
A oferta, recém-lançada, é apresentada por Sara no seu “Ainda Solteira!” como uma oficialização da condição de “cupido amadora”.
Através da promoção de encontros virtuais, a blogger promete dar expressão empresarial ao que já faz pontualmente: “Tentar arranjar um par para os solteiros que partilham a sua vontade em viver uma estória de amor”.
A missão dá os primeiros passos no Instagram, e debuta Sara nos desafios do empreendedorismo, igualmente apontados para a produção de um programa televisivo.
“Já apresentei o formato a dois canais, com o nome provisório de ‘SOS Solteiro! Ainda há esperança”, revela a blogger, explicando que o título não deve ser lido em tom de desespero.
O ‘ainda’ faz a ligação para o blogue, e a 'esperança' prende-se com o desejo de encontrar alguém especial para partilhar os dias, combinado com o compromisso de seremos capazes de viver felizes connosco.
O propósito surge, na história de Sara, indissociável das raízes. “Vim para Portugal com quase 20 anos, para tirar a licenciatura, regressei a Cabo Verde depois, mas acabei por voltar para fazer o mestrado”, conta, acrescentando que, apesar de ter nacionalidade lusa, e de estar no país há mais de uma década, a casa continua a ser africana.
“Em Cabo Verde eu estou a 100%, eu respiro a minha essência, eu ouço a minha língua em tudo quanto é sítio, tenho sempre o mar que eu amo, tenho os meus amigos de toda uma vida, a minha família, a minha comida, as minhas coisinhas…por isso preciso sempre de lá voltar para me reconectar com isso tudo”.
Ainda que o arquipélago de origem tenha deixado de ser a sua única casa, e mesmo reconhecendo que a emigração traz novas oportunidades, a blogger nota que, é em solo cabo-verdiano que encontra. “O meu cordão umbilical está lá, ou o "pé fincado na tchon", como nós dizemos em crioulo”.
Por agora em Portugal, mas com planos de se mudar para França, onde vivem cinco dos seis irmãos, Sara também exibe, no passaporte de concretizações, aspirações literárias.
Além de ter em mãos um projecto para publicação de um livro sobre a tradição oral cabo-verdiana, a blogger marca presença na antologia “Mulheres e seus destinos”, que reúne testemunhos lusófonos sobre a condição feminina. Nessas páginas, apresentadas em Novembro passado no Centro Cultural Cabo Verde, em Lisboa, Sara publicou o seu retrato de mulher ideal: “Realizada, amada, empoderada, feliz, estimada”. À prova de qualquer estado civil.
Não te esqueças que temos encontro marcado hoje, a partir das 21h30, nesta página.
Aquele abraço amigo!
Viva! ✌️
É sabido que domingo é o meu day off, dia de jejum, dia de detox eletrónico, dia em que me desconecto do mundo para dedicar-me exclusivamente à minha pessoa. Hoje, porém, abro uma exceção para te avisar que estarei esta tarde, a partir das 16:30 de Lisboa (15:30 em Cabo Verde), no programa Olhar Feminino da Radio Brockton Fm, a voz da comunidade radicada naquela cidade do estado de Massachussetts, Estados Unidos da América.
Será a minha estreia em terras do Tio Sam, a qual alberga a maior comunidade morabeza do mundo. A gravação decorreu ontem ao final do dia, e, ao que tudo indica, esteve à altura do desafio. Convido-te, pois, a assistir ao programa, através da página do Facebook daquele canal, e depois a comentar sobre a minha prestação. Antes de te manifestares, lembro-te que amanhã é o meu dia de anos, logo que mereço uma prenda amiga. Capice?
Aquele abrraço amigo e até já!
Viva!
Contigo partilho hoje a minha entrevista ao maior portal de notícias do meu amado país natal, o Sapo Cabo Verde. Assinada pela C. Morais, a peça saiu hoje na rubrica Dinheiro e Carreira da SAPO Lifestyle. Podes aceder através do link ou ler aqui mesmo.
Define-se como "mulher de personalidade independente, desenrascada, bem-disposta, curiosa e muito crítica em relação a determinados status quo que, a seu ver, cumprem o doloroso dever de manter as pessoas espartilhadas num código de conduta (moral, social e religioso), para a qual sequer foram convidadas a opinar". Em entrevista ao SAPO, Sara Sarowsky, a autora do blog Ainda Solteira, conta como surgiu o projeto que se revelou ser o 'grande amor da sua vida'.
É natural da cidade da Praia, mas há muitos anos que Sara reside no estrangeiro, atualmente em Portugal. É autora de um blog com um título no mínimo provocador – Ainda Solteira – e este ano é novamente uma das finalistas dos Sapos do Ano, iniciativa que visa distinguir os melhores blogs anónimos portugueses e cujo vencedor é anunciado a 17 de dezembro.
O 'grande amor da sua vida' surgiu em 2015. Sara tinha 36 anos, trabalhava em comunicação enquanto gestora dos blogs de uma apresentadora de televisão em Portugal e consequentemente "passou a inteirar-se do âmbito técnico, administrativo e comercial da blogosfera". Da troca de ideias com jornalistas e gestores de conteúdos, colegas de profissão, e de uma pesquisa sobre os temas com maior saída na altura, decidiu criar o blog, que inicialmente batizou de 'À beira dos 40 e ainda solteira. So what?!', mas que acabou por ficar apenas Ainda Solteira.
Recorda que na altura "já não suportava levar com os comentários alheios sobre a sua condição amorosa. Com maior ou menor pitada de malícia, ouvi de tudo: porque não tinha namorado, porque não tinha filhos, porque as amigas e colegas já estavam todas casadas e paridas e eu não, porque o prazo de validade para engravidar estava a expirar, porque uma mulher sem homem é como um carro sem motor, porque tinha uma relação clandestina, porque não gostava de homens, porque tinha mau feitio, porque tinha a mania, porque isto, porque aquilo, porque aqueloutro. Levava com essas bocas da família, dos amigos, dos colegas, dos conhecidos, dos desconhecidos, dos indiscretos, dos condescendentes, dos genuinamente preocupados, dos ressabiados, dos invejosos, dos piedosos, dos moralistas, dos amorais, de todos, o tempo todo".
Consciente de que o tema era bastante específico deitou as mãos a obra e dedicou-se à pesquisa, sondou "profissionais da área, analisou tendências e estudou casos de sucesso" e seguiu em frente sempre com o objetivo de "criar um blog diferente (...) que respeitasse o lema da faculdade onde estudou: 'Se formos apenas mais um, seremos um a mais!'.
Escolheu um tópico onde se sentia à vontade. "Ao estatuto de solteira de longa duração, aliava-se uma vocação inata para a coisa, se assim posso dizer. Eu gosto de ser leve, livre e solta, como se diz por aí. (...) O celibato ensinou-me a sentir-me amada sem precisar de um homem do lado, a alocar os meus recursos em exclusivo à minha pessoa e a ter maior consciência que ter um parceiro não é garantia de felicidade. Basta ver a quantidade de amigas, colegas e conhecidas que são miseravelmente infelizes mesmo estando emparelhadas. Sem falar naquelas que casaram, descasaram e agora são mais amargas que azedinha".
Ainda assim salienta que é totalmente a favor do amor, "o mais sublime de todos os sentimentos" que "só faz sentido se for para nos deixar mais felizes do que já somos". Daí que salienta: “Até agora não encontrei quem consiga fazer-me mais feliz do que já sou estando solteira".
O estilo peculiar da sua pena virtual deve-se também ao facto de sempre ter sido uma leitora voraz e ter especial aptidão para contar histórias, alega.
"Durante a minha infância – passada no Cabo Verde recém-independente, sem internet e com acesso limitado à televisão, a leitura era tudo o que me restava para ocupar o tempo livre. Lia o que me aparecia pela frente: banda desenhada, romances (moda entre as adolescentes), obras de aventura e mistério, contos eróticos (que chamávamos de capricho), jornais, manuais escolares, livros didáticos e por aí fora. Quando a nada mais conseguia deitar a vista valia-me a Bíblia, logo eu que sou agnóstica até à medula".
Explica que pelo facto de o blog ter um público bastante específico, a comunidade celibatária, a sua audiência é "modesta, contudo, fiel".
Geralmente publica três vezes por semana e raramente faz posts aos fins-de-semana. "Como estou longe de pertencer à turma dos "agarrado ao telemóvel", o estar desconectada nesses dois dias é uma solução para desacelerar a dinâmica alucinada que rege o exercício da profissão de gestor de redes sociais”.
Apesar de já ter recebido propostas, a blogger optou por não ter publicidade no Ainda Solteira, nem fazer promoção de produtos e serviços. Sara explica que tem um cuidado obsessivo em não associar o blog "a alguma marca, serviço ou produto do qual possa vir a sentir embaraço no futuro. Sem falar que receio perigar a minha credibilidade, como já aconteceu com vários bloggers e influencers".
Mas deixa claro que não exclui a hipótese de tirar proveito financeiro com o blog que considera ser "uma causa, um projeto de vida, um casamento para a eternidade", e não apenas um passatempo. "No dia em que me fizerem uma proposta com a qual me identifique e com a qual os meus seguidores também se possam identificar, terei o maior gosto em aceitar. Até lá, prefiro manter os meus valores intactos, ainda que isso implique bolsos rasos".
Mostra-se extremamente realizada com o feedback que tem recebido até então por parte dos utilizadores e diz, inclusive, que são estes que a motivam a continuar com o blog.
"Não mais do que uma vez ponderei a hipótese de desistir do blog e se não o fiz foi por causa da excelente relação que tenho com aqueles que leem os meus conteúdos. Deles só tenho recebido elogios, cada um mais inspirador que outro. Pessoas, sobretudo mulheres, que me confidenciam como as ajudo a encarar a solteirice com outros olhos. Que ao lerem o que escrevo se sentem mais confiantes, mais firmes na sua decisão de se manterem solteiras a estar numa relação medíocre, abusiva ou estéril".
"Saber que fazemos diferença – para melhor, claro – na vida de alguém é algo indescritível, que me impele a ser mais e melhor blogger, em primeira instância, e mais e melhor pessoa, por consequência", enfatiza.
Quanto aos planos futuros para o Ainda Solteira, a autora diz que gostaria de elevar ainda mais a qualidade do blog "não só para legitimar as distinções (já) conquistadas, mas essencialmente para alcançar muitas mais".
"A minha intenção é, e será sempre, ser reconhecida (ainda que por meia dúzia de pessoas) como uma autora criativa, divertida, verdadeira e com uma escrita pautada por uma sensibilidade capaz de tocar, de forma despretensiosa e aconchegante, o coração, a mente e a alma dos seus leitores. É isso que me move, motiva, orgulha e realiza".
A possibilidade de um dia regressar a Cabo Verde existe, mas Sara salienta que antes disso teria de realizar uns quantos projetos."Gostemos ou não de admitir, Cabo Verde ainda é muito limitativo em determinadas áreas. E aquela na qual quero realizar-me é uma delas. Outra razão que me prende cá tem a ver com o facto de todos os meus irmãos residirem na Europa. Estando em Portugal, é-me mais fácil, rápido, cómodo e barato estar junto deles".
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