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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!

17
Jan22

O voto negro (também) conta

por Sara Sarowsky

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Ora viva! 👊🏽

Vêm aí as eleições legislativas e, num momento tão crucial das nossas vidas, todo e qualquer voto conta, inclusive o voto da comunidade negra, a quem quero dirigir esta crónica, na esperança de que se consciencialize do seu poder de decisão nas urnas, logo nos destinos do país.

Muitas vezes, a abstenção prende-se com falta de conhecimento do verdadeiro poder de uma simples cruz num boletim de voto. Por experiência própria, estou em condições de afirmar que a indiferença e o "alienismo" cívico prende-se essencialmente com ausência de cultura política, inexistência de influência no meio envolvente e falta de consciência do nosso valor enquanto cidadão.

Porque o mundo está a pender para alas perigosas da política, com o extremismo da direita a galopar com vigor em direção ao poder, é com todo o gosto que não só apoio como junto-me ao movimento Voto Negro, do qual quero dar-te conhecimento neste post. E ninguém melhor do que os próprios mentores desta iniciativa para explicar a essência e a intenção de tal ação.

Voto Negro é uma campanha de mobilização do voto que pretende combater a abstenção e a exclusão social e política dos afrodescendentes em Portugal. Com o objetivo de aproximar a política de todos os cidadãos e relembrar que o voto é também um mecanismo de transformação social, o Voto Negro surge como um espaço de informação, onde será possível consultar as propostas de todos os partidos candidatos às eleições legislativas de 2022, no âmbito da discriminação e igualdade étnico-racial.

A equipa do Voto Negro pretende ainda contextualizar a situação dos direitos e integração dos afrodescendentes em Portugal, recorrendo a estudos e pareceres nacionais e internacionais. Acreditamos que a sub-representação e marginalização destes nos processos de decisão política pode ser combatida através do acesso à nacionalidade portuguesa. Assim, o Voto Negro pretende também informar, de forma clara e objetiva, quem está em condições de requerer a nacionalidade portuguesa, nomeadamente os novos perfis previstos na lei (após as últimas alterações de 2020) referentes a filhos de estrangeiros.

O Voto Negro é uma campanha apartidária que pretende contribuir para um voto informado e refletido, independentemente de preferências ideológicas. Nesse sentido, todos os programas eleitorais serão apresentados, tendo em conta as propostas que envolvam questões étnico-raciais.

Para alcançar o maior número possível de eleitores informados nas próximas eleições legislativas de 30 de janeiro de 2022, pedimos o vosso apoio e divulgação das páginas Voto Negro no Instagram e Facebook, onde iremos publicar todos os conteúdos.

Meu bem, daqui a menos de duas semanas somos de novo chamados a exercer o nosso direito e dever cívico de votar numas eleições (antecipadas) despoletas por uma crise política que a todos diz respeito e à vida de todos os residentes em Portugal toca. E porque é importante escolhermos quem nos irá representar, apoiemos a campanha "Voto Negro 2022". Esta é uma oportunidade para nós negros mostrarmos a nossa força no combate à abstenção e à ascensão da extrema direita, que se apresenta como uma ameaça à nossa democracia.

Para além de apoiar esta iniciativa, lanço um apelo público a todos os negros elegíveis para exercerem o seu poder de voto: não fiquem em casa, e motivem os vossos amigos e vizinhos a votar. Unidos fazemos a diferença!

Aquele abraço amigo!

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28
Abr21

Teu voto, tua voz

por Sara Sarowsky

black-and-white-4594504_1920.jpgViva! ✌️ 

Hoje quero partilhar contigo a minha terceira crónica para o portal Balai Cabo Verde, publicado esta terça-feira e que versa sobre a importância do voto. Boa leitura.

Agora que a azáfama da campanha eleitoral é memória recente, estou em condições de pronunciar-me sobre o voto, na verdade sobre a ausência dele nestas últimas legislativas. Antes de desenvolver o assunto, sinto-me no dever de escrever, com todas as letras, que não sou do partido A, menos ainda do B, quanto mais do C. O meu partido é CV, sempre foi e sempre será. Talvez por isso tenha demorado tanto para despertar a minha consciência política.

No passado dia 18 de abril, o povo cabo-verdiano foi chamado às urnas, com vista à escolha dos órgãos legislativos. A taxa de abstenção, de 42,5%, e as conversas "captadas", aqui, ali e acolá, despoletaram em mim uma palpitante inquietação. Logo eu que sempre fiz questão de zelar por uma postura alienada, não obstante o meu fascínio pela ciência política, disciplina na qual destaquei-me como uma das melhores alunas do Liceu Domingos Ramos, com muito mérito do professor Domingos Júnior, a quem aproveito para prestar uma mais do que merecida homenagem.

A bem da verdade nunca exerci o direito ao voto na terra que me viu nascer. O ter ido estudar para fora, em ano não eleitoral, e as incoincidências entre as estadias e a agenda eleitoral justificam, em parte, esta realidade. Fiz questão de referir em parte porque a outra razão – aquela que realmente pesa – prende-se com uma arrogante indiferença para com o sistema político, o qual sempre acreditei cumprir o único propósito de conferir poder a uma elite cujo interesse em zelar pelo bem-estar da nação é mais privado do que público. E nem o facto de ter colaborado durante vários anos com a nossa missão diplomática em Portugal abalou essa convicção, tanto que sequer dei-me ao trabalho de recensear, ainda que tenha sido alertada vezes e vezes para o fazer.

O ter sido apanhada - ainda que de forma involuntária - no vórtice das eleições (aterrei no aeroporto internacional Nelson Mandela 10 dias antes da ida às urnas) mudou de forma indelével a minha perceção das coisas. E a tomada de consciência do meu papel, fundamental, nos destinos do meu país instigou-me a escrever esta crónica, na firme expectativa de que através dela os leitores, sobretudo os do sexo feminino, possam aperceber-se do real poder do voto na sua vida e na vida dos seus.

O que despoletou o clique? Ter vivenciado a campanha eleitoral in loco, a par da maturidade cívica e da consciência política de que eu faço a diferença, de que enquanto eleitor tenho voz. Assim, o meu voto é a minha voz, o meio (legal) de que disponho para dizer sim ou não, para querer ou rejeitar, para validar ou censurar, para aplaudir ou vaiar, para aceitar ou repudiar. Estar ciente de que tenho o poder de escolher o rumo que quero para o meu amado Cabo Verde torna ainda mais gritante essa tal indiferença nos meus quase 25 anos de cidadania ativa. Constatar que outras mulheres possam estar envoltas nessa mesma "neblina" política tem um sabor particularmente amargo no meu propósito de "desencardidora" de mentes.

A participação ativa, e efetiva, na vida política, mais do que um direito é um dever, de todos e de cada um. A não comparência às urnas representa um atentado à democracia, uma conquista árdua e sofrida, como bem sabemos. O cidadão que opta por abrir mão do voto, como foi o meu caso durante anos a fio, é acima de tudo um irresponsável, que delega aos outros a missão de conduzir a sua própria cidadania. O que ele esquece, ou talvez não saiba, é que aquilo que com tanta leveza despreza com demasiado esforço foi conquistado por quem se importou. Que aquilo que tanta indiferença lhe causa é o sonho de milhões que tiveram o azar de nascer sob regimes políticos opressores, nos quais não têm voz nem vez. Que aquilo que lhe maça - abrir mão de apenas uma hora entre as 43 800 que perfazem cinco anos – é um privilégio pelo qual tantas personalidades deram sangue, suor, lágrimas e até a própria vida. 

Termino com um sentido apelo ao género feminino para que assuma de uma vez por todas o seu papel na vida política e faça bom uso do seu direito ao voto, já que esse é o meio por excelência de exercer a sua cidadania, a sua liberdade, a sua equidade, no fundo, o seu empoderamento. Não fazê-lo é deixar por conta de outrem o destino da sua vida, da vida dos seus filhos, da vida do seu país. Mulher cabo-verdiana, o teu voto é a tua voz, portanto, faz-te ouvir, em alto e bom som!

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25
Nov15

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Digam o que disserem sobre o XXI Governo Constitucional de Portugal: que o António Costa é um usurpador, que quem ganha nas urnas deve (e merece por mérito próprio) governar, que se o povo quisesse um governo de esquerda teria votado num, enfim... Todos argumentos legítimos, logo perfeitamente aceitáveis, mas que em nada acrescentam à realidade política nacional.

 

Intrigas da oposição à parte, o facto é que o Costa (ai Costinha) ainda nem tomou posse e já introduziu duas mudanças que a direita jamais soube (ou devo dizer, quis) efetuar: a primeira prende-se com a nomeação (inédita e inesperada) de uma negra - como deves compreender esta é uma questão que me toca particularmente - para um cargo ministerial. Refiro-me a Francisca Van Dunem, nascida em Angola há 60 anos, e que até aqui desempenhava funções de procuradora-geral distrital de Lisboa. A segunda atende pelo nome de Sofia Antunes, a nova secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, que ficará para sempre na história como a primeira secretária de Estado cega ou invisual (como preferirem). Antes de chegar ao Governo, Sofia Antunes, de 34 anos, presidia à Associação dos Cegos e Amblíopes e era provedora do cliente na Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL).

 

Não sei se por ter o pé numa antiga colónia, não sei se por não ser caucasiano puro, não sei se por ter sido discípulo de Sócrates, não sei se por ser mais sensível às minorias, não sei se pela natureza do acordo político que permitiu a formação deste governo, a verdade é que o recém-indigitado premier já está a promover bons e auspiciosos ventos da mudança.

 

E esta mulher aqui, apartidária, mas com um fraco pela esquerda, deseja toda a sorte e felicidade ao novo executivo que tomará posse amanhã, dia 26 de novembro de 2015.

 

Agora diz-me companheira se há ou não motivo para aguardarmos esperançosos pelo desenrolar dos próximos acontecimentos? Independentemente da tua crença política ou da tua cor partidária, uma coisa tens que reconhecer: dificilmente levaremos com mais do mesmo. Bah oui!

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Hoje é dia de legeslativas na Tugaland, um bom mote para este post, mais não seja para animar este domingo insosso, cinza e pluvioso, com alertas multicolores para vários distritos do país.

 

Voltando às eleições, que o propósito desta publicação é dissecar este tema e não a meteorologia, importa referir que a je aqui não vota, aliás jamais resenseou-se, nem no seu país de origem e nem neste do qual se apropriou há já alguns anos. Sim, sou emigrante e como cidadã residente, e não nacional, não estou autorizada a dar palpites sobre a gorvernação interna. O que até é compreensível. Mas, ao menos posso opiniar, que é este é um direito do Estado democrático, independentemente do meu estatudo jurídico.

 

Nunca votei e não me vejo a mudar de posição, simplesmente porque sou contra a logística da coisa. Afinal, o povo - aquele que tem o poder nas mãos - confere esse mesmo poder a certas pessoas, que lhes prometem mundos e fundos e depois nunca mais lhes põem a vista em cima, a não ser através da televisão, da internet e de eventos nos quais ficam (quase) sempre bem na fotografia.

 

Dias, semanas, até mesitos, antes de precisarem novamente do bendito povo (e do seu poder, claro está!), os mesmo fulanos, e mais uns tantos recém-chegados à arena política, logo ávidos por protagonismo, voltam a dar o ar da sua graça, tratando-nos como BFF (vulgo best friend forever). São beijos para aqui, abraços para acolá, apertos de mão pelo meio, palmadinhas nas costas por detrás, sorrisos a torto e a direito (que esses não pagam impostos. Pelo menos por enquanto). E mais promessas, obviamente, que essas assumem o papel principal durante a disputa, mas misteriosamente saem de cena quando a conquista se efetiva.

 

É esse sistema e a forma como ele beneficia umas centenas de indivíduos, em detrimento de outros tantos milhões, que faz com que opte por manter-me longe destas cenas de politiquice, não obstante reconhecer na minha pessoa um talento inato, logo inegável, para a coisa. Apesar dessa constatação, não é de todo minha intenção dar corda a essa tendência, na medida em que sou consciente de que jamais poderia ser bem sucedida nesta matéria. Digo o que penso e penso o que digo e essa postura, o meu fado (para o bem e para o mal), que já um pesadelo social, tornar se ia, sem dúvida, um suicídio político, e quiçá até físico.

 

Cá estou eu novamente a dispersar-me, não que seja de todo reprovável, já que é uma caraterística associada a mentes criativas, espíritos indagadores e almas generosas, mas que faz com que perca o fio à meada. E a meada são as eleições deste domingo, 4 de outubro.

 

Nunca assumi nenhuma cor partidária, tão pouco afiliação, mas confesso que identifico-me mais com a filosofia da esquerda. E quando digo esquerda, refiro-me essencialmente ao PS e ao Bloco de Esquerda, este último uma inesperada e inspiradora revelação na pessoa da Catarina Martins, uma mulher do tipo comum, mas com uns olhos de luxo, uma visão clarividente, uma língua proativa e um competente jogo de cintura. Admiro-a, não tenho como negar, e espero vê-la, em breve, no elenco governamental.

 

Quanto ao outro candidato da esquerda, o Costa (que não é do Castelo, mas que, por algum tempo, foi o seu soberano), digo que gosto do homem. Na verdade sempre gostei. Encontrei-me com ele algumas vezes, em contexto profissional, e o senhor despertou-me uma simpatia inusual. Talvez por ter sido tão generoso para com o meu país e a gente da minha terra. Talvez por não ser 100% caucasiano. Talvez por ter aquele ar bonacheirão e astuto. Talvez por ser socialista...

 

Ainda assim, não estou plenamente convencida de que ele será "aquele" chefe de Governo de que o país anda tão necessitado. Durante os últimos meses, o candidatado atolou-se diversas vezes, noutras até se estatelou ao comprido. Ainda não degeri por completo a sua postura para com o Seguro (alguém ainda se lembra deste persona?) e muito menos as promessas, no mínimo fantasiosas, que andou por aí a apregiar, à vontade do freguês. Mas mal por mal fico com ele, que os outros (P e P) não estão com nada.

 

O facto é que, se me fosse permitido palpitar, prefiro que ganhe o PS, sem maioria absoluta, de modo a ver-se obrigado a coligar-se com o Bloco. Só assim teríamos oportunidade de apreciar de camarote um indivídio do sexo feminino a assumir o papel (semi) principal nos destinos do país.

 

Entre o que esteve no poder nos últimos anos (não há isenção ou sutileza que disfarce que me refiro ao PSD e ao CDS) e o que pode vir a estar, fico com a última opção, uma vez que o primeiro já deu provas mais do que dadas do que dele podemos (e devemos) esperar. Pelo menos, um novo elenco terá a possibilidade de surpreender (pela positiva ou pela negativa, a essa altura do campeonato tanto se me dá), enquanto que a coligação, que batalhou incansavelmente por um segundo mandato, há muito perdeu essa habilidade.

 

O que me conforta o espírito é que, como não tomei parte na decisão, não me poderei queixar de ter dado o meu voto a quem não o soube honrar, e muito menos exigir que cumpra a(s) promessa(s) que me foram feitas quando de mim precisaram. Assim sendo, deixo-me estar por casa, no recesso do meu lar, a acompanhar o desenrolar dos acontecimentos através dos media e torcer para que a vontade do povo se faça.

 

Para aqueles que (ainda) vão às urnas, façam-no em consciência! Para aqueles, que como eu, vão ficar apenas na torcida, que vença o que reunir a nossa simpatia!

 

Bom domingo para todos nós (votantes ou apenas expetantes).

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