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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!

hooded-man-2580085_1920.jpgViva!

"A humanidade tal como a conhecemos vai extinguir-se muito em breve", profetizou José Rodrigues dos Santos, em novembro passado, aquando do lançamento do seu último romance, Imortal. Míseros quatro meses volvidos, é consensual que a imortalidade por enquanto não passa de mera ficção sem qualquer correlação com a realidade. Que o diga o Covid-19, o coronavírus que tem aterrorizado, por toda a parte, nações, governos e pessoas.

"A vida tal como a conhecemos deixou de existir", profetiza agora Sara Sarowsky, aquando da escrita desta crónica. O que poderia ser o trailer de um filme do SyFy sobre um vírus mortal que dizima a população mundial num longínquo 2100, hoje é a descrição da atualidade mundial, à qual Portugal não é alheia. Esta é a primeira grande ilação a tirar desta crise que começou por ser sanitária, mas que já contaminou a economia, a educação, o desporto, o lazer e o entretenimento, ou seja, a sociedade no seu todo.

Por mais que assim o queiramos, abrir mão de falar, ler, escrever, pensar, imaginar e temer o coronavírus deixou de ser opção para a maioria dos habitantes do planeta azul. Quem de nós pensou viver para presenciar o dia em que o mundo (literalmente) iria parar? Sim, a ficção virou realidade; o que até há poucas semanas só vivia no nosso imaginário agora é parte do nosso dia a dia! Uma parte desconhecida que vamos ter que aprender a lidar, mais não seja por falta de alternativa.

"As pessoas não querem acreditar que um vírus que surgiu num qualquer lugar da China possa realmente afetar as suas vidas, ou mesmo representar uma ameaça real para elas ou para os seus entes queridos", afirmou Florian Reifschneider, o promotor StayTheF*ckHome, um movimento que visa consciencializar as pessoas a cumprirem as medidas de contenção impostas. Com maior ou menor probabilidade de infeção, ninguém parece estar a salvo desta pandemia, cujo alcance e impacto assumem, em questão de horas, proporções inimagináveis, logo imprevisíveis.

Por muito que se tenha previsto, imaginado ou planeado, estar preparado para um cenário destes, com plena consciência do seu real impacto, seria de todo impossível. É, portanto, bem provável que estejamos perante o motivo por detrás deste fascínio insano pela doença. A população mundial neste momento vive (literalmente) em função do coronavírus: não fala de outra coisa, não pensa em outra coisa, não lê sobre outra coisa, não ouve sobre outra coisa, não teme outra coisa. Nos media, no trabalho, na escola, no restaurante, no café, nos transportes, na rua, na internet, em toda a parte, o tempo todo. E o que não ouve, constata com os seus próprios olhos: ruas desertas, estabelecimentos fechados, fronteiras encerradas, prateleiras vazias nos supermercados, rutura de stock de vários artigos, restaurantes às moscas, eventos cancelados, atividades suspensas, estados de espíritos alertas, corações inquietos, mentes alarmadas… Pessoas de semblante compenetrado, preocupadas consigo e com os seus.

O botão (mental) do medo esse é ativado à primeira tossidela, ao menor contacto físico, ao mais pequeno sintoma de mal-estar, à ínfima suspeita de que alguém com quem se privou possa estar infetado. Até eu, que me orgulho de ser anti sentimento coletivo, tenho feito um esforço acrescido para não deixar-me levar por esta onda de comoção geral. Não sou pessoa de temer doenças, e esta não é exceção. Além de distanciar do chamado grupo de risco, sou a feliz proprietária de um sistema imunitário à prova de qualquer enfermidade viral. Se a isso acrescentar o facto de ser negra, nascida e criada em terra africana, o continente menos atingido até então, nenhum motivo plausível tenho eu para panicar.

Temo sim é tudo o resto à volta desta crise de saúde pública: entes queridos afetados, escassez de bens essenciais, distanciamento social, reclusão imposta e limitação de movimentos. Temo acima de tudo o desespero, a histeria e o pânico alheio, os quais por mais que se tente permanecer imune acabam por contaminar até à mais serena e otimista das criaturas, como é o meu caso.

"Vamos manter a esperança e o ânimo porque a tempestade há de passar, com a ajuda de todos nós, no país e no mundo!", proferiu no outro dia o pivot Rodrigo Guedes de Carvalho, numa mensagem que se tornou viral em questão de horas. Subscrevo esta declaração, ousando acrescentar que de pouco ou nada adianta estarmos a sofrer por antecipação. Façamos a parte que nos cabe, respeitemos o plano de contingência e confiemos que daqui a nada esta será apenas (mais) uma página negra na história da humanidade. Por agora está tudo nas mãos do sistema imunitário de casa um. E de Deus, para aqueles que acreditam!

Bom fim de semana e fica longe do Covid-19, que esse não está para brincadeiras. Um abraço amigo!

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