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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!

08
Jan16

 

Após uma troca de mensagens com uma ex-colega de trabalho - e já agora amiga para a vida - a propósito das estrias, pergunto-me se algum dia serei capaz de as assumir com desenvoltura, quiçá ostentá-las, não digo com orgulho, mas pelo menos sem complexo. Afinal elas, estas malditas marcas na pele, lembram-me a todo o instante que sem elas teria o corpo dos meus sonhos. Mesmo!

 

Lembro-me perfeitamente da nossa primeira vez. Foi num belo dia de março, quatro meses depois de chegado a Portugal para fazer a licenciatura. O tempo já me permitia destapar-me o suficiente para ver o meu corpo ao espelho (recém-chegada da África o inverno lisboeta afigurava se me como o antónimo do inferno apocalíptico) e qual não foi o meu espanto quando reparo numas marcas meio avermelhadas meio acastanhadas na parte interna das coxas, das pernas e das nádegas. Após uma análise mais meticulosa, dou-me conta que o mal tinha-se alastrado pelos gémeos, com alguns salpicos pelos seios, abdómen e ancas.

 

Sem fazer a menor ideia do que seria aquilo - em 20 anos de vida jamais tinha conhecido ou ouvido falar de alguém que sofresse de tamanho infortúnio - o primeiro pensamento que me ocorreu foi cancro da pele (instantes de absoluto pânico). Superada a fase hipocondríaca, parti para um segundo diagnóstico: uma reação alérgica qualquer. Quanta ignorância, quanta ingenuidade, quanto otimismo!

 

Escusado será dizer que passei as horas seguintes a tentar chegar a um veridicto sobre que doença seria aquela. Estávamos em 1998, como devem imaginar nada de google, nem ligação à net fora do perímetro académico. Ao final do dia quando a minha colega de quarto (sim, naqueles tempos de caloira cheguei a dividir quarto), alguns anos mais velha, já formada e empregada, mostro-lhe as marcas - com aquela cara de doente nos cuidados paliativos - e ela diz-me sem sequer pestanejar: "são estrias". Tão simples quanto isso. São estrias!

 

E foi assim que as estrias se instalaram na minha vida (no meu corpo, melhor dizendo), sem pudor e sem pedir licença. Claro que o facto de ter passado de 49 para 60 kilos em apenas 120 dias, pouco ou nada teve a ver com o fenómeno. Nada mesmo!

 

E com elas surgiu a vergonha de vestir saia e vestido, de exibir as pernas à luz do dia (à noite todos os gatos são pardos, logo no stress), de expor o corpo pela primeira vez perante um homem... enfim, tanto palavreado para dizer que apesar de não as ostentar orgulhosamente, a elas vergo-me. Que remédio!

 

Com o passar dos anos (já lá vão 18 para, ser mais precisa), vejo-me obrigada a aceitar que, no que a elas diz respeito, pouco ou nada há a fazer. E acredita que já tentei de tudo, desde cremes de farmácia com preços pornográficos a truques e mezinhas caseiras. Até cheguei a cogitar a automutilação da derme infetada, mas isso já seria too much (até mesmo para mim). A não ser que nasça de novo ou consiga os 2000 euros para aquela cirurgia a laser, o jeito é aceitá-las.

 

Para mal dos meus pecados, não estou assim tão bem resolvida em relação a elas e posso dizer de boca cheia que é o único complexo que tenho em relação ao meu corpo. Mas como "não há bela sem senão"... o meu senão são as estrias. Até porque nunca fui adepta do conceito de que as estrias são também marcas da estória escrita no nosso corpo, porque, podendo, escolheria nunca mais vê-las à minha frente, na imagem espelhada. Elas são frutos de um enorme aumento de peso, daí a mágoa, a autorrejeição, a recriminação e o complexo de fealdade, embora a caminho da aceitação. Que remédio!?

 

E porque a beleza está nos olhos de quem vê, mas principalmente na alma de quem sente. E dito isto, que se lixem as malditas das estrias, uma vez cá fora não se pode voltar e retornar de acordo com o padrão de beleza estabelecido. Eu quero é ser feliz!

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pernas-torneadas.jpg

 

Cuidarmos de nós, com isso refiro-me ao bem-estar físico, emocional e psíquico, é um direito e um dever, que devia estar salvaguardado na Constituição. A partir dos 30 então, torna-se mesmo uma obrigação. Pelo menos para aqueles que, como eu, desejam manter uma aparência jovem, elegante e saudável.

 

O nosso corpo é o bem mais precioso que temos. Apraz-me pensar que é o templo da nossa  existência, a embalagem da nossa essência e a ferramenta da nossa comunicação com o mundo. É o nosso cartão de visita por excelência. E como tal devemos zelar para que esteja em forma e, mais importante ainda, isento de doenças (pelo menos daquelas que podemos evitar). E o exercício físico, praticado seja onde for, é um parceiro estratégico nesta tarefa, árdua, exigente e implacável, porém jamais ingrata ou batoteira.

 

Não tem como negar que o que custa mesmo é dar o primeiro passo, ou seja, por o pé para fora de casa, mas depois disso a endorfina - a bendita hormona da felicidade - se encarregará de nos fornecer aquela dose diária recomendada de motivação para continuarmos firmes e fortes rumo a um corpo esbelto, tonificado e saudável. Depois dela, entrará em cena a dona vaidade, que chega de mansinho para nos levantar a moral, melhorar a autoestima, resgatar o orgulho e incendiar o poder de sedução.

 

Ora pensa lá no que pode fazer por ti um corpo todo trabalhado na elegância, composto por uns glúteos moldados, umas pernas tonificadas, uns braços rijos, uma barriga lisa e um peito firme. Agora pensa no que podes tu fazer pelo teu corpo para que fique assim! Preciso dizer mais alguma coisa?

 

Por hoje, fico-me por aqui, mas amanhã temos encontro marcado no ginásio. Certo?

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