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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Ora viva! ✌️
Já é do teu conhecimento que tenho uma nova crush lá no ginásio. Onde mais? 😉 Depois de uma paixonite aguda de cinco anos pelo tal rapaz lá do ginásio, cujo nome nunca assumi publicamente, mas que agora digo, Nuno, voltei a meter-me numa nova enrascada, ainda que com contornos bem diferentes.
Ao contrário do primeiro, de quem nunca ouvi sequer a voz, com este, um personal trainer, tive eu a presença de espírito suficiente para meter conversa, chegando ao ponto de com ele abordar temas atípicos do ambiente ginásio, quase exclusivamente à volta do desporto, com bem sabes. Já falámos de covid, espiritualidade, reencarnação, vidas passadas, terrorismo, bullying, pornografia, histórias de infância, atualidade e futebol.
Agora que penso nisso, é-me claro que, na maioria das vezes, eu fui a emissora e ele um mero ouvinte, ainda que atento e interessado. A dinâmica do nosso parlapiê trissemanal - mais ao sábado, que nos outros dias ele está ocupado a fazer suar um cliente, pelo que só há margem de manobra para um breve olá – ficou comprometida no último sábado, quando, nem me recordo como, a conversa chegou à política. Meu pai do céu, nesse dia o meu mundo caiu, o meu coração ficou estilhaçado e a minha alma aparvalhada.
A certa altura, começamos a falar de futebol e ele assumiu que o Bruno de Carvalho (BC) foi um ótimo líder para o Sporting e que o Varandas só está a recolher os louros que o antecessor semeou. Não se tratava de nenhuma novidade para mim, que há muito sabia que ele era adepto ferrenho do agora ex-Big Brother Famosos. Aliás, foi precisamente por esse motivo que removi a amizade com ele no Facebook, por não aguentar mais as suas publicações pró-BC, mesmo aquando do ataque à Academia de Alcochete.
Em jeito de provocação, retruquei que o BC era um projeto de déspota e que pessoas assim não fazem falta em lado nenhum. Não me recordo com exatidão como é que o nome de Donald Trump veio à baila. O que sei é que fiquei estupefacta quando o dito cujo proferiu com toda a convicção deste mundo que ele foi o melhor presidente que os Estados Unidos da América já tiveram. Mal ouvi isso, as sirenes de alerta passaram de vermelho a púrpura em questão de nanossegundos. Ao questionar-lhe se falava a sério, rematou: "Claro que sim, e não te esqueças do Bolsonaro, de quem sou admirador!"
Incapaz de segurar a língua, interpelei-o nestes termos: "Só falta dizeres que o Ventura não é uma aberração!", ao que ele respondeu com todo o orgulho que não. Com uma visível dificuldade em acreditar naquilo que os meus ouvidos tinham acabado de escutar, mal sabia eu que outra atrocidade estava para ser expelida da boca dele, numa espécie de autoexorcização compulsiva.
Caiu-me tudo quando ele disse que Portugal está no estado em que está por causa das políticas de esquerda, as quais apenas servem para alimentar parasitas (entenda-se subsídiodependentes) e sustentar jobs for the boys (entenda-se compadrio/amiguismo). Foi nessa altura que citou Mário Soares, pessoa que, segundo palavras do próprio, "abriu mão das colónias".
Mesmo consciente dos tímpanos alheios que assistiam descaradamente ao nosso duelo verbal, disse-lhe "Abriu mão? Deves estar a brincar comigo, só pode! Esqueces que estás a falar com alguém das colónias? Como é que se abre mão de algo que não nos pertence, explica-me! Tenho que te lembrar que quando os portugueses chegaram em África, com exceção de Cabo Verde, esses territórios já tinham dono, já eram habitados pelos seus legítimos proprietários: os africanos?"
Dos argumentos prós e contras, de parte a parte, que se seguiram nem vale a pena fazer referência. O que importa frisar é que ficou transparente que ele é da extrema direita, uma ideologia política que choca com tudo aquilo que acredito e defendo. Quando ele saiu-se com aquela velha história de que "pelo menos não era racista", só consegui responder-lhe: "Era só o que te faltava para completar o pacote: fascista, imperialista, colonialista e racista!"
Como bem sabes, tenho por princípio de vida respeitar as opiniões alheias, sobretudo as contrárias à minha. O que não concebo é a ideia de estar apaixonada por alguém que assume na cara dura que votou no Chega e que é fã dos políticos que mais volta me dão ao estômago. Isso não. Jamais, em tempo algum!
Não lhe disse isso diretamente, até porque ele nem desconfia do meu interesse amoroso, mas fui sincera ao confessar-lhe que o meu coração estava partido e que nunca tinha imaginado que ele era esse tipo de pessoa. Às tantas, ele só conseguia dizer: "Não penses que sou má pessoa, todos nós somos da direita, ainda que não admitamos". Meio a brincar, eu só repetia: "Não quero mais falar contigo, não quero olhar para ti, não quero pensar em ti!"
Ontem, a primeira vez que nos vimos depois desse momento que deu uma machadada fatal em qualquer pretensão romântica para com a sua pessoa, ele veio ter comigo, todo sem jeito, cumprimentou e chamou-me "miúda da direita". A única coisa que lhe disse foi: "Nem me lembres, que eu ainda estou a digerir!"
Eu até acho que ele pode ser boa pessoa. Só não é boa pessoa para eu me apaixonar. Se o quisesse apenas para dar umas voltas, seria bem capaz de relevar o nosso antagonismo ideológico. Como não é o caso, só me resta lamentar a perda de mais uma oportunidade para encontrar um homem que valha a pena. O que mais dói é que, a olho nu, ele é a personificação do meu tipo ideal: alto, magro, tonificado, adepto da vida saudável, sorriso bonito, dentadura perfeita, discreto, bom papo e da mesma faixa etária.
Que sina esta minha... E assim vai indo a (não) vida amorosa desta tua solteira favorita. Beijo no ombro e até sexta!
Ora viva! ✌️
A semana passada, como prognostiquei na última publicação, foi uma loucura total, com esta solteira aqui a sair de casa antes das nove da manhã e a regressar ao lar depois das 22 horas, numa média de 14 horas de trabalho intensivo. Eu, que não abro mão das minhas 8-9 horas de sono, tive que contentar-me com bem menos do que isso, e sempre com o cérebro em atividade constante.
Para alívio meu, o desafio profissional que abracei nas últimas quatro semanas - dar apoio na organização de um evento para cerca de 400 pessoas - acabou ontem, pelo que eis-me de volta à rotina que tanta falta me fez. Desta vez, o regresso à normalidade conta com a benesse de poder desfrutar do tão ansiado sossego domiciliário. A última das colegas de casa deixou o teletrabalho para voltar à base. Só quem gosta da solidão é capaz de compreender o que me vai na alma.
Poder escrever sem interferência é uma benção que não experenciava há mais de três anos, motivo pelo qual o meu estado de espírito neste preciso instante é de tal ordem que nem o facto de estar em jejum forçado (há semanas que não piso num supermercado) é capaz de comprometer a boa performance desta mente hiperativa.
O último mês foi intenso, exigente, duro mesmo, contudo, altamente recompensador. Para além da boa remuneração que conto receber, proporcionou-me o privilégio voltar ao trabalho em equipa. Colaborar com pessoas por quem se nutre afeição e admiração é sempre um bónus em contexto profissional. Saber que a nossa prestação fez toda a diferença equivale a jackpot.
Ainda que combalida do enorme esforço físico e mental dos últimos dias, estou de coração cheio e alma lavada. É assim que retomo a nossa dinâmica virtual, feliz e realizada. Na quarta-feira, estarei de volta com um novo artigo, cujo tema ainda estou para decidir. Por aqui fico que é hora de ir abastecer a despensa e dar combustível ao corpo, o qual acabou negligenciado nestes últimos dias. Tudo isso antes das 13h30, altura em que vou ter uma reunião de negócios, com vista a uma nova parceria.
Aquele abraço amigo de sempre e desejos de uma semana fantástica, repleta de momentos felizes!
Ora viva! ✌️
Há coisa de três anos, neste post escrevi eu que me tinha divorciado da noitada. Hoje venho dar-te conhecimento de uma possível reconciliação. Se é para durar não sei dizer, o que estou em condições de afirmar é que voltei a cair nos braços da noite, e que esse flashback amoroso soube-me pela vida.
Então é assim... na passada sexta-feira, fui a um concerto da minha conterrânea Cremilda Medina, no B.Leza. O espetáculo, soft, com a morna como única opção do cardápio, augurava um serão memorável. Para começo de conversa, foi a minha estreia num espaço de diversão noturna na era Covid-19. Já tinha ouvido música ao vivo, numa tasca de Alfama; já tinha estado no teatro, para um monólogo da vagina; mas numa discoteca foi a estreia absoluta, e logo com um sabor muito especial.
Pela primeira vez em muito muito tempo, senti um cheirinho da vida de antigamente, quando áramos livres e felizes e não sabíamos. Mal me lembro da última vez que saí e regressei a casa sem ter tido necessidade de por a máscara. Como apanhei boleia de um amigo, não precisei de usá-la durante a deslocação, e como as discotecas estão a exigir apenas o certificado digital, o must have da coleção SARS-CoV-2 nunca chegou a sair da pochete, para gaúdio meu.
Adorei igualmente o facto de haver casa semicheia, com espaço suficiente para se dançar sem esbarrar em quem quer que seja. O que eu dancei, sozinha, com gajos, com gajas, até com um cota jota que ousou desafiar os meus (conhecidos) dotes de dançarina. Acabei na pista de tal modo que nem foi preciso ir ao ginásio nesse sábado, dia em que faço treino intensivo.
Tão bom voltar para casa de corpo cansado, mas alma lavada, como sucedia sempre que dançava all night long. E pensar que cheguei a recear não saber mais fazer o gosto ao pé, tamanho o tempo de pausa. Na na na... aquilo é como andar de bicicleta, uma vez aprendido jamais esquecido.
Às páginas tantas, a amiga que me acompanhava - dez anos mais nova do que eu, convém ressaltar - já estava em modo economia (de esforço), enquanto esta solteira aqui continuava fresca e fofa, rebolando como se não houvesse amanhã. É nessa altura que me aborda um velho conhecido, o Tito Paris - esse mesmo - para me questionar sobre de onde tiro tanta pica, depois de um dia de trabalho e com apenas uma Sommersby no organismo. Natural feeling, respondi-lhe coquete. O power que se me conhece estava lá, portanto só poderia estar orgulhosa e envaidecida.
Escuso dizer que depois dessa experiência balsâmica, que me fez esquecer todas as questões que me levaram a pedir o divórcio à noitada, só penso na próxima paródia, a qual vai ser já no dia 12 de novembro, no espetáculo dos 25 anos de carreira da Lura. Eu sei que ela é imprescritível nos tempos que correm, contudo, para mim máscara não rima com sabura, motivo pelo qual restrinjo ao essencial a diversão em tempo de pandemia. Como para tudo na vida existe remédio, a solução foi comprar bilhetes para camarotes, onde o seu uso não é obrigatório, apenas recomendado.
Como podes ver, meu bem, sempre é possível ser feliz, mesmo em contexto tão conturbado quanto este. Por hoje é tudo; conta com o meu regresso na sexta-feira pra mais uma conversa amiga. Até lá, aquele abraço amigo!
Ora viva! ✌️
Escrevo-te diretamente da Unidade de Saúde Familiar do Areeiro, em Lisboa, onde uma simples consulta de rotina acabou por empurrar-me para o drama do covid-19. Again! Vamos lá ver se me consigo fazer entender.
Esta manhã tinha agendado um tête-a-tête com a minha médica de família, que não conhecia de todo, pois foi-me atribuída durante a pandemia (o antigo reformou-se, pelo que há mais de dois anos que andava orfã de clínico público). O propósito da consulta era pedir as credenciais para análises e exames de rotina, os quais tenho por hábito fazer a cada dois anos. Gosto de saber como anda a minha saúde, motivo pelo qual faço estes check-ups bianuais, a fim de verificar o estado do sangue, da urina, da imunodeficiência humana, da ginecologia e tudo o mais.
A primeira surpresa - boa, diga-se de passagem - foi saber que agora tenho uma enfermeira de família, a Patrícia, com quem partilho uma parte da identidade, já que o meu nome próprio é Sara Patrícia. A segunda foi a citologia, com vista à despistagem do vírus do papiloma humano, que tive de fazer de supetão. Sorte a minha que ontem estive a aparar a relva nas partes baixas, caso contrário o desconforto de estar de pernas abertas perante dois pares de olhos seria infinitamente maior. Mulher prevenida vale por mil, lembra-te sempre disso single mine.
A derradeira surpresa, aquela que me impeliu a escrever esta crónica, foi a terceira dose da vacina contra o SARS-CoV-2. Confesso que tal coisa não estava nos meus planos quando esta manhã deixei-me convencer a ir ao centro de saúde. Como testei positivo horas depois de ter tomado a segunda dose da Pfizer, as entidades sanitárias entendem que necessito de uma dose adicional, já que a outra ficou sem efeito por causa da doença. Eu achando que estava completamente protegida, quando na verdade, em termos práticos, só estava inoculada com uma única dose. Se dúvidas houvesse de que nada acontece por acaso, eis mais uma prova...
Com apenas um pacotinho de bolachas de água e sal no estômago, porque tempo para comer é um luxo a que não me pude dar esta manhã, eis-me aqui a por-te a par dos últimos acontecimentos, enquanto aguardo que passem os 30 minutos exigidos para o recobro. O mais engraçado é que daqui a 10 minutos tenho agendado um teste de despiste do vírus, uma exigência (semanal) da minha entidade patronal.
Estas sincronicidades dão que pensar e fazem-me temer um déjà vú. Lembras-te de ter contado que testei positivo escassas horas após levar a segunda dose da vacina? Só espero que agora não aconteça o mesmo, ou seja, que eu não teste positivo minutos depois de receber a terceira dose. Sinceramente, não seria de estranhar, já que a minha vida está repleta de estórias bizaras.
Uma vez feito o ponto da minha situação, vou deixar-te que, saindo daqui, só terei tempo para apanhar um táxi, chegar à farmácia, ter aquele encontro detestado do primeiro grau com o cotonete e regressar ao escritório, onde o trabalho me aguarda. Sim porque esse não mantém-se impávido e sereno, marimbando-se para os meus dramas quotidianos.
Caso tenhas ficado com curiosidade em saber o resultado do teste de despistagem do covid, recomendo que vás ao meu perfil do Instagram, que lá partilharei o veredicto. Beijo no ombro e até sexta!
Viva! ✌️
Conforme prometido no post anterior, eis-me aqui para te contar as últimas da minha vida amorosa, a qual não conhece trégua nem folga, não obstante continuar mais desemparelhada do que nunca. Como tal, está na hora de falarmos de gajos, mais concretamente sobre a sua - cada vez mais flagrante, e frustrante - inaptidão para abordar ou cortejar uma mulher solteira.
Na base desta premissa está, uma vez mais, a minha experiência pessoal, repleta de episódios deprimentes, sendo que as últimas mais não são do que a continuação da saga "mec" francês, de quem já te falei em mais do que uma ocasião. Abro aqui um parêntesis para confidenciar que estou cada vez mais convicta de que o meu estado civil cumpre um propósito maior do que apenas falta de sorte no amor. Provavelmente, haverá qualquer coisa que o universo determinou para a minha pessoa, com a qual não estou a conseguir atinar.
Enfim... vamos lá às últimas novidades de tipos que me abordam na expectativa de conseguirem benesses sexuais a custo zero, ou seja, sem qualquer investimento emocional. De compromisso nem vale a pena piar, já que se trata de assunto tabu nos dias que correm, em que as relações baseiam-se essencialmente na libido, na superficialidade e na descartabilidade.
Há coisa de 4 semanas, recebi uma mensagem de um desconhecido, contendo um singelo emoji sorridente. Como tenho por norma responder a todos aqueles que entram em contacto comigo (pelo menos até saber qual a deles), lá respondi com um simpático "olá", após o qual a conversa desenrolou descontraída e despretensiosa. Pelo menos, assim pensava eu... Como não estava para perder tempo, até porque encontrava-me a "turismar" em Sintra, e escaldada de "entradas masculinas de pé em riste", fui logo perguntando o que tinha ele para contar, numa forma sutil de dizer: "O que queres de mim?"
O fulano, treinador de futebol (do Sporting, vê lá tu!), respondeu que tinha ficado curioso em relação à minha pessoa. Segundo ele, eu parecia "educada, inteligente, sensível, com energia forte... e com imenso sexappeal. Demasiadas coisas boas para deixar um homem indiferente". "Fica difícil", rematou ele. Nem bem a troca de mensagens tinha começado a cativar-me, já ele dizia: "queroooo, está a deixar-me com imensa vontade de... tudo, de explorar tudo". Quando questionado sobre o que significava tal coisa, saiu-se com esta: "Já me tocou, já me deixou cheio de vontade".
Antevendo o rumo da conversa, fiz questão de lhe perguntar se estava com intenções sexuais a meu respeito, ao que ele respondeu nestes termos: "Uma mulher interessante como tu pareces ser, suscita sempre interesses vários, sendo que essa parte não seria exceção, calculo...", ao qual contraargumento nestes termos: "Estou a ver... é que estou traumatizada com homens que me abordam única e exclusivamente nesse sentido. Fazem-me sentir um pedaço de carne". Aconselha-me ele a olhar para a questão de uma forma positiva, como "sinal de como era interessante e bonita".
Ainda meio iludida sobre as reais intenções do fulano, bem apessoado, detentor de uma escrita exemplar (entenda-se, sem calinadas na gramática) e com um sentido de humor apurado, lá continuei a dar-lhe tempo de antena, torcendo intimamente para que manifestasse alguma predisposição para uma abertura sentimental. O meu castelo de cartas ruiu por completo, quando a seguir ele pergunta-me, sem pudor, se eu gostava de sexo. Aí já não houve margens para dúvidas de que andava ele à procura de uma "despeja-c*lhões", como costumo chamar às mulheres que só servem para os homens irem "aliviar-se".
Todo o encanto por ele - um tipão, de acordo com as imagens que vi no seu perfil - esfumou-se naquele instante, ao ponto da conversa ter ficado suspensa. Quatro dias depois, em reação a uma story minha, volta o fulano à carga, através do envio de um novo emoji, desta vez com os olhos em coração. Querendo acreditar que a abordagem estivesse mais lapidada, lá lhe dei conversa, perguntando como estava, ao que ele responde, ultrapassada a conversa da praxe, que tinha ficado com "vontade de mim".
Numa última oportunidade para se mostrar digno das minhas melhores expectativas, questionei-o sobre como tinha chegado a mim, ao que ele respondeu: "Honestamente não me recordo". Não convencida de que estivesse a dizer a verdade, atirei-lhe com um: "pela tua abordagem, diria que foi via Tinder", ao qual ele não refutou. Perdida toda a esperança, não me restou outra saída que não fosse esta: "Como o meu tempo é precioso, e acredito que o teu ainda mais, convém eu deixar claro que não estou disponível para qualquer tipo de envolvimento sexual. E não me estou a fazer de difícil, apenas descarto essa possibilidade. Por isso escusas de perder o teu tempo comigo. Lamento estar a ser crua e dura, mas a sinceridade é sempre o melhor caminho."
Perante o emoji de tristeza com que reagiu, rematei que haveria de ficar bem e que o que não falta são mulheres disponíveis para tal. Respondeu que não estava com ninguém e que era exigente. Perante a minha irredutibilidade, não obstante ter reconhecido que o tinha achado um homem muito interessante e que "se fosse há uns tempos atrás, até cogitaria a hipótese, mas que nesta fase só casando", o dito cujo eclipsou-se para nunca mais dar sinal de vida.
Nem bem tinha digerido este episódio, eis que levo com mais duas sequelas desta novela, desta feita protagonizadas por um norueguês e um francês, cujas intenções acabaram por conduzir ao mesmo desfecho: sexo a custo zero. Dado que todas as abordagens foram perpetradas através do Instagram, por parte de perfis que sequer acompanham o meu trabalho como blogger, pergunto-me como chegaram eles até mim? Acredito que devem pesquisar pelas hashtags single e sex e que o meu perfil deve aparecer logo nos primeiros resultados. Só pode!
Diz a minha spiritual coach que tal se deve, provavelmente, à energia que tenho estado a emanar, ou seja, que por estar a vibrar na energia do sexo, atraio esse tipo de predadores sexuais, chamemos-lhe assim. Logo eu que há mais de década que não sei o que é isso de "vibrar na energia do sexo". Por sua vez, diz a minha psicoterapeuta que devo tratar esses "tarados" com amor, ou seja, dar-lhes amor a ver se retribuem com amor. Diz a minha consciência que os mande todos à merda, que à borla mais nenhum filho da p*ta me volta a comer. É que não mesmo!
Mais tenho eu para desabafar, mas, dada a extensão do texto, vai ter que ficar para outra oportunidade. Despeço-me com aquele abraço amigo e um até sexta!
Viva! 👋
Hoje escrevo-te a partir do Moxy Lisbon City, um espaço espetacular localizado a escassos metros da minha residência, mas que só na semana passada tive o prazer de explorar, não obstante à sua porta passar praticamente todo o santo dia. Trata-se de uma dessas agradáveis surpresas da vida, cuja decoração e conceito - sobretudo o do workspace gratuito – encantou-me a tal ponto que decidi passar a vir para cá escrever, na expectativa de que o cenário deslumbrante que vês na foto ajude a inspiração a fluir leve e solta.
Para mal dos meus pecados, em casa nem sempre consigo reunir as condições propícias a isso. Pudera, a coabitar com mais três criaturas, cada qual com o seu horário, a sua rotina e o seu conceito de respeito, silêncio, asseio e incómodo. É o preço que pago por insistir em viver no centro de Lisboa, auferindo rendimentos abaixo dos quatro dígitos.
Via programa Renda Acessível já eu perdi as esperanças de conseguir o meu próprio cantinho, um dos motivos de peso para a tomada de decisão em emigrar. Perdi a conta às vezes em que submeti candidatura, sem qualquer sucesso; pior ainda, sem grande perspetiva de vir a ter, já que qualquer pessoa, independentemente do tempo de residência na cidade, do facto de trabalhar no concelho ou da sua cidadania, concorre em igualdade de circunstâncias. Da última vez que ousei sonhar com uma casa à medida da minha conta bancária, fui informada de que teria que disputar a sorte com mais de três mil adversários para poucos mais que uma dezena de fogos.
Não sou racista, xenófoba, elitista ou coisa do género, mas que considero uma tremenda injustiça que pessoas que sequer moram em Lisboa, ou seja, cujos impostos e despesas não contribuem para o erário camarário, concorram nas mesmíssimas condições, lá isso considero. Não acho justo que um recém-chegado ao país/cidade beneficie das mesmas probabilidades que aqueles que, como eu, residem e trabalham na cidade há décadas. Pronto falei!
Da suspeita que paira entre os candidatos de que o processo não é totalmente transparente prefiro não me pronunciar, pelo menos não publicamente... Foi exatamente por isso que não considerei o Medina digno do meu voto. Provavelmente, mais pessoas devem ter feito o mesmo raciocínio, sem falar em outras polémicas, como a cedência de dados pessoais dos ativistas russos, e o resultado é o que se sabe: cartão vermelho direto, "pessoal e intransmissível", sem direito a VAR.
Voltando ao drama meu de toda uma vida adulta - morar em regime de quarto -, nos dias em que urgia concentração total e sossego absoluto, costumava montar acampamento lá para os lados do Centro Cultural de Cabo Verde, outro spot que adoro, mas que se revela sempre um baque na carteira e na dieta, já que é-me de todo impossível resistir ao apelo da cachupa da chef Milocas. Só de fazer menção a isso, já eu estou a salivar... Agora que descobri o Moxy, é minha intenção alternar entre um e outro, conforme o estado de espírito, e o saldo bancário, claro está!
E o assunto que pensava tratar contigo hoje vai ter que ficar para a próxima crónica, dado que esta está prestes a exceder o limite ideal de caracteres. Assim, na quarta vou contar a última, ou melhor, as últimas abordagens de gajos que me procuram na tentativa – patética, diga-se de passagem – de conseguir sexo a custo zero. Yep, a minha saga como "peguete" (como se diz na gíria popular brasileira) não conhece pausa entre temporadas.
Despeço-me com aquele abraço amigo e vibrações positivas, que a semana bem pede. Hasta!
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