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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Viva!
As primeiras linhas desta crónica tinham como alvo aqueles a quem batizei de “amigos acessórios”, uma categoria de camaradas que enfeitam a nossa vida que é uma beleza, dando-nos a falsa sensação de são pau para toda a obra. Sabes aqueles amigos que ficam sempre bem nas fotos de grupo, que nos bombardeiam com juras de amizade eterna nas redes sociais, que estão sempre disponíveis para a paródia, mas que na hora do aperto simplesmente viram fumaça?
É precisamente deles que te queria falar hoje. Só que aí vi uma notícia que considerei bem mais atinada com este sábado soalheiro que se faz na capital tuga: licença de namoro.
Segundo o jornal South China Morning Post, algumas empresas do país mais populoso do mundo estão a conceder uma dispensa especial às trabalhadoras do sexo feminino em idade reprodutiva, de modo que passem a ter (mais) tempo para "confraternizarem" (digamos assim) com o sexo oposto.
Aquilo que eles chamam de "licença de namoro” ou "licença amorosa" na teoria serve para as mandarinas desemparelhadas terem mais tempo para encontrarem o amor. Contudo, na prática esta oferta, aparentemente generosa, serve o flagrante propósito de garantir que as celibatárias tratem de cumprir o papel para o qual a família e a sociedade as formatou: garantir a preservação da espécie.
Num país em que desemparelhadas são descaradamente estigmatizadas – as com mais de 20 anos são frequentemente associadas ao termo pejorativo "sheng nu" (mulheres que sobram) – a solteirice é uma realidade cada vez mais corriqueira, à medida que mais mulheres decidem se investir nas carreiras ou optam por permanecer solteiras, pelo simples facto de não estarem dispostas a contentar-se com o primeiro par de calças que lhes acene com um anel.
Só que as pressões para que se casem e procriem não esmorecem. Pelo contrário! O governo já se assumiu seriamente inquieto com o envelhecimento da população e a consequente redução da força laboral.
Pelo que se conseguiu apurar, a tal licença de namoro até foi bem acolhida entre o seu público-alvo. Pudera, quem não aceitaria de bom grado mais days-off? Só que elas já não são assim tão tapadas para não se aperceberem que tudo não passa de (mais) um esforço para as pressionar, em especial as mais instruídas, a constituir família.
Será que este incentivo ao amor vai render os frutos desejados por aqueles que a promovem? Só o tempo o dirá. Convém é ter em atenção que nós as mulheres (inclusive, as chinesas) temos cada vez menos pressa em casar ou ter filhos.
Beijo no ombro e aproveita este sábado para tirares a tua licença amorosa. Quem sabe…
Soube, ontem à noite, através do facebook (de quem mais?) que na China 249 funcionários públicos foram (ou vão ser, não soube precisar a fonte, que por acaso é a minha prima, diretora de uma escola secundária, logo, fidedigna) punidos por "preguiça".
É, o país dos bilhões de habitantes, ou trilhões, caso não imperasse a lei de apenas um sun por casal, de preferência do sexo masculino - resolveu atentar-se aos ensinamentos da Bíblia (por ironia nem são católicos) e punir um dos sete pecados capitais. Ou devo dizer mortais, já que aniquila a produtividade e o rendimento laboral?
Dessa gostei, confesso!
Se a moda pega... por essas bandas vai ser preciso recrutar funcionários de todos os níveis. O que mais custa é saber que esta reciclagem laboral dificilmente conseguiria ser feita com base nos recursos humanos internos, já que o gosto pela lei do menor esforço - físico, mental e solidário - prática tão comum e institucionalmente generalizada na máquina do Estado, tantas e tantas vezes "concubinada", compromete as mais altas patentes, desde chefias de topo, aos intermédios - esses então, ui! é melhor nem alongar - aos operacionais, vulgo pau-mandados.
Bora procurar mão-de-obra despreguiçada além fronteiras, quiçá nas da Europa, que por estes dias estão a abarrotar de gente à procura de uma oportunidade?
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