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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Ora viva!
Outra das minhas resoluções para este ano prende-se com a melhoria do meu nível de inglês. Para mal dos meus pecados, este está bastante aquém do nível exigido a um profissional (competente) do século XXI, para mais aquele que circula pelos caminhos do marketing e da comunicação.
Uma irracional antipatia é o que nutro pelo idioma, pronto falei! Até soa mal admitir isso, já que a impressão que tenho é que o mundo todo – menos eu, claro – parece falar (fluentemente) a língua de Shakespeare. Gostando ou não, é imperativo aprimorar os meus conhecimentos nesta matéria, caso contrário dificilmente me safarei na busca por um emprego decente na minha área. Só eu sei a quantas (e boas) ofertas deixo de responder por causa disso, e da carta de condução (outra resolução para 2017).
Imagina tu, que tenho visto anúncios em que pedem inglês fluente (mínimo C1) para tudo e mais alguma coisa, inclusive para cargos que eu não consigo, por mais que tente, atinar em que circunstâncias o recrutado precisará fazer uso desse domínio fluído. Enfim, exigências do mercado...
Já aqui tinha abordado o meet up dos language lovers, aquele das conversações em português-inglês, que acontece todas as quintas-feiras, a partir das 19h30, na Casa Independente. Lembras-te? Ontem, depois de mais de um ano a marcar ir e nunca chegar, lá dei por mim à porta do dito sítio, um tanto ou quanto ansiosa, já que estava a aventurar-me por terras para lá da minha zona de conforto.
A ideia de me sujeitar (voluntariamente) a passar as próximas horas a expressar-me num idioma que não domino, perante desconhecidos, falantes nativos deste (maldito) idioma que tanto stress e complexo me suscita, era-me francamente desconfortável. Pode parecer falta de humildade, mas o facto é que me custa horrores sentir-me ignorante ou inferior aos outros. Adiante…
Lá consegui reunir ânimo para mandar os pensamentos negativos para aquele sítio que a minha guru do bem tão bem conhece. Quando dei por mim, três horas tinham-se passado sem que eu tivesse dado conta. Com isso quero dizer que a coisa correu lindamente, melhor do que esperado. Com pena minha, raramente se falou a língua de Camões, ou seja, lá perdi uma oportunidade de ouro para exibir a minha excelência na matéria.
O serão pautou-se por um saldo francamente positivo: pude praticar a minha oralidade no inglês, ainda que de forma tímida e titubeante; foi-me possível constatar in loco que o meu nível de compreensão está mais avançado do que imaginava (consegui acompanhar quase tudo o que dizia um escocês, que, como se não bastasse termos que levar com o seu scottish accent, era um tagarela de primeira, ao ponto de me apetecer perguntar-lhe se trazia uma kalashnikov escondida algures no céu da boca; conheci pessoas incríveis (o nosso grupo era constituído por mim, cabo-verdiana, pela Bruna, brasileira nordestistina, pelo Aamir, dubaiense, a Audrey, francesa, o Sean, escocês, a Grace, italiana, e a Rita, setubalense. Ou seja, na nossa mesa, estava espelhado o melhor da globalização: sete nacionalidades, sete áreas profissionais distintas, sete percursos de vida, conversações em quatro idiomas (inglês, francês, espanhol e português, por essa ordem de importância), imensos sonhos partilhados, temperados com risadas, vinho tinto e uma linda e abelhuda lua cheia.
É caso para dizer que para a semana haverá mais.
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