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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!

03
Mar23

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Ora viva! 👋

A sexta-feira chegou, e com ela aquela aura de felicidade que só se conhece no último dia útil da semana. Este dia pede leveza, por isso preparei outra mão cheia de passos para viveres uma bela, profunda e eterna história de amor contigo mesma.

A primeira parte deste post teve tanto sucesso que vi-me obrigada a antecipar a publicação da segunda, inicialmente prevista para estar disponível na semana que vem. Como dou aquilo que me pedes, aqui vão mais cinco dicas para te apaixonares por ti mesma, de acordo com o célebre mentor Tony Robbins.

1. Não te percas nos relacionamentos
Todos nós já ouvimos que precisamos amar a nós mesmos antes de podermos amar verdadeiramente alguém. Quando não te amas primeiro, tendes a te perderes nos relacionamentos, correndo sério risco de assumir as qualidades que o teu parceiro deseja que tenhas, em vez de permaneceres fiel a ti mesma, de seres incapaz de estabelecer limites ou de ficares muito carente e querer estar perto dele o tempo todo. Parte de saberes como amar a ti mesma numa relação amorosa é seres capaz de identificar e comunicar as tuas necessidades e teres confiança para voares sozinha de vez em quando.

2. Adota uma mentalidade de abundância
Pratica a gratidão e adota uma mentalidade de abundância em tudo o que fazes, isso naturalmente se transforma em amor por ti mesma. Encontra o lado bom em todas as situações e para de consumir conteúdos negativos. Se tiveste um mau encontro, é provável que penses: "Nunca vou encontrar o amor". Neutraliza esse pensamento lembrando de todo o amor que já tens de amigos e familiares, e em todos os encontros divertidos a que já foste.

3. Sai da grade
Reservar um tempo para relaxar, recarregar as energias e reconectar com a tua essência pode ajudar-te a descobrir como te apaixonares por ti mesma. Se o teu cérebro está sempre ligado, estás vivendo num estado ansioso e insustentável. A autorreflexão pode afirmar a tua autoperceção e ajudar-te a aprender com os teus erros. Richard Branson tem as suas melhores ideias quando se desconecta do seu telemóvel por dias a fios. A pesquisa sobre relaxamento é clara: dar uma pausa ao cérebro resulta em maior criatividade e produtividade e numa memória mais nítida.

4. Pratica o autocuidado
Autocuidado e amor próprio não são a mesma coisa, mas andam de mãos dadas. Quando te amas, tratas-te com gentileza, tanto emocional quanto fisicamente. Estabelecer hábitos de autocuidado, como alimentação saudável e exercício físico, pode treinar o teu cérebro para pensar positivamente. Uma das melhores maneiras de te amares é construíres a vida que desejas e cercares-te de amor. Aprende a amar a ti mesma, de modo a poderes criar relacionamentos saudáveis e duradouros. Fica sabendo que mereces a felicidade, por isso não te contentes com uma vida miserável.

5. Diverte-te
O stress e a negatividade são inimigos do amor próprio, já que fazem com que te sintas esgotada e desamparada, e não deixarão espaço na tua vida para aprenderes a amar-te. É por isso que é tão importante reservares um tempo para criares hábitos alegres e fazer coisas que adoras. Põe a tua música favorita e dança pela casa, faz um jogo com os teus filhos ou netos, mergulha num bom livro, faz uma caminhada, explora a natureza. Ou seja, dá a ti mesma a oportunidade de saíres da tua própria cabeça e poderes descobrir que apaixonares-te por ti é muito mais fácil e espontâneo do que imaginas.

Meu bem, espero que gostes tanto destes novos passos como dos primeiros que te apresentei dois posts atrás. Beijo em ti 💋 e muito amor próprio na tua vida daqui para a frente. És linda, maravilhosa, poderosa e merecedora de ser amada, a começar por ti mesma.

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27
Fev23

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Ora viva! 👋

Esta semana alberga os últimos dias de fevereiro, ao mesmo tempo que acolhe os primeiros de março, o mês em que o hemisfério norte dá as boas-vindas à primavera. Quer isso dizer que iniciámos a contagem decrescente - e impaciente - para o renascimento da natureza, e com ela, o renovar das nossas esperanças em dias mais longos, iluminados e calorosos.

Acredito que já tenhas ouvido dizer que a qualidade da nossa vida determina a qualidade das nossas relações. É verdade que assim é, e isso inclui a relação que temos connosco. Aprender a cair de amores por nós mesmos é essencial à nossa felicidade, ao sucesso nos nossos relacionamentos e à forma como interagimos com o mundo. A justificação desta máxima reside na lei da atração, a qual determina que recebemos dez vez mais aquilo que damos. Abro aqui um parêntesis para te dizer que é bom que tenhas consciência daquilo que tens estado a plantar, já que será aquilo que colherás, mais cedo ou mais tarde.

Quando nos apaixonamos por nós mesmos espalhamos naturalmente esse amor pelo mundo, melhorando a qualidade da nossa vida e da vida daqueles com os quais convivemos. Ao darmos amor a nós mesmos, acabamos por atrair outras pessoas com o mesmo entusiasmo pela vida. Isso melhora a qualidade dos laços que estabelecemos com os outros, o que acaba por melhorar a nossa vida. O ciclo é claro – e tudo começa quando nos apaixonamos pela nossa própria pessoa.

Mas de onde vem o amor próprio, como posso construí-lo, quais as melhores maneiras de amar a mim mesma, deves estar a perguntar-te a esta altura da leitura. De acordo com Tony Robbins, um dos maiores mentores da atualidade, a resposta reside num conjunto de 15 comportamentos. Dada a extensão do texto, hoje vou elencar os cinco primeiros, que são estes:

1. Sê gentil contigo
Parece simples, mas pode ser um dos atos de amor próprio mais difíceis de dominar. Crescemos numa sociedade que está sempre a dizer-nos como olhar, como viver e até como sentir. O primeiro passo para te apaixonares por ti é permitires-te ser humana. Não precisas ser uma supermãe, uma modelo fitness ou uma bilionária para seres digna de amor.

2. Muda a tua conversa interna
"As crenças têm o poder de criar e o poder de destruir", assegura Tony. A maneira como falas contigo mesma afeta o teu humor e o teu comportamento – e os pensamentos negativos internos se tornam uma profecia autorrealizável. Presta atenção quando caíres numa conversa interna negativa e faz um esforço consciente para transformares as tuas palavras em algo positivo.

3. Ajusta o teu estado físico
O teu estado físico – postura, respiração e movimento – é a chave para o teu estado emocional. Se te falta confiança, ajusta o teu corpo: endireita a coluna, alonga os ombros para trás, levanta bem a cabeça, sorri e faz uma pose de poder (como ficar de pé com a cabeça levantada e os braços em forma de "V" ou cruzados atrás da cabeça). Essas ações enviam sinais ao teu cérebro de que és uma pessoa orgulhosa e confiante. E quando te sentes assim, é fácil te apaixonares por ti mesma.

4. Medita
A meditação é uma maneira de mudar a tua respiração, mas também de mudar toda a tua mentalidade. A frase "Eu sou digna de amor" dita com um sorriso e uma postura confiante pode ajudar muito a manifestar o amor na tua vida. Visualizar os teus objetivos é outra forma de meditação que pode reprogramar o teu cérebro para um estado de amor próprio.

5. Cerca-te de pessoas que te apoiam
É verdade que o teu relacionamento mais importante é contigo mesma, mas isso não quer dizer que deves permitir que a negatividade entre na tua vida. Cerca-te de pessoas que se preocupam contigo e pensam o melhor de ti. Usa as regras fundamentais do amor para criares relacionamentos saudáveis que tragam positividade à tua vida e deixa de lado quaisquer relacionamentos que não sejam de apoio e carinho. Não só vais-te apaixonar por ti, como vais descobrir que toda a tua vida melhora.

Por hoje é tudo no que ao apaixonar-se por nós mesmos diz respeito. De volta estarei amanhã com um novo episódio do podcast Ainda Solteiros, dedicado à regra dos 90 dias nas relações amorosas. Curiosa? É bom que estejas! Beijo em ti 💋 e um ótimo início de semana.

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14
Jan22

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Viva! 👋

"Ano novo vida nova", escrevi eu nos primeiros posts do ano. "Ano novo, rotinas novas", escreveu a minha coach espiritual nas suas primeiras comunicações do ano. "Começa o ano valorizando-te e amando-te como mereces", escreveu Roxana Peña, autora de um artigo no site Nueva Mujer que insta as celibatárias a adotarem em 2022 alguns princípios básicos de autoestima e valorização pessoal.

"Estar solteira não é nada mau e não deves sentir-te triste nem complexada, pelo contrário, deves aproveitar este momento e valorizar o tempo só e aprender a amar-te", começa por sugerir a autora do texto. "Muitas vezes vemos a solteirice como algo negativo, que nos faz sentir pouco valorizadas e com a autoestima no chão", prossegue Roxana.

Não me é claro se também ela faz parte da turma desemparelhada, mas o facto é que parece saber do que fala, tanto que cita alguns propósitos que nós solteiras devemos colocar em prática para este novo ano, de modo a ajudar-nos a sentir mais estimadas, seguras e confiantes. São eles:

Foca-te no lado positivo da vida
Esta é tão batida que hesitei em citá-la, não vá eu estar a maçar-te com a mesma lenga lenga do costume. Contudo, aqui vai: quando começas a ver tudo com maior positivismo, tudo passará a correr melhor, o que por tabela fará com que recuperes a confiança e a segurança em ti mesma. E não te esqueças que as coisas más que nos acontecem cumprem um propósito e ensinam-nos sempre valiosas lições de vida.

Não te compares com outras mulheres
É um erro grasso comparares-te com outras mulheres, seja em termos de aparência, êxitos ou vida pessoal. Focar-te na tua vida e deixar de olhar para a dos outros é uma boa forma de te valorizares mais. Quando assim começares a agir, vais aperceber-te o quão fantástica e bem-sucedida és.

Não aceites qualquer um
Muitas são aquelas que aceitam qualquer pretendente, pelo simples facto de não quererem, saberem ou suportarem estar sozinhas. O desespero é uma via verde para os "atrasos de vida", que ao invés de resolverem um problema, acabam por multiplicá-lo. Uma boa forma de te valorizares mais é avaliar bem os candidatos e só avançar se realmente sentires que os queres na tua vida. Mereces um bom homem, por isso não te contentes com um homem qualquer.

Sai mais com os teus amigos
O estar ímpar faz com que por vezes nos retraiamos e evitemos sair com os amigos. Se é o teu caso, não faças isso, pois só vai fazer com que fiques com a autoestima em baixo. Não te afastes da tua malta, nem congeles a tua vida social pelo simples facto de não teres acompanhante. Os teus amigos, se forem verdadeiros, só querem ver-te bem e feliz, por isso tudo farão para animar-te. Neste 2022, aproxima-te mais e investe forte e feio na amizade.

Em jeito de conclusão, Roxana apela a que as solteiras deixem de focar-se no que não têm para passarem a focar-se no que têm, em tudo de bom que já conquistaram e no quão únicas e valiosas são. Single mine, esse deve ser o teu maior propósito nos próximos 12 meses, isso se almejas ser uma solteira poderosa e bem resolvida.

Dado que está o recado, despeço com aquele abraço amigo de sempre e um "bom fim de semana!"

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15
Dez21

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Ora viva! 👋

Nos últimos dias, a sociedade cabo-verdiana tem testemunhado a uma inquietante onda de homicídios, com a violência patente em cada um deles. Para além do estupro, e consequente assassinato, de uma menina de 13 anos, cujo corpo foi barbaramente largado num sítio ermo da ilha do Sal, registaram-se ainda dois crimes passionais: uma mulher que matou o companheiro à facada (também na ilha do Sal) e um homem que matou a tiro a companheira (na ilha de Santiago).

Quem me conhece minimamente sabe que não sou apologista de dar tempo de antena a acontecimentos nefastos ao bem-estar mental e emocional. A realidade é suficientemente dura para estar a dar protagonismo ao seu lado perverso. Contudo, volta e meia, abro uma exceção para falar de casos que me tocam particularmente, tamanha a sua relevância para a harmonia social, sobretudo quando põe em xeque a problemática do género.

É à luz desta contextualização que eis-me aqui a partilhar este poderoso desabafo da escritora e ativista social Natacha Magalhães, a propósito dos episódios acima mencionados.

Ontem uma mulher assassinou o marido com uma faca. Hoje um homem (agente policial) mata a esposa com tiros.

Vejo comentários do tipo "até quando?", "quantas mais terão que perder a vida?", "nossa sociedade está doente".

Não. Paremos com isso! Nem toda a sociedade está doente. Não somos todos assim.

O que se passa, nesses casos, é que pessoas estão em relações sem sentido, com medo de ficarem sozinhas ou para darem uma satisfação à sociedade, que aprova mulheres e homens casados (ainda que mal casados) do que solteiros e felizes. Há muita pressa, pouca paciência, muita irracionalidade. E é o que se vê. Quantas/os se submetem a relações infelizes, onde o parceiro não tem nada a ver com a parceira e vice-versa, mas o casal só lá permanece apenas porque um ou ambos não conseguem viver sós? Quantos estão em relações baseadas no sexo e não na amizade, cumplicidade e respeito? Quantas mulheres e homens precisam aprender a amar e respeitar a sua própria pessoa, ao ponto de sair da relação tóxica ou quando as coisas chegam a um ponto que claramente há sinais de desgraça eminente?

O que há nessa sociedade é muita falta de amor, incluindo amor-próprio. Muita falta de cuidar da alma, de cultivar a fé e os valores.

Há autoridade capaz de resolver isso? Não! Essa é a nossa responsabilidade, enquanto pais e educadores. Lá em casa, ensinar as meninas e os meninos a autoestima e auto-respeito, a respeitar o outro, a gerir emoções, a aceitar opiniões contrárias.

Mais amor. Amor-próprio. Amor ao próximo.

Despeço-me com aquele abraço amigo e votos de Boas Festas.

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chair-2595311_1920.jpgOra viva!

Depois de um Banquete do Amor perfeito, que superou as melhores expectativas e do qual saí atacada por uma paixonite aguda à conta de um solteiro giraço, e livre para amar (será desta?), proponho para hoje um tema, não só pertinente em tempo de pandemia, como bastante relevante para quem celebrou a solo a efeméride de ontem, 14 de fevereiro.

Numa altura em que tanto se fala da solidão, agudizada pelo confinamento e pelo distanciamento social de que o planeta terra anda refém há quase um ano, um artigo da Revista Pazes, sobre oito caraterísticas comuns a pessoas que adoram estar sozinhas, afigura-se como um bom tópico de análise, daí que o tenha escolhido para tema desta crónica. Vamos lá então conhecer quais são estas tais caraterísticas.

1. Limites claros
Quem aprecia a própria companhia acredita que quem não reza pela mesma cartilha dificilmente terá algo de bom para oferecer, daí que coloque limites claros nas relações e não deixe que ninguém as ultrapasse.

2. Poucos amigos
Apesar de serem os melhores amigos que se possa desejar, possuem poucos, pois sabem ser seletivos e não precisam de receber demasiada atenção. Gostam de se fazer presente apenas quando existe real necessidade de afeto e companheirismo.

3. Novas aventuras
Por conta da sua mente aberta e curiosa, querem sempre inovar e abraçar novas aventuras, de modo a nutrir seu intelecto de coisas interessantes e de uma adrenalina saudável.

4. Autorreflexão
O gostar de estar sozinho dá-lhes uma grande vantagem quando precisam tomar decisões e passam por momentos de estress e pressão. A autorreflexão constante coloca-os em vantagem para fazer as melhores escolhas em benefício próprio e dos outros.

5. Conhecem-se muito bem
São pessoas incansáveis na busca do autoconhecimento, e por isso não se demoram em momentos de tristeza e depressão. Sabem quais os canais que devem ativar dentro de si mesmos para atingir um nível de equilíbrio e satisfação.

6. O tempo é precioso
Fazem do tempo o seu melhor amigo. Tanto como querem ter seu próprio tempo respeitado, respeitam o tempo dos outros. Não gostam que invadam seu espaço e que desperdicem o seu tempo com coisas inúteis e também não fazem isso com os outros.

7. Honestidade para consigo próprias
Têm plena consciência de que ninguém é perfeito, por isso não cobram perfeição de ninguém. Demonstram muita tolerância para com as falhas alheias, assim como tolerância zero para com os ignorantes.

8. Sensibilidade ao sentimento do mundo
A maioria dos solitários são empáticos, sensitivos ou até paranormais. Revelam maior capacidade de sentir que os outros sentem e conseguem perceber a falsidade alheia de longe. Por isso mesmo gostam da reclusão, uma forma de se preservarem.

Remato frisando que existem pessoas - e assumo-me como uma delas - que preterem a companhia dos outros em detrimento da sua própria. Para essas pessoas, os seus pensamentos e emoções são mais importantes, motivo pelo qual não são propensas a jogar conversa fora nem a contactos sociais frequentes. Comum, e erroneamente, vistas como solitárias e depressivas, elas na verdade gostam mesmo é de pensar e concentrar-se nas suas próprias vidas, aprofundando, assim o seu autoconhecimento e amor interior.

Por hoje é tudo. Despeço-me com aquele abraço amigo de sempre e desejos de um bom feriado de Carnaval, de preferência em casa, na segurança do confinamento, como recomendam as autoridades.

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08
Jun20

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Viva!

O amor é o tempero da vida, não me canso de assumir; e repetir. A maioria dos comuns mortais o perceciona no contexto romântico ou maternal, absolutamente alheia a uma das suas formas mais puras, saudáveis e enriquecedoras: o próprio. Tendo como emissor e recetor o mesmo destinatário, o amor pela nossa própria pessoa é, na dose certa, o melhor aliado na interação com os outros, sobretudo no que toca ao romance.

Longe de mim desmerecer o amor romântico. Estou bem ciente do seu papel social, sexual, biológico e emocional na existência humana. Ainda me lembro do quão feliz e realizado faz-nos ele sentir. A questão aqui é desmistificar a crença - um tanto ou quanto infantil, em grande parte impingido pelos filmes Disney da vida - de que precisamos dele para sermos felizes. Errado! Precisamos do amor romântico para sermos MAIS felizes. A nossa felicidade, na sua génese, não está no outro, mas sim em nós mesmos.

Acreditar que a nossa felicidade está no amor alheio é disruptivo, razão pela qual abundam tantas criaturas infelizes por não estarem emparelhadas. Amas e és amada? Sorte tua! Amas e não és amada? Azar teu! Não amas e és amada? Sorte irónica essa tua! Não amas nem és amada? Ainda há esperança! Amas-te a ti mesma como gostarias de um dia ser amada? Estás no caminho certo para viver um amor para a vida toda!

Amor não é algo que se vai à Internet e faz download, que se vai ao supermercado e compra, que se pede emprestado a quem tem muito ou que se obtém pela via da cobiça. Amor não é algo que se tem só porque se deseja. Ele simplesmente acontece. Ou não. E enquanto não acontece, convém nutrirmos o nosso coração com amor próprio, aquele cuja intensidade, profundidade e duração depende única e exclusivamente da nossa vontade em ser feliz, do jeitinho que dá.

Autoamor só depende de nós, já amor de outrem… Single mine, se tal como eu, (ainda) não tens o segundo, a minha dica é só uma: sê feliz com o primeiro, como se não houvesse o segundo (que por enquanto não há mesmo). O amor alheio há de chegar na hora exata e na pessoa certa. Até lá, vai sendo feliz contigo mesma!

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07
Out18

996939_610783658959769_1133267530_n.jpgViva!

Escrevo-te, em pleno domingo de jejum (já vou na 20ª hora sem por nada no estômago), para te comunicar que 15 anos depois de um casamento, perfeito nos 10 primeiros, estremecido nos últimos três e moribundo nos restantes dois, divorciei-me definitivamente da night.

Sacramentei esta minha decisão esta madrugada, após uma noitada que passarei a descrever tout de suite. Depois de um jantar de aniversário de uma amiga próxima, o grupo saiu para a naite. Confesso, que quanto a isso estive reticente desde o primeiro instante, não só por saber que o meu sentimento por ela estava por um fio, mas sobretudo por prever mais do mesmo, ou pior do mesmo, como foi o caso. Numa derradeira tentativa de last chance, lá resolvi pagar para ver.

No bar/discoteca lá para as bandas do Cais do Sodré, de nome Titanik sur mer (sugestivo q.b.) para onde fomos, dei por mim tiritando de frio – culpa do vestido curto, sandálias e casaco totalmente inadequado aos 15 graus que se fazia sentir na rua – e assolada por duas palavras: decadente e casa.

Decadente observar aquelas pessoas todas a fumarem tal e qual as chaminés das fábricas chinesas; e, pior, eu a inalar todo aquele ar tóxico. Decadente vê-las a consumirem álcool e drogas como se as suas vidas se resumissem àquelas poucas horas, num claro sintoma da necessidade de anestesiarem o vazio daquele momento. Decadente assistir às tentativas patéticas de alguns em engatar o que lhes aparecia pela frente, num sinal de profundo desespero por uma companhia que lhes permitisse fintar a sua solidão. Decadente o quanto a miséria humana está presente na vida da maioria dos comuns mortais. Decadente estar no meio deles, como se de um deles eu me tratasse.

Casa era onde queria estar. No conforto do meu lar, na macio do meu leito e no sossego da minha companhia. Aquilo tudo causa-me um mal enorme ao corpo, mas sobretudo à alma. Não queria estar ali, não queria estar rodeada por aquelas pessoas – mal conseguia olhar para elas, quanto mais respirar aquele ar contaminado de nicotina, cannabis, álcool e súor. Abro aqui um parêntesis para perguntar o que foi feito daquela lei que proibia fumar em espaços fechados, inclusive os de diversão noturna.

Só conseguia pensar na noite de sono que estava a perder, no quanto estaria a forçar a coluna (tanto tempo em pé de saltos é uma espécie de automutilação a que nós mulheres nos sujeitamos voluntariamente em nome da vaidade), no quão maléfica seria aquela fumarada para os meus pulmões, pele, olhos e garganta e no quão ocas eram as conversas que me chegava aos ouvidos.

Só conseguia pensar: "Sara que estás aqui a fazer?". E nem o facto de estar rodeada de pessoas com quem me dou lindamente era capaz de atenuar a minha agonia, atroz a cada minuto que passava, ao ponto de se tornar insuportável. Pior que isso era ter que fingir para elas que estava minimamente na onda. Estou certa que não fui bem sucedida nessa intenção. Elas, cortês e generosamente, bem que disfarçaram o desconforto que a minha no vibe impactava no grupo, ao ponto de passarem a ignorar a minha presença, excluindo-me das conversas e das coreografias.

Não as censuro, apesar de ter ficado sentida. O alter ego é algo no qual tenho estado a trabalhar, mas cuja procissão ainda vai no adro.

Ao fim de mais de três horas, lá arranjei coragem e bom senso para verbalizar o que todas do grupo já adivinhavam: eu iria embora para casa. Perante o meu comunicado, uma delas ainda esboçou um tímido argumento a favor de esticarmos a noite. Contudo, era notório que sabia ela, tal como as restantes, que pouco mais havia a dizer ou fazer. Assumo que até foi um alívio para elas não ter que levar com a emplastro de plantão para o Plateau, a próxima paragem da madrugada.

Resta às protagonistas deste episódio o consolo de que todas as partes envolvidas ficaram felizes com a minha saída prematura de cena. Eu, mais do que elas, sem dúvida nenhuma. O mais intrigante é que eu fui frequentadora assídua da noite. Desde os meus 20 anos, quando aqui cheguei para estudar e me tornei dona absoluta do meu nariz, que saía religiosamente duas vezes por semana, com ou sem companhia, fizesse chuva ou sol, fosse inverno, primavera ou outono. No verão, e nas pausas académicas, esse valor atingia o pico de sete saídas por semana. Durante 15 anos foi essa a minha vida. Ficar em casa à noite era uma tortura, sendo assaltada pela ideia de que estava a perder a vida que lá fora se desenrolava. Ficava doente se perdesse uma paródia.

Que eu venho amadurecendo mais e mais nos últimos tempos, sobretudo de há três anos a esta parte, é flagrante. Agora resta-me saber se este meu amadurecimento encontra-se dentro dos padrões considerados normais ou se ele passou do ponto, perigando para a velhice social.

Seja lá qual for o diagnóstico, a verdade é que já não me apraz saídas noturnas que tragam a reboque poluição sonora, indivíduos ébrios e/ou dopados, ar impuro, conversas estéreis, encontrões/pisadelas, lavabos imundos, etc. etc.

Antes, uma boa noite de sono, um bom jantar num restaurante decente, um serão caseiro na companhia de pessoas que acrescentam valor, um bom filme, uma boa meditação, uma boa leitura, uma boa conversa, uma boa hora no ginásio, uma boa caminhada, uma boa sentada num sítio tranquilo, um bom por do sol, uma boa música, um bom concerto, mas acima de tudo, a minha própria companhia.

Estou viciada em mim, admito! E ao contrário do que muitos possam pensar, não estou deprimida nem nada que se pareça. Aliás, nunca me senti tão bem com tão pouco que fazer fora de portas e com tão poucas pessoas ao meu redor. Apercebi-me, e aceitei, que sentir-me bem – feliz, estimada e em paz – não passa por estar na companhia dos outros, mas tão somente por mim, pelos meus pensamentos, pelas minhas expectativas. Estar rodeada de pessoas pouco ou nada tem a ver com sentirmo-nos acompanhados, desejados, amados ou mesmo importantes. Quando temos cá dentro o que nos faz bem, é perda de tempo procurar lá fora.

Nos últimos tempos andei fixada (quase a pender para a obsessão) em encontrar um homem que me ame, deseje, valorize e tudo o mais que se costuma fantasiar numa relação a dois. Hoje, é-me evidente que esse alguém estava o tempo todo ao alcance da minha perceção. Esse alguém estava à distância do meu amor próprio. Esse alguém ninguém mais é do que moi même.

Em questão de semanas duas pessoas sem nenhuma correlação, disseram-me algo do género: "Como esperas amar o outro, se não sabes amar-te a ti mesma"? Diz-se que amamos como fomos amados. Pois, a mim nunca me ensinaram a amar. A minha família, especialmente a minha progenitora, nunca o fez. Muitos do meu círculo de amizade a quem dediquei devoção absoluta também não. A maior parte dos colegas de escola, faculdade e trabalho, menos ainda.

Envolvia-me, over and over again, em relações tóxicas e desequilibradas, nas quais dava sempre mais do que recebia. Em completa desigualdade de comprometimento afetivo, dava-me demais, servia demais, aturava demais, perdoava demais, na mesma proporção em que aceitava de menos. A insana convicção de que se assim fosse iriam amar-me mais e melhor justificava essa minha postura nas relações de amor, mas essencialmente nas de amizade.

Quanta ingenuidade. Quanta carência. Quanta subserviência. Quanta falta de valorização. Quanta ausência de amor próprio. Aos poucos, e à custa de incontáveis desilusões, fui aprendendo a direcionar o foco do meu afeto. Aos trancos e barracos cheguei a uma fase da minha vida em que caminho a passos largos para o autoamor pleno. Ao ponto de me estar a tornar egoísta, individualista e territorialista. Para isso muito tem contribuído o ho'oponopono do amor próprio, uma poderosa meditação "receitada" pela minha guru espiritual para que eu possa reavivar ou encetar uma linda, saudável e eterna estória de amor com o meu próprio eu.

É por tudo isso que esta crónica cumpre o (doloroso) dever de formalizar esta minha disjunção com a noitada, quiçá por estar ciente de que, uma vez tornada pública, ela assumirá um caráter vinculativo, salvo uma ou outra exceção, devidamente salvaguardadas em contrato.

E por hoje fico por aqui que o post já vai extensíssimo. Bom resto de domingo e até breve!

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