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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!

1170914_425003547706200_7638918409521835153_n.jpgOra viva!

Eu sei que fiz gazeta quinta e sexta, mas acredita que estive com os pensamentos aqui focados, mais não seja porque o sentimento de culpa não me dava tréguas e coisas para narrar desenrolavam em catadupa. Aconteceu de tudo um pouco nestes últimos dias, que nem sei bem por onde começar.

Fui abordada por um "homem submisso à procura de uma mulher controladora" (palavras dele, não minhas), no sentido de saber se eu estava interessada em sessões de sadomasoquismo. Para além de me perguntar se dava atendimento, e em que condições, o aspirante a Mr. Grey fez questão de deixar claro que não abria mão de estalos na cara e saltos agulhas. Sobre isso, reservo-me o direito de me pronunciar a posteriori, já que ainda estou a digerir a dita proposta. Digamos que estou em choque pós traumático, em que ainda não decidi se desato à gargalhada, se me sinto ultrajada ou, simplesmente, tentada a aceitar, já que o dito cujo declarou estar disposto a pagar o que eu entendesse. Jogou sujo ele ao dizer isso, sabendo da minha precariedade económica. Pelos vistos neste tipo de jogo, vale apelar a (quase) tudo.

Nesse entretanto, recebo de um pretendente um singelo e desinteressado convite para um rendez-vous, um 5 c’clock tea, mais precisamente. Animada perante a perspetiva da junção dos ingredientes lazeira de domingo, solzinho aconchegante, vista panorâmica, companhia agradável, papo interessante e chá quentinho para aquecer a alma, de bom grado aceitei. Porém, a meio da conversa, fico a saber que afinal o fulano tinha que estar naquele lugar, naquele dia e àquela hora, não especificamente para se encontrar comigo, mas para tratar da vidinha dele. Dado que se trata de uma pessoa muito ocupada, e eu uma menina muito desocupada, nada mais conveniente para ele (obviamente!) do que "encaixar-me" na sua agenda do dia. Preciso dizer qual o epílogo desta novela express? Está bem, eu digo, sei que estás mortinha por saber: "Parece-me que alguém com tão pouca disponibilidade como tu não é de todo o que procura alguém com tanta disponibilidade como eu. Vai lá para o teu retiro, reorganiza a tua vida, redefine as tuas prioridades, reformata a tua cabeça. Quem sabe nessa altura voltaremos a conversar."

Antes disso, na sexta, numa inocente conversa de café, deram-me conhecimento de novas opções (todas virtuais) de confraternização, pensadas à medida de uma solteira. Acaso, já ouviste falar de sugar babies e sugar daddies? Eu só agora tomei fé do conceito, pelo que ainda estou em fase de recolha de informação antes de assumir um posicionamento: pro, contra ou neutro.

Mas uma coisa me parece cada vez mais certa: a indústria de dar o corpo ao manifesto por um determinado valor vê em mim alguém com grande potencial, marketingamente falando. Dado que, à beira dos 40, já não ir a tempo de tentar a minha sorte como profissional do ramo, quem sabe não consiga uns biscates como cafetina ou cuddler.

Apesar de, a meu ver, a fonética desta palavra ser capaz de fazer corar um tomate, ao que tudo indica trata-se de uma prática decente e legítima que tem ganho adeptos por este globo fora, principalmente entre os americanos (quem mais?). Pelo que li, já há quem receba dinheiro por dar abraços, dormir "em conchinha" ou outro tipo de mimos. A esta nova (e promissora) oportunidade de negócio deram o nome de cuddling, um serviço cujo valor ronda os 330 dólares (229 euros) por sessão. Já tinha ouvido falar das festas de abraço e sessões de abraçoterapia, prática conhecida do outro lado do Atlântico, mas esta do cuddling apanhou-me completamente desprevenida.

E não penses que estes encontros acabam em sexo. Nada disso! Trata-se apenas de troca de carinho e aconchego que, por vezes, resulta também em jantares. Quanto à clientela, a maioria dos clientes são homens, entre os 40 e 60 anos, que têm problemas de afeto nas suas relações conjugais, não conseguem arranjar companhia ou simplesmente estão sozinhos no mundo.

Já viste uma coisa destas? Desde que li sobre o assunto que me venho perguntando se me safava a cuddlar (esta palavra soa mesmo mal, não achas?). Parece que 2017, de facto, me tem reservado muita abundância, como tinha previsto a minha guru do bem. Resta agora saber se ela corresponderá às minhas expectativas. O tempo, o mais sábio dos conselheiros, o dirá. Até lá, estamos juntos!

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02
Nov16

Afetos que curam

por Sara Sarowsky

pictures-for-friends.jpgPorque nem só de lamentos é feita a minha existência, hoje é dia de partilhar uma bonita e comovedora manifestação de afeto de uma amiga, que me chegou pelas "mãos" do Mr. FB. Ora lê e depois diz-me se não é uma verdadeira injeção de ânimo.

Oh minha amiga,
Sabes, pode não parecer, mas sinto remorsos por não te procurar mais vezes, por, com alguma frequência, me "demitir" do sentimento de responsabilidade que tenho por ti, por imaginar que precisas muito mais das minhas palavras que eu das tuas, isto porque, eu aprendi desde muito cedo a viver na adversidade e imagino sempre que tu não, que foi a vida que te colocou nessa situação de por vezes estares tão em baixo e a precisar de uma mão que te puxe.

Quero dizer-te que se não te procuro mais vezes não é porque não pense em ti, não é porque não precise de ti na minha vida, não é porque não faças a diferença entre o ter-te e o não ter-te... não, é tudo ao contrário, gosto de ti, gosto de saber que gostas de mim, gosto de saber que se precisar de uma palavra amiga, posso ir buscá-la em ti porque não a negarás, nunca!

Acontece Lego, que demasiadas vezes ao longo da minha vida precisei de ser só minha, ser só para mim, estar só comigo, ouvir-me, falar-me, rejeitar-me e reconquistar-me ... demasiadas vezes precisei de me resgatar emocionalmente e isso só tem sido possível comigo mesma e em mim mesma... infelizmente não tenho conseguido deixar-me resgatar por outros que não os que vivem em mim. E é por isso que às vezes fico longe, quieta a deixar o tempo passar, porque se não estou positivamente bem que contributo vou dar a quem precisa de ânimo?

Geralmente estou sempre bem, aprendi a relativizar quase tudo e como tal não amo demais, mas também não sofro demais e assim mantenho-me à tona da vida.

Tudo isto para te dizer que, embora esteja há semanas sem te dizer nada, isso não quer dizer que não pense sempre em ti e fico triste e com remorsos ao ler a tua última crónica.

Também quero repetir aquilo que já te disse outras vezes, o tempo é o senhor de todos os momentos, os bons, os maus e os menos bons e a sabedoria que o sr. tempo nos passa é que devemos respeitá-lo e deixá-lo fazer o seu trabalho de cura dos momentos maus e dos menos bons. Desejo-te um dia e dias tranquilos e serenos na rota da felicidade ou pelo menos no caminho da conquista. Beijosss.

De facto, os afetos (quase) tudo curam e o que não curam, pelo menos, ajudam a sarar. Depois dessa o desânimo deu lugar à esperança, a tristeza cedeu vez à motivação e a confiança que andava perdida recuperou o rumo. Amanhã há mais: mais dia, mais vida, mais oportunidade, mais expectativa, mais sonho.

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15
Dez15

É preciso ir embora

por Sara Sarowsky

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Esta manhã recebi uma mensagem de uma subscritora deste (tão nosso) caderno digital com a sugestão de publicar o texto que abaixo se segue. Como foi importando diretamente de um blog brasileiro, tomei a liberdade de proceder à sua edição, isto é traduzir para o português de Portugal. Obrigada querida Dalila por este teu contributo, que com toda a certeza vai enriquecer (ainda) mais o Ainda Solteira.

 

Ir embora é importante para que entendas que não és tão importante assim, que a vida segue, com ou sem ti por perto. Pessoas nascem, morrem, casam, separam e resolvem os problemas que antes acreditavas só tu poderes resolver. É chocante e libertador – ninguém precisa de ti para seguir vivendo. Nem tua mãe, nem teu pai, nem teu ex-patrão, nem tua pegada, nem ninguém. Pode parecer parvoíce, mas a maioria de nós tem uma noção bem distorcida da importância do próprio umbigo – novidade para quem sofre deste mal: ninguém é insubstituível ou imprescindível. Lida com isso.

É preciso ir embora.

Ir embora é importante para que vejas que és muito importante sim! Seja por dois minutos, seja por dois anos, quem sente a tua falta não sente menos ou mais porque te foste embora – apenas sente por mais tempo! O sentimento não muda. Algumas pessoas nunca vão esquecer do teu aniversário, estando aqui ou na Austrália. Essa conversa de "que saudades de ti, temos que combinar um dia destes..." é treta. Quem sente a tua falta vai sempre sentir e agir. E não te preocupes, pois o filtro é natural. Vai haver sempre aquele seleto e especial grupo que vai terminar a frase "que saudade de ti…" com "por isso mando-te este áudio"; ou "porque está tocando a nossa música", ou "então comprei uma passagem" ou ainda "desce agora que estou passando aí".

Então vai embora. Vai embora do trabalho que te atormenta. Vai embora daquela relação que sabes que não vai dar certo. Vai embora "do grupinho" que está presente apenas quando lhe convém. Vai embora da casa dos teus pais. Do teu país. Da sala. Vai embora. Por minutos, por anos ou para vida. Ausenta-te, nem que seja para te encontrares a ti mesma. Quanto voltares – e se voltares – vais ver as coisas de outra perspetiva, lá de cima do avião.

As desculpas e pré-ocupações sempre vão existir. Basta decidires encarar as mesmas como elas realmente são – do tamanho de formigas.

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