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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Ora viva! ✌️
Celebrou-se, na passada sexta-feira, o dia dos solteiros. Infelizmente, pelo motivo que referi na publicação anterior, não me foi possível vir aqui deixar-te um texto alusivo à efeméride. O máximo que consegui foi "repostar" nas redes sociais um conteúdo datado de 2019, no qual faço uma reflexão sobre um dia que é dos solteiros, mas que quem festeja é o comércio.
Ainda que já se tenham passado três dias, eis-me aqui a retomar o assunto, almejando chamar a tua atenção para o poder dos números dos solteiros. Este poder, ascendente a olhos vistos, mais não é do que o grande impulsionador desta celebração made in China, mas que se está a alastrar pelo mundo, Portugal inclusive, como já vais ficar a saber.
Antes disso, permite-me um breve enquadramento deste 11/11. Acredites ou não, há já 32 anos que o Single's Day faz parte do calendário dos desemparelhados chineses. Contudo, o seu cunho comercial só foi introduzido em 2009 pelo gigante do comércio eletrónico Alibaba, que o transformou num negócio. E que negócio! De acordo com a Forbes, no ano passado a plataforma online registou vendas superiores a 80 mil milhões de euros.
O décimo primeiro dia do décimo primeiro mês do ano é atualmente o maior dia de compras do mundo naquele país asiático. Em terras lusas, a data (ainda) não é oficialmente assinalada, mas já existem marcas que não esquecem os solteiros e fazem questão de lhes oferecer um miminho. É o caso da Kiehl's, do El Corte Inglés, da Sephora, da Burger King, da Carlsberg e, para alegria minha, da cadeia de hotéis Vila Galé.
É, pois, notório que o (pré)conceito à volta dos solteiros está mudando. Alguns especialistas acreditam que essas mudanças comportamentais e culturais poderão promover a normalização da solteirice, e, quem sabe, ajudar a aliviar a tal pressão sobre os que não têm parceiros que estou sempre a denunciar.
Nos últimos tempos, várias celebridades e influencers têm assumido com orgulho a sua situação de solteiro. A atriz Emma Watson, por exemplo, descreveu publicamente o seu status amoroso como "parceira de si mesma", incentivando outras pessoas a considerar a ausência de um parceiro romântico como positiva e não negativa. Essa é das minhas, tenho que convidá-la para o podcast 😉.
"Quanto mais pessoas aceitarem o seu celibato, mais pessoas se sentirão liberadas para fazer o mesmo", afirma a psicoterapeuta Allison Abrams, de quem falei no post anterior. Os entendidos na matéria esperam assim que esses ventos de mudança continuem a fazer evoluir o julgamento dos solteiros.
Bella DePaulo, a autora que também mencionei na minha última passagem por cá, chama esse processo de "o poder dos números". Segundo ela, "quase toda vez que o Escritório do Censo [dos Estados Unidos] divulga as suas estatísticas, as conclusões indicam um maior número e proporção de pessoas solteiras". "Quando uma grande parcela da população não está casada (só nos Estados Unidos são perto da metade), fica mais difícil insistir que há algo de errado com todos eles", remata a autora.
É meu bem, existe um poder pujante, latente, inexplorado e subestimado por detrás da solteirice. Há muito que venho alertando para esta questão, frisando que o celibato é um mercado com um potencial enorme, que já movimenta bilhões. E esta solteira aqui tem toda a legitimidade para reclamar a sua fatia deste bolo gigantesco. Ai se tem! Mas isso é assunto para outra crónica. 😉
Estarei de volta amanhã com um novo episódio do Ainda Solteiros, o podcast de solteiros, para solteiros, que está a bombar nas plataformas. Até lá, fica com aquele abraço amigo!
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