
Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Ora viva!
Quando me martelam a cabeça com aquela lengalenga sobre a minha situação amorosa, dependendo da pessoa que me aborda e do meu estado de espírito, costumo assumir três posições: encolho os ombros e respondo "não sei", atiro com uma resposta impertinente ou simplesmente contra-argumento com tal convicção que o assunto acaba por morrer.
Em relação à última posição, nos dias de maior inspiração, dou-me ao trabalho de explicar pacientemente, por a+b, por que razão não me sinto infeliz, nem menos mulher por não ter um macho agregado à minha vida.
Como é sexta e precisamos de coisas leves e ânimo redobrado, partilho contigo alguns argumentos de que me costumo valer nessas ocasiões:
1. Teria que limpar por dois. Só de pensar nas toalhas molhadas em cima da cama, em catar roupas sujas alheias, baixar a tampa da sanita, limpar os respingos de urina das zonas adjacentes à sanita, ter que levar com os pelos no lavatório, só para citar as mais gritantes, até fico com urticária.
2. Volta e meia teria que dar uma de enfermeira particular, já que quando ficam doentes os homens portam-se piores que os bebés e fazem um drama como se fosse o último suspiro deles.
3. Teria que cozinhar frequentemente e variar mais no cardápio (eu que não me importo de comer por dias a fio o mesmo prato e contento-me com fervidos, cozidos e coisas leves).
4. Teria que cozinhar carne (prática que evito por uma questão de hábito, saúde e respeito pelas minhas colegas de casa, ambas vegans).
5. Teria que levar em conta a disponibilidade e vontade alheias na hora de decidir a minha vida (já não poderia fazer o que quisesse, quando quisesse, com quem me apetecesse e da maneira que me desse na real gana).
6. Sair à noite as vezes que quisesse e vestida como quisesse é algo que me iria render muitos dramas.
7. Estaria sujeita a protagonizar ou antagonizar cenas de ciúmes.
8. Teria que falar com outro ser humano todos os dias. Eu gosto de estar na minha e tem dias que não me apetece abrir a boca nem interagir com ninguém.
9. Teria que partilhar a minha cama, o meu quarto, o meu sofá, a minha tv e mais coisas em relação às quais sou tão possessiva.
10. Teria que dividir o meu tempo.
11. Teria que aturar os amigos dele, mesmo que não suportasse alguns.
12. Teria que privar com a família dele, mesmo que não gostasse dela.
13. Teria que voltar a correr o risco de ser enganada, traída e usada. Já excedi o meu plafond disso para esta encarnação.
14. Teria que embarcar em programinhas com outros casais.
Estas são apenas algumas das coisas que teria que (re)aprender a gerir para poder encaixar um homem na minha vida. Já o fiz, não me arrependo, mas não estou certa de querer voltar a fazê-lo. Tanto tempo de solteirice fez com que me tornasse egoísta, individualista, mais introspetiva e demasiado autossuficiente. Caraterísticas que muitos homens assumem admirar, mas que poucos conseguem aturar.
Claro que estar emparelhada tem o seu lado bom, se for com a pessoa certa então... é bem capaz de fazer com que estes meus argumentos pareçam futilidades.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.