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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Viva!
Alguém sabe porque é que o amor escolhe uns e não outros? A verdade é que ninguém – nem a própria ciência – consegue dar uma resposta fidedigna a esta questão. Podes ser uma brasa, ir a n encontros, frequentares os melhores bares/discotecas, viajares pra caramba e ainda assim o amor simplesmente não te acontecer.
De facto, é cada vez mais flagrante que não somos nós que encontramos o amor; é ele que nos encontra. Por mais que queiramos amar e ser amada, o amor só acontece quando… sei lá quando… Se soubesse, não estava ainda solteira. O que sei é que, enquanto ele não nos escolhe, o melhor que fazemos é aproveitar a viagem e ir desfrutando da vida tal como ela se nos apresenta.
O amor verdadeiro não é um bem de consumo que se vai ali e se compra, à medida da nossa vontade ou da nossa necessidade. Quando muito pode ser equiparado a um produto pré-confecionado, como no Casados à Primeira Vista, programa ao qual cheguei a concorrer, tendo desistido ainda na fase de candidatura. Sobre isso, escreverei noutra altura.
Retomando o fio à meada... Por estar ciente do drama de muitos dos meus seguidores em relação à falta de amor, contigo quero hoje partilhar a minha receita de amor feliz. Digo amor feliz porque amor infeliz não carece de receita; carece tão somente de duas pessoas que não nutrem um sentimento sincero e verdadeiro pelo outro.
De confeção demorada, dispendiosa e muito exigente, o segredo do sucesso desta receita está na escolha criteriosa de cada um dos ingredientes, na recolha seletiva dos condimentos e especiarias e na dosagem certa da mistura de todos eles. É por isso que a logística que antecede a sua preparação assume um papel fundamental. Daí que te recomende que uses apenas produtos de primeira, de preferência frescos e isentos de amargura, desilusão e expectativas elevadas. Eis a lista do que vais precisar.
Ingredientes
- 2 pessoas inteiras
- 2 corações disponíveis
- 1 mão cheia de romance
- Todo o afeto que conseguires encontrar dentro de ti
- 1 dose inteira de atração física
- 3 sessões de sexo por semana (no mínimo)
- 2 taças de humor/alegria
- 2 vontades cheias de ficar juntos
- paixão, respeito, admiração, amizade, sinceridade, partilha, solidariedade, altruísmo, intimidade, tempo, dedicação, paciência e tolerância q.b.
Preparação
Uma vez na posse de todos estes ingredientes, o passo seguinte consiste em lavar cuidadosamente cada um, de modo a retirar-lhes qualquer vestígio de relação anterior ou desilusão amorosa. Feito isso, deves deixá-los de molho em água e sal para purgar as más energias e os fantasmas do passado. Quando sentires que estes já não contêm grandes vestígios de sentimentos tóxicos que possam por em perigo o sabor e a qualidade do preparado, deves picar cada ingrediente com todo o mimo, juntar tudo numa panela e deixar cozer em lume brando. Ao teu critério deixo a escolha do eletrodoméstico a ser usado na confeção. Depois é ires acompanhado a cozedura, ao mesmo tempo que vais adicionando os temperos e as especiarias, ao teu gosto, mas no tempo certo e na proporção exata.
Escusado será dizer-te que este é um prato a ser servido, preferencialmente, quente ou morno. Frio é que jamais. Importa reter que a probabilidade deste necessitar de (re)aquecimento é elevadíssima, daí que aconselhe que a cozedura fique al dente, de modo que, a cada "esquentada", ela nunca passe do ponto, conservando aquele aspeto delicioso e saudável.
Meu bem, o estar desemparelhada há muito não é sinónimo de ignorância em relação ao que considero um amor comme il faut: aquele que o nosso coração reconhece como o que nos faz feliz, ao invés daquele que a Disney nos impinge.
Bon appetit!
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