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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Viva!
Era minha intenção que esta crónica versasse sobre o resultado de um estudo que garante que mulheres inteligentes (leia-se, com elevados níveis de formação) têm tendência a escolher homens intelectualmente menos abonados. Ia eu a meio do segundo parágrafo quando uma epifania alterou a direção dos meus pensamentos.
Assim, eis-me aqui prestes a desabafar contigo sobre a minha desventura enquanto cronista profissional. Confusa? A esta altura do discurso até eu estou, confesso. Deixa-me respirar fundo que já conto tudo.
Então é assim… há coisa de ano e meio, mais concretamente em fevereiro de 2018, tomei a iniciativa de abordar três meios de comunicação com boa reputação nos mercados português e cabo-verdiano, a propor-me como cronista. Do contacto com esses pretendentes, apenas um – e logo o mais garboso – mostrou-se recetivo à minha corte. Dos outros dois nem tchum quanto mais tcham.
Voltando à narrativa, foi com uma alegria imensa que acolhi a resposta positiva da responsável editorial, que me desafiou a enviar uma proposta original e inédita para avaliação. A transpirar orgulho por todos os poros celebrei a conquista, partilhei a novidade, visualizei a fama, delineei o texto, sonhei com a glória. Só não escrevi p*rra nenhuma.
O tempo foi passando, os dias deram lugar a semanas, as semanas a meses, comigo a repetir todos os dias, feita papagaio gago: "Sara, tens que escrever o tal artigo", "Sara tens que escrever o tal artigo", "Sara tens que escrever o tal artigo", "Sara tens que escrever o tal artigo", "Sara tens que escrever o tal artigo…" E assim passaram nove meses.
Em dezembro, com a conquista do Sapo do Ano, sentindo-me ainda mais confiante, retomei o contacto com a tal editora dando conta da distinção, bem como da vontade, agora redobrada, de fazer parte da sua equipa de cronistas. Novamente, a minha proposta de colaboração foi recebida de braços abertos. Como seguro morreu de velho, eu mesma estabeleci um prazo para enviar o texto. "Para a semana conte com um texto meu", garanti na altura à pessoa. Sete meses depois nada enviei. Como poderia, se nada escrevi?
Terminará, sem nunca ter começado, a minha carreira de cronista profissional? A seguir cenas dos próximos episódios, que ainda há muita trama para desvendar. Despeço-me com um 'Crónica da Ainda Solteira em breve numa banca perto de si!'
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