
Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Porque cultivar tristeza não é algo que faça parte da minha essência, porque o fim de semana requer leveza e trivialidade, porque este desabafo de alguém que deseja desesperadamente voltar a ser solteiro é digna de ser dada a conhecer, esta sexta-feira vais levar com dois artigos. Encara isto como uma compensação pela minha ausência na quarta-feira, dia em que não consegui tempo nem estímulo para dar um clique até aqui. Tive que fazer uma TAC e depois (tentar) festejar o meu aniversário.
Deixo-te então com o conteúdo de uma rubrica da Super Interessante Brasil, ao qual recorreu um dito cujo em busca de um conselho amigo para o drama que o aflige. Um caso curioso que mereceu uma resposta à altura, bem ao meu estilo. Espreita só.
Meu caso é um pouco complexo. Fui casado por mais de 15 anos com a mãe do meu filho, que hoje tem 5 anos. Já não aguentava mais ser o "marido perfeito" na roda de amigos. Ela não me satisfazia sexualmente e não se cuidava mais. Eu sempre fui sustentado por ela. Eu queria ter sido policial federal, mas ela me dizia que não precisava, pois ela daria conta de tudo porque era médica. Eu fui ficando pra trás. Hoje em dia, sou quase um administrador, quase um engenheiro florestal, quase um publicitário – ou seja, não sou nada… Eu cheguei a trair a minha mulher mais de uma vez – tive até um caso fixo, por mais de 4 anos. Mas cansei disso. Prometi a mim mesmo que ao sair daquele relacionamento, seria de uma pessoa só. No fim de 2014 conheci uma pessoa e me separei. Minha nova mulher era 14 anos mais nova e tinha ciúmes demais. Não deu certo. Hoje estou com uma pessoa que conheço há muito tempo. Ela engravidou, mas eu não quero um filho. Ela já está de 6 meses e ainda não consigo assimilar. Não sei o que fazer, não a amo. Foi um erro. Quero me reinventar e recomeçar a vida, sozinho.
– Não sou nada
Caro nada. A primeira coisa que você precisa fazer é tirar da cabeça a fantasia de que você vai recomeçar a vida sozinho em algum lugar. Você tem dois filhos pequenos – um ainda nem nasceu! – e não existe a opção de você viver sozinho pelos próximos 18 anos. Você não precisa ficar casado com ninguém e pode viver a sua vida de eremita sentimental sem problema algum – mas da criação dos seus filhos você precisa participar. Também não consigo me compadecer muito com a sua situação profissional. A não ser que a sua ex-mulher tenha amarrado você no pé da geladeira e proibido você de sair de casa, você poderia ter estudado ou trabalhado, mesmo que ela arcasse com as contas do lar. Poderia até ser policial federal! Durante 15 anos, aliás, você teve o privilégio de não precisar trabalhar para se sustentar, o que você poderia ter usado a seu favor para se aperfeiçoar em algo que gostasse. (E PS: você estava longe de ser o “marido perfeito” com uma amante de 4 anos no currículo).
Felizmente, ainda há solução para a sua situação. Deixe de agir como vítima – ninguém está impedindo você de nada! – e faça as escolhas que você quer para a sua vida. Separe-se da sua atual namorada, se for o caso, e procure um trabalho que você consiga fazer bem (desde que seja perto do seus filhos e que inclua tempo útil para cuidar deles – não só pagar a pensão). Dá tempo de você realizar todos os seus sonhos.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.