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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Algumas semanas, vários dias e incontáveis minutos volvidos, eis-me de volta ao teu convívio. Na verdade, tal deveria ter acontecido na passada quinta-feira, dia primeiro de setembro, mas quem é que faz uma rentrée em plena véspera de fim de semana? Não esta pessoa aqui, está-se mesmo a ver!
Posto isto, vamos falar um pouco do que me aconteceu nestes dias de dolce fare niente? Tanta coisa, meu bem, e, ao mesmo tempo, tão pouca coisa. Confusa? Já explico!
Começo pelo tema do último post: a entrevista ao MaisMagazine. Dado que agosto é um mês morto, aliado ao facto de eu não ter publicado mais nenhum artigo, ainda não tive um retorno concreto deste feito. Vamos ver que frutos poderei vir a colher.
No início de agosto, tive a minha maninha caçula, que já não via há mais de quatro anos, comigo durante duas semanas. Por não termos convivido muito, já que quando emigrei deixei-a com pouco mais de 13 anos e nas alturas em que ia a casa de férias passava mais tempo na rua – paródia – do que a dar atenção a uma irmã aborrecente. Quando regressei à terra, passado pouco tempo, emigrou ela. Enfim… sina do crioulo.
O meu irmão – o legítimo, porque os outros dois são apenas meio – também deu o ar da sua graça, assim como a sua companheira e os seus dois rebentos. A caminho do Algarve, pernoitou quinta e sexta-feira em Lisboa, pelo que, nestes dois dias, o modo fraternidade esteve ao rubro na Estefany Street.
Primeiro acompanhada pela minha maninha, e depois pela minha colega de casa, poli as calçadas das ruas da menina e moça de uma ponta à outra, numa média de 5 km diários. Foi assim que dei por mim em plena Alfama, o adorável bairro lisboeta onde nunca tinha estado em todos estes anos na tugaland e pelo qual me deixei seduzir de cara. Claro que aquele maravilhoso licor de ginginha nada teve a ver com esse meu encanto. Nada mesmo (palavra de quem nunca foi escuteira)!
Houve tempo para dar um saltinho até ao Casino Estoril, não para me aventurar nos jogos da fortuna e azar, mas sim para assistir ao Musical da minha vida, outro sucesso de Filipe la Féria, que recomendo entusiasticamente, sejas (ou não) amante das artes cénicas. A ver vamos: o guarda-roupa, simplesmente deslumbrante; os bailarinos, apetrechados com six pack e derme isenta de pelos - just as i like -, um colírio para os olhos e um bálsamo para a libido; os efeitos especiais, hipnotizantes; a acústica fenomenal. Acho que já deu para perceber a qualidade da peça.
Andei de tuk tuk, coisa que almejava há que tempos. A bordo daquela automotora senti-me mais turista do que os camones nórdicos em terra alheia, dando um giro pela zona histórica, embalada pelas explicações do guia turístico. Com muita pena minha, não houve verba nem para o hipotrip, nem para o cruzeiro no Tejo.
Corri quase todos os miradouros da cidade, desde o concorrido Senhora do Monte, passando pelo de São Pedro, até aos mais resguardados e secretos, como o de Belvedere.
Consegui ler três livros inteiros: duas harlequins de bolso, a melhor leitura para a praia, pois é ler e depois deitar fora, e as sátiras do Sensivelmente Idiota. O livro está brutal, tens mesmo que ler. Lá para as bandas do miradouro da Senhora do Monte, devorei-o numa tarde, rindo a bandeiras despregadas feita uma idiota, para curiosidade e espanto dos transeuntes que por mim passavam. É mesmo bom ser idiota, e se formos sensíveis, ainda melhor.
Sete anos depois, voltei a banhar-me nas cálidas águas da Caparica. Revisitei as praias da linha. Degustei todo o tipo de manjares e gelados. Assisti a concertos de músicas étnica e clássica. Dancei com o sol, nas matinés do B.Leza, e com a lua, nas noitadas no Urban e Lux. Comi o meu primeiro hambúrguer, ainda que gourmet, à moda clássica, com a carne no meio do pão (na verdade bolo de caco), batatas fritas, ketchup, alface e tomate.
Sunsets no Rooftop do Hotel Mundial, no Lost In ou no Terraço do Marquês eram parte da rotina. Passeios ao luar pelo Parque Eduardo VII ou à beira-rio também.
Em matéria de romance, algumas passagens a ressalvar. Recebi uma manifestação de interesse de um seguidor deste blog, rendido "ao que escrevo, à qualidade e sensibilidade denotada, mas sobretudo à forma inteligente com que o faço". Sete mensagens depois – não me foi de todo possível resistir ao velado encanto da sua prosa – o suposto pretendente "continua aguardando o lençol da minha resposta para poder subir muralha acima até à minha janela...".
Um outro caramelo, cujas conversações deixavam antever um desfecho satisfatório, foi banido do meu convívio por... digamos, excesso de entusiasmo libidinoso. Através da aplicação Ok Cupid, entabulamos conversa, que se estenderam por semanas, coisa atípica na realidade virtual. O problema é que a dada altura o bacano só queria palrar de sexo, sexo, sexo. Por mais que tentasse evitar ou contornar o assunto, lá vinha ele bater na mesma tecla. Chegou um dia que me saltou a tampa e mandei-o dar uma curva para nunca mais voltar. Caramba, que se passa com os homens que cruzam o meu caminho? Devo ter alguma espécie de iman que só atrai carentes, tarados, pervertidos, libertinos, adúlteros e desesperados. Todos com um denominador comum: completamente obcecados por sexo. Que é bom, sem dúvida! Que todos queremos, claro que sim! Mas é preciso falar disso o tempo todo, ainda por cima com uma desconhecida com quem não se tem intimidade nenhuma e a quem quer-se supostamente conquistar para algo mais que cama? Só comigo!
O lojista senegalês, onde costumo ir comprar coisas da mãe África (chás, manteiga de karité pura, mezinhas, loções, creminhos naturais e afins) viu em mim a candidata perfeita para o cargo de quarta esposa. Como um bom muçulmano, o homem, proprietário de três esposas e 11 rebentos, resolveu que je suis très belle para estar solteira. Daí que agora toda vez que lá vou, ele só fala em conquistar-me. E quando lhe disse que só abriria mão deste meu status quo se o pretendente fosse financeiramente irresistível - cada um procura o que mais falta lhe faz, portanto nada de julgamentos morais – este não se desarmou e disse-me prontamente que venderia a loja para me garantir um bom dote. E esta, hein? Eu é que não vou dar o ar da minha graça tão cedo por lá, não vá ele estar a falar a sério.
A paixão platónica pelo rapaz lá do ginásio a essa altura do campeonato já deve estar em morte cerebral, devido a abstinência visual. Dado que não lhe ponho a vista em cima há quase três meses, acredito que já deva estar curada daquela paixonite aguda crónica. A ver vamos! A prova dos nove será hoje quando voltar a dar tarefa ao corpo.
No que toca a trabalho, nenhuma novidade concreta. Continuo à espera do feedback a duas entrevistas realizadas em julho e agosto e nas quais deposito boas expectativas. Entretanto, vou mandando currículos, respondendo anúncios e ansiando pelo dia em que este pesadelo conhecerá (finalmente) o seu fim. Só de me imaginar a passar por tudo outra vez, até me dá uma coisa má. A sério que acreditava que esta área da minha vida estaria sanada por esta altura.
Vou ter uma nova roommate, igualmente solteira. Cá em casa, em vez de duas, vamos passar a ser três jovens, belas, sexy, inteligentes e bem resolvidas... celibatárias. Como esperam que eu deixe de ser solteira, se a solteirice me cerca por todos os lados?
Bom… acho melhor ficar por aqui, que este artigo já vai longo. Escrevi tanto, que já me sinto a precisar (novamente) de férias. Volto amanhã com mais novidades, pode ser?
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