
Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Viva! 👋
Hoje, dia 20 de setembro, completam seis meses desde a última vez que pûs qualquer espécie de produto químico no meu cabelo. Esta introdução, perfeitamente extensível a uma sessão dos AA (Adictos Anónimos), espelha bem o quão aditivo é para a mulher africana desfrisar ou texturizar. Pudera, desde os primórdios da nossa adolescência que nos fustigam a cabeleira com uma panóplia de produtos químicos, na intenção de torná-la mais maleável, ou seja, menos selvagem.
Os padrões ocidentais, assentes numa obsessão pelo cabelo liso, imperaram durante séculos, impondo-se como a única forma socialmente aceitável de beleza capilar. No post Dove volta a arrasar com #SeuCabeloSuaEscolha já eu tinha escrito sobre a importância de uma mulher assumir a versão original do cabelo, sem complexo, vergonha ou culpa. Foram precisos cinco anos e um mês para eu ter coragem para adotar o meu cabelo tal como ele é: repleto de pequenos caracóis, os quais estou amando descobrir, tratar, mimar e assumir.
Muito tenho eu que agradecer às minhas amigas Kaly e Elisângela, as quais insistiram, persistiram e nunca desistiram para que eu assumisse o cabelo natural. Segundo elas, este não carece de qualquer "tratamento" para ser bonito. Finalmente, aquando da viagem a Cabo Verde, em abril deste ano, ao constatar o quão lindo estavam os cachos delas, sacramentei a decisão de largar mão da desfrisagem, mais não fosse porque tinham-me elas sob vigilância apertada, não fosse eu cair na tentação.
Volvidos seis meses, confesso que foi uma das melhores decisões de toda a minha vida. Estou absolutamente apaixonada pelo meu cabelo. O detox capilar sabe maravilhosamente bem, e, ao contrário do cabelo quimicamente tratado, o natural surpreende-me sempre pela positiva. Cada dia é uma descoberta, uma aventura e uma alegria. Não penses que foi fácil porque não foi. O período mais crítico, em que todos os dias ansiava por meter-lhe um texturizante em cima, foi entre o segundo e o quarto mês.
O meu sonho de consumo capilar sempre foi caracóis da cor de mel. Caracóis tive eu desde sempre, quanto à cor mais clara, só fazendo praia o ano todo, coisa impossível para quem vive na Europa. Por diversas vezes ousei fazer coloração, acabando, contudo, por desistir, já que a combinação do desfrisante com a tintura é fatal para a definição dos caracóis, os quais acabavam por perder a ondulação natural e ficar com as pontas queimadas.
Como tal, tinha perdido a esperança de ter o cabelo numa cor mais clara. Agora tenho-o loiro e posso dizer loiro natural. Confusa? Já explico! Há meses que uso champô de camomila orgânico, o qual vai paulatinamente clareando o cabelo. Com a exposição ao sol, que só o verão é capaz de proporcionar, os meus fios foram clareando de tal modo que já só uso o tal champô uma vez por semana, apenas para prevenir que o tom natural ganhe terreno.
Pela imagem que ilustra esta crónica podes constatar o quão deslumbrante está o meu cabelo. E, ao contrário do que sempre acreditei, a versão natural dá menos trabalho do que a versão quimicamente tratado. Em circunstâncias normais, só preciso lavá-lo duas vezes por semana, sem precisão de molhá-lo diariamente, como acontecia há quase 30 anos. Uma vez por semana, faço uma hidratação profunda, com uma máscara indicada para caracóis naturais (a da marca Wella é milagrosa). Para o dia a dia, borrifo-o com um spray hidratante da Revlon (linha para caracóis), um pouco do activador de cachos da Sof'n Free e o creme modelador da Tigi (a meu ver, o melhor que já inventaram para os caracóis).
Há largos anos que só uso produtos da gama profissional, ou seja, sem parabenos, sulfatos, álcool e outros componentes que só servem para intoxicar o couro cabelo e danificar os fios. Gasto mais, é certo, mas a compensação essa é garantida, com a saúde do cabelo a ser uma certeza. Ainda agora nas férias, fui aparar as pontas num cabeleireiro em França, sem experiência alguma em cabelos africanos, e a primeira coisa que ele me disse foi que o meu cabelo era super sedoso e muito bem cuidado. "Por isso faço eu", respondi-lhe toda vaidosa.
Por hoje é tudo. Cá estarei de volta na quarta-feira para mais um papo amigo. Até lá, deixo-te com aquele abraço de sempre e desejos de uma ótima semana.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.