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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Ora viva! 👋
Nos últimos dias, a sociedade cabo-verdiana tem testemunhado a uma inquietante onda de homicídios, com a violência patente em cada um deles. Para além do estupro, e consequente assassinato, de uma menina de 13 anos, cujo corpo foi barbaramente largado num sítio ermo da ilha do Sal, registaram-se ainda dois crimes passionais: uma mulher que matou o companheiro à facada (também na ilha do Sal) e um homem que matou a tiro a companheira (na ilha de Santiago).
Quem me conhece minimamente sabe que não sou apologista de dar tempo de antena a acontecimentos nefastos ao bem-estar mental e emocional. A realidade é suficientemente dura para estar a dar protagonismo ao seu lado perverso. Contudo, volta e meia, abro uma exceção para falar de casos que me tocam particularmente, tamanha a sua relevância para a harmonia social, sobretudo quando põe em xeque a problemática do género.
É à luz desta contextualização que eis-me aqui a partilhar este poderoso desabafo da escritora e ativista social Natacha Magalhães, a propósito dos episódios acima mencionados.
Ontem uma mulher assassinou o marido com uma faca. Hoje um homem (agente policial) mata a esposa com tiros.
Vejo comentários do tipo "até quando?", "quantas mais terão que perder a vida?", "nossa sociedade está doente".
Não. Paremos com isso! Nem toda a sociedade está doente. Não somos todos assim.
O que se passa, nesses casos, é que pessoas estão em relações sem sentido, com medo de ficarem sozinhas ou para darem uma satisfação à sociedade, que aprova mulheres e homens casados (ainda que mal casados) do que solteiros e felizes. Há muita pressa, pouca paciência, muita irracionalidade. E é o que se vê. Quantas/os se submetem a relações infelizes, onde o parceiro não tem nada a ver com a parceira e vice-versa, mas o casal só lá permanece apenas porque um ou ambos não conseguem viver sós? Quantos estão em relações baseadas no sexo e não na amizade, cumplicidade e respeito? Quantas mulheres e homens precisam aprender a amar e respeitar a sua própria pessoa, ao ponto de sair da relação tóxica ou quando as coisas chegam a um ponto que claramente há sinais de desgraça eminente?
O que há nessa sociedade é muita falta de amor, incluindo amor-próprio. Muita falta de cuidar da alma, de cultivar a fé e os valores.
Há autoridade capaz de resolver isso? Não! Essa é a nossa responsabilidade, enquanto pais e educadores. Lá em casa, ensinar as meninas e os meninos a autoestima e auto-respeito, a respeitar o outro, a gerir emoções, a aceitar opiniões contrárias.
Mais amor. Amor-próprio. Amor ao próximo.
Despeço-me com aquele abraço amigo e votos de Boas Festas.
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