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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Ora viva!
As plataformas de encontro - apps de engate, como gosto de chamá-las - são um tema que não se esgota na sua (in)significância, até porque nos dias que correm, com todas as restrições ao convívio e ao contacto físico que a Covid-19 veio impor, os desemparelhados precisam mais do que nunca de toda e qualquer ajuda para incrementar a sua vida amorosa.
Com uns mais focados na parte sentimental e outros assumidamente interessados em sexo, as relações românticas, tal como tudo na vida (e no mundo), estão a ser alvo de uma transformação sem precedentes. As plataformas de encontro assumem assim um papel preponderante nesta mudança de paradigma, não só por permitirem a tão conveniente interatividade, imediata e ininterrupta, como por aumentarem exponencialmente o leque de opções.
"Conhecer" alguém nunca foi tão fácil, barato e descompromissado. Iniciar/terminar uma relação faz-se num piscar de olhos, melhor dizendo, num deslizar de dedos. Os encontros, que antes implicavam conhecer fisicamente a pessoa, passaram a estar ao alcance de dois ou três cliques. Os conhecidos de amigos ou colegas de trabalho/universidade deram lugar a fotografias, as quais vamos aceitando ou rejeitando, conforme o nosso agrado.
A excitação inicial que é descobrir pretendentes, explorar os seus perfis, encetar uma conversa, trocar informações, para, no final, arriscar um tête-à-tête, com o passar do tempo vai dando lugar ao tédio, à impaciência, à frustração e à desilusão. Precisamente por haver demasiadas opções à nossa mercê, acreditamos que o próximo perfil será sempre melhor do que o anterior. Só assim é-nos possível alimentar a esperança de que nada perdemos com aqueles que rejeitamos. Esta dinâmica torna-nos aditos, ao ponto de, ao invés de apreciarmos o que temos garantido, continuarmos a correr compulsivamente os dedos pelo ecrã na expectativa do que ainda poderemos vir a ter.
A minha odisseia pelo ciberespaço em busca do amor é sobejamente conhecida pelos meus leitores/seguidores. A última aliada nesta aventura foi o Facebook Dating, do qual dei conhecimento em dois posts. Do que ainda não tinha dado conhecimento é que, duas semanas após a sua descoberta, e exploração, o veredicto resume-se a "menos do mais". Falando curto e grosso, a nova funcionalidade do Facebook é uma versão low-coast do Tinder, motivo pelo qual não me restou outra opção que não fosse eliminar o perfil. Claro que um encontro aquém das expectativas, no sábado, foi a gota de água para acabar de vez com esta estória de conhecer gajos interessantes através desta, ou de qualquer outra, plataforma digital.
Assim, de momento, e por tempo indeterminado, está suspensa da minha vida toda e qualquer procura do amor através da internet. Se tiver que acontecer, que seja de forma espontânea, de preferência ao estilo convencional, como sucedeu com o tal mec francês. Sim, porque não desisti do amor, pelo contrário! A cada dia que passa, mais convencida fico de que uma vida sem amor é meia vida. A questão aqui é esclarecer o tipo de amor que cobiçamos: o próprio ou o alheio. O primeiro é algo que tenho de sobra, pelo que, nesse quesito, tenho uma vida inteira. Quanto ao segundo, anseio pela sua versão maior, aquela que soma, acrescenta, engrandece, enaltece e envaidece.
Meu bem, caso estejas de coração livre, na ânsia de viver ou reviver um grande amor, o meu conselho só pode ser este: estar atenta, ser paciente e não procurar muito. Afinal, não somos nós que encontramos o amor, mas o amor que nos encontra. Bem sei que amar intimida, sobretudo quando já fomos magoados. Ainda assim, continua a valer a pena. Mesmo com o coração despedaçado, é possível amarmos com esses pedaços. Amar alguém e não resultar, não tira valor ao que se viveu e lá porque terminou, não deixa de ser uma estória de amor.
Aquele abraço amigo de sempre!
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