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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Viva!
Tal como um país inteiro, também eu tenho acompanhado, com atenção, o desenrolar da novela Raríssimas. Apesar de não ser apologista de julgamentos em praça pública e menos ainda do desporto favorito de tantos cibernautas: destilar veneno, o facto é que também eu tenho uma palavra a dizer sobre este caso:
Ponto 1
Onde há fumo há fogo. Com isso quero dizer que acredito que as acusações tenham fundamento, ainda que não esteja a par da sua real dimensão.
Ponto 2
Ao que parece o sustento integral da família (mãe, pai e filho), num total que rondava os seis mil euros mensais, provinha daquela Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS). Afinal, família é mesmo assim: onde come um, comem todos. Se o repasto for de qualidade, melhor ainda.
Ponto 3
A dita presidente – que se demitiu mas recusa-se a formalizar a carta de rescisão – só admite largar a cadeira do poder mediante indeminização e subsídio de desemprego, diz a comunicação social. A ser verdade, isso revela o caráter (nubloso) da criatura. Uma pessoa de bem, com a consciência limpa, não hesistaria em abdicar do cargo, mais não seja porque estaria convicta de que, com o apurar da verdade dos factos, este ser lhe ia restituído por justa causa. A meu ver, não o faz porque sabe que com o nome sujo na praça só por um milagre consegueria um trabalho que lhe permitisse manter o estilo de vida a que se habituou à custa da Raríssimas. E dado que o marido e o filho tinham, igualmente, aquela como entidade patronal, é-me evidente que, com o fechar da torneia, o clã Brito e Costa corre um sério risco de celebrar o próximo Natal na cantina da Cidade Universitária ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa. Afinal, aonde mais iria a família metralha assacar semelhantes salários e regalias?
Ponto 4
Ao que parece a senhora acusada-de-fraude-que-acha-que-o-país-inteiro-lhe-deve-um-pedido-de-desculpas não é capaz de destinguir a coisa pública da coisa privada. Não obstante ter sido a própria a fundá-la, a Associação Raríssimas não é propriedade sua. Só o seria se não beneficiasse de fundos alheios. Com o nosso dinheiro fazemos o que bem entendemos. Com o dinheiro dos outros – ainda para mais provinientes do erário público e de donativos de mecenas – a conversa é outra. Há que prestar contas sim, há que justificar e há que responder judicialmente pelo seu uso. E não há que gastá-lo em proveito próprio.
Ponto 5
O facto de alguém não consumir certo alimento, não é justificação cabível para esse item não constar da sua lista de compras. Refiro-me ao facto de, perante a acusação de ter gasto mais de 200 euros de uma assentada só na compra desse marisco, ela ter dito que nem sequer o come. Pode uma coisa dessas?
Ponto 6
Durante mais de cinco anos frequentei as mais altas rodas sociais, políticas e culturais. Sempre fui elogiada pela elegância e bom gosto no vestir, não obstante auferir pouco mais que o salário mínimo. E para isso nunca foi preciso comprar vestidos de 300 euros no El Corte Inglés. Claro que os cargos não se comparam e os salários menos ainda. O que posso garantir é que, no lugar dela, eu não precisaria usar o cartão de crédito corporativo para representar dignamente a instituição pela qual daria a cara.
Ponto 7
Se a pobre coitada está a ser vítima de uma intriga da oposição, porque não apresenta provas concretas da sua inocência? As denúncias não foram só da boca para fora; foram devidamente fundamentadas com documentos. A senhora Paula que faça o mesmo. Que apresente provas da sua não culpa e não fique tentando confundir a opinião pública com aquele discurso de mártir totalmente incompratível com aquele seu arzinho arrogante e destituído de remorsos.
Ponto 8
Quiça por se considerar protegida política; quiçá por ter subestimado os seus subordinados (aquela de que todos tinham que lhe prestar vassalagem através do levantar-se sempre que ela passava é de rir para não chorar); quiçá por o poder lhe ter subido à cabeça; quiçá por pura burrice embrulhada num vestido de grife; quiçá por sofrer de um raríssimo desvio de carácter; a senhora nunca acreditou que as coisas chegariam ao ponto que chegaram. Daí nem se ter dado ao trabalho de tentar disfarçar a coisa.
Ponto 9
Sejam lá quais foram as motivações da dita cuja, e seja lá for o desfecho desta estória, o que ela não pode é continuar a perturbar o normal funcionamento da Raríssimas. Não percebe ela que, com esta atitude de não se desvincular daquela IPSS, está a comprometer, não só o bom nome da instituição, como também a por em causa o serviço prestado por esta àqueles que realmente precisam? Todo este clima de suspeição à volta da mesma – sob a gestão da dita senhora, não esqueçamos – não é benéfica nem para a própria associação e menos ainda para os raríssimos.
Que o bom senso faça luz na mente da senhora e a Raríssimas possa voltar brevemente ao bom caminho.
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