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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!


30221722_2094061863967366_9027031025712103424_n.jpViva!

Qual é a pergunta qual é ela que todos os solteiros temem ouvir? Como é evidente, "Porque não tens ninguém?". De entre todas as respostas – espontâneas, evasivas, resmungonas ou depressivas – esta é aquela que não me lembro de alguma vez ter ouvido sair da boca de um mortal: "É porque como nunca saio de casa, estou à espera que o amor me venha bater à porta!".

A experiência pessoal permite-me afirmar que dificilmente existe uma única explicação para o facto de se estar desemparelhado. É facto que um determinado momento e um determinado acontecimento ditaram o dia, o mês e o ano em que a pessoa se autoconsciencializa solteiro. Depois disso, vários argumentos são descaradamente evocados para justificar e/ou reforçar o não estar num relacionamento: preferência por atuações a solo, aversão e/ou medo de compromissos, cara metade esquiva ou, pura e simplesmente, falta de sorte.

Independentemente do motivo por detrás da solteirice nossa de cada dia, a auto sabotagem, ainda que na maioria das vezes perpetrada de forma inconsciente, é responsável por uma siginificativa percentagem de corações solitários que andam a vaguear pelos calabouços do amor.

De acordo com a psicóloga Melanie Schilling, "minamos e bloqueamos de forma ativa as oportunidades que impliquem qualquer tipo de interação social ou que possam levar a conhecer possíveis parceiros. Ao adotarmos essa postura, transmitimos a mensagem de não estamos interessados numa relação".

Como é que fazemos isso? Atribuindo a responsabilidade da nossa situação amorosa a fatores externos – por exemplo, 'está muito frio, começo a sair mais e a ir a encontros quando o inverno acabar' ou 'não há homens de jeito' –, quando na verdade só estamos com medo.

"Frequentemente quando já sofremos no passado tornamo-nos demasiado protetores de nós próprios. E tememos sentir intimidade e vulnerabilidade com alguém. Porém, há uma diferença entre ser razoavelmente cético e boicotar a própria felicidade", esclarece a psicóloga.

No parecer desta inspetora da mente, muitos dos que inconscientemente sabotam as suas hipóteses de encontrar o amor, 'agarram-se' a três tipos de noções negativas: acerca deles próprios ('estou melhor sozinho'), acerca dos homens/mulheres em geral ('provavelmente vão trair-me') e acerca dos relacionamentos ('não tenho tempo para uma relação').

Perante este quadro, o diagnóstico é irrefutável: não estamos preparados para namorar se cultivamos um desses três pensamentos. Ups!

O poço de verdade na qual estas ideias saciam a sua empiricidade é tal que não me resta outra opção que não seja fazer mea culpa e encetar uma análise isenta de "achismos" sobre os reais motivos porque continuo solteira. Agora vejo que muitos de nós cometemos o pecado de não saber reconhecer que estar desemparelhado deve-se, acima de tudo, às nossas próprias atitudes e ao nosso modo de estar na vida.

E com esta retiro-me de costas, não vá a verdade dos factos seguir-me ecrã fora. Até à próxima, single mine.

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