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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Por diversas vezes aqui assumi que sou frequentadora assídua de sites e aplicações de encontros. Honestamente, não estou a ver um com o qual não me tenha envolvido, nem que por uma noite apenas. Sou rodada, estou ciente disso, mas quando a solidão, a carência e o tédio batem fundo no peito é neles que procuro consolo.
Em relação a uns, sobretudo os que fazem questão de dividir a conta, basta um primeiro encontro para eu saber que a coisa entre nós não iria resultar. Sou uma mulher à moda antiga, que gosta que lhe abram a porta do carro, paguem a conta, deem o lado de dentro do passeio, ajudem a vestir/despir o casaco e por aí fora. Noutros, assisto, insisto, persisto e não desisto. Dou-te alguns exemplos.
Estive um bom tempo a correr atrás do Second Love (SL), o meu primeiro affair na rede. Por lá conheci pessoas interessantes, ao ponto de ter-me aventurado nuns quantos blind dates, imagina tu, que do café/copo/jantar da praxe passou diretamente para o 'até nunca mais ver'. Ser a outra é algo com o qual não me identifico. Como gosto de dizer, na equipa onde eu jogo tenho que ser titular. Se é para ficar no banco e ser chamada apenas para substituir prefiro ir militar para uma outra de escalão inferior, desde que possa ser titular indiscutível. Ou então, abandonar o jogo. Está-se mesmo a ver que este meu primeiro romance virtual não resistiu ao perfil polígamo do meu pretendente.
Depois foi a vez do Tinder (Mr. T). Com esse foi paixão à primeira vista, mais não seja porque assim que lá pus os dedos dei de caras com o tal rapaz do ginásio, que levou logo com um emocionado e entusiástico piropo. Para grande desgosto meu, o dito cujo nunca deu feedback à minha manifestação de interesse. Dá para acreditar que até no virtual a única coisa que dele consigo é gelo? A continuar assim, ainda faço uma sequela do Frozen. Let him go let him go…
Depois disto… não demorou muito até a desilusão se instalar. Duas tentativas de engate depois, o desencantamento já era oficial. Apercebi-me que o pessoal que por lá andava só queria saber daquilo – sim, daquilo –, de preferência tão logo possível e sem muito preâmbulo ou paleio. Assim como o outro, esse também foi à vida. Apesar de não ter apagado o seu número, nunca mais o procurei.
Depois disso andei desnorteada, a disparar para tudo quanto é lado, numa roda vida de instalar/desinstalar (no caso das apps) ou subscrever/cancelar (no caso dos sites). Os pagos ou os possuidores de vocábulos em brazuca eram imediatamente descartados.
Ultimamente tenho saído com apenas dois: o OkCupid, que me parece ser um bom pretendente, e o felizes.pt, a inspiração para este artigo. Quanto ao primeiro, como é uma coisa recente, ainda não tenho como saber se vai dar em algo mais que encontros inocentes e desprovidos de trocas de calor humano, se é que me entendes. O que te posso adiantar é que a esse estou disposta a dar uma oportunidade, mais não seja porque opções começam a escassear.
Já no que ao felizes.pt (Mr. F) toca – o nome por si só já é uma lufada de esperança na vida de uma solteira –, a conversa é outra. Apesar do nosso caso de amor já durar algum tempo, a verdade é que nunca lhe dei muita importância. Achava-o monótono e previsível. A nossa relação era assim: quando o SL e o Mr. T me deixavam na mão, lá ia eu refugiar-me nos braços do Mr. F. Ele, tal qual um apaixonado fiel e sempre desejoso de agradar, de todas as vezes recebeu-me de braços abertos, enviando semanalmente para a minha caixa de correio um lembrete dos nossos melhores momentos, só para eu saber que continuava ativo e à minha espera.
Como quem espera sempre alcança, numa das minhas visitas esporádicas ao sítio dele, para mais uma sessão de reabilitação da minha estrogenidade, constatei que o bacano afinal está com mais power do que eu alguma vez pensei.
Além de estar naquela faixa etária em que (supostamente) já se sabe o que se quer da vida – mais de trinta anos –, coisa que até então me tinha passado ao lado, gosto dele porque dá uma atenção especial às minas da Alfacelândia, vulgo Lisboa, o que para mim é ótimo, pois namoros à distância de pouco ou nada me vão valer.
Quando comparado com os outros com os quais me envolvi antes, este meu amigo colorido oferece-me uma série de regalias que os restantes nunca me deram. Vejamos: além de não me levar nada pelo atendimento (o que é que foi? Não sou forreta, apenas economicamente prejudicada, por isso escusas de revirar os olhos), é simples, prático, intuitivo e de fácil trato.
Como se não bastasse tudo isso, ainda me deixa escolher quem pode (ou não) ter o privilégio de entrar em contacto comigo. Eficiente como ele só, nem pestanejou quando lhe "dei instruções" para não me passar nenhuma mensagem de casados ou de lésbicas. Para mal dos meus pecados, este pessoal tem cá uma fixação por mim, vá-se lá saber porquê. É com cada abordagem que levo da parte deles, isto apesar de deixar bem explícito na minha descrição de perfil que não me interessam pessoas comprometidas ou portadoras do mesmo material genital.
Sabes aquele momento em que nos apercebemos que estamos perdida e irremediavelmente apaixonados por algo ou por alguém? Pois é, foi precisamente na altura em que acertei com esta funcionalidade – escolher quem pode dirigir-se à minha pessoa – que me rendi (definitivamente) aos seus encantos e passei a vê-lo com outros olhos. Digamos que agora estou ciente do seu devido valor e que com a convivência diária vou descobrindo mais motivos para este meu encanto. E pensar que ele esteve o tempo todo à distância de um clique e eu tapada a viajar na web feito D. Quixote à procura da sua Dulcineia.
Outra coisa que aprecio bastante neste meu menino é que para estar com ele não tem que saber: é só chegar e entrar. Aposto que até a minha querida vovas seria capaz de se desvencilhar por lá e quem sabe conhecer um sénior charmoso cheio de amor para dar. Tirando a classificação para maiores de 65 anos, poderíamos estar a assistir a uma bela película de amor, em (quase) tudo igual a tantas outras da vida.
A parte chata é que este meu amante é possessivo, ao ponto de raramente me deixar chegar às falas com os gajos bons que por lá abundam. Quase nunca consigo diálogos em tempo real e quando mando mensagens a taxa de retorno é uma miséria. Tenho que descobrir qual a rush hour ali e por-me à coca. À parte isso, já consegui dois promissores candidatos recheados de predicados, tanto físicos como intelectuais, à minha mão. Ambas sabemos que não é bem bem a minha mão que eles querem...
Outra coisa que não te disse é que ele se assume, sem qualquer reticência, um romântico. Para além de ter tatuado "um site de encontro para românticos" na sua homepage, sempre que comigo está deixa-me jogar o jogo do cupido, enviar e receber presentes, fazer o teste de personalidade e otras cositas más. Até reservou uma gaveta para eu poder guardar os meus favoritos, vê lá tu.
E mais não digo que este artigo já vai longo. Porque não lhe fazes uma visita, testas os seus encantos e depois vens-me contar se o bofe é mesmo essa maravilha que acabei de te descrever? Deixo aqui o link para o caso de te interessar conhecer pessoas novas. Quem sabe não é lá que está o tal que te vai fazer feliz e resgatar-te desta vida de (ainda) solteira.
Saindo daqui, adivinha para onde irei eu a seguir…
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