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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Viva!
Depois de um repasto divinal na companhia de uma das minhas mais queridas amigas de sempre, eis-me aqui altamente inspirada para mais uma crónica, desta feita dedicada ao lado M (leia-se mau) da solteirice.
É do conhecimento geral da blogosfera que o celibato é algo do qual não me envergonho. Pelo contrário! Ainda que me assuma como uma solteira feliz e bem resolvida com o seu status amoroso, reconheço que nem tudo é um mar de rosas. É por isso que hoje quero falar-te de dois dos aspetos que mais acuso na solteirice: beijo e amparo. Sim, isso mesmo que acabaste de ler.
É sabido que o contacto físico é um aspeto fundamental em qualquer relação amorosa. Sem querer desmerecer o papel do sexo, não reconheço nenhuma intimidade física mais prazerosa que o beijo; a meu ver, capaz até de superar uma boa performance sexual. Sabes porquê? Porque beijo bom traz a reboque sexo bom. Do contrário é que já não estou convicta.
Abro aqui um parêntesis para assumir a minha incapacidade em visualizar de que forma bom sexo poderá advir da falta de bom beijo. Do género: serviram-te um prato delicioso, só que sem direito a uma entrada a condizer. Por melhor que este seja, a sensação de que ficou a faltar something vai perseguir-te sempre que te vier à memória aquela refeição.
Retomando o fio à meada antes que a mente comece a navegar por conteúdos de bolinha vermelha, longe de mim dizer que o sexo não é bom ou que não o aprecio. O que quero frisar é que tenho preferência pelo beijo porque sei que quando ele é bom dificilmente o sexo não será também. O estranho é que enquanto debutante do baile do amor não achava grande piada à coisa, para não dizer que até tinha nojo. Mas assim que lhe apanhei os passos e passei a dominar a coreografia… you know.
A oportunidade de uma solteira, deveras seleta no que toca a bocas na qual encostar a sua, exercer o exercício desta arte torna-se escassa, para não dizer inexistente. Este é, sem sombra de dúvida, o aspeto que mais acuso na solteirice: não poder beijocar sempre que me apetecer; beijar como cumprimento, beijar como preliminar, beijar como despedida, beijar por beijar. Só porque sim!
O segundo aspeto que mais me custa no celibato é a falta de amparo (físico e emocional). Nunca tive tanta consciência disso como há umas semanas atrás quando, de uma hora para outra – literalmente falando – me vi envolvida num drama caseiro de quinta categoria, cuja consequência imediata foi o despejo. Já passei por muito nesta vida, já lidei com (quase) todo o tipo de provação que imaginar possas, mas não me lembro de alguma vez me ter sentido tão perdida, tão solitária, tão desamparada. O desalento foi tanto que só conseguia pensar: "Se ao menos tivesse um homem do meu lado, teria com quem desabafar, com quem analisar soluções, com quem contar".
No meio daquele desespero todo, profundamente abalada pelos insultos, gritos, humilhações e ameaças de que fui alvo, saber-me longe da minha família e dos meus verdadeiros amigos e com poucos dias para encontrar um novo sítio para morar, e a poucas horas de viajar para França onde ia passar o natal com os meus, a solteirice pesou-me como nunca antes.
Senti tanta falta de ter quem me defendesse, quem me desse um abraço, quem me afagasse os cabelos, me enxugasse as lágrimas e me dissesse que tudo iria ficar bem e que eu poderia contar com o seu apoio para o que fosse preciso. Sem falar que precisava de ajuda física para procurar alojamento e tratar de toda a logística inerente à mudança de casa.
É por isso que decidi que das duas uma: ou não mais voltarei a passar por semelhante situação de todo ou, a voltar a passar, ter ao meu lado alguém capaz de me dar o amparo e o aconchego necessários para lidar com tudo. Dado que a primeira premissa não depende exclusivamente da minha atuação (por mais que assim o queira), só me resta investir na segunda. Com isso quero dizer que neste 2019 é minha intenção abandonar o celibato prolongado e arranjar um namorado. E mais não digo por ora, que a crónica já vai no décimo parágrafo.
Despeço-me com um "para a próxima há mais"!
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