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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Ora viva!
Hoje escolhi reeditar um post do dia 26 de maio de 2017, que versa precisamente sobre uma das minhas maiores batalhas enquanto desencardidora de mentes. Refiro-me aos homens errados, espécies que, para mal dos pecados das solteiras, proliferam que nem pragas pelos campos, tantas vezes agrestes, da vida amorosa.
Foi neste contexto que na altura citei diz-lhe que não, livro da autoria da jornalista Helena Magalhães. Reza a obra que há que saber dizer NÃO aos homens errados, assim como às relações fast-food. Para esta profissional da comunicação, que também é blogger, existe uma linha muito clara que separa o "eu quero" do "eu preciso". Com isso quer ela dizer que todas nós queremos um homem, mas nem todas precisamos de um para ser feliz. "Existem muitas pessoas que não conseguem viver sozinhas, porque não têm capacidade de estar consigo próprias, ou ir jantar ou ao cinema ou ao café sozinhas, e o que acontece é que muitas vezes estão em relações de 'merda' só porque não conseguem estar sem ninguém, e isso é ridículo", defende a autora.
O facto de as mulheres serem mais propensas a "envolver-se e permanecer numa relação que não é, de todo, saudável", não quer dizer que este seja um drama exclusivamente feminino. Pelo contrário! Também eles embarcam em vínculos (emocionais ou sexuais, é-me indiferente o nome que lhes queiram dar) estéreis, cujas motivações resumem-se essencialmente a três: "despejar os colhões" (sei que a expressão é um tanto ou quanto ordinária, mas dado que se trata da mais pura verdade, dispensemos a luva de pelica), ter quem lhes afague o ego e quem dê assistência toda vez que o défice de atenção bater à porta.
É por isso que é essencial à sanidade emocional (e, já agora mental) ter a coragem para dizer 'não' aos homens inadequados, assim como às relações que não acrescentam valor à nossa vida. Para Helena Magalhães, "a pessoa errada será sempre a pessoa errada", pelo que insistir no erro de pouco ou nada adiantará, já que a felicidade que essa relação poderá trazer será sempre uma miragem, tal e qual uma alma perdida no deserto do Saara, a que se agarra com unhas e dentes como forma de continuar a acreditar que (ainda) há vida pulsando.
Ao longo do livro, uma espécie de manual de sobrevivência em tempos de calamidade amorosa, é clara a mensagem a ser passada às single ladies: mais saudáveis são aquelas que conseguem pensar 'eu quero um homem, mas não preciso'. Sabe-se lá se por carência, desespero, solidão, urgência ou pressão social, imensas mulheres acreditam que precisam de um par de calças para serem felizes. Errado! Precisam de outra pessoa para ser mais feliz. A felicidade de cada uma depende única e exclusivamente de si mesma!
Quanto a isso, a opinião dela vai de encontro à minha: antes temos que aprender a (con)vivermos connosco próprios, e com os outros, e a ter a liberdade de sermos felizes, independentemente da situação em que nos encontramos e de quem ocupa o outro lado da nossa cama.
Não poderia terminar sem fazer referência a um outro aspeto convergente entre mim e a autora: o dar o corpo ao manifesto a custo zero (como costumo dizer), sobretudo no primeiro encontro. A propósito disso, eis a perceção dela: "Hoje em dia, os primeiros encontros tornaram-se atos sexuais, porque o sexo é o encontro, e se alguém diz que não, parte-se para outra pessoa. Por isso é que digo que as pessoas estão desinteressadas, porque querem tudo muito rápido, tudo a acontecer neste momento, o agora, e se demoramos um bocadinho desaparecem... Mesmo quando dizemos, 'vamos jantar' ou 'vamos ao cinema', desaparecem, porque há outra pessoa que quer dar o que eles querem".
Preciso escrever mais?
Às proprietárias de corações solitários, a palavra de ordem desta crónica só poder uma: left-swiped (na linguagem das apps de engate) aos homens errados!
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