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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Viva! ✌️
"Saudade", vocábulo tão revelador da alma lusitana, e sem tradução literal em outras línguas, foi eleita (por cerca de 11 mil internautas que participaram numa votação online promovida pela Porto Editora) a "Palavra do Ano" de 2020. Pessoalmente, adoro-a, até porque também nós os cabo-verdianos dela usamos e abusamos, sobretudo para evocarmos aqueles que toda a nossa existência vemos partir em busca de uma vida melhor. Tão bem a imortalizou a nossa diva Cesária Évora na canção Sodade, que a todos toca fundo e aos crioulos desperta uma lágrima no canto do olho.
Analisando a questão numa perspetiva mais espiritual, a palavra que, a meu ver, melhor resume 2020 é "Desimportância". O ano de que nos despedimos há coisa de seis dias deixou claro que tudo aquilo que considerávamos importante, de um dia para o outro (literalmente falando), deixou de o ser. O que era essencial passou a ser secundário, o que era indispensável passou a ser acessório, o que era urgente passou a ser adiável (sine data em muitos casos).
Diante de uma pandemia, global e mortal, tudo o resto, à exceção da vida e da saúde, perdeu importância, tornando-se assim desimportante. Perante a constatação inequívoca de que essas duas coisas são, na verdade, tudo o que realmente importa, as quezílias pessoais, as zangas familiares, os atritos com vizinhos, as disputas com colegas, os desafetos, os desamores e afins ficaram reduzidas à sua insignificância.
Dois mil e vinte serviu, pois, para nos lembrar que o que importa num instante pode passar a desimportar. Pensa nisso toda a vez que te sentires tentada a dar demasiada importância a coisas que, na verdade, nem são. Coisas que, se pensares com verdade e assertividade, vais chegar à conclusão que têm uma desimportância total, quando comparadas com a vida e a saúde.
Aquele abraço amigo e desejos de um ótimo Dia de Reis. Em terras de nuestros hermanos é dia de trocar prendas. Ouvi dizer que em terras soviéticas também acontece o mesmo. Por cá é dia de desmontar a árvore de Natal e encerrar as festividades com bolo-rei e romã.
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