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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!


02
Dez22

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Ora viva! ✌️ 

Ainda na ressaca da minha estreia na versão 4.5, eis-me aqui para entregar-te uma carta do Pedro Chagas Freitas dirigida ao homem que não te merece. Eu sei que prometi que hoje contaria tudo sobre a minha festa de anos, mas como não me deste os parabéns, não ganhaste o direito a saber tudo o que se passou ao longo do dia 30 de novembro. 😉

Como tal, vais ter que te contentar com este maravilhoso texto de um dos autores mais badalados do momento em Portugal, de quem absorvo todas as publicações. Além de giro que se farta, e alto também, o homem é um mestre na arte de encantar através da palavra. Confere por ti mesma o que quero dizer. ☺️

Não sou mulher de meio copo. Se não está cheio: não o quero. Se não está cheio: nem sequer é um copo. Antes não beber do que beber apenas o possível. O possível que se dane. O possível é demasiado fácil para me arrebatar.
 
Isto para te dizer que me perdeste no dia em que te foste. Sei exactamente como foi, sinto-o exactamente como o senti. Num minuto estavas e no outro minuto já não estavas. Magia negra, talvez. Falaste-me da vida, que tinha de ser assim, que as pessoas, por vezes, têm de tomar decisões. E tu decidiste partir.
 
Há quem diga que tinha de ser, que as decisões mais difíceis são as mais importantes, que há que escolher, muitas vezes, entre o péssimo e o insuportável. Tu escolheste o péssimo e deixaste-me com o insuportável. Mas o que tem de bom o insuportável é que já está resolvido à partida. Não se suporta. E ponto final.
 
Ao contrário do péssimo, o insuportável não te deixa esperança. Sabes que não o suportas, que não há maneira de o suportar. E procuras outros caminhos. O insuportável é muito mais humano do que o péssimo, sei-o agora, que te escrevo estas letras sabendo que estás a milhas daqui e que jamais voltarás. Não suporto a imagem do que fomos, o teu sorriso quando te dizia uma das minhas piadas a que mais ninguém achava piada, a maneira como me fazias rir quando tentavas cozinhar como vias os grandes chefs cozinharem na televisão, e, claro, a forma como a tua pele parecia descobrir a minha. Não suporto o que fomos e isso basta-me para estar pronta para o que quero ser.
 
Um dia vais saber que amar à distância só acontece quando não se ama. Quando se ama, até a distância de um beijo é longe demais. Quiseste testar-nos, colocar-nos à prova. Fizeste promessas de amor eterno e depois o que ficou de ti foi tão pouco. Ficaste de ti.
 
Custou-me, no começo, perceber como poderia existir a vida se não existias tu. Acordava, todos os dias, à procura do teu corpo, à procura do teu colo, à procura da tua mão, e acabava por ficar assim, toda a noite e todo o dia, à procura de ti em todos os locais onde fomos felizes. Nada magoa mais do que a felicidade que não volta, a felicidade que perdeste e que, sempre que a recordas, te martiriza em tão grande como em tão grande te deixou feliz. Mas passa.
 
O melhor da vida é que tudo passa. Passou a procura, passou a mágoa. E ficou isto. Eu e isto. Eu e um buraco sem fundo no centro da vida. E a coragem chegou. Hoje mesmo, agora mesmo, neste momento mesmo. Vou-me embora da distância para sempre. Se temos de estar longe, que nunca o corpo fique fora disso.
 
Da outrora tua,
Eu
 
Aquele abraço amigo e até para a semana!

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