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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Viva!
Para este 2020, que se augura estrondoso a todos os níveis, sequer dei-me ao trabalho de elaborar a tradicional lista de resoluções. Tão somente, registei os meus votos, assumidos às primeiras badaladas do ano, no momento em que punha em prática a tradição de comer uma dúzia de passas correspondendo cada uma delas a um desejo que gostaria de ver realizado nos próximos 12 meses.
Esses votos, os quais encaro como objetivos e não meros desejos, são para serem escrupulosamente cumpridos. Exceto um, relacionado com coração, mais concretamente com a minha paixão crónica aguda pelo tal rapaz lá do ginásio, de quem aqui tenho falado várias vezes.
Embalada pelo otimismo típico do primeiro dia do ano, autoinjetei-me de uma coragem algures perdida no decorrer da minha solteirice de longa duração, e enviei-lhe uma mensagem, nestes termos: "Olá. Que 2020 nos proporcione boas vibrações, novos ares e esperanças renovadas. Feliz Ano Novo!" Que ele leu a mensagem sei eu; que sequer dignou-se a responder (nem que fosse por uma questão de cortesia, para não falar de educação) ficas tu a saber agora. O mesmo já tinha acontecido há cerca de dois meses quando lhe felicitei por mais um ano de vida. Na altura, tal como agora, o dito cujo não reagiu, nem mesmo com um emoji.
Sem margem para uma interpretação dúbia, um dos meus votos para este novo ano - ter uma chance com o dito fulano - sofreu uma baixa logo no dia 1. Sem argumentos capazes de debelar a indiferença, o desprezo e o descaso da dita criatura para com a minha pessoa, não me ocorreu outra solução que não fosse cortar todo e qualquer meio de contacto, ainda que virtual. Trocando por miúdos, deixei de o seguir nas redes sociais e eliminei todas as suas imagens dos meus ficheiros.
À espera de um milagre tenho estado eu nestes últimos cinco anos da minha vida, hoje reconheço. Romantica e ingenuamente esperei este tempo todo que, como se de um passe de mágica se tratasse, ele (finalmente) reparasse em mim e me considerasse digna do seu interesse. Qual quê? Já lá vão mais de 1 800 dias e dele obtive rigorosamente nada.
Recusando comprometer a minha felicidade por mais um minuto sequer, decidi que é, pois, mais do que hora de seguir em frente e dar por arquivado este dossier da minha vida amorosa. É hora de esvaziar o coração desse sentimento não correspondido e dar oportunidade a novas emoções por outras pessoas, quiçá mais merecedoras do meu afeto. Afinal, para que o novo possa entrar é imperativo que o velho lhe ceda o lugar. Assim acontece com os calendários, os relacionamentos, os sentimentos, os projetos, as ideias e as performances.
Confesso que em mais de duas décadas de vida amorosa, jamais me deparei com um par de calças tão inalcançável, tão inabalável, tão imprescritível, tão inexpugnável. Estou em crer que ser me ia bem mais fácil aceder ao Fort Knox do que a esse fulano.
É num misto de frustração e resignação que aqui abro o coração: cansei de esperar, cansei de suspirar, cansei de sonhar acordada, cansei de delirar, cansei de autoalimentar a esperança, cansei de hipotecar a felicidade em nome de um amor inequivocamente não correspondido. Cansei de amar pelos dois, é isso!
Nestes 364 dias que ainda tenho pela frente faço tenções de seguir em frente de peito aberto, coração livre e cabeça erguida. Faço tenções de me permitir dar uma nova oportunidade ao amor, sem estar constantemente a pensar que isso me afastaria (ainda mais) daquele a quem, sem ter a mínima ideia de como, entreguei o coração numa gélida noite de janeiro de 2015.
Através daquele abraço amigo tão nosso, faço-te chegar os meus mais sinceros votos de um 2020 transbordante de afeto, saúde, alegria, sucesso e felicidade. Estamos juntos e misturados!
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