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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!


dark-1869803_1920.jpgViva!

Convido-te a (re)visitar este post, originalmente publicado a 24 de setembro de 2019, tendo, na altura, suscitado um aceso debate sobre a questão do racismo em Portugal. Espero que gostes e que partilhes a tua opinião sobre o tema.

Hoje quero abordar um assunto que tenho vindo a adiar, com receio de que o discurso acabe por revelar-se demasiado inflamado, logo demasiado propenso a ferir suscetibilidades, precisamente o tema desta crónica.

Não é de hoje que acuso um enorme desconforto e alguma revolta (porque não assumi-lo?) cada vez que me chegam aos ouvidos relatos de acusações de racismo, que, nos dias que correm, parecem estar a fazer escola. Acusa-se alguém de racismo por tudo e por nada. A forma leviana e inconsequente com que se tem dado uso ao termo está a prejudicar despudoradamente o racismo na sua génese. Com isso quero deixar claro que muitas das atuais acusações de racismo mais não têm feito que roubar protagonismo a verdadeiros casos onde este é gritante, alarmante e incapacitante.

Para que entendas bem aquilo a que me refiro, cito o caso do chefe do governo canadiano, Justin Trudeau, que há poucos dias viu-se envolvido numa enorme polémica despoletada pela divulgação de uma fotografia em que, numa festa temática sobre noites árabes, aparece de turbante e com a cara escurecida.

Tendo acompanhado desde a primeira hora toda a celeuma à volta do assunto, continuo sem atinar com o cerne da acusação, segundo a qual "pintar a cara de castanho ou negro, o blackface/brownface, era comum em espetáculos do século XIX e contribuiu para a propagação de estereótipos sobre a população negra ou de pele escura."

Como é que o facto do Trudeau ter aderido ao espírito de uma festa temática, incorporando na perfeição uma personagem – que foi exatamente assim que interpretei a coisa, e graças a Deus que não fui a única – pode ser considerado racismo, ao ponto deste se vir obrigado a pedir desculpas publicamente? Se formos por aí, um branco que usa tranças ou uma branca que anda com um "black" podem dar azo a acusações de racismo. Afinal, estariam a apropriar-se de algo exclusivo ou identificativo de uma raça que não a sua. 

Voltando ao caso do governante canadiano, o mais hilariante é que os primeiros a apontarem o dedo foram pessoas brancas e não aqueles que tinham toda a legitimidade para o fazer: os de pele escura. Acaso, perguntou-se aos supostos "visados" se se sentiram vítimas de racismo? Agora pergunto eu: e se fosse o contrário? Um negro fantasiado de caucasiano, com a cara pintada de branco, configuraria racismo? Ou será que o racismo é uma estrada com várias vias num único sentido?

Ao que parece o racismo só é considerado válido quando é o branco que "se apropria" de alguma caraterística ou símbolo de outra raça, etnia ou cultura. Porque quando se dá o oposto, não é costume alguém vir bradar para a esfera pública que se está a cometer racismo. E olha que tenho autoridade na matéria para pronunciar-me. Na qualidade de negra, orgulhosa de uma mentalidade aberta e de um espírito tolerante, afirmo que não me revejo na maior parte das acusações de racismo que tem vindo a público.

Por experiência própria, posso dizer que a esmagadora maioria das pessoas não faz a mais pálida ideia do que é racismo, menos ainda do que é ser vítima dele. Racismo é, por exemplo, ouvires da boca de uma branca que, por mais bem vestida e instruída que sejas, o teu lugar será sempre na ala dos criados. Isso sim é ser vítima de racismo. Racismo é não seres selecionada para um emprego – apesar de seres claramente a candidata mais adequada – porque a empresa não quer pessoas "diferentes" em lugares de destaque. Isso sim é racismo. Um branco escurecer artificialmente a cara para ir a um baile de máscaras não é racismo, é politiquice, hipocrisia e overdose de suscetibilidade.

A impressão que tenho é a de que, nos dias que correm não se pode dizer, fazer, pensar ou até respirar sem ferir alguma suscetibilidade alheia. Sinceramente, já não há paciência. É tanta suscetibilidade narcisista, supérflua e artificial que situações verdadeiramente relevantes acabam ofuscadas por pseudocasos, fomentados por quem deseja ver o circo pegar fogo, por quem se sente realizado toda vez que tem oportunidade de brincar de caça às bruxas.

O papel de carrasco que antes a história reservou à Inquisição agora é autoreclamado por todo aquele que se sente, em plena faculdade da sua prepotência e "achismo", no dever moral de criticar, julgar, condenar, apedrejar, ostracizar, humilhar, desmerecer. É deprimente, decadente e preocupante o crescendo de almas encardidas que se acham no direito de apontar o dedo aos outros, como se deuses fossem, e não meros mortais, mais pecadores que Judas.

A essas criaturas só tenho a dizer: tomem conta das vossas vidas, façam por serem melhores humanos, pessoas mais dignas, humildes, virtuosas e solidárias. Hoje és tu a apontar o dedo, amanhã provavelmente serás tu o alvo do dedo alheio. Como diz o dito popular, quando apontamos o dedo a alguém, pelo menos outros três apontam na nossa direção.

Pensem nisso antes de se autoindigitarem polícia da moral e do comportamento alheio. À opinião todos nós temos direitos; só que essa liberdade de expressão não dá a nenhum de nós o direito de cruxificar os outros. Na ausência de algo construtivo para dizer, façamos um favor a nós mesmos, e aos outros: guardemos para nós essa opinião.

O racismo é coisa séria, pelo que só à sua vítima deve ser dado legitimidade para se pronunciar sobre. Não usem, muito menos abusem, da palavra, peço-vos.

Por hoje é tudo, voltarei na quinta com um assunto mais leve, prometo. Até lá aquele abraço amigo de sempre.

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1 comentário

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De frar a 25.09.2020 às 23:08

OS AFRICANOS ESTÃO-SE A CAGAR PARA O EUROPEU-DO-SISTEMA: DERRUBE/VANDALISMO DE ESTÁTUAS, ETC, ETC.
{os africanos sabem o óbvio: o europeu-do-sistema do presente é igual ao do passado: quer é fazer negociatas com abundância de mão-de-obra servil)
.
É PÁ, CAGA TAMBÉM PARA O EUROPEU-DO-SISTEMA: DISTÂNCIA/SEPARATISMO DESSE PESSOAL!
.
LUTA PELA LIBERDADE NO PLANETA = SEPARATISMO IDENTITÁRIO
.
.
.
-» O problema dos africanos, e de outros aspirantes a donos da demografia, não são Direitos Humanos... mas sim... ganância/tiques-dos-impérios:
- possuem imensos territórios ao seu jeito... pois, pois, mas... eles vêem nas Intenções Identitárias um obstáculo aos seus tiques-dos-impérios;
- mais, eles investem no caos para ocupar e dominar novos territórios.
.
.
.
Os africanos, e de outros aspirantes a donos da demografia, procuram usar o europeu-do-sistema como IDIOTA ÚTIL: os aspirantes a donos da demografia em conluio com o europeu-do-sistema:
-1- eles condenam o facto de europeus terem exercido a prática da escravatura... não no sentido de condenarem os europeus que querem mais migrantes (pois: e mais negociatas com abundância de mão-de-obra servil)... mas sim no sentido de... atingir/condicionar os Identitários Separatistas, isto é, ou seja, os europeus que (AO CONTRÁRIO DO EUROPEU-DO-SISTEMA) não estão interessados em andar a fazer negociatas com abundância de mão-de-obra servil.
-2- falam nos problemas climáticos... não no sentido... de existir respeito para com os povos autóctones de pequena pegada ecológica que procuram prosperar ao seu ritmo... mas,pelo contrário... procuram institucionalizar o ódio/intolerância para com os povos autóctones de pequena pegada ecológica com a argumentação de que "o problema climático é um problema global";
-3- acusam de «RACISTAS» a mão-de-obra servil que protesta afirmando o óbvio:
- "num planeta aonde mais de 80% da riqueza está nas mãos dos mais ricos, que representam apenas 1% da população, quem deve pagar a ajuda aos povos mais pobres é a Taxa-Tobin e não a degradação das condições de trabalho da mão-de-obra servil de outros povos";
-4- acusam de «RACISTAS» os povos que não estão interessados em corridas demográficas:
- ou seja, os povos que investem em filhos no sentido que eles tenham boas condições de trabalho... quer trabalhem (ou não) como mão-de-obra servil;
- ou seja, os povos NÃO interessados em receber a abundância de mão-de-obra servil que os aspirantes a donos da demografia estão disponíveis para fornecer.
-5- etc.
.
.
.
---» Os ‘globalization-lovers’, UE-lovers, etc, que fiquem na sua... desde que respeitem os Direitos dos outros… e vice-versa: SEPARATISMO IDENTITÁRIO (separatismo-50-50)!!!
.
---» Os Separatistas Identitários não estão interessados em ‘tiques-dos-impérios´... mas sim, em LIBERDADE (a liberdade de terem tempo de prosperar ao seu ritmo) isto é:
– todas as Identidades Autóctones devem possuir o Direito de ter o SEU espaço no planeta -» inclusive as de rendimento demográfico mais baixo, inclusive as economicamente menos rentáveis.
[ blog http://separatismo--50--50.blogspot.com/ ]
.
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.
P.S.
Ao contrário dos africanos, e de outros aspirantes a donos-da-demografia, os Identitários não estão interessados em 'corridas demográficas' [mais: e ao contrário do europeu-do-sistema!!!; nota: o europeu-do-sistema não está interessado em trabalhar com dignidade para a sustentabilidade -» está mais interessado em vender-se àqueles que investem no caos para ocupar e dominar novos territórios]... no entanto, todavia... estão interessados em sustentabilidade demográfica; nota:
—»» Promover a Monoparentalidade (sem ‘beliscar’ a Parentalidade Tradicional, e vice-versa) é evolução natural das sociedades tradicionalmente monogâmicas!!!
Explicando melhor:
– urge dar incentivos à disponibilidade emocional do indivíduo… isto é, ou seja, a SEXO, ORIENTAÇÃO SEXUAL, ESTADO CIVIL É IRRELEVANTE… importante mesmo é a disponibilidade emocional do indivíduo para criar/educar crianças!!!
[exemplos de incentivos: acesso a barrigas de aluguer, acesso a bancos de óvulos, creches municipais a funcionar 24 horas por dia, etc]
-» ver blog: http://tabusexo.blogspot.com/

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