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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!


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Ora viva!

Não é de hoje que venho apregoando que a solteirice é um tema que não se esgota na sua essência; pelo contrário, extravasa a fronteira do coração desocupado, da cama vazia, do lar solitário ou da companhia inexistente. O mercado associado a esta realidade tem-se revelado cada vez mais atrativo, competitivo, e consequentemente, lucrativo. Com um potencial colossal, e com o número de desemparelhados a assumir proporções inéditas, a solteirice tem despoletado o florescimento de uma infinidade de produtos e serviços.

De acordo com um artigo da CNN, "nunca houve um momento melhor para ser solteiro". Só para teres uma ideia, calcula-se que existam mais de 5 biliões de solteiros no mundo. Só no Brasil são mais de 78 milhões, nos Estados Unidos mais de 110 milhões (dados de 2017) e em Portugal dados de 2011 apontam para mais de 4 milhões. Em Paris – cidade que alberga mais de 2 milhões de habitantes – existem mais solteiros do que casados, fazendo desta a cidade europeia daqueles que, como eu, ainda não encontraram uma pantufa para o seu pé cansado. 

Voltando ao tema desta crónica, escrevia eu que a solteirice é um negócio cada vez mais lucrativo e compensador. Vejamos: lá para as bandas das américas já existem empresas que alugam par para eventos, "namorados" e até abraços. Na China, o dia dos solteiros já é o maior evento de comércio online do mundo. Do bom e velho sexo vou apenas citar, dado que se trata de um negócio cujas receitas são do conhecimento geral do planeta. Idem aspas no que toca às apps e sites de engate, cujos números ascendem a milhões de utilizadores e, por tabela, de cifrões. Na versão real da coisa, as agências matrimoniais faturam igualmente uma fortuna. Aqui em terras lusas, a mais conhecida – a que cheguei a recorrer, acabando por desistir ao tomar conhecimento da tabela de preços em vigor – apresenta pacotes que ascendem às centenas de euros. Que dizer dos malfadados programas televisivos, eternos candidatos ao cargo de São Valentim, os quais já aqui abordei no post Os dating shows são decadentes, contudo viciantes?

Remato esta linha de raciocínio com mais três exemplos de serviços e/ou produtos direcionados em exclusivo para a comunidade solteira: speed datings (agora em julho aventurei-me num, lembras-te?), singles travel (a preços acessíveis a partir dos quatro dígitos) e singles parties (nenhum deles gratuitos, convém ressalvar). Até ouvi falar de sessões ao estilo 50 Sombras de Grey exclusivas a celibatários, em que se pagam montantes obscenos.

Aposto que é por tudo isso – e, obviamente, para tentar debelar a debandada da malta jovem – que a empresa-mãe de Mark Zuckerberg, Facebook, resolveu apostar num novo serviço: o Facebook Dating. Lançado esta quinta-feira nos Estados Unidos, a nova funcionalidade vai permitir, entre outras coisas, integrar publicações e histórias do Instagram no perfil do utilizador, bem como acrescentar os amigos a uma "lista secreta de paixonetas".

Segundo comunicado pela empresa, o Facebook Dating, que se assume como concorrente direto dos Tinder da rede, tornará fácil encontrar o amor através dos gostos pessoais, ajudando a começar relacionamentos com significado através dos aspetos que os utilizadores tiverem em comum, tais como gostos partilhados, eventos e grupos.

Em relação à tal lista de "paixonetas secretas", que pode integrar até nove pessoas, caso haja reciprocidade entre os membros destas listas, ou seja, se uma das pessoas escolhidas também tiver adicionado o utilizador à sua própria lista, haverá um match. Caso não exista interesse da outra parte, a lista continua secreta. Onde foi mesmo que já vimos/ouvimos esta?

A novidade já se encontra ativa em 20 países, devendo chegar ao mercado europeu no início do próximo ano. Para ter acesso ao cupido do Facebook bastará aos interessados criar um perfil e ter mais de 18 anos. De modo a não excluir ninguém, sobretudo aqueles que não estão registados nesta rede social ou não querem ver o seu perfil associado ao fénomeno "finding love", oferece-se a possibilidade de uma conta à parte, independente do perfil "oficial".

É, meu bem, a solteirice é que está a dar. Goste-se ou não, a verdade é que os negócios associados aos corações solitários estão-se a tornar cada vez mais cobiçados, ao ponto do patrão da maior rede social do mundo querer meter a colher no assunto, ou devo dizer, a mão na massa?

Por hoje é tudo, para a semana há mais. Aquele abraço amigo e um sincero desejo de que o fim de semana seja salpicado por sol, sombra, água fresca e amor, claro!

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