Viva!
Quão distante parece estar aquele tempo em que se angariavam pretendentes – e se colecionavam admiradores – na escola, na praia, na discoteca ou numa esquina qualquer da vida. Nos dias que correm, a dificuldade, para não dizer impossibilidade, de conhecer alguém fora do universo virtual é claustrofóbico. E pelo que tenho visto, lido e ouvido, este é um mal transversal a todas as faixas etárias, com especial incidência nos "enta".
Académicos das universidades do Novo México e de Stanford vêm precisamente confirmar a realidade acima descrita. Um estudo por eles levado a cabo, envolvendo 3.510 casais heterossexuais, apurou que, atualmente, as pessoas conhecem-se cada vez mais online e cada vez menos no dia-a-dia. A partir da análise de dados de 2017, estes académicos chegaram à conclusão que 39% da amostra se conheceu pela primeira vez no ciberespaço. Em contrapartida, o número de casais que se conheceu pelos métodos tradicionais baixou. Uma constatação de que, em matéria de relacionamento amoroso, o virtual está a superar o real; pelo menos num primeiro momento.
A título de curiosidade, em 1995, apenas 2% dos casais conheceu-se pela internet; em 2000 a percentagem passou para 5%; em 2010 o valor quadruplicou, atingindo os 20%; e em 2017 chegou aos 39%. O mais provável é que, às portas de 2020, estes valores já estejam perto dos 50%.
De acordo com este estudo divulgado há coisa de um mês, apesar de ainda não ter sido publicado, o contacto inicial entre casais é maioritariamente feito pela internet ou pelo telemóvel. Quatro razões parecem estar na base desta crescente tendência: uma maior variedade de pessoas à disposição, um sítio livre onde as preferências e atividades podem ser expressas sem o julgamento da família ou dos amigos, uma informação atualizada sobre quem está disponível e a promessa de compatibilidade por parte de aplicações.
De um modo ou de outro, o online está cada vez mais presente na vida de (quase) todos nós. Portanto, o amor, como parte essencial da nossa existência, não poderia manter-se alheio a essa realidade. Aspetos como falta de tempo, apetência patológica para a praticidade e o comodismo, inexperiência e/ou inaptidão na arte da conquista, receio da rejeição, medo da acusação de assédio sexual e facilidade no acesso às apps de engate fazem com que cada vez mais corações solitários tentem a sorte no amor através da internet. Daí que seja perfeitamente compreensível o porquê do online estar a roubar espaço, e protagonismo, aos tradicionais métodos de engate.
Single mine, por hoje é tudo. Conto regressar na quarta com mais um post sobre um assunto digno de aqui ser abordado. Até lá fique bem e cuide desse coração, que (solitário ou não) a ti cabe o dever de preservar.