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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Ora viva! ✌️
Hoje quero resgatar o assunto do Já não faço fretes (emocionais), post através do qual partilhei contigo a minha indisponibilidade para maquilhar os sentimentos em prol do bem-estar alheio. Atenção, que a adoção de tal postura na vida não significa que estou munida de um alvará para ser indelicada ou insensível, apenas que devo ser fiel à minha essência, recusando gerir as minhas emoções em benefício dos outros.
Nesse post, datado de 30 de julho de 2020, deixei bem claro que ninguém tem a obrigação de gostar de quem quer que seja, a não ser que o seu coração assim o dite. A estima dos outros não é um direito, como tanta gente parece achar, mas sim um privilégio. E como qualquer privilégio tem que ser merecido. Ou seja, temos que dar motivos para que gostem de nós.
Dois séculos antes, uma mente brilhante, Antoine de Saint-Exupéry, escreveu que somos responsáveis pelo que cativamos. O inverso também é válido, ou seja, nós somos responsáveis pelo que não cativamos. Quando alguém não gosta de nós, dificilmente é de forma gratuita. Despertar no outro sentimento(s) pouco abonatório(s) é responsabilidade nossa, ainda que na maioria das vezes estes sejam despoletados por atitude(s) involuntária(s) ou inconsciente (s).
Portanto, toda vez que "sentirmos" que alguém não gosta de nós, ao invés de ficarmos a lamentar, devemos questionar o seguinte: o que será que fiz para despertar tal sentimento? Vou exemplificar o que acabei de dizer. Há coisa de dois meses, entrou cá para casa uma colega nova. Coincidência das coincidências, para o mesmo quarto ocupado pela fulaninha brasileira do post sobre fretes emocionais.
Voltando à fulaninha número dois, desta vez de nacionalidade são-tomense, logo na sua primeira semana aqui em casa, durante a qual só conversámos no dia da sua chegada (para lhe por a par da dinâmica doméstica), ouvi-a a falar mal de mim com a inquilina que ia deixar a casa. Ouvi tudinho, timtim por timtim, palavra por palavra, até porque não fizeram questão de falar em voz baixa.
Depois desse episódio que me causou um profundo transtorno emocional – uma coisa é sabermos que não gostam de nós, outra bem diferente é ouvirmos cobras e lagartos a nosso respeito – a essa dita cuja só dirijo a palavra para o "bom dia" ou "boa tarde" que o manual da boa educação exige. Se a isso acrescentar o facto de ela não estar sintonizada de todo com a minha frequência energética, é caso para dizer que essa criatura jamais desfrutará do privilégio de ser estimada pela minha pessoa.
A maturidade emocional ensinou-me que a estima verdadeira é um sentimento demasiado precioso para a desperdiçarmos com quem não faz por merecer. Se gosto de alguém, a pessoa percebe na hora. Se não gosto, a pessoa percebe no minuto. Não tenho nenhum dever, moral, civil ou penal, de gostar de quem quer que seja e vice-versa. O que tenho é o dever de tratar a todos com respeito e civilidade. Tout court, como dizem os franceses. Nada contra ti, tudo a meu favor, como diz a minha amiga Tercia.
Beijo no ombro e até sexta!
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