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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!

05
Jan22

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Ora viva! 💫

Um novo ano chegou, e com ele inúmeras resoluções, todas no sentido de experienciarmos uma vida mais plena e feliz. Num período tão conturbado da história da humanidade, em que somos incessante e implacavelmente fustigados por desafios que despertam em nós sentimentos de impotência e desânimo, o saber estar continua a fazer todo o sentido, mais não seja porque o conhecimento não ocupa espaço.

Algumas regras de etiqueta e (boa) convivência nunca passam de moda, motivo pelo qual escolhi para primeira crónica de 2022 meia centena de regras absolutamente preciosas na interação social e capazes de fazer de ti alguém melhor: melhor profissional, melhor familiar, melhor amigo, melhor vizinha, melhor cidadão, no fundo, melhor ser humano.

Anota aí quais os comportamentos nos quais deves investir daqui para a frente - isso se quiseres fazer de ti alguém que acrescenta valor:
1. Levanta-te sempre que cumprimentares alguém.
2. Numa negociação, nunca faças a primeira oferta.
3. Se te confiarem um segredo, guarda-o.
4. Volta com o tanque cheio do carro que te emprestarem.
5. Faz as coisas com paixão ou não as faças de todo.
6. Quando deres um aperto de mão, fá-lo de modo firme e olhando nos olhos.
7. Vive a experiência de viajar desacompanhado.
8. Nunca rejeites uma pastilha de menta (as razões são óbvias).
9. Aceita dicas se quiseres chegar a velho.
10. Trabalha bem, ao invés de trabalhar muito.
11. Quando escreveres com raiva, lê, apaga e depois escreve de novo.
12. Na mesa, não fales de trabalho, política ou religião.
13. Sê justo, defende aqueles que são abusados sem abusar.
14. Escreve as tuas metas e depois trabalha por elas.
15. Defende o teu ponto de vista sem ofender nem insultar, tolerante e respeitoso perante o alheio.
16. Liga e visita os teus pais, filhos, familiares e amigos, não percas teu tempo esperando que eles façam primeiro.
17. Nunca te arrependas de nada, aprende com tudo.
18. Em momentos ou dias de solidão, relaxa, aproveita e aprende.
19. Honra e lealdade são básicas na tua personalidade.
20. Não emprestes dinheiro a quem sabes que não vai pagar-te.
21. Acredita em algo.
22. De manhã, faz a tua cama ao levantar.
23. Canta no chuveiro.
24. Cuida de uma planta ou jardim.
25. Observa o céu sempre que puderes.
26. Descobre tuas habilidades e aplique-as.
27. Ama o teu trabalho, ou deixa-o.
28. Pede ajuda quando precisares.
29. Ensina um valor a alguém, de preferência a uma criança.
30. Valoriza e agradece a quem te beija a mão.
31. Sê gentil com os teus vizinhos.
32. Torna o dia mais alegre para alguém.
33. Concorre contigo mesmo.
34. Presenteia com algo simbólico uma vez por ano.
35. Cuida da tua saúde.
36. Saudações com um sorriso sempre.
37. Pensa rápido, mas fala devagar.
38. Não fales de boca cheia.
39. Limpa os teus sapatos e corta as tuas unhas.
40. Não opines sobre temas que desconheces.
41. Nunca maltrates um animal.
42. Fala alto diante das injustiças.
43. Nunca percas a maravilhosa oportunidade de ficar calado.
44. Reconhece a alguém o seu esforço.
45. Sê humilde acima de tudo.
46. Nunca esqueças de onde vieste.
47. Viaja sempre que possível.
48. Cede o passo.
49. Dança na chuva.
50. Procura o teu sucesso, sem desistir. 

Meu bem, vai pondo em prática estas dicas enquanto eu vou escrevendo a nova crónica para o Balai Cabo Verde. Cá estarei à tua espera na sexta-feira para mais um papo amigo. Beijo no ombro e boas energias!

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15
Dez21

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Ora viva! 👋

Nos últimos dias, a sociedade cabo-verdiana tem testemunhado a uma inquietante onda de homicídios, com a violência patente em cada um deles. Para além do estupro, e consequente assassinato, de uma menina de 13 anos, cujo corpo foi barbaramente largado num sítio ermo da ilha do Sal, registaram-se ainda dois crimes passionais: uma mulher que matou o companheiro à facada (também na ilha do Sal) e um homem que matou a tiro a companheira (na ilha de Santiago).

Quem me conhece minimamente sabe que não sou apologista de dar tempo de antena a acontecimentos nefastos ao bem-estar mental e emocional. A realidade é suficientemente dura para estar a dar protagonismo ao seu lado perverso. Contudo, volta e meia, abro uma exceção para falar de casos que me tocam particularmente, tamanha a sua relevância para a harmonia social, sobretudo quando põe em xeque a problemática do género.

É à luz desta contextualização que eis-me aqui a partilhar este poderoso desabafo da escritora e ativista social Natacha Magalhães, a propósito dos episódios acima mencionados.

Ontem uma mulher assassinou o marido com uma faca. Hoje um homem (agente policial) mata a esposa com tiros.

Vejo comentários do tipo "até quando?", "quantas mais terão que perder a vida?", "nossa sociedade está doente".

Não. Paremos com isso! Nem toda a sociedade está doente. Não somos todos assim.

O que se passa, nesses casos, é que pessoas estão em relações sem sentido, com medo de ficarem sozinhas ou para darem uma satisfação à sociedade, que aprova mulheres e homens casados (ainda que mal casados) do que solteiros e felizes. Há muita pressa, pouca paciência, muita irracionalidade. E é o que se vê. Quantas/os se submetem a relações infelizes, onde o parceiro não tem nada a ver com a parceira e vice-versa, mas o casal só lá permanece apenas porque um ou ambos não conseguem viver sós? Quantos estão em relações baseadas no sexo e não na amizade, cumplicidade e respeito? Quantas mulheres e homens precisam aprender a amar e respeitar a sua própria pessoa, ao ponto de sair da relação tóxica ou quando as coisas chegam a um ponto que claramente há sinais de desgraça eminente?

O que há nessa sociedade é muita falta de amor, incluindo amor-próprio. Muita falta de cuidar da alma, de cultivar a fé e os valores.

Há autoridade capaz de resolver isso? Não! Essa é a nossa responsabilidade, enquanto pais e educadores. Lá em casa, ensinar as meninas e os meninos a autoestima e auto-respeito, a respeitar o outro, a gerir emoções, a aceitar opiniões contrárias.

Mais amor. Amor-próprio. Amor ao próximo.

Despeço-me com aquele abraço amigo e votos de Boas Festas.

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07
Dez21

Laços de família

por Sara Sarowsky

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Ora viva! ✌️

Embalada pelo espírito de Natal que paira no ar e francamente desgastada com as merdices que reinam no seio da minha própria, a crónica de hoje, publicada há pouco no Balai Cabo Verde, pretende lançar um olhar pertinente e acutilante sobre o sentido de família e os laços que a unem. Espero que gostes e que sirva para dares mais valor à tua.

Eis-nos chegados à época do ano em que o seu conceito assume maior protagonismo e a sua essência faz-se presente a cada instante. Mais do que qualquer outro do calendário cristão, este é o mês em que se torna incontornável a fundamentalidade dos laços sobre as quais assenta ela.

A família! Na sua génese, é a primeira certeza de que se pertence a algo, de que se pertence a alguém... Para além disso, é a nossa referência, o nosso porto seguro, o nosso abrigo, o nosso colo amigo, a nossa escola da vida, no fundo, a nossa identidade. Nenhuma instituição assume tão essencial papel na vida do ser humano, para não dizer ser vivo.

Uma pessoa sem família é como uma folha ao vento, que, desamparada, segue desgarrada de tudo, absolutamente à mercê das intempéries da vida. Obviamente, não sou ingénua ao ponto de acreditar que, no seu seio, tudo é um mar de rosas, com todos a amarem-se incondicionalmente e ninguém a desentender-se. Família nenhuma é perfeita, nem é suposto que seja, devemos nós ter a honestidade de reconhecer. Afinal, se os seus membros - que somos todos nós - não são, porque haveria ela de o ser?

Por maior que seja o esforço para fazer com que seja - ou pareça - perfeita, a verdade é que mesmo nos núcleos mais unidos, ocorrem momentos de rivalidade, tensão, desavença, discordância, intriga, conflito mesmo. A mim não me choca tal realidade, acho até saudável. O que me choca é a constatação de que alguns dos seus elementos deixam as emoções (negativas) falarem mais alto do que os laços que os unem.

Fico de coração partido toda vez que tomo conhecimento de casos de parentes que deixam de se dar por motivos que, mais cedo ou mais tarde, chega-se à conclusão que não passam de desimportâncias. Na necessidade, quem é que está lá para nós? Na desgraça, quem é que nos ampara? Na doença, quem é a primeira a acudir? Na morte, quem é que nos empresta aquele ombro amigo? Na aflição, a quem recorremos? Por sentido de dever ou genuíno bem querer, o facto é que é com ela que podemos (realmente) contar.

Imensamente abençoados são aqueles que podem desfrutar de um agregado familiar onde imperam verdadeiros laços fraternais. É assustadora a quantidade de almas perdidas que acreditam não precisar da família, demonstrando não apreciar o seu valor na definição, preservação e elevação do bem-estar geral, aquilo a que vulgarmente chamamos de felicidade. Aonde não reina o bem querer, o respeito, a lealdade, a solidariedade, a compaixão, a tolerância, a harmonia e a união não pode reinar o sentido de família.

Nesta quadra festiva, peço-vos que valorizem a vossa família, que tenham mais paciência, que demonstrem mais condescendência, que sintam mais compaixão e que cultivem verdadeiros laços de ternura com os vossos. A vida é tão instável, tão imprevisível, tão efémera, pelo que quezílias que em nada contribuem para a nossa felicidade, para o bem-estar social, são pura perda de tempo e de energia.

Estreitemos, pois, os laços com os nossos entes, perdoemos o que tiver que ser perdoado, esqueçamos o que devemos esquecer, resolvamos o que nos for possível resolver, aceitemos o que tiver que ser aceite, deixemos para lá o que deve ser deixado para lá. Antes isso do que ficarmos no lamento, no arrependimento, na culpa, na saudade...

Vamos sempre a tempo de estabelecer, investir, estreitar e resgatar os nossos laços de família. De coração, com coração, voltemo-nos para a nossa família, seja ela unida por laços de sangue ou por laços de amor, o maior presente que podemos dar e receber. Amemos, abracemos, perdoemos, desfrutemos, vivamos. Sejamos família!

Aquele abraço amigo e até breve!

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15
Out21

O poder do poder

por Sara Sarowsky

violence-2985520_1920.jpgOra viva! ✌️ 

Em modo filosofia, hoje acordei a pensar no poder, mais concretamente na sua importância para o ser humano. Que fique bem claro que quando me refiro ao poder não estou a falar de força de vontade, mas sim de vontade à força. De acordo com a Wikipedia, o poder define-se, geralmente, como a habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, mesmo se estes resistirem de alguma maneira.

O que mais abunda por este planeta azul são criaturas obcecadas com poder, ao ponto de, na sua busca desenfreada, atentarem contra a vida e a dignidade alheias, sem escrúpulos nem remorsos. Falando por mim, a maioria daquelas com as quais tenho a oportunidade - ou o azar - de privar consideram (erroneamente, claro) que este consiste em dar ordens, incutir temor ou exigir respeito. Não é à toa que sentencia o ditado: "se queres conhecer uma pessoa, dá-lhe poder!"

Na minha forma de ver as coisas, o (verdadeiro) poder consiste em inspirar pessoas, influenciar decisões, mudar vidas e transformar mentes. Daí que o considere acima de um cargo, um título, um status, uma conta bancária ou uma crença. E tu, meu bem, alguma vez te questionaste sobre o poder do poder na tua vida? Se sim, importas-te de partilhar comigo o teu ponto de vista?

Agora que está dado o recado, vou bazar que muito trabalho me aguarda - sim, estou ciente de que já passam das sete da noite de uma sexta-feira, mas vida de profissional (muitas vezes) tem destas coisas. Sei que foi curta a minha passagem aqui hoje, mas prometo voltar na segunda, inspirada e revigorada, para mais uma conversa amiga.

Aquele abraço de bom fim de semana!

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4DA4D498-9F5E-4AD3-9A3D-D03A5222E1F4.jpegOra viva! 👋

Enquanto "desencardidora de mentes", é meu dever dar um contributo ativo para a desmistificação de questões "sensíveis" à condição feminina, em especial à mulher solteira e à mulher negra. Uma dessas questões prende-se precisamente com a forma como os "não negros" se dirigem ou referem a nós.

No universo feminino, que é onde estou confortável para opinar, tal acontece com uma frequência indesejável nos dias que correm. Dois milénios e duas décadas depois de Cristo, continuamos a levar com pseudoelogios que em nada abonam a nosso favor, muito pelo contrário. Acredito que a maioria daqueles que os proferem fazem-no na crença de que estão a enaltecer-nos, quando na verdade estão é a desmerecer-nos.

Porque ofensa é ofensa, seja ela provida (ou não) de intenção, é preciso expor a situação, trazer à baila o tema, de modo a alertar os incautos para terem cuidado, de modo a não ferir suscetibilidade nem cair no erro de perpetuar estereótipos que contribuem ativamente para o enraizamento do racismo e do preconceito em relação às mulheres negras. 

Cláudia Turpin, para a revista Activa, cita quatro "bocas" que nos são ofensivas e que estamos fartas de ouvir. São elas:

"És uma negra bem bonita"
O que está implícito neste comentário é que os negros, em geral, são pouco atraentes. Isto para não mencionar a noção condescendente de que a pessoa que está a tentar "elogiar" é uma rara exceção à regra, que, diga-se de passagem, só existe por causa de preconceitos. Da próxima vez, deixa a qualificação e as nuances racistas de lado, e faz apenas uma afirmação genuína sobre a beleza da outra pessoa. Já agora, podemos juntar o "És diferente. Vê-se que cresceste cá" ao pacote?

"Não pareces negra. Tens alguma mistura?"
Esta pergunta é um sintoma de discriminação pelo tom de pele, na qual as minorias são consideradas mais "aceitáveis" se tiverem traços físicos que se assemelham aos de pessoas brancas. Em vez de dizerem a uma mulher negra que ela é bonita ou inteligente, pessoas de todas as raças, incluindo alguns homens negros, perpetuam a suposição de que essas características só podem ser alcançadas através da existência de relações interraciais na linhagem familiar.

"Tens tanta sorte! Não precisas de bronzear"
Sim, as pessoas negras têm mais melanina, uma proteína que é responsável pela pigmentação da pele, do cabelo e de outros pelos no corpo. A dita sorte por termos um "bronze natural" prende-se com as preferências pessoais de cada um em relação ao tom de pele. Porém, há uma ideia errónea de que não conseguimos ficar bronzeados. Embora tenhamos menos probabilidades apanhar escaldões ou de ter cancro da pele, não deixamos de estar vulneráveis aos efeitos nocivos dos raios solares e precisamos de proteção e cuidados *como toda a gente*.

"Tenho uma queda para negras"
Alô? Noção precisa-se. As negras não são todas iguais. Então, quem diz isto sente-se atraído especificamente pelo quê? Dependendo da resposta, poderá estar a sugerir que só tem interesse nos estereótipos associados às mulheres negras, e não nas características individuais de cada uma. Não há nada de errado em achar certos detalhes atraentes - penteados, traços faciais ou diferentes tipos de corpo - mas é perigoso sugerir que qualquer combinação dessas qualidades representa o todo de uma etnia.

Os tópicos acima referidos espelham na perfeição o que referi no início desta crónica, há elogios que são dispensáveis, sobretudo se forem capazes de constranger aquele que o ouve. Na dúvida sobre como elogiar uma mulher negra, sem cair no erro de perpetuar estereótipos ou preconceitos, recomendo sensibilidade e bom senso, que esses nunca falham.

Por experiência própria acrescentaria dois ou três "cumprimentos", como, por exemplo, este: "Deves ser uma bomba na cama". Mas isso já é assunto para outra crónica, que esta já cumpriu o seu propósito. Fica bem, na companhia do meu abraço amigo!

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7C6F72BF-5391-40B2-B021-7DDB24400582.jpegOra viva! ✌️

Um artigo publicado ontem na Activa serve de mote a este post, o qual intenta dar-te conhecimento de 15 sinais comuns àqueles que sacrificam constantemente as suas necessidades emocionais em prol da felicidade e do bem-estar alheios.

Uma coisa é querer dar-se bem com os outros, fazendo por agradá-los, outra bem diferente é dar-lhes prioridade absoluta na nossa vida. "Quando comprometemos quem somos e aquilo de que precisamos, agradar aos outros ultrapassou a linha que separa a bondade do auto-abandono", explica a psicoterapeuta Sharon Martin, num artigo para o Psychology Today. Daí que esta especialista alerte para os seguintes comportamentos, típicos de quem vive para agradar aos outros:

1. Queres que toda a gente goste de ti;

2. Pedes desculpa por tudo;

3. Anseias por validação;

4. Permites que as pessoas se aproveitem de ti;

5. Sentes-te culpada, ou que és má pessoa, quando impões limites;

6. Tens medo de conflitos;

7. Sempre foste ‘certinha’, ou seja, uma pessoa que segue as regras;

8. Acreditas que o 'self-care' é opcional;

9. Sentes-te tensa, ansiosa e no limite;

10. Esperas ser perfeita e segues padrões elevados;

11. Colocas-te em último lugar e não sabes pedir aquilo de que precisas;

12. És sensível a críticas;

13. Pensas que os seus sentimentos, necessidades, opiniões e ideias não são tão importantes quanto os das outras pessoas;

14. Gostas de ‘consertar’; detestas ver alguém magoado, com medo, triste ou desconfortável;

15. Ficas ressentida porque pedem-te sempre para fazeres mais e gostavas que as outras pessoas tivessem mais consideração pelos teus sentimentos e necessidades.

Se te revires em mais do que uma dezena destes sinais é caso para acionares o alerta vermelho e repensares a tua postura, pois não és uma prioridade para ti mesma. No meu caso, ficou claro que preciso lapidar sete deles.

Um beijo, um abraço, um sorriso e um até quarta!

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07
Mai21

30D78869-20C1-4823-8926-D73235D1E82D.jpegOra viva! ✌️ 

O regresso a Lisboa, e a consequente remota à normalidade, após quatro semanas na terra da morabeza, vai levar o seu tempo, está-se mesmo a ver. Ainda meio zombie, sem saber bem por onde começar, entre a enormidade de tarefas que demandam seguimento, conto com alguma paciência da tua parte no que toca à curiosidade acerca das novidades que trouxe na bagagem. Enquanto organizo as prioridades, proponho para hoje um artigo sobre o motivo por detrás da nossa tendência em seguir a opinião dos outros.

Ser a ovelha rebelde - aquela que (na maioria das vezes) segue o seu próprio trilho, ainda que isso a obrigue a afastar-se do rebanho - não é pera doce. Tanto assim é que nem todos lhe conseguem vestir a pele. Por saber o quão exigente é pensar pela própria cabeça, mais ainda assumir esse livre pensar, esta crónica cumpre o dever de partilhar contigo um estudo que indica que o ser humano está de certo modo predestinado a seguir a opinião alheia.

Porque seguimos a opinião dos outros? Pelo simples motivo de querermos evitar conflitos no futuro. Um estudo levado a cabo por uma equipa de neurocientistas da Universidade HSE, na Rússia, detetou que o ato de se opor à opinião geral emite um sinal de alerta no cérebro, deixando resquícios que permanecem por um longo período de tempo. Assim, os investigadores consideram que, a curto prazo, a anuência com o grupo no qual estamos integrados desperta zonas do cérebro responsáveis pela sensação de prazer. Ao invés, em casos de discordância, são emitidos sinais de 'erro'. 

"O cérebro absorve a opinião dos outros como uma esponja e ajusta suas funções à opinião do seu grupo social", considera Aleksei Gorin, coautor do estudo. Para Vasily Klucharev, igualmente coautora, "vivemos em grupos sociais e ajustamos automaticamente as nossas opiniões às da maioria, e a opinião dos nossos colegas pode mudar a maneira como o nosso cérebro processa informações por um tempo relativamente longo".

Quem nunca se sentiu pressionado a concordar com a opinião da maioria que atire o primeiro comentário. Claro está que é preciso coragem para desafiar o pensamento coletivo e determinação para manter essa posição; daí que seja de extrema importância rodearmo-nos das pessoas certas, aquelas que partilham dos mesmos valores e perspetivas de vida. Só assim conseguimos aligeirar o fardo que é pensar pela própria cabeça.

Despeço-me com aquele abraço de sempre e a promessa de voltar na segunda-feira para outro papo amigo. Até lá, desejo-te um fim de semana acarinhado pelo sol e abençoado pela felicidade.

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woman-1439909_1920.jpgOra viva! ✌️ 

Um artigo da Holofote, datado de junho de 2016, dá conta de uma série de coisas que os solteiros não acham piada que os amigos lhes façam, não obstante toda a confiança e estima existente entre ambos. Na qualidade de solteira crónica, posso garantir que, ainda que saibamos reconhecer as suas boas intenções, muitas vezes eles mais atrapalham do que ajudam, quando tentam arranjar-nos um par.

Por acreditar que qualquer solteira, em algum momento da sua vida, tenha passado por algo semelhante, partilho contigo algumas atitudes que não matam mas são bem capazes de moer uma amizade. Ei-las:

Estarem sempre a fazer-nos "arranjinhos"
Contamos sair com um casal de amigos e, supresa, eles trazem um amigo a tiracolo. O que até parecia uma boa ideia torna-se motivo de embaraço, pois, de tão pouco subtil que é esta tentativa de emparelhamento, as duas pessoas ficam constrangidas, impossibilitanto uma interação descontraída. Sem falar que os nossos amigos, por mais íntimos que sejam, raramente sabem com exatidão que tipo de pessoa desperta o nosso interesse.

Sugerir que tentemos a sorte online quando sabem que não é a nossa onda
Há pessoas que estão perfeitamente à vontade com o engate online, mas outras nem por isso. Daí que seja um drama quando os amigos insistem que devem procurar alguém online. No meu caso, foi uma irmã que empurrou-me para este universo paralelo das relações amorosas. Hoje, depois de vários anos à caça na internet, estou cada vez mais convicta de que o amor não deve ser procurado, já que ele simplesmente acontece.

Pesquisar sobre alguém que acabamos de conhecer
Mal lhes contamos que conhecemos alguém, bombardeiam-nos com um verdadeiro inquérito policial: qual a sua aparência, quantos anos tem, que faz na vida, com quem costuma dar e, sobretudo, se está nas redes sociais. São incansáveis na procura e descobrem tudo e mais alguma coisa, coisas que, se calhar, preferíamos não saber, pelo menos não tão cedo. Existem aquelas amigas que até pedem amizade ao fulano, algumas sob um perfil falso, para poderem seguir todos os seus passos. Creepy!

Convidar-nos para uma saída só de casais

Esta então é deveras deprimente! Já passei por isso e jurei para nunca mais. Por mais boa onda que sejam os casais, a pessoa desemparelhada sente sempre que está a mais. Como se não bastasse o lugar ao seu lado estar vago, exibindo assim a sua "maldição" amorosa, ainda tem que dar uma de castiçal, assistindo aos beijinhos, abracinhos e arulhinhos que os pombinhos vão trocando entre si, como se de propósito o fizessem  com o intuito de fazer lembrar o que estamos a perder.

Achar que o Zé era mesmo um bom para nós
Lá porque acham que o fulano de tal é bom partido, isso não quer dizer que ele seja bom partido para nós. A pessoa até pode abarrotar predicados por tudo quanto é lado e nós simplesmente não sentirmos aquela química. Volta e meia, sou lembrada do quanto o Luís, com quem fiz uma tentativa há uns anitos, é o sonho de consumo de qualquer mulher. De nada parece adiantar eu explicar que nunca senti a mais pequena faísca perto ele. Tenho a sensação que, pura e simplesmente, fazem ouvidos de mercador, daí que continuem a atiram-nos à cara a oportunidade que perdemos.

Dizer que somos muito exigentes
Esta então é o pão-nosso-de-todo-o-dia. Não perdem uma oportunidade para fazer-nos sentir culpadas do nosso malfadado estado de solteirice, como se fosse uma doença que é preciso curar; pior, que é nossa culpa. Não se cansam de dizer que não sabem como é que uma rapariga tão gira e simpática não encontra ninguém, como é que os homens não percebem o Ferrari que somos, que não estamos a esforçar para conhecer alguém, que queremos o príncipe encantado e que estes já não existem, que somos irrealistas, que temos de baixar as expectativas, que isto, que aquilo, que aqueloutro. Fazem-nos sentir que temos de aceitar (e agradecer) o primeiro que nos aparecer à frente, que vale tudo menos permanecer solteira.

A estes amigos, que no fundo só querem ajudar, é preciso lembrar-lhes que às vezes uma mulher é solteira por escolha; sua escolha, não de outros. E que ter um par não é garantia de felicidade. Enfim...

Aquele abraço amigo e desejos de bom fim de semana!

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02
Out20

Sexo sem tabus

por Sara Sarowsky

pair-4647624_1920.jpgOra viva!

Este post assenta numa publicação da talentosa Miriam Medina, amiga pessoal, socióloga, terapeuta, escritora e autora da página Sem.tabus. Como o próprio nome indica, esta visa abordar todo o tipo de temas que, infelizmente, ainda são alvo de censuras, ainda que veladas, por parte de uma sociedade descaradamente tolerante com alguns assuntos e hipocritamente condescendente com outros tantos, entre os quais o sexo. 

Sem.tabus é um espaço onde se fala, de forma descomplexada, de temas como a prostituição, a sexualidade da mulher, a gravidez precoce, a violência doméstica e no namoro, a maternidade, a depressão, a deficiência e o sexo. Sobre este último, escreveu ela o seguinte:

Sextou com S de Sono acumulado. Se pensaste que era S de Sexo estás perdoada, porque o é também. Vamos falar de sexo? Essa palavrinha tão pequena, mas tão cheia de tudo, que em pleno século 21 é ainda um tabu. Se nossos pais não fizessem sexo, não estaríamos aqui, certo?? E graças a Deus que os meus fizeram e fabricaram essa coisa maravilhosa, que sou eu.

Sexo é um assunto que não é muito explorado publicamente, é um tabu, mas ganha espaço na boca das pessoas com muita facilidade nos dias de hoje. A realidade é bem justa e precisa: sexo é bom, todo mundo faz ou vai fazer um dia. E ainda bem. E não precisa ter um parceiro para sentir prazer. Masturba-te! Toca-te! Permite-te!

Hoje vivemos um momento em que o sexo desempenha um papel curioso. Apesar da libertação sexual ocorrida nas últimas décadas, a sexualidade ainda é um assunto embaraçoso em determinados contextos. Mencionar as palavras "vagina", "pénis", "coito interrompido", "masturbação" ou "camisinha"… Uiiiiii as puritanas vão à loucura. É ridículo que algo tão básico quanto a sexualidade ainda provoque essas reações.

O sexo na sociedade é visto como um tabu, especialmente na família e na educação, e isso traz sérias consequências. Em toda a nossa vida, isso terá seu próprio papel, tanto em termos de desenvolvimento biológico quanto social. Se tratarmos a sexualidade como algo embaraçoso e a ignorarmos, teremos uma educação sexual deficiente. Uma boa educação sexual precisa de um diálogo aberto.

É importante mudar a conceção que temos a respeito do sexo, deixar de vê-lo como um tabu ou uma obrigação. A sexualidade é um conjunto de comportamentos humanos que podem trazer muitos benefícios para qualquer pessoa. Aí mulherada, as unhas, o cabelo e a pele ficam um luxo só. Vamos normalizar falar sobre o sexo?

Aproveita bem o feriadão, que para a semana haverá mais. Até lá fica com aquele abraço amigo tão nosso!

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dark-1869803_1920.jpgViva!

Convido-te a (re)visitar este post, originalmente publicado a 24 de setembro de 2019, tendo, na altura, suscitado um aceso debate sobre a questão do racismo em Portugal. Espero que gostes e que partilhes a tua opinião sobre o tema.

Hoje quero abordar um assunto que tenho vindo a adiar, com receio de que o discurso acabe por revelar-se demasiado inflamado, logo demasiado propenso a ferir suscetibilidades, precisamente o tema desta crónica.

Não é de hoje que acuso um enorme desconforto e alguma revolta (porque não assumi-lo?) cada vez que me chegam aos ouvidos relatos de acusações de racismo, que, nos dias que correm, parecem estar a fazer escola. Acusa-se alguém de racismo por tudo e por nada. A forma leviana e inconsequente com que se tem dado uso ao termo está a prejudicar despudoradamente o racismo na sua génese. Com isso quero deixar claro que muitas das atuais acusações de racismo mais não têm feito que roubar protagonismo a verdadeiros casos onde este é gritante, alarmante e incapacitante.

Para que entendas bem aquilo a que me refiro, cito o caso do chefe do governo canadiano, Justin Trudeau, que há poucos dias viu-se envolvido numa enorme polémica despoletada pela divulgação de uma fotografia em que, numa festa temática sobre noites árabes, aparece de turbante e com a cara escurecida.

Tendo acompanhado desde a primeira hora toda a celeuma à volta do assunto, continuo sem atinar com o cerne da acusação, segundo a qual "pintar a cara de castanho ou negro, o blackface/brownface, era comum em espetáculos do século XIX e contribuiu para a propagação de estereótipos sobre a população negra ou de pele escura."

Como é que o facto do Trudeau ter aderido ao espírito de uma festa temática, incorporando na perfeição uma personagem – que foi exatamente assim que interpretei a coisa, e graças a Deus que não fui a única – pode ser considerado racismo, ao ponto deste se vir obrigado a pedir desculpas publicamente? Se formos por aí, um branco que usa tranças ou uma branca que anda com um "black" podem dar azo a acusações de racismo. Afinal, estariam a apropriar-se de algo exclusivo ou identificativo de uma raça que não a sua. 

Voltando ao caso do governante canadiano, o mais hilariante é que os primeiros a apontarem o dedo foram pessoas brancas e não aqueles que tinham toda a legitimidade para o fazer: os de pele escura. Acaso, perguntou-se aos supostos "visados" se se sentiram vítimas de racismo? Agora pergunto eu: e se fosse o contrário? Um negro fantasiado de caucasiano, com a cara pintada de branco, configuraria racismo? Ou será que o racismo é uma estrada com várias vias num único sentido?

Ao que parece o racismo só é considerado válido quando é o branco que "se apropria" de alguma caraterística ou símbolo de outra raça, etnia ou cultura. Porque quando se dá o oposto, não é costume alguém vir bradar para a esfera pública que se está a cometer racismo. E olha que tenho autoridade na matéria para pronunciar-me. Na qualidade de negra, orgulhosa de uma mentalidade aberta e de um espírito tolerante, afirmo que não me revejo na maior parte das acusações de racismo que tem vindo a público.

Por experiência própria, posso dizer que a esmagadora maioria das pessoas não faz a mais pálida ideia do que é racismo, menos ainda do que é ser vítima dele. Racismo é, por exemplo, ouvires da boca de uma branca que, por mais bem vestida e instruída que sejas, o teu lugar será sempre na ala dos criados. Isso sim é ser vítima de racismo. Racismo é não seres selecionada para um emprego – apesar de seres claramente a candidata mais adequada – porque a empresa não quer pessoas "diferentes" em lugares de destaque. Isso sim é racismo. Um branco escurecer artificialmente a cara para ir a um baile de máscaras não é racismo, é politiquice, hipocrisia e overdose de suscetibilidade.

A impressão que tenho é a de que, nos dias que correm não se pode dizer, fazer, pensar ou até respirar sem ferir alguma suscetibilidade alheia. Sinceramente, já não há paciência. É tanta suscetibilidade narcisista, supérflua e artificial que situações verdadeiramente relevantes acabam ofuscadas por pseudocasos, fomentados por quem deseja ver o circo pegar fogo, por quem se sente realizado toda vez que tem oportunidade de brincar de caça às bruxas.

O papel de carrasco que antes a história reservou à Inquisição agora é autoreclamado por todo aquele que se sente, em plena faculdade da sua prepotência e "achismo", no dever moral de criticar, julgar, condenar, apedrejar, ostracizar, humilhar, desmerecer. É deprimente, decadente e preocupante o crescendo de almas encardidas que se acham no direito de apontar o dedo aos outros, como se deuses fossem, e não meros mortais, mais pecadores que Judas.

A essas criaturas só tenho a dizer: tomem conta das vossas vidas, façam por serem melhores humanos, pessoas mais dignas, humildes, virtuosas e solidárias. Hoje és tu a apontar o dedo, amanhã provavelmente serás tu o alvo do dedo alheio. Como diz o dito popular, quando apontamos o dedo a alguém, pelo menos outros três apontam na nossa direção.

Pensem nisso antes de se autoindigitarem polícia da moral e do comportamento alheio. À opinião todos nós temos direitos; só que essa liberdade de expressão não dá a nenhum de nós o direito de cruxificar os outros. Na ausência de algo construtivo para dizer, façamos um favor a nós mesmos, e aos outros: guardemos para nós essa opinião.

O racismo é coisa séria, pelo que só à sua vítima deve ser dado legitimidade para se pronunciar sobre. Não usem, muito menos abusem, da palavra, peço-vos.

Por hoje é tudo, voltarei na quinta com um assunto mais leve, prometo. Até lá aquele abraço amigo de sempre.

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