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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Viva!
Este post assenta na partilha de um texto, de autor desconhecido, que anda a circular na rede e que é uma verdadeira turbina de reflexão e discussão sobre toda esta calamidade sanitária global.
Ora viva!
Hoje é dia de festa para as crioulas da morabeza, já que é neste 27 de março que se comemora o Dia da Mulher Cabo-verdiana. Orgulhosa das minhas raízes, não posso deixar passar esta data em branco, até porque a mulher da minha terra merece toda a homenagem possível e intencionada.
Palavras ficam sempre aquém da eloquência da mulher cabo-verdiana. De uma beleza, intensidade, complexidade e autenticidade ímpares, ela representa tudo aquilo que me identifica, motiva, orgulha e faz querer ser mais e melhor. Tantas vezes a minha alma precisasse reencarnar num corpo feminino, tantas vezes ela escolheria o de uma mulher cabo-verdiana, tamanha a identificação com a sua essência.
Na sua mensagem, o ano passado, o chefe de Estado cabo-verdiano considerou que a "A mulher cabo-verdiana sempre foi um pilar da nossa sociedade na família e, cada vez mais, na vida socioeconómica e política do país. A sua presença é tão marcante que, por vezes, passam despercebidos os inúmeros problemas e desafios que ainda enfrenta para se afirmar em diversas áreas e para vencer as discriminações que subsistem com base no género." Segundo Jorge Carlos Fonseca, "... a mulher cabo-verdiana tem sabido sempre esculpir, na fina porcelana do nosso destino, um rosto da Nação", daí que deseja que "seja cada vez mais apreciada, valorizada e reconhecida..."
Às cabo-verdianas espalhadas por este mundo diaspórico presto esta singela homenagem, fazendo votos para que, a cada 27 de março, as vicissitudes das suas vidas se aliviem ao ponto de, num futuro próximo, deixarem de determinar o seu destino e moldar o seu querer.
Uma salva de palmas para a Mulher Cabo-verdiana!
Viva!
Vivemos tempos duros, é certo. Provavelmente, vai endurecer ainda mais daqui a um par de semanas. Com o passar dos dias, o isolamento social trará à tona novos problemas, sejam eles financeiros, conjugais, familiares, emocionais, psicológicos e até psiquiátricos. Ainda que não seja especialista na matéria, estou em crer que casos relacionados com ansiedade, ataques de pânico, depressão, suicídio, divórcio, obesidade e falência vão disparar em flecha.
Há coisas que não conseguimos controlar, daí que não valha a pena estarmos a perder tempo com elas. Concentremo-nos antes naquilo que depende de nós, especialmente no que podemos fazer para atenuar ou melhorar a situação. O isolamento social não tem que estar associado apenas a coisas más. Como tudo na vida, também ele possui um lado positivo, por mais que não pareça. Apelando à minha experiência pessoal, dou vários exemplos de como esta quarentena imposta pode ser boa para a nossa vida. Anota aí:
Mais hora de sono
O regime de teletrabalho tem-me proporcionado mais uma hora de sono. Em vez de me erguer às sete, agora só às oito horas digno elevar o meu património físico da cama. Garanto-te que ele não se tem queixado dessa hora extra.
Viva!
Ainda que mal se aperceba, hoje é sexta-feira; para mais é o Dia Internacional da Felicidade. Felicidade é coisa que anda arisca por estes dias. Mesmo assim podemos fazer um esforço acrescido para celebrar o dia que também assinala o início da primavera, a estação do ano em que a terra renasce e se cobre de verde.
Como tal, proponho fugirmos, ainda que por breves instantes, ao assunto do momento e voltarmos ao tema essência deste blog: a solteirice. Que te parece? É que lembrei-me de partilhar contigo mais uma razão por detrás deste meu love status, que, de tão longo, já já será crónico.
Não gostar de animais de companhia tem sido um grande entrave na tentativa de engrenar a minha vida amorosa. O que é que o facto da rapariga não gostar destas criaturas adoráveis tem a ver com continuar solteira, perguntas tu? Já vais perceber. Mas antes disso, peço-te que te poupes a pensar que, por não gostar de animais, não sou boa pessoa. É um cliché demasiado aquém da tua mentalidade.
Voltando ao facto da minha falta de simpatia pelos patudos estar a atrapalhar – e de que maneira – o alavancar da minha vida amorosa, o motivo é simples: a maioria dos gajos, sobretudo os que valem a pena, apreciam-nos ao ponto de terem um ou mais exemplares em casa. Basta-me ir a qualquer uma dessas apps de engate para perder a conta da quantidade de "disponíveis" que airosamente partilham fotos suas agarrados a um canídeo ou felino.
De cada vez que me deparo com um solteiro giro nessas poses o desalento apossa-se na hora da minha esperança. "Zero chances de dar certo, Sarita!", costumo dizer aos meus botões. A não ser que só estivéssemos juntos – e teria que ser em qualquer sítio menos na casa dele – para "dar o corpo ao manifesto a custo zero", dificilmente seria possível levar a bom porto um relacionamento com um detentor de animais.
Além da minha mais do que diagnosticada alergia ao pelo animal, ponho-me a pensar no quão penoso seria ter que partilhar do espaço dessa pessoa, correndo o risco de levar com uma lambidela (desgasting!) ou, pior, ter que catar os dejetos deles, sem falar naquele cheiro característico que me deixa agoniada. Definitivamente, não me vejo no papel da namorada do dono de um animal. Só de pensar no risco de ouvi-lo referir-se a mim como "mamã" da pequena criatura... no way!
E como sequer me passa pela cabeça assumir o papel da gaja chata que passa a vida a reclamar ou a exigir que o seu homem se livre do companheiro de quatro patas, só me resta continuar a minha odisseia em busca de um pretendente giro, fit, saudável, inteligente, trabalhador, boa pessoa e que não goste de animais, pelo menos não ao ponto de querer ter um em casa.
E assim continua a vida desta solteira aqui...
Aquele abraço amigo e desejos de uma boa quarentena!
Ora viva!
Momento conturbado este que estamos a viver. Não só pelo Covid-19, mas sobretudo pelo clima de medo, incerteza e hipocondria que à sua volta paira, e da qual nenhum de nós está a conseguir manter-se indiferente. Dada a nossa pouca margem de manobra em relação ao rumo dos acontecimentos, proponho para hoje algumas dicas de felicidade.
Por acreditar que ao reforçarmos o nosso positivismo estaremos a reforçar a nossa capacidade de resposta a estes dias de dificuldade, eis-me aqui a partilhar contigo algumas atitudes - lições de vida, no fundo - recomendadas por especialistas àqueles que querem ser mais felizes.
1. Medo de fazer algo
Anthony Freire, diretor clínico de um centro de saúde mental nova-iorquino, considera que a forma mais eficaz para nos livrarmos de sentimentos como medo, receio, vergonha ou culpa é "assumir que eles existem porque dissemos a nós mesmos que deveríamos sentir-nos assim". Portanto, não deixar de fazer nada por medo, enfrentar a situação e lutar pelo que se quer é a melhor estratégia para superarmos a questão, aconselha o psiquiatra.
2. Inquietação com situações que nos ultrapassam
Stress e preocupação são inerentes à condição humana, pelo que é impossível bani-los da nossa vida. Contudo, é possível reduzi-los ao inevitável, ou seja, focarmo-nos apenas nos pensamentos e acontecimentos que realmente podemos mudar. "Faça uma lista dos problemas que a estão a assombrar e escreva o que pode fazer para mudar a situação. Reveja as questões com as quais pode fazer algo e esqueça as restantes", aconselha a terapeuta Osibodu-Onyali.
3. Guardar rancor
É facto assente que o rancor é altamente prejudicial ao nosso bem-estar físico, emocional, psíquico e espiritual. É por isso que "encerrar histórias antigas" ou "tentar retomar" algo que valha a pena, seja a recomendação desta especialista. Claro que isso não significa que devemos deixar (re)entrar pessoas tóxicas na nossa vida, mas antes que, perante algo que está mal resolvido, tentar levar a questão a bom porto ou, não sendo possível, deixá-la ir; sem mágoa nem ressentimento.
4. Comparação com os outros
O ciberespaço, em especial as redes sociais, tem tanto de bom como de mau. Ele tanto aproxima como afasta, tanto integra como marginaliza, tanto enaltece como desmerece, tanto aceita como rejeita, tanto enobrece como desgraça; tudo isso à mercê da conveniência e da mestria de cada um. Como tal, devemos ter sempre em mente que as pessoas partilham apenas uma parte da sua vida, uma parte que muitas vezes é meramente ilusória. Daí que compararmos a nossa vida com a dos outros não contribui nem um pouco para a nossa felicidade. Pelo contrário!
5. Sobrevalorização da opinião alheia
Estamos nós cientes de que viver em sociedade implica seguir normas e códigos de conduta. Nenhum de nós está imune a isso. Todavia, isso não quer dizer que a nossa vida deva ser regida em prol da opinião dos outros. Quanto a isso, Osibodu-Onyali é taxativa: "Nem toda a gente tem de gostar de nós" e nós devemos estar bem com essa situação, não nos privando, por isso, de viver como queremos.
6. Querer ter sempre razão
É normal que, quando estamos a discutir com alguém, queiramos ter sempre razão. No entanto, esta atitude pode fazer mais mal do que bem à nossa saúde mental. Anthony Freire aconselha a deixarmos de lado a constante necessidade de "vencer", até porque esta ação "consome muita energia". "Quantas vezes é que insistimos numa discussão apenas por teimosia de querer ter razão? Muitas das vezes acabamos por dizer coisas que não queríamos e depois até acabamos por pedir desculpa", explica o especialista.
Meu bem, espero que encares estes conselhos de quem sabe como (mais) um lembrete de que a tua felicidade, na maior parte das vezes, está ao alcance da atitude que tomas perante situações e acontecimentos com que te deparas ao longo da tua existência. Esta pandemia é apenas mais um acontecimento na tua vida, assim como na de todos nós, e da qual podes sair mais ou menos ilesa, dependendo da atitude que resolveres assumir.
Aquele abraço amigo (agora mais precioso que nunca), e até breve. Fica bem, fica em casa!
Ora viva!
Neste momento delicado por que passa Portugal, e o mundo, o comportamento de cada um de nós é essencial para o controlo da situação à volta desta epidemia chamada Covid-19. Para além de respeitarmos as indicações das autoridades, podemos também respeitar a sanidade mental e a paz de espírito dos nossos entes queridos. Como? Evitando "passar a palavra"!
Acredito que quem o faz pensa estar a ajudar, mas na verdade está a contribuir ativamente para alimentar a ansiedade, o pânico e a desinformação. Há que saber filtrar aquilo que se lê e ouve, pois nem tudo o que se diz por aí tem origem em fonte fidedigna. Sabendo disso, quero pedir-te para não alimentares a contra-informação, partilhando conteúdos que visam apenas angariar likes, espalhar o medo e fomentar o caos. Estarás a fazer um favor a ti e aos outros. Lembra-te que aqueles que queiram saber mais sobre o assunto, saberão onde procurar.
Toda esta situação é demasiado grave para estarmos a disseminar informações das quais não temos a certeza. Como tal, devemos demonstrar consciência, ser responsável, manter a calma, respeitar o plano de contingência e acreditar que o mundo vai superar (mais) esta provação. Mais importante, não alimentar o pânico. Contenção é a palavra de ordem, não te esqueças.
Juntos somos fortes, juntos somos capazes, juntos somos invencíveis!
Muito obrigada e até breve. Aquele abraço amigo!
Viva!
"A humanidade tal como a conhecemos vai extinguir-se muito em breve", profetizou José Rodrigues dos Santos, em novembro passado, aquando do lançamento do seu último romance, Imortal. Míseros quatro meses volvidos, é consensual que a imortalidade por enquanto não passa de mera ficção sem qualquer correlação com a realidade. Que o diga o Covid-19, o coronavírus que tem aterrorizado, por toda a parte, nações, governos e pessoas.
"A vida tal como a conhecemos deixou de existir", profetiza agora Sara Sarowsky, aquando da escrita desta crónica. O que poderia ser o trailer de um filme do SyFy sobre um vírus mortal que dizima a população mundial num longínquo 2100, hoje é a descrição da atualidade mundial, à qual Portugal não é alheia. Esta é a primeira grande ilação a tirar desta crise que começou por ser sanitária, mas que já contaminou a economia, a educação, o desporto, o lazer e o entretenimento, ou seja, a sociedade no seu todo.
Por mais que assim o queiramos, abrir mão de falar, ler, escrever, pensar, imaginar e temer o coronavírus deixou de ser opção para a maioria dos habitantes do planeta azul. Quem de nós pensou viver para presenciar o dia em que o mundo (literalmente) iria parar? Sim, a ficção virou realidade; o que até há poucas semanas só vivia no nosso imaginário agora é parte do nosso dia a dia! Uma parte desconhecida que vamos ter que aprender a lidar, mais não seja por falta de alternativa.
"As pessoas não querem acreditar que um vírus que surgiu num qualquer lugar da China possa realmente afetar as suas vidas, ou mesmo representar uma ameaça real para elas ou para os seus entes queridos", afirmou Florian Reifschneider, o promotor StayTheF*ckHome, um movimento que visa consciencializar as pessoas a cumprirem as medidas de contenção impostas. Com maior ou menor probabilidade de infeção, ninguém parece estar a salvo desta pandemia, cujo alcance e impacto assumem, em questão de horas, proporções inimagináveis, logo imprevisíveis.
Por muito que se tenha previsto, imaginado ou planeado, estar preparado para um cenário destes, com plena consciência do seu real impacto, seria de todo impossível. É, portanto, bem provável que estejamos perante o motivo por detrás deste fascínio insano pela doença. A população mundial neste momento vive (literalmente) em função do coronavírus: não fala de outra coisa, não pensa em outra coisa, não lê sobre outra coisa, não ouve sobre outra coisa, não teme outra coisa. Nos media, no trabalho, na escola, no restaurante, no café, nos transportes, na rua, na internet, em toda a parte, o tempo todo. E o que não ouve, constata com os seus próprios olhos: ruas desertas, estabelecimentos fechados, fronteiras encerradas, prateleiras vazias nos supermercados, rutura de stock de vários artigos, restaurantes às moscas, eventos cancelados, atividades suspensas, estados de espíritos alertas, corações inquietos, mentes alarmadas… Pessoas de semblante compenetrado, preocupadas consigo e com os seus.
O botão (mental) do medo esse é ativado à primeira tossidela, ao menor contacto físico, ao mais pequeno sintoma de mal-estar, à ínfima suspeita de que alguém com quem se privou possa estar infetado. Até eu, que me orgulho de ser anti sentimento coletivo, tenho feito um esforço acrescido para não deixar-me levar por esta onda de comoção geral. Não sou pessoa de temer doenças, e esta não é exceção. Além de distanciar do chamado grupo de risco, sou a feliz proprietária de um sistema imunitário à prova de qualquer enfermidade viral. Se a isso acrescentar o facto de ser negra, nascida e criada em terra africana, o continente menos atingido até então, nenhum motivo plausível tenho eu para panicar.
Temo sim é tudo o resto à volta desta crise de saúde pública: entes queridos afetados, escassez de bens essenciais, distanciamento social, reclusão imposta e limitação de movimentos. Temo acima de tudo o desespero, a histeria e o pânico alheio, os quais por mais que se tente permanecer imune acabam por contaminar até à mais serena e otimista das criaturas, como é o meu caso.
"Vamos manter a esperança e o ânimo porque a tempestade há de passar, com a ajuda de todos nós, no país e no mundo!", proferiu no outro dia o pivot Rodrigo Guedes de Carvalho, numa mensagem que se tornou viral em questão de horas. Subscrevo esta declaração, ousando acrescentar que de pouco ou nada adianta estarmos a sofrer por antecipação. Façamos a parte que nos cabe, respeitemos o plano de contingência e confiemos que daqui a nada esta será apenas (mais) uma página negra na história da humanidade. Por agora está tudo nas mãos do sistema imunitário de casa um. E de Deus, para aqueles que acreditam!
Bom fim de semana e fica longe do Covid-19, que esse não está para brincadeiras. Um abraço amigo!
Ora viva!
Enquanto vou alinhavando uma crónica sobre o assunto do momento, o Covid-19, deixo-te com este vídeo que uma amiga enviou-me há pouco. Na qualidade de africana orgulhosa das suas raízes, posso garantir-te que é linda, e dançável. Só lamento não conseguir perceber mais do que duas palavras: "super" e "woman". Pas grave, como dizem os franceses, o que importa mesmo é que ela toca o coração.
Até amanhã; se entretanto não for infectada, que a esta altura do campeonato ninguém está a salvo.
- Amor, levas-me a jantar fora um dia destes?
- Claro paixão! Quando queres ir?
- Que tal esta sexta-feira?
-Epa! Sexta não dá, que vou beber umas jolas com a malta.
- E sábado?
- Oh! Sábado vou ao futebol com a rapaziada…
Viva!
Contigo partilho hoje o relato do regresso a casa da minha última viagem, a qual se revelou um pesadelo de todo o tamanho. Só agora falo publicamente sobre o assunto porque, como pessoa decente que gosto de pensar que sou, dei à empresa em questão um tempo mais do que razoável para resolvermos a questão longe do burburinho da internet. Dado que já se passaram dois meses e dela não obtive nem mesmo um email a acusar a receção da reclamação, já não vejo motivos para zelar pela sua reputação. Pelo contrário, quero é ver o circo pegar fogo, pois o que aconteceu é demasiado grave para que fique por isso mesmo.
De modo a que possas ficar por dentro do sucedido, publico a carta (em inglês, uma vez que sequer consideram contactos que não sejam em língua alemã ou inglesa), que lhes enviei no passado dia 8 de janeiro.
Caros responsáveis da Flixbus,
Venho através desta dar-vos conhecimento de um episódio deveras grave, que pôs em perigo o meu bem-estar físico, emocional e psicológico, quiçá a minha própria vida.
Escrevo da Place des Basques, em Bayonne (França), onde passei a noite ao relento, à espera de um autocarro vosso, com destino a Lisboa, que nunca chegou a aparecer. A noite de ontem foi um pesadelo, a pior de sempre, da qual tão cedo não recuperarei, e à vossa empresa imputo a responsabilidade pelo sucedido que passarei a explicar de seguida.
Na passada quarta-feira, 1 de janeiro, comprei um bilhete de autocarro de regresso a casa, após ter passado a época festiva com familiares em ...., uma vila localizada a cerca de 22 quilómetros de Bayonne. Como poderão comprovar pela imagem em anexo, o local de partida neste indicado é Place des Basques, com embarque previsto à 01:20 do dia 4 de janeiro. O documento informa ainda que o passageiro deveria apresentar-se 15 minutos antes da hora indicada. Ainda não era meia-noite quando cheguei ao local. Por lá fiquei até há pouco (entenda-se 09:00). Na busca por informações, desesperada e banhada em lágrimas, fiquei a saber, pelos residentes locais, que o embarque dos passageiros com destino internacional tem sido ultimamente feito noutro local, o Quai de Lesseps, precisamente o sítio onde desembarquei de um outro bus vosso, no passado dia 21 de dezembro.
Como é que me explicam isso? Como é possível que uma empresa que lida intimamente com a segurança, e a vida, das pessoas permite-se cometer um erro tão grosseiro, tão irresponsável, tão imperdoável? Por não ter para onde ir, nem como deslocar-me (já que tinha lá chegado de transporte público), passei uma noite inteira ao relento, à mercê do frio, do sono, do cansaço, de fome, das necessidades fisiológicas e da sorte. Sim, da sorte, porque uma mulher sozinha na rua, de madrugada, numa cidade que lhe é desconhecida, acompanhada apenas por uma mala de viagem e uma mochila, poderia ter sido atacada, assaltada, estuprada ou até mesmo assassinada.
Volto a questionar: como explicam isso? Como é possível ter acontecido tal situação? Entretanto, porque tenho mesmo que voltar a casa, vi-me obrigada a comprar um novo bilhete (em anexo), desta vez pelo triplo do valor, onde consta (novamente) a informação de que o local de embarque é Place des Basques, quando está mais do que óbvio de que não é. Andam a brincar com a vida, o tempo, o dinheiro, a segurança e a sanidade mental daqueles que, como eu, em vós confiam para lhes levar aonde precisam ir?
Toda esta situação é demasiado comprometedora para que passe incólume. Assim, quero saber que providências pretendem tomar de modo a que eu seja ressarcida pelos danos financeiros, físicos e mentais. No mínimo, exijo o reembolso do valor do segundo bilhete, assim como uma compensação monetária à altura da gravidade do caso.
Conto com o vosso bom senso, a vossa boa vontade e o vosso sentido de responsabilidade para que possamos resolver esta questão - lamentável a todos os níveis - de forma amigável. Caso contrário, recorrerei a todas as instâncias ao meu alcance. Meios e conhecimentos para denunciar este filme de terror não me faltam. Contudo, como profissional de comunicação que sou e pessoa consciente de que erros todos cometemos, dou-vos assim esta oportunidade de resolver a coisa a bem, longe dos holofotes.
Conto com uma resposta vossa para breve.
Sara S.
Como essa resposta nunca chegou, resolvi expor publicamente o caso, bem como formalizar uma queixa junto da entidade que, em Portugal, gere esse tipo de questão: a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes.
Bom fim de semana e vê lá se te manténs longe do Covid.
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