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Crónicas, contos e confissões de uma solteira gira e bem resolvida que não cumpriu o papel para o qual foi formatada: casar e procriar. Caso para cortar os pulsos ou dar pulos de alegria? Provavelmente, nem uma coisa nem outra!
Happy birthday to me
Happy birthday to me
Happy birthday dear Sara
Happy birthday to me
Viva!
Eis que chegou o dia de trocar o 0 pelo 1, já que esta solteira aqui acaba de completar mais um ano de vida, 41 para ser mais precisa. E como o dia é todo meu, nada mais justo que dedicá-lo na íntegra à minha estimada pessoa.
Como? Para começar, nada de trabalho! Dei a mim mesma férias de todas as funções atuais, inclusive do Ainda Solteira; por isso hoje já não deves voltar a ouvir falar de mim. Depois do acordar tardio, nada melhor que um delicioso e substancial brunch num sítio especial (cortesia da casa), para em seguida rumar ao spa ansiosa por uma merecida sessão de relaxamento. Feito isso, toca a marchar rumo ao cantinho da minha bodyshaper, responsável pela epilação, cavitação e manicure. Duas horas depois, devo rumar ao cabeleireiro com a missão de domar estes cabelos rebeldes. Findo o processo de embelezamento, a próxima paragem será no Bazar Diplomático para as comprinhas de Natal. Conto dar por encerradas as festividade à noite, com um jantar com a minha tribo e um brinde algures ali para as bandas da zona ribeirinha.
Se pensas que toda esta produção se deve ao facto de eu ser aniversariante fica a saber que o equívoco é todo teu. Amanhã marcarei presença, com todo o glamour que a ocasião exige, na Gala Cabo Verde Sucesso, uma espécie de Globos de Ouro, na qual vão estar presentes la crème de la crème das sociedades luso-crioula, incluindo chefes de Estado e de governo, governantes, diplomatas, artistas e personalidade de todos os quadrantes.
Será uma noite de consagração para a diáspora cabo-verdiana na Europa, na qual me incluo com todo o orgulho. Será, portanto, uma noite de consagração para mim.
Beijo no ombro e desejos de um estupendo fim de semana, que eu vou mas é ser feliz!
Viva!
Um texto do Sarcasticamente Falando inspirou-me a escrever sobre o quão perigoso (e doloroso) é ser-se bom nos dias que correm. Numa época em que culto da moral elástica parece angariar cada vez mais seguidores, valores como honestidade, sinceridade, lealdade, solidariedade e respeito pela dignidade alheia quase que destoam dessa realidade invertida.
Hoje em dia, mais fácil nos surpreendemos com um gesto de bondade do que com o contrário. A sensação que me dá é que o que é suposto ser regra - sermos bons uns para os outros - passou a ser exceção, como se habitássemos um universo paralelo, com os valores todos trocados.
Quem nunca foi acometido por um genuíno sentimento de incredulidade quando bafejado por uma ação bondosa, custando-lhe acreditar em tamanha sorte, que comente agora ou prossiga com a leitura. Nessas ocasiões, a nossa primeira reação verbal costuma ser algo do tipo: "Não estava nada à espera", num claro sinal de que estamos mais familiarizados (logo confortáveis) com a ausência de bondade do que com a dita cuja propriamente; quando deveria ser precisamente o contrário.
Num mundo cada vez mais distorcido de valores e de princípios, torna-se um intrincado quebra-cabeças saber em quem confiar e em quem depositar as nossas melhores expectativas. Mais do que querer confiar, precisamos fazê-lo para nos sentirmos em paz connosco. Como tal, acabamos, mais do que é suposto, com os sentimentos feridos, pelo simples motivo de que avaliamos os corações dos outros à luz do nosso próprio. Daí que ser bom demais tornou-se perigoso. E inglório.
Existe, no contexto atual, uma necessidade de se dar bem em todos os palcos em que se atua, mesmo que por meio de vantagens indevidas, de caminhos duvidosos, passando por cima dos outros, como se, de facto, os fins justificassem quaisquer meios. Nessa luta desenfreada pelo sucesso, a lealdade e o compromisso com o outro acabam por ser algo a não se prender, pois o que importa mesmo é galgar os degraus da ascensão social, da progressão laboral e da realização amorosa, fazendo com que as relações humanas se revelem cada vez mais frágeis e ocas.
Ainda assim, muitos são aqueles que fazem questão de manter a fé na bondade alheia e a esperança numa sociedade mais justa, mais igualitária, mais solidária, mais digna, no fundo, mais humana. São esses os que se recusam a abrir mão da crença na amizade verdadeira, no amor desinteresseiro, na honestidade e na integridade. Almas que ainda persistem no propósito de ser feliz sem magoar, sem trair, sem maldizer, sem prejudicar, colocando-se no lugar das pessoas com as quais convivem.
Eu me assumo como uma dessas pessoas que, por mais que apanhem da vida e levem rasteiras dos outros, permanecem fiéis à sua essência, que é ser bondoso. Não porque acredito na recompensa divina (longe disso), mas porque acredito que o mundo seria um lugar infinitamente melhor para se viver se todos nós formos genuinamente bons uns com os outros.
Atenção, que com ser bom não me refiro a ser um santo, que tudo atura, tudo aceita, tudo suporta e tudo perdoa. Com ser bom refiro-me a ter respeito pelos outros, a ajudar quem precisa, a não prejudicar ninguém a custo zero, a não trair, a não mentir e a não intentar contra o bom nome e a honra alheia.
Despeço com um até à próxima!
P.S. - Na sexta faço anos, por isso vai pensado na minha prenda, que faço questão de receber.
Viva!
Já lá vão meses, provavelmente mais de ano, desde a última vez que tive um encontro romântico na verdadeira aceção da palavra. Com isso refiro-me a um encontro por mim ansiado, para o qual me emboneco toda, com o coração a saltimbancar qual artista circense. Sequer consigo lembrar-me quando, ou com quem, foi a última vez que saí num date. Convites não me faltaram – uns mais aliciantes que outros, é certo – mas nenhum chegou a concretizar-se. Por ação direta da minha parte, assumo. Só para teres uma ideia, na passada sexta-feira, com dois first dates na calha, acabei o dia a passear pela Baixa pombalina na melhor de todas as companhias: a minha.
Por este, aquele ou aqueleoutro motivo, a verdade é que nenhum pretendente conseguiu cativar-me ao ponto de me aventurar a dar-lhe uma oportunidade. Antes de adentrar pelo âmago desta crónica – o porquê da minha indisponibilidade amorosa – permite-me uma pequena contextualização desta minha atual forma de estar, pensar e vivenciar o amor.
Quiçá à conta do (mau) karma transferido de uma vida passada, em que me revelei um filho da put* promíscuo e amoral, eu e o amor pouquíssimas vezes estivemos sintonizados na mesma frequência; razão quanto baste para o meu historial de flop amoroso. Ao longo da minha existência, o meu pobre coração foi sendo fustigado por todo o tipo de desilusões: um baque aqui, uma mossa ali, uma racha acolá, até ao golpe fatal, perpetrado por quem na altura não tive dúvidas em assumir como a minha alma gémea, o homem dos meus sonhos, um amor para toda a vida (e com esta me assumo como uma marca branca do Nicholas Sparks).
Olhando para esta imagem captada no auge do meu romance, há exatamente oito anos, vejo o quanto aquela Sara era descontraída, sorridente, iluminada e com uma fé inabalável num futuro risonho. Bons tempos aquele. Adiante...
Por razões absolutamente alheias à minha vontade (leia-se, foi ele que me deu com os pés), quando essa relação terminou o meu coração desfez-se de tal maneira que ainda hoje, sete anos, 10 meses e muitos dias depois, dou por mim a catar um ou outro pedaço. Com o sarcasmo que se lhe exige, costumo dizer que há uma linha que divide a minha vida amorosa entre antes de 2010 e depois de 2010, após o qual mudei a minha forma de experenciar o amor para nunca mais voltar ao mesmo. A essa linha dei o nome de autopreservação.
Acredito que seja este meu ADN de guerreiro egípcio herdado da outra encarnação que me fez não desistir de viver (como tantas vezes quis). Só eu sei o calvário que passei para conseguir manter-me de pé, só eu sei o que tive que penar para chegar onde estou, só eu sei quantas vezes me senti indigna como mulher, só eu sei o quanto tive que ralar para conseguir reconciliar-me com a minha própria pessoa e com os outros, só eu sei o quão penoso foi o processo de cura e perdão. Só eu sei... Agora pareço um pastor do IURD.
Passo a passo, um dia de cada vez, fui retomando o gosto pela vida, resgatando a alegria de existir, fazendo-me mais e melhor pessoa. Porém, a jura de que jamais permitiria que me voltassem a despedaçar o coração, nem que isso significasse nunca mais chegar perto de um homem, permanece intacta.
Com os cacos que fui juntando, consegui recuperar o meu provedor de sentimentos o suficiente para tirá-lo da UCI e interná-lo num quarto blindado, cuja chave na altura deitei fora e agora não encontro, por mais que me farte de procurar. Atualmente, ainda que queira, não encontro forma de o resgatar das masmorras para onde o atirei há quase oito anos.
É por isso que não mais voltei a conseguir confiar em alguém; não mais consegui acreditar que poderia dar certo; não mais consegui entregar-me; e como acredito com todo o meu ser que amor sem entrega é desperdício de tudo, não mais voltei a provar do trago doce e inebriante do afeto testosteronal. Claro que a minha paixonite crónica aguda pelo tal rapaz lá do ginásio só contribui para agravar todo este quadro clínico.
Perco? Claro que sim, muito até! Mas também ganho, não há como negar. Ganho paz de espírito e a certeza de que o meu (auto)amor hoje em dia é fruto de um acordo bilateral, com ambas as partes a amarem-se em igualdade de circunstâncias.
Se permanecer solteira for o preço que tenho que pagar para não mais voltar a sentir aquela dor dilacerante que me desfez o coração em mil e me repartiu a alma em dois, é com todo o gosto que o pago. Afinal, o amor conjugal é só uma parte da felicidade humana, nunca o todo. Somos mais felizes com ele? Claro que sim. Somos infelizes sem ele? Obviamente que não. A não ser que queiramos!
Viva!
Só agora – passados três dias – decidi pronunciar-me publicamente sobre o acidente na estrada nacional 255, que liga Borba a Vila Viçosa, no Alentejo. Dois motivos me impediram de fazê-lo antes: consternação e alívio. Confusa? Já explico, mas antes deixa-me contextualizar o assunto.
Para quem não está inteiramente a par, partilho um pequeno excerto de uma notícia a propósito: "Esta segunda-feira, 19 de novembro, pelas 15h45, houve um aluimento de um troço da Nacional 255, que provocou a queda de dois veículos civis para dentro de uma pedreira com 50 metros de profundidade e o deslocamento de uma retroescavadora com o maquinista e auxiliar."
A esta altura da leitura deves estar a perguntar o que é que o c* tem a ver com as calças. Ora acontece que há apenas três semanas estive precisamente naquela zona, tendo transitado por aquela mesma estrada (quatro vezes, para ser mais precisa), tendo inclusive visitado aquela pedreira.
A propósito de uma visita técnica à zona dos mármores, a 27 de outubro, lembro-me (como se fosse ontem) do grupo passar por aquela estrada, num autocarro de 34 lugares, e da engenheira responsável ter comentado sobre a perigosidade da via, dizendo com todas as letras que aquela estava para ruir a qualquer momento e que seria preciso acontecer uma desgraça para que alguém tomasse uma providência. Lembro-me, inclusive, do motorista ter perguntado, meio a brincar meio a "trelicar", se iríamos despencar por ali abaixo, após o qual um dos geólogos que nos acompanhava (que agora foi chamado à baila para dar o seu parecer sobre uma fatalidade por ele anunciada faz tempo) responder que ainda ia demorar algum tempo até tal suceder. Mal sabia o engenheiro que esse "algum tempo" resumia-se a uns míseros 18 dias.
Imagina tu qual não foi o meu espanto – e choque – ao tomar conhecimento que o pior tinha realmente acontecido. Nem queria acreditar, e as pessoas que estiveram comigo nesse dia ficaram tão ou mais atordoadas com a notícia. Genuinamente abalados pela tragédia e profundamente sentidos com as vidas humanas ceifadas, o sentimento de alívio que nos assola é inebriante; infinitamente mais forte que a nossa comoção pela dor alheia.
É nestas horas que constatamos o quão maquiavélica pode ser a vida, com a alegria de uns a representar a tristeza de outros. O nosso alívio por não ter sido conosco é inversamente proporcional à dor daqueles que perderam os seus entes queridos.
Fiquei de tal forma abalada que a imagem daquela estrada não me sai da cabeça, por mais que tente. Revejo-a vezes e vezes na tentativa de me consciencializar da sorte que tivemos por aquilo ter acontecido esta segunda-feira e não há três sábados atrás. Desta foi por pouco!
Até à próxima, altura em que conto trazer-te uma crónica bem mais descontraída!
Viva!
Pela dupla Magda & David, fui desafiada na madrugada desta quarta-feira, ainda o hemisfério norte se preparava para um novo dia, a enviar um pequeno texto a ser publicado no Sapos do Ano 2018 a explicar porque devem votar em mim, ou melhor dizendo, porque devem votar no Ainda Solteira para blog do ano, na categoria Sexualidade.
Assim de relance, ocorreu-me uma mão cheia de argumentos, que optei por condensar no conceito de serviço público de informação para solteiros. Serviço porque (ainda) não ganho nada com o blog. Público porque todos aqueles que assim o queiram têm livre acesso ao seu conteúdo. Informação porque cumpre a missão de desconstruir toda uma série de ideias e preconceitos sobre um estado civil (ou situação amorosa, como preferires) por demais massacrado, desde os primórdios da humanidade, sobretudo no que ao sexo feminino diz respeito. Para solteiros porque eles precisam e merecem livrar-se do estigma de que quem está desemparelhado é portador de algum problema.
Bem mais teria a acrescentar, mas para não esticar demasiado o "pequeno texto" que me foi recomendado, remato com o seguinte: o celibato – voluntário ou não – é um tema na ordem do dia das sociedades atuais, ao qual não se pode mais fechar os olhos e menos ainda continuar a desferir golpes. Mais atual do que nunca, e transversal a todas as sociedades, raças, credos, classes sociais, profissões, idades e culturas, esta temática exige um espaço de partilha de informações, ideias, experiências, expectativas, angústias, sonhos e tudo o mais que possa contribuir para desmistificar e dignificar um status amoroso que mais não é do que uma condição ou opção. Nunca uma maldição, como tantos ainda insistem em fazer-nos crer.
Agora mais do que nunca conto com a tua mão amiga para cumprir com sucesso este desafio, que a ser superado pode elevar este blog a novos patamares. Para votares, só tens que clicar aqui e escolher a primeira opção da última categoria da lista (conforme a imagem).
Vota e partilha com os teus (solteiros ou não, que eu quero é votos), que quantos mais, maior a probabilidade de... you know.
Conto contigo!
Viva!
Viva!
Início da semana, tempo frio, céu nublado, trânsito congestionado, caras caracundas, metro apinhado. Como se não bastasse tudo isso, ainda temos que levar com aquele diabólico tic tac do relógio, que parece torcer sempre a favor do atraso... Este bem poderia ser o cenário ideal de uma típica segunda-feira, o dia mais detestado pela população ativa.
No que depender de mim, esta segunda vai ser diferente; para melhor claro, que amiga que é amiga só intervém se for para tornar a nossa vida melhor. E para isso contratei a Drª Lúcia, radialista brasileira especializada em respostas tortas, contudo, hilariantes. Se ela não for capaz de afugentar todo esse desalento que te assola neste preciso momento, o almoço de hoje fica por minha conta. Palavra de blogger.
Vamos lá então por a Drª Lúcia no ar e deixá-la arrancar-te as gargalhadas que precisas para fazer desta segunda um dia bem mais divertido.
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Ouvinte:
- Bom dia Drª Lúcia! Meu nome é Júlia. É verdade que a gente pode engravidar em um banheiro público?
Drª Lúcia:
- Sim! Acho melhor você parar de trepar lá. Próxima!
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Ouvinte:
- Bom dia Drª Lúcia! Eu sou a Vera e queria saber porque os homens vão embora logo depois de transar com a gente no primeiro encontro?
Drª Lúcia:
- Porque o encontro acabou. Caso contrário, seria casamento!
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Ouvinte:
- Bom dia Drª Lúcia! Chamo-me Luana e tenho um amigo que quer fazer sexo comigo, só que ele tem um pénis de 20cm. Acho que vai ser doloroso, o que faço?
Drª Lúcia:
- Manda ele pra cá que eu testo pra você. Próxima!
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Ouvinte:
- Bom dia Drª Lúcia! Aqui é a Rose e eu queria saber porque os homens se masturbam mesmo quando são casados?
Drª Lúcia:
- Minha amiga...jogo é jogo...treino é treino!
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Ouvinte:
- Bom dia Drª Lúcia! Aqui é a Bruna! Eu queria saber se posso tomar anticoncepcional com diarréia.
Drª Lúcia:
- Olha... eu tomo com água, mas a opção é sua. Próxima!
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Ouvinte:
- Bom dia Drª Lúcia! Me chamo Jefferson e gostaria de saber como faço pra minha esposa gritar enlouquecida na cama.
Drª Lúcia:
- Limpe o pinto na cortina. Próximo!
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Ouvinte:
- Bom dia Drª Lúcia! Aqui é o Fred! Me tire uma dúvida... O que são aquelas saliências ao redor dos mamilos das mulheres, como se fossem verruguinhas?
Drª Lúcia:
- É braile e significa "chupe aqui". Próximo!
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Ouvinte:
- Bom dia Drª Lúcia! Quero saber como enlouquecer meu namorado só nas preliminares.
Drª Lúcia:
- Diga no ouvidinho dele..."minha menstruação está atrasada"! Próxima!
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Ouvinte:
- Bom dia Drª Lúcia! Sou feia e pobre. O que devo fazer para alguém gostar de mim?
Drª Lúcia:
- Ficar rica. Próxima!
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Ouvinte:
- Bom dia Drª Lúcia! Aqui é a Jaque! É o seguinte... O cara com quem estou saindo é muito legal, mas está dando sinais de ser alcoólatra. O que eu faço?
Drª Lúcia:
- Não deixe ele dirigir. Próxima!
E aí, a Drª Lúcia é ou não é o máximo? Uma ótima segunda-feira e uma excelente semana. Até à próxima!
Viva!
Quem me conhece sabe que não sou pessoa de pedir desculpas a torto e a direito, na mesma proporção que não gosto que me peçam desculpas por tudo e por nada. A razão por detrás desta minha forma de estar na vida assenta no dito popular de que desculpas não se pedem, evitam-se.
Duvido genuinamente que um pedido de desculpa, por mais sentido que seja, é a melhor estratégia para quando fazemos asneira, sobretudo naquelas alturas em que ferimos os sentimentos alheios ou prejudicamos alguém. Abro aqui um parêntesis para frisar que a deliberação do ato praticado não está sendo aqui tido nem achado.
Claro que, como humanos que somos, erramos. Eu erro, tu erras, ele/erra, nós erramos, vós errais, eles erram. Contra isso nada a argumentar, pois é da nossa natureza. Dado que todos erramos, a minha forma de encarar as coisas leva-me a assumir que o termo mais adequado será "perdão" e não "desculpa". Quando dizemos a alguém "perdoa-me", além de arrependimento, demonstramos humildade e um profundo respeito pelo outro. Para quem tem dificuldade em proferir essa expressão, um "sinto/lamento muito" pode ser igualmente eficaz.
Quando dizemos "des+culpa", como a própria composição da palavra indica, estamos a distanciar o sujeito da ação, ou seja, estamos a separar o eu do ato praticado. Para mim, isso mais não é do que uma tentativa patética e infantil de nos isentarmos de toda e qualquer responsabilidade pela falha praticada. Como se a "merda" que fizemos fosse mais uma ação que correu mal do que propriamente uma consequência direta de algo que poderia ter sido evitado caso tivéssemos tido mais atenção às consequências.
Quando o pedido de desculpa traz atrelado o "não foi por mal", aí é que fica o caldo entornado, pois disparo à queima-roupa: "se não foi por mal foi por que raio então?"
Uma das coisas que eu mais prezo na interação social é a capacidade que cada vez menos pessoas demonstram em por-se no lugar do outro, antes de agir. Pensar em como eu próprio me sentiria se o que estou prestes a fazer/dizer viesse do outro. O meu respeito pelos sentimentos alheios, aliado a uma aversão insana pelo confronto verbal, é de tal ordem que prefiro ferir os meus sentimentos a ter que ferir os alheios. Como tal, passo a vida num sofrimento constante, já que os outros ou não se apercebem desta minha postura e tomam-me por idiota ou se apercebem e mesmo assim levam a deles avante na expectativa de que não serei capaz de os enfrentar.
Quando mais jovem, não deixava passar nada – como se diz na gíria, não levava desaforro para casa. Quanto desgaste emocional, quantas desavenças, quantas recriminações (infligidas ou autoinfligidas), quanto desperdício de tudo e mais alguma coisa. Com a maturidade, rendi-me à evidência de que mais importante do que ter razão é ter paz.
Por isso, fui-me calando, deixando passar, relevando, justificando. Só que essa opção, como tudo na vida, também tem o seu preço, muitas vezes mais alto que a primeira. Só eu sei o quanto me corrói a alma cada vez que "engulo um sapo", pois não é da minha personalidade "comer e calar". Assola-me uma cataplana de sentimentos como angústia, inquietação, revolta, injustiça, cobardia e culpa. Sim culpa. Sabe-se lá porque carga de água (por acaso até sei), sinto-me culpada mesmo quando são os outros a falharem comigo.
A esta altura da vida, já nem sei qual a melhor tática: enfrentar ou resignar; refilar ou revelar; argumentar ou calar; contestar ou aceitar. Dizem os mais ponderados que a solução encontra-se algures pelo meio, só que eu ainda não consegui reunir skills suficientes para a pôr em prática com sucesso.
Na firme convicção de que ainda conseguirei atingir esse nirvana, remato esta crónica com um profundo pesar por constatar que pedir desculpa virou rotina. Usa-se por tudo e por nada. Portanto, ao invés de pedirmos desculpas, evitemos precisar fazê-lo, pois quando eliminamos as desculpas passamos a extinguir as razões pelas quais as pedimos!
Bom fim de semana e até breve!
Viva!
Alguém sabe porque é que o amor escolhe uns e não outros? A verdade é que ninguém – nem a própria ciência – consegue dar uma resposta fidedigna a esta questão. Podes ser uma brasa, ir a n encontros, frequentares os melhores bares/discotecas, viajares pra caramba e ainda assim o amor simplesmente não te acontecer.
De facto, é cada vez mais flagrante que não somos nós que encontramos o amor; é ele que nos encontra. Por mais que queiramos amar e ser amada, o amor só acontece quando… sei lá quando… Se soubesse, não estava ainda solteira. O que sei é que, enquanto ele não nos escolhe, o melhor que fazemos é aproveitar a viagem e ir desfrutando da vida tal como ela se nos apresenta.
O amor verdadeiro não é um bem de consumo que se vai ali e se compra, à medida da nossa vontade ou da nossa necessidade. Quando muito pode ser equiparado a um produto pré-confecionado, como no Casados à Primeira Vista, programa ao qual cheguei a concorrer, tendo desistido ainda na fase de candidatura. Sobre isso, escreverei noutra altura.
Retomando o fio à meada... Por estar ciente do drama de muitos dos meus seguidores em relação à falta de amor, contigo quero hoje partilhar a minha receita de amor feliz. Digo amor feliz porque amor infeliz não carece de receita; carece tão somente de duas pessoas que não nutrem um sentimento sincero e verdadeiro pelo outro.
De confeção demorada, dispendiosa e muito exigente, o segredo do sucesso desta receita está na escolha criteriosa de cada um dos ingredientes, na recolha seletiva dos condimentos e especiarias e na dosagem certa da mistura de todos eles. É por isso que a logística que antecede a sua preparação assume um papel fundamental. Daí que te recomende que uses apenas produtos de primeira, de preferência frescos e isentos de amargura, desilusão e expectativas elevadas. Eis a lista do que vais precisar.
Ingredientes
- 2 pessoas inteiras
- 2 corações disponíveis
- 1 mão cheia de romance
- Todo o afeto que conseguires encontrar dentro de ti
- 1 dose inteira de atração física
- 3 sessões de sexo por semana (no mínimo)
- 2 taças de humor/alegria
- 2 vontades cheias de ficar juntos
- paixão, respeito, admiração, amizade, sinceridade, partilha, solidariedade, altruísmo, intimidade, tempo, dedicação, paciência e tolerância q.b.
Preparação
Uma vez na posse de todos estes ingredientes, o passo seguinte consiste em lavar cuidadosamente cada um, de modo a retirar-lhes qualquer vestígio de relação anterior ou desilusão amorosa. Feito isso, deves deixá-los de molho em água e sal para purgar as más energias e os fantasmas do passado. Quando sentires que estes já não contêm grandes vestígios de sentimentos tóxicos que possam por em perigo o sabor e a qualidade do preparado, deves picar cada ingrediente com todo o mimo, juntar tudo numa panela e deixar cozer em lume brando. Ao teu critério deixo a escolha do eletrodoméstico a ser usado na confeção. Depois é ires acompanhado a cozedura, ao mesmo tempo que vais adicionando os temperos e as especiarias, ao teu gosto, mas no tempo certo e na proporção exata.
Escusado será dizer-te que este é um prato a ser servido, preferencialmente, quente ou morno. Frio é que jamais. Importa reter que a probabilidade deste necessitar de (re)aquecimento é elevadíssima, daí que aconselhe que a cozedura fique al dente, de modo que, a cada "esquentada", ela nunca passe do ponto, conservando aquele aspeto delicioso e saudável.
Meu bem, o estar desemparelhada há muito não é sinónimo de ignorância em relação ao que considero um amor comme il faut: aquele que o nosso coração reconhece como o que nos faz feliz, ao invés daquele que a Disney nos impinge.
Bon appetit!
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